Em 2009, eu e mais seis amigos, entre eles, a Natália Becattini e o Rafael Sette Câmara, também autores aqui do blog, resolvemos passar o réveillon na praia. O destino era Guarapari, uma praia famosa entre os mineiros que se enfarofam por lá nas férias. A família do Rafa tem um apartamento lá. Com essa facilidade, nós planejamos passar uns seis dias de descanso com sol e água fresca. O problema começou nos objetivos da viagem. Eu queria circular entre as praias da região. Tudo o que o Rafa queria era sentar a bunda na areia com um isopor de cerveja ao lado e ficar ali até que o dia acabasse.
O resto do grupo não tinha objetivos definidos, ou preferiu não pronunciá-los. Você já pode imaginar o resultado dessa discordância, né? Na noite de réveillon, a Naty, que vinha ouvindo reclamações do Rafa sobre meu comportamento mandão, e eu, que não queria continuar andando quilômetros em direção a uma multidão cantando axé, brigamos. Isso faltando cinco minutos para meia-noite. Faltando dois minutos, nós fizemos as pazes e comemoramos o novo ano. Mas os atritos causados durante essa viagem duraram por mais tempo.
Numa outra viagem, mais de um ano depois e com esse mesmo grupo de amigos, para a Serra do Cipó, em Minas Gerais, esse assunto voltou. Depois de umas cinco horas no bar (sem exageros), eu e o Rafa bêbados tivemos uma conversa tocante sobre como ele tinha guardado um certo rancor de mim por conta da fatídica viagem para Guarapari – não só ele, como algumas pessoas do grupo. Passado tanto tempo e sob efeito do álcool, nos perdoamos de vez.
Sete meses depois dessa conversa eu, Naty e Rafa embarcamos para uma volta ao mundo que durou 10 meses. E dá para contar nos dedos as vezes que brigamos durante a viagem. Todas essas, por motivos mais nobres do que “querer sentar X querer andar”.
Essa enrolação inicial é para provar minha teoria sobre viagens com amigos. Você e seu grupo podem se conhecer profundamente. Podem ter os mesmo gostos. Mas se não tiverem definido o mesmo objetivo a respeito da jornada e também não forem pacientes e souberem ceder uns com os outros, uma grande viagem entre amigos pode terminar em uma viagem sem amigos. Os defeitos dos outros e os seus exacerbam assim como, não sei porque, passamos a ser menos corteses com quem convivemos muito. Se as famílias são assim, porque pessoas viajando juntas não seriam?
Moral da história
Tenho um grupo de amigas que adora museus. Nossos programas de viagens juntas em geral incluem ir a vários museus, junto com as outras atividades. Já meus colegas do 360meridianos não são assim. Assim como nosso grupo de amigos de faculdade, que prefere sempre um bar.
Não quer dizer que você tem que ser uma pessoa diferente cada vez que for viajar em grupo. O que você precisa é entender os objetivos do seu amigo ou grupo de amigos e tentar adequar suas vontades, assim como abrir mão de algumas coisas, de acordo com isso. O problema todo, claro, é que às vezes as pessoas tendem a não verbalizar o que querem e só reclamar depois (ou guardar rancor ¬¬). Ou pior, tem gente que quer monopolizar as vontades e objetivos, e que se dane o resto. Se você se identificou com esse último exemplo, você tem duas opções:
1. Nunca mais viajar com seus amigos, ou com sua namorada, ou com qualquer um que não seja você ou você mesmo. É justo.
2. Ou tentar deixar de ser egoísta e conversar com seus amigos sobre os objetivos comuns de uma viagem, cedendo às vontades dos outros algumas vezes.
E caso você seja do tipo que vai com o fluxo: Por favor, não venha reclamar depois que você não fez o que quis – ninguém tem obrigação de adivinhar suas vontades.
Ninguém nasceu grudado
Se tem um aprendizado importante que eu tive nesses meus anos viajando com um ou vários amigos é que ninguém nasceu grudado. Alguém quer ir tocar violão na praça e o outro quer ir pra a balada. Dividam-se. Sem brigas, sem drama. Cada um vai pro seu lado e no dia seguinte vocês voltam a passear juntos.
Hoje eu sei disso, e também que eu poderia ter evitado aquela história de Los Angeles que eu contei antes. Tem amigos que são ótimos no dia a dia, mas não são para viajar juntos. Tentar ter clareza disso pode ser a melhor forma de conservar algumas amizades, e evitar brigas homéricas maiores do as causadas por horas com fome e enfrentamento de perrengues estressantes.
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Essa foto em destaque!! <3 <3 <3 Que puta saudade!
Saudades mesmo Kel! Acho que para tirar vai ser difícil… Mas amo mesmo assim! hehe
Oi, Luiza!
Adorei seu site, mas queria ter encontrado ele antes.
Nesse exato momento estou em Barcelona com dois amigos, sentada numa mesa de um restaurante sem falar uma palavra desde a hora que cheguei.
A viagem que era pra ser animal, pra mim, virou infernal e isso se deve a incompatibilidade de ritmo. A viagem se resumiu a seguir meus amigos pelos pontos que haviamos combinado de ver, e quando digo seguir, falo literalmente, já que eles simplesmente andavam na frente e quando eu apertava o passo para acompanhá-los, eles apertavam ainda mais; Resultado: gastei mais de 1.500 reais pra antecipar a minha viagem e não passar meu aniversário me sentindo sozinha!
Oi Juliane,
Fiquei triste com o seu relato. Você conversou com seus amigos sobre o problema? Explicou a situação?
Acho que, se eu fosse você, não anteciparia a viagem. Se a conversa com os amigos não desse certo, iria terminar o roteiro por minha conta, sozinha e aproveitaria tudo o que pudesse.
É uma pena, espero que a sua próxima viagem, com ou sem amigos, seja melhor!
bjs
Lu, vou te perdoar por ter me chamado de rancoroso. hahaha
Mas ninguém manda ficar entre este blogueiro aqui e a cerveja dele. =p
Em viagens geralmente traço as coisas que não quero deixar de ver e fazer de jeito nenhum, e conseguindo cumpri-las estou bem. Mas estando em um grupo grande, reduzo ao máximo essas prioridades para poder relaxar e aproveitar mais. Já aprendi também que me torno uma pessoa anti social com fome, chata no grau máximo, então tento respeitar isso porque nem eu me aguento faminta. Me adapto bem a viagens em grupo, talvez porque eu deixe qualquer um mandar em mim, e sigo feliz,rs. Mas fiz uma viagem em grupo que deu mega certo porque fizemos uma excursão. Foi uma das primeiras que fiz na vida, ao Egito, e foi fantástico pq ninguém precisava decidir nada. Tudo já estava deicido por nós. A decisão aconteceu antes do embarque, escolhendo qual tour pegar, depois foi tranquilo. E sempre fui do time “não nasci grudada em ninguém”. Sou tranquila, mas não boba, e tenho minhas vontades tb. Se quero fazer A e o grupo B, me separo da turma sem trauma nenhum! Mas é preciso saber dosar isso para não transformar a viagem em grupo numa viagem solo. Ótimo post!
Liliana, eu tb viro um monstrinho com fome, brigo com todo mundo, é insuportável, rs
Acho que uma dica importante é manter o grupo sempre bem alimentado, né?
bjs
Sou do tipo mandona-flexível. Rsrsrs…. pra tudo tem jeito, né? É só não ficar empacado só no que você quer. Hoje em dia viajo com o marido e nosso estilo de viagem combina muito bem. Já viajei com grupos e nunca tive problema. Mas você tem razão, quando se passa muito tempo juntos, é difícil não sair uma discordância que acabe gerando um mal estar. O negócio é não apelar pra violência (física ou verbal) e conversar na boa pra decidir o que é melhor para todas as partes. Isso é maturidade.
[]’s
Ei Camila, você disse tudo. Maturidade é uma muito necessária para se viajar acompanhado. Seja mandona ou não, a pessoa tem que ser madura o suficiente para saber a hora de ceder.
bjs
Muito bom o texto, Luiza. Tenho uns problemas em viagens às vezes, pois sou meio mandão e viagem pra mim é um troço meio “sagrado”, mas ultimamente tenho exercitado bem mais ser flexível às companhias. Abração!
Ei Fábio,
Eu também sou mandona, mas como prefiro curtir a viagem sem me estressar, aprendi a lidar melhor com essa minha característica e tentar usá-la a meu favor e do grupo, mas tentando não mandar demais. Até porque eu prefiro viajar acompanhada do que sozinha.
bjs