Muito mais que um torneio. A Copa do Mundo é um dos grandes eventos do planeta. Para várias nações, o maior de todos. Iniciada em 1930, no Uruguai, a Copa chega em 2014 na sua vigésima edição. E com muita história para contar: ao longo de quase nove décadas, o mundo já viu de tudo durante a competição.
Além dos grandes momentos esportivos, a Copa já foi motivo de intensas disputas políticas, fatos curiosos e momentos culturais marcantes, que definiram gerações inteiras. Neste post, reunimos nove curiosidades da história da Copa do Mundo. Fatos que provam o óbvio: a estrela pode até ser o futebol, mas a Copa vai muito além dos gramados.
O começo de tudo
Tudo começou no Uruguai, no distante ano de 1930. A Fifa tinha resolvido organizar o evento alguns anos antes e a escolha do Uruguai como sede teve dois motivos. Primeiro, porque eles eram os donos da bola, com dois títulos seguidos dos jogos olímpicos. O segundo motivo foi a celebração dos 100 anos independência uruguaia. Treze times participaram daquela Copa, entre eles o Brasil, que fez uma de suas piores participações na história das Copas.
O problema é que havia uma briga entre as federações paulista e carioca de futebol, o que fez com que o time enviado ao Uruguai não contasse com alguns dos melhores jogadores da época. De fato, essa deve ter sido a única Copa em que uma parcela significativa da população brasileira vibrou com a derrota do time – paulistas comemoraram o tropeço de uma equipe formada quase só por cariocas.
A mensagem que não deu certo
Mas, legal mesmo da Copa de 1930 é a foto abaixo, da seleção da Bolívia. A ideia era homenagear o país anfitrião no jogo de estreia. Para isso, cada jogador entrou em campo com uma letra na camisa, o que deixaria a foto oficial com a mensagem “Viva Uruguay”. O problema é que um dos jogadores não chegou a tempo da foto, que saiu com a mensagem errada. A falha só foi descoberta no dia seguinte, quando o filme foi revelado.
Time da Bolívia, em 1930 (Foto: Domínio Público)
Mussolini quer a Copa
“Vitória ou morte”. É isso que estaria escrito num bilhete do ditador Benito Mussolini, entregue ao time da Itália antes da final da Copa de 1934, realizada no país. Esse sequer foi o único aviso do tipo dado por Mussolini, que já tinha deixado claro para o presidente da federação italiana que só um resultado era aceitável. Mesmo. Vai ver foi por isso que os italianos vencerem a Tchecoslováquia na final, por 2 x 1.
Copa de 1934 (Foto: Domínio Público)
Hitler também
Embora a Europa ainda não estivesse oficialmente na Segunda Guerra, o período de instabilidade marcou o futebol. A Áustria, que meses antes tinha sido anexada pela Alemanha de Hitler, foi forçada a ceder jogadores para a seleção alemã, que disputou o torneio de 1938, na França. Por isso, a partida entre Áustria e Suécia, válida pelas oitavas de final, terminou com vitória sueca por WO, afinal de contas a Áustria tinha deixado de existir como país independente.
Teve Copa durante a Guerra?
Também rolou uma disputa acirrada pelo direito de sediar o evento de 1942. O Brasil, terceiro colocado no torneio de 1938, queria a Copa. Assim como a Alemanha de Hitler, que sabia da importância política da competição. A Fifa estava visitando os países candidatos quando estourou a Segunda Guerra Mundial, em 1939.
Com a Guerra, muitos dos jogadores foram parar nos campos de batalha. A Fifa suspendeu o torneio de 1942 e o de 1946, quando a Europa ainda estava em ruínas. Mas há quem conteste isso: como diversos torneios menores foram realizados ao redor do globo, vários fanáticos defendem que a sua seleção venceu em 1942. Não é difícil achar no Google quem defenda que a Itália venceu a “Copa” de 42, sendo, portanto, pentacampeã. O problema é que ingleses e argentinos também garantem que sediaram uma versão da Copa alternativa. Para a maioria do mundo, no entanto, vale a palavra da Fifa.
Deu zebra
A Copa de 50, no Brasil, viu uma das maiores zebras de todos os tempos. Estados Unidos e Inglaterra se enfrentaram no estádio Independência, em Belo Horizonte. Os britânicos, além de responsáveis por tornar o futebol um esporte organizado, eram um dos favoritos ao título, tendo vencido Portugal e Itália em amistosos, pouco antes do torneio. Enquanto isso, os norte-americanos não tinham muita tradição com os pés. Pior: o Tio Sam tinha recrutado um time de amadores. Mesmo assim, veio a vitória – 1 x 0 para os Estados Unidos. Como não poderia deixar de ser, a façanha virou filme. “Duelo de Campeões” foi lançado em 2005. A Inglaterra nunca mais entrou em campo com o uniforme usado naquele jogo.
Pode isso, Arnaldo?
Embora o futebol não seja o esporte mais popular da Índia, o país asiático chegou a se classificar para uma Copa do Mundo: a de 1950, no Brasil. Na época, a Índia dominava o futebol asiático. Classificada para participar da Copa, a Índia recusou o convite. O motivo até hoje não é claro – alguns dizem que não havia dinheiro para bancar a viagem, enquanto outros defendem que a federação de futebol indiana não entendeu a importância de uma Copa do Mundo. Mas a versão mais interessante, por mais que não seja aceita por todos historiadores, diz que a Índia recusou participar do torneio quando descobriu que os atletas não poderiam jogar como estavam acostumados, ou seja, descalços.
A Copa da Coreia… do Norte
Coreia do Sul e Japão fizeram a primeira Copa dividida entre dois países, em 2002. Mas a outra Coreia, a do Norte, já foi a sensação de outra Copa do Mundo: em 1966, na Inglaterra, o time eliminou a Itália e chegou as quartas de final, disputada com Portugal. E por pouco os norte-coreanos não foram mais longe – chegaram a ganhar o jogo por 3 x 0, mas tomaram a virada dos portugueses. Os jogadores voltaram para a Coreia como heróis nacionais.
A situação da equipe que disputou a Copa de 2010, no entanto, foi diferente: depois de 3 derrotas e uma goleada transmitida ao vivo para o país (fato raro por lá), os jogadores passaram por uma punição pública. Este ano, a transmissão da Copa do Mundo para a Coreia voltou a ser feita com um dia de atraso. E olha que a Coreia do Norte nem está participando do torneio.
Brasil e Coreia do Norte, na Copa de 2010 (Marcello Casal Jr/ABr, Creative Commons)
Os mascotes e a história da Copa do Mundo
O primeiro deles veio em 1966, na Copa da Inglaterra. Era o Willie, um leão, animal que tradicionalmente simboliza o Reino Unido. Desde então, todas as Copas tiveram um mascote, normalmente ligado à cultura do país: em 1970 o México apresentou ao mundo o Juanito, menino usando um sombrero. A Espanha usou uma laranja como o mascote de 1982, enquanto a argentina optou pelo Gauchito, outro menino, para ser o símbolo da competição de 1978. Um cachorro (1994), um galo (1998), uma pimenta (1986) e um leopardo (2010) são outros dos mascotes que já apareceram nas Copas do Mundo.
Imagem destacada: Marcello Casal Jr/ABr, Creative Commons