18:15 Tongariro National Park, Nova Zelândia – 04 de julho de 2012
Já faz 40 minutos que o carro com o resto do grupo partiu. Ficamos apenas eu, Rafa e Luíza aguardando no estacionamento da estação de esqui. As outras pessoas também já foram embora, restam poucos carros aqui. A cabana mais próxima é um restaurante, mas temo que esteja fechado. Meu medo é que interditem a estrada por causa da neve e os outros não possam voltar para nos buscar. Não temos comida, nem água suficiente para passarmos a noite. Isso se conseguirmos resistir ao frio, claro.
O dia estava bonito e quente. Tão quente quanto pode estar em uma estação de esqui. Pobre de nós, pessoas tropicais pouco acostumadas com o gelo! O tempo virou rápido. Em cerca de três minutos, a neblina nos cercou e não conseguiamos ver nada ao nosso lado. E a temperatura caiu, cedo demais. Tão rápida quanto veio, a neblina foi embora. Mas o frio ficou. Meus dedos da mão doem e já não sinto mais os de pé. Parece impossível parar de tremer.
Os primeiro sinais de hipotermia começam a aparecer. Eu li sobre eles uma vez: pele fria, tremor, fadiga, irritabilidade, apatia, sonolência, hipertensão arterial, arritmias, dificuldades na fala, confusão, delírio, coma e, finalmente, morte. Confusão! Sinto que a Luíza vai ser a primeira a sucumbir. Ela corre de um lado para o outro, pula e diz coisas sem sentido como “Vamos brincar de pinguim”! Ela sempre foi menos resistente ao frio.
Nós sabíamos que corríamos esse risco. O aviso estava em todos os lugares, mas nós não tivemos muita escolha a não ser ficar lá e esperar. No carro que alugamos, o mais barato da loja, não cabiam cinco pessoas e cinco equipamentos de esqui.
Delírio! Já enxergamos luzes ao longe, na estrada. Não era nada. Será que estamos vendo coisas? Mais um farol. Cada farol é uma esperança de salvação… Dessa vez é real. Um carro vem em nossa direção. Não é o que esperamos, mas pode ser uma ajuda. O veículo se aproxima e diminui a velocidade. O motorista coloca a cabeça para fora. “Vocês têm cigarro?”, pergunta. Não, não temos. Ele sorri e vai embora. Estamos sozinhos novamente.
Logo vai escurecer. Não sei que chance teremos quando sol se por. Será que vamos vencer o frio? Caso o pior aconteça, deixo registrado meus últimos pensamentos (que são, na verdade, citação de um bravo herói):
“This is such a beatiful place to be with friends” Dobby
Ass. Naty
O relato acima, baseado em fatos reais, conta do dia em que tivemos que esperar nossa carona na neve e a temperatura caiu drasticamente de uma hora para outra. Tudo bem, ele é bastante exagerado ficcional. Nós não chegamos nem perto de ter hiportermia e a Luíza… bom, a Luíza estava só sendo ela mesma. A verdade é que qualquer frio é monstruoso para quem nasceu em terras tropicais.
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Muito bom o texto, fiquei curioso para saber o final e não consegui parar de ler. Ainda bem que foi tudo exagero, quer dizer, ficção...
Hehehe, foi exagero mesmo. Mas eu juro que tive que ficar 30 minutos em frente ao aquecedor para parar de tremer de frio depois disso. Com neve e frio não se brinca, né? Obrigada por passar por aqui! Abraços!