Todo mundo merece fazer uma grande viagem

Quando nós saímos de casa em direção à nossa grande viagem, não estávamos em busca de uma rota comercial que nos faria ricos, nem íamos desbravar terras jamais exploradas pelo homem, muito menos tentávamos vencer uma aposta. Isso tudo ficou por conta dos grandes navegadores dos séculos passados, exploradores do ártico e dos personagens do Júlio Verne.

Nossos objetivos eram mais modestos: conhecer outras culturas, ver algumas das atrações turísticas mais famosas do mundo e saciar um pouco a nossa sede por aventura e novidade. Ainda assim, depois de passar por 14 países e ver crescer na gente o insaciável desejo de estar sempre em movimento, acabamos por nos considerar parte do grupo dos grandes e eternos viajantes.

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O engraçado é que, ao olhar para trás, tenho a sensação de que essa viagem que mudou a minha vida quase não aconteceu. Era para ter sido só um intercâmbio. Era para cada um de nós ter ido para um país diferente. Era para ter sido uma história completamente diferente.

No entanto, quis o destino que a Índia escolhesse a gente e a gente escolheu fazer uma parada na Europa. Mas a Índia é na Ásia e a Ásia, na minha cabeça, era o mais distante e inacessível dos continentes com um preço exorbitante nas passagens aéreas. Nós não poderíamos perder  a chance de fazer um mochilão por lá.

Nesse momento, a ideia da viagem já tinha virado um monstrinho incontrolável com direito a projeto no simulador de passagem de volta ao mundo da One World.

 Nosso roteiro de viagem

Tudo aconteceu em apenas dois meses. Do dia em que a ideia nasceu ao dia que pisamos em Madri, tivemos apenas 2 meses para planejamento e preparação. Foram 60 dias em que eu ia dormir sem acreditar que aquilo realmente ia se tornar real e acordava sem aguentar de ansiedade. 60 dias para visto, reserva de hotéis, aviso prévio e documentos. Acho que é desnecessário dizer que nós não fomos os campeões do planejamento nessa viagem. Com tanta coisa para resolver, os destinos ficaram para segundo plano.

É óbvio que cometemos erros estúpidos. Existem dezenas de coisas que eu faria diferente se tivesse a chance. Mas eu não acredito que esses erros tenham, em algum momento, estragado a viagem ou a tornado menos intensa e maravilhosa. É provável que se eu tivesse esperado o momento perfeito, a grana certa e o planejamento impecável, eu ainda estaria na minha velha vida, com meus velhos valores e um sonho distante.

A volta ao mundo só aconteceu porque um dia, meio que no susto, três amigos conversavam em uma mesa de bar e tomaram a decisão de ir. E foram. Apesar de parecer que não ia dar certo, que o dinheiro ia faltar ou que estava tudo acontecendo rápido demais. Apesar do medo, dos perrengues e enganos.

Eu cheguei a pensar que estávamos fazendo uma loucura. No momento que eu desci do primeiro avião, a loucura toda pareceu a coisa mais sensata que eu havia feito na vida. Hoje, eu ainda acho que foi.

 Wanderlust: Um desejo irresistível de viajar para entender sua própria existência

Todo mundo merece fazer uma grande viagem. Qual vai ser a sua?

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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Natália Becattini

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