Que tal fazer um intercâmbio na Rússia? A Mariana Cunha fez isso, no ano passado. Ela viveu em São Petesburgo, uma das cidades mais bonitas do mundo. Assim como a equipe do 360meridianos, o intercâmbio dela foi pela pela AIESEC, uma organização apartidária, independente, educacional, sem fins lucrativos e totalmente formada e gerenciada por estudantes universitários. Veja abaixo o relato da Mariana.
Decidi realizar um intercâmbio pela a AIESEC logo após concluir meu bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, no final de 2012. Eu queria viver uma experiência europeia, vivenciar uma cidade modelo em infraestrutura urbana e onde pudesse ver bons exemplos de edifícios, já que essa prática é essencial para a profissão. Em meio a uma procura por países como Alemanha, Bélgica, Itália e França, uma vaga me chamou atenção: IT Literacy, em São Petersburgo na Rússia. O comitê da cidade prometia tornar o intercâmbio uma experiência inesquecível, em meio a festas, atrações turísticas sensacionais e a fama de ser a “cidade mais bonita do mundo”.
Fiz a candidatura para a vaga, e acabou que o processo foi muito rápido. Quando me dei conta, já era hora de comprar passagem e começar a acertar os detalhes do intercâmbio. Sempre tive vontade de conhecer a Rússia, mas nunca achei que isso aconteceria tão cedo. Desistir de uma cidade tradicional europeia foi a melhor escolha que eu fiz, porque eu realmente embarquei para a melhor experiência da minha vida.
O projeto em que participei se chamava “IT Literacy” e era uma parceria com a Microsoft. Éramos apenas seis intercambistas: Eu, o Killian, da Alemanha, Ivette, da China, e o trio Emmanuel, Vaibhav e Priyal, da Índia. Nosso trabalhado consistia em visitar regularmente escolas e universidades, dando palestras sobre tecnologia da informação em nossos países, falar sobre temas relevantes na área como pirataria, segurança virtual além de dar treinamento em alguns softwares. Tive a oportunidade de lecionar o Adobe Photoshop e Corel Draw. Cinco membros do comitê local da AIESEC eram responsáveis pelo projeto. Eles faziam os planejamentos, agendamento das apresentações e nos auxiliavam durante as palestras.
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Nas universidades, tínhamos a liberdade de abordar alguns temas mais complexos, como introduzir novas ferramentas de tecnologia e promover debates sobre o tema. As pessoas sempre me perguntavam por que eu, graduada em Arquitetura, decidi fazer parte de um projeto que tratava da tecnologia da informação. A minha resposta sempre era a mesma, e foi justamente o que eu consegui comprovar nesse projeto através dos debates promovidos nas escolas e universidades: a tecnologia da informação é uma ferramenta de inovação e tem participação no dia a dia de qualquer profissão como uma forma eficiente de gestão, produção e organização. Ela permite que os profissionais se adaptem às mudanças e novas demandas de mercado.
Durante apresentação em uma universidade
Intercambistas e equipe do projeto
Além das atividades do IT Literacy, às terças-feiras, todos os intercambistas deveriam participar de uma atividade promovida pelo comitê local chamada Speaking Lab, que acontecia no loby do local onde estávamos hospedados e era aberta para o público geral. Nossa tarefa era preparar apresentações sobre tópicos pré-definidos e incentivar os participantes a falar inglês.
Passar essa temporada na Rússia foi uma experiência incrível, louca, divertida e totalmente cultural. O país tem fama de ter um povo muito fechado, o que em partes é verdade. Eu notei que isso acontece mais entre as pessoas mais idosas, que vivenciaram a época de guerra da União Soviética, o que é até compreensível. A população mais jovem é totalmente aberta e educada (mais que brasileiros), e sim, os russos são loucos!
O mais incrível dessas experiências foi vivenciar um país extremamente cultural e com uma história marcante, desde a Rússia imperial, com os exageros e luxos dos Czares e a dinastia Romanov, até o período de guerra da União Soviética. Pude aprender mais sobre a história e fazer a análise arquitetônica da cidade, o que é de extrema importância para a minha profissão. Um ponto interessante são as estações de metrô, que além de serem as mais profundas do mundo são incrivelmente belas.
Interior de uma estação de metrô
Eu posso afirmar que a cidade de São Petersburgo é, sim, a cidade mais bonita do mundo. O cenário da cidade é sensacional, em meio aos edifícios neoclássicos e barrocos em composição com as catedrais ortodoxas e os canais da cidade (São Petersburgo é conhecida como a Veneza do norte devido à quantidade de canais). Nenhum ponto da cidade é monótono ou sem graça, sempre existe um detalhe bonito ou uma perspectiva interessante. Apesar da Rússia ser um país em desenvolvimento, a cidade de São Petersburgo conta com um excelente sistema de infraestrutura urbana de transporte. O metrô, TRAM e os ônibus funcionam perfeitamente bem, com pontos bem localizados na cidade. Além disso a cidade é extremamente limpa.
A maior dificuldade foi o idioma. Para a minha surpresa, em um dos maiores centros culturais da Europa a grande maioria da população não fala inglês. No início do intercâmbio eu tinha dificuldade até de pedir um lanche em uma lanchonete. Pude contar com a ajuda de alguns membros do comitê e três intercambistas falavam russo fluente, para a minha sorte. Mas, com o passar do tempo, consegui aprender o alfabeto cirílico e algumas frases básicas.
Uma das coisas mais legais foi a convivência com os outros intercambistas. Eram dois projetos acontecendo simultaneamente na época que eu fui. O outro projeto se chamava Ichange, e contava com gente da Hungria, Bulgária, Alemanha, Eslovênia, Índia, Brasil e Suíça. Nos tornamos praticamente uma família. Conviver com essas pessoas trouxe enriquecimento cultural, nos tornou mais tolerantes, permitiu que a experiência se tornasse mais divertida e ainda pude fazer amizades para a vida toda.
Além da vida cultural intensa, a cidade tem uma vida noturna bem agitada, além de muitas opções de lazer que vão além de museus e palácios. A cidade conta com uma infinidade de bares e casas noturnas, tudo com um preço bem acessível. Posso concluir que em meio a uma cidade extremamente cultural e cheia de história, combinada com uma vida noturna incrivelmente louca e divertida, e considerando o principal ponto, amigos que eu fiz para a vida inteira, essa foi sim, uma experiência inesquecível e a mais incrível da minha vida.
Como eu disse anteriormente, a cidade é extremamente cultural e conta com muitas atrações de lazer. Se você for para São Petersburgo, pode ter certeza de que não vai haver nenhum dia de tédio com os inúmeros museus, igrejas e palácios. O que não se pode deixar de visitar de jeito nenhum é o Palácio do Hermitage, que conta com um dos maiores museus da Europa, onde é possível ver desde a Mesopotâmia, passando por Egito, Grécia e Roma Antiga, arte bizantina, renascimento, barroco, e até mesmo arte moderna como Picasso, Van Gogh e Paul Gauguin. Outra atração, é a Catedral de Saint Isaac, onde dá para subir no telhado e ter uma vista panorâmica da cidade. Não se pode deixar de ver, principalmente, a Igreja do Sangue derramado, o principal cartão-postal de São Petesburgo. A arquitetura ortodoxa, típica da Rússia medieval, impressiona pela quantidade de detalhes. Um fato interessante é que o arquiteto responsável pelo projeto foi cegado para nunca mais criar uma obra parecida. Além disso, o interior da igreja contém 7500 m² de mosaico!
No Palácio de Hermitage
Interior do Palácio
Igreja do Sangue Derramado
Vista da Catedral de St. Isaac
É interessante também visitar os museus que contam a história da União Soviética, como o Museu do Bloqueio, o Museu de Artilharia e Engenharia e o Museu de História Política. Os chamados countrysides da cidade, ou melhor dizendo, as cidades do interior como Peterhof e Pushkin que ficam a aproximadamente 30 minutos de trem de São Petersburgo, abrigam o exuberante palácio de Peterhof, a residência de verão de Pedro o Grande, e o Chaterine Palace em Pushkin (O filme “Anastácia”, da Disney, faz referência a esses dois palácios). Não se deve perder a oportunidade de conferir um espetáculo de Ópera ou o famoso balé russo no Mariinsky Theatre .
A comida russa, digamos, não é a melhor do mundo. Mas não se pode ir à Rússia e não experimentar o prato típico: O borsch, uma sopa feita com beterraba, repolho, cenoura, batata, tomate e carne boi, às vezes acompanhado com uma porção de nata azeda. Além do borsch, é interessante experimentar as panquecas russas. Uma boa rede de fast-food que vende o produto é o Tepemok (Pronúncia – Teremok). O шаверма (pronúncia – Shavarma), uma espécie de sanduíche de pão sírio com frango e vegetais vendido em vários lugares, também é uma boa opção. Outra boa dica é a rede de restaurantes столовая (pronúncia – Estalovaiá), onde você pode comprar porções de comida como arroz, macarrão, saladas e carnes por um preço bem acessível.
Quem visita a Rússia no mês de maio não pode deixar de ver o desfile de nove de maio – dia da vitória – em comemoração à vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial e da rendição da Alemanha nazista. O desfile conta com a participação dos soldados que atuaram na guerra e veículos usados pela URSS. O desfile acontece na principal rua da cidade, a Nevsky prospect, e termina na Palace Square (onde fica o palácio do Hermitage) com um concerto e show de fogos de artifícios.
Uma das vantagens de viajar pela Europa é a facilidade de visitar os países vizinhos, principalmente para brasileiros, que não precisam de visto. Quem vai para São Petersburgo tem a opção de facilmente visitar Finlândia, os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e a Suécia. A Finlândia e os bálticos são facilmente acessados por ônibus ou trem. Ir para Tallinn (na Estônia) ou Helsinki (na Finlândia), por exemplo, leva de 6 a 8 horas de ônibus. Para a Suécia, o melhor meio de transporte é o navio.
Tallin, Estônia
A polícia russa tem fama de corrupta. Por isso, é sempre bom andar com o passaporte original e nunca entregá-lo diretamente para o policial, apenas mostrar seu carimbo de entrada ou o papel da imigração. A qualquer momento, se eles te reconhecerem como estrangeiro, eles podem te abordar e pedir o passaporte.
Quando realizei meu intercâmbio, peguei o final do inverno e fiquei até a metade da primavera. O inverno russo é extremamente frio, mas não se engane, a primavera e o verão têm temperaturas completamente “normais”. Cheguei a pegar 22ºC. Portanto, se você for fora do inverno, nada de casacos pesados.
No mais, vale colocar na mala de volta alguns dos clichês russos, como as as Matrioskas, famosas bonecas russas, e a vodka do país, que é uma bebida muito mais suave do que as do Brasil.
Uma coisa que poucos conhecem é o Banya, uma espécie de sauna que, diferentemente do Brasil, é aquecida com carvão. A sauna é uma experiência exclusivamente russa, sendo interessante fazer isso tomando chá (os russos tomam MUITO chá!).
A experiência que eu tive em São Petersburgo superou minhas expectativas. Voltei completamente apaixonada pela cultura, pela história e com a certeza que de que eu visitei um dos lugares mais bonitos e únicos do mundo. Também pude me tornar uma pessoa mais tolerante, além de melhorar algumas habilidades como apresentação e trabalho em equipe , frutos do que vivenciei no projeto. Pude fazer amigos de diferentes países e para uma vida inteira, além de viver momentos que jamais sairão da memória. O que fica agora é a promessa de reencontro e a vontade imensa de voltar no tempo e viver novamente a melhor experiência da minha vida.
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Olá!
Adorei a matéria que você escreveu Mariana Cunha. Mas, eu gostaria de saber qual a AIESEC que você fez o intercambio para Rússia?
Eu estudo russo na UFRJ e queria fazer muito um intercambio para Rússia.
Além das dicas que você escreveu aqui, tem como dar mais dicas do intercambio que você fez?
Obrigada,
Sarah :)
Oi Sara!
Primeiramente, obrigada! A AIESEC que me recebeu lá foi a Engec & Guap.
Que tipo de dicas você gostaria?
Podemos manter contato por email, ou por inbox no facebook, ficarei feliz em ajudar!
mariana.cunhaos@gmail.com
https://www.facebook.com/mariana.cunha.7921
oi,como faz para fazer intercambio pra lá ? tenho muita curiosidade em fazer intercambio em algum país do leste europeu.
Oi Matheus,
Você é estudante universitário? Se for, procure a AIESEC, uma associação de jovens estudantes que organiza esses intercâmbios. Você acha mais informações aqui: https://www.aiesec.org.br/