Como viajar pode melhorar seu currículo

Não faltam na internet textos que expliquem “Como melhorar seu currículo” ou “Como fazer um currículo atrativo para recrutadores”. Então, para os que estão sempre preocupados com a carreira, deixo a minha sugestão de como contribuir com seu CV: viagens. Não, não é qualquer viagem. Ir ali em Miami fazer umas comprinhas não vai agregar nada na sua carreira. Mas uma viagem que te inspire, que mude sua vida, pode sim colaborar com seu crescimento profissional.

Já falamos aqui sobre ano sabático e por que muitas pessoas têm medo dele. O medo de tirar tempo para se dedicar a algo alternativo, tipo viajar, fazer intercâmbio ou seja lá o que você queira fazer, mas depois perder lugar no mercado de trabalho. A impressão e experiência que eu tenho é exatamente oposta. Não, não estou dizendo que você deveria largar seu emprego e viajar sem pensar nas consequências. Mas bem, eu fiz isso três vezes, todas com certo planejamento, e deu muito certo, inclusive na minha carreira.

Como minhas viagens contribuíram com meu currículo

A minha primeira viagem foi um intercâmbio nas férias de faculdade, para trabalhar num McDonalds nos Estados Unidos. Eu coloco isso no meu currículo como “Experiência Internacional”. Certa vez, uma tia minha questionou o porquê de eu incluir essa informação, já que ser caixa e fritar hambúrguer não dizem muito do meu talento como jornalista.

Quer dizer, não diz mesmo nada do meu talento como jornalista,  mas fala muito sobre quem eu sou. Eu me dispus a sair do conforto da minha casa para ficar três meses trabalhando numa cultura completamente diferente e em outro idioma. Acho que isso prova muito mais sobre minha capacidade profissional do que simplesmente colocar as palavras: determinada, aberta a diferenças, bom trabalho em equipe e inglês fluente. Né?

E mesmo que essa experiência não tenha relação direta com minha área de trabalho, ela virou motivo da conversa com os recrutadores algumas vezes. Só o fato de você “ter assunto” com quem está te entrevistando já ajuda muito no processo. Fato é que não se passaram nem dois meses depois que eu voltei de viagem para eu conseguir um estágio legal na minha área. Claro, não passei só porque fiz intercâmbio, mas o intercâmbio colaborou para eu ser quem sou.

Anos depois, já formada, fui trabalhar na Índia e dei uma volta ao mundo. Essa viagem me mudou completamente. Amadureci, me tornei mais independente, menos preconceituosa, mais aberta às diferenças. Eu não tenho como mensurar o que me destaca numa entrevista de emprego, porque a mudança é muito mais na forma como eu me posiciono em relação aos outros.

Mas é um fato que, quando nos sentimos seguros e confiantes sobre nós mesmos, passamos essa sensação para as pessoas. Fora isso, ter experiência (na minha área profissional) na Índia e uma volta ao mundo no meu currículo com certeza são pontos que chamam atenção. É um diferencial para você, seja lá para onde você for ou o que decidir fazer. E diferenciais são o que as empresas buscam.

Ciência Sem Fronteiras

Uma vez eu ouvi uma pessoa falar que não faria o intercâmbio do Ciência sem Fronteiras porque isso seria uma perda de tempo, já que atrasaria a formatura e, consequentemente, a entrada no mercado de trabalho. Para aqueles que pensam como essa pessoa, gostaria de dizer que uma viagem não é perda de tempo.

É a sua chance de se conhecer, de lidar com o diferente, de crescer. Sinceramente, com todas as críticas que podemos fazer ao programa, não é sem motivo que ele recebia tanto incentivo do governo, que tinha entendido o quanto dar oportunidade de viajar e estudar fora aos estudantes brasileiros valoriza os futuros profissionais que eles serão um dia. Pena que isso mudou, mas quem sabe não volta?

Fluência em outros idiomas

Para completar, ainda tem a questão da fluência em outro idioma. De acordo com um estudo da GlobalEnglish, os profissionais brasileiros têm um dos piores níveis de inglês do mundo. Agora, pegue outro dado: num cargo de supervisão, sabe qual a diferença salarial entre quem é bilíngue e quem não é ? 64%. Muitas vezes, investir tempo para fazer um curso de imersão em outra língua no exterior pode ser bem mais válido para seu currículo do que fazer uma pós-graduação Latu Senso (especializações e MBA).

Veja bem, eu não sou nenhuma especialista em carreiras ou coisa do tipo, mas falo não só da minha experiência, mas também das pessoas que conheço. Acredito que uma viagem tem esse poder de mudar e melhorar a vida das pessoas. Claro, essa não é a única opção e nem vale para todo mundo, afinal nada na vida é tão certo assim. Mas considerar uma viagem, um intercâmbio ou ano sabático como opções para melhorar sua carreira e currículo não é uma ideia de gente maluca ou sonhadora. Muito pelo contrário, é uma maneira sólida de conseguir se destacar dos concorrentes.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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Luiza Antunes
Tags: Intercâmbio

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