Nada é mais assustador do que alguém mexer no seu queijo, principalmente se for um do tipo gorgonzola. Ainda assim, essa ideia, por mais que alegórica, rendeu milhões. Na década de 1990, o escritor norte-americano Spencer Johnson lançou o livro “Quem mexeu no meu queijo”, mais uma obra para a prateleira da autoajuda, um mercado que tem também escritores como Daniel Goleman, James C. Hunter e Paulo Coelho.
E a internet inteira, claro. O Facebook mesmo é mestre nas frases estilo autoajuda, enquanto proliferam sites que têm a intenção de dar receitas prontas e dizer aos mais variados leitores o que eles deveriam fazer com suas vidas. Por mais que seja necessário reconhecer a importância desses trabalhos, a maior crítica à literatura de autoajuda é que ela oferece respostas fáceis e rasas para problemas complexos e profundos.
O 360meridianos é um blog de dicas, relatos de viagens e estilo de vida. Ou seja, aqui você vai achar tanto dicas práticas, tipo quais são os melhores locais para se hospedar na cidade X ou onde comer na cidade Y, como também textos que têm o objetivo de inspirar nossos leitores. Neste sentido, já te falamos, por exemplo, quais foram os aprendizados de nossa viagem de volta ao mundo e quais as vantagens de tirar um período sabático. Mas repare numa coisa: nós falamos sobre o que fizemos e como você pode fazer algo parecido se você mesmo decidir fazer isso, mas jamais apontamos diretamente qual decisão você deveria tomar.
Pode parecer que a diferença é pequena, mas não é. Isso explica nossa dificuldade ao lidar com algumas das perguntas que surgem diariamente aqui no blog. Tipo…
A reposta que muitos esperam é direta. Vá nessa cidade. Ponto. Problema resolvido.
Mas seria uma saída superficial, primeiro porque não há consenso nem entre os três membros do 360 sobre qual das duas cidades é melhor, e olha que nós somos pessoas que compartilham muitos interesses. Mais importante que isso é o fato de não conhecermos as preferências, gostos, estilo de vida e história de quem está perguntando – cada pessoa pode preferir uma das cidades e ainda variar a resposta dependendo do momento de vida.
Reparou na dificuldade em responder? Agora pense em questionamentos muito mais complexos e que não afetam apenas o período de férias de alguém. Tipo…
Já perdi a conta de quantas vezes respondi a essa pergunta. E não é que eu seja um consultor especializado em economia doméstica, mas porque eu fiz uma dívida (algo em torno de R$ 10 mil) para dar uma volta ao mundo, entre 2011 e 2012, e que custou cerca de R$ 25 mil ao todo. E não me arrependo – foi a decisão mais sensata da minha vida, tanto é que hoje meu salário vem deste blog, que nasceu durante aquela viagem. O empréstimo, portanto, foi um investimento, não só na minha vida pessoal, mas que deu frutos profissionais. Deu dinheiro. Desde que contei essa história aqui no blog, um monte de gente quer saber se aconselho outros nessa direção. O que eu digo? Não sei. Depende de você.
Pra mim foi ótimo, mas sinceramente eu não sei o que fulano, ciclano e beltrano devem fazer. E repare que isso vale para as duas possibilidades: tanto o “não” quanto o “sim”. Afinal de contas, estimular alguém a fazer uma dívida para dar uma volta ao mundo pode ser uma tremenda irresponsabilidade, mas dizer para a pessoa não fazer isso em hipótese alguma, não importando os desejos e a situação atual dela, é igualmente ruim e superficial.
A pergunta acima é outra que já recebemos dezenas de vezes aqui – essa já rendeu até um post inteiro. Antes de mais nada, é preciso lembrar que esse “largar tudo” raramente é algo assim tão amplo. Eu, por exemplo, larguei um emprego de carteira assinada para viajar pelo mundo. Um emprego que há tempos eu não queria mais, veja bem. Mas, apesar de ficar uns meses longe de casa, dos meus familiares e meus amigos, eu não larguei essa parte da minha vida, justo a mais importante. Minha namorada viajou comigo. De forma geral, ninguém nunca larga tudo para trás, mesmo que mude radicalmente o estilo de vida – alguma coisa sempre fica igual.
Dito isso, cada pessoa precisa analisar seu próprio contexto, pensar no que deseja da vida e pesar bastante as possibilidades antes de tomar a própria decisão. A escolha é sua, assim como as consequências que virão dela.
Sim, pode dar tudo errado, mas novamente é necessário relativizar as coisas: quem nunca tomou uma decisão, anos atrás, jurando que seria para a vida inteira, para depois um dia descobrir que, veja só, não era? Isso vale para relacionamentos, carreira, religiões, opiniões políticas, gostos, estilo, enfim, tudo menos time de futebol. Eu passei cinco anos da minha vida estudando e me preparando para exercer a carreira dos meus sonhos, trabalhar com jornalismo de televisão, para um dia, quando eu já trabalhava há anos com isso, perceber que não era algo que eu queria mais, uma vez que nem TV mais eu assistia (internet, sua linda, você mudou tudo). E aí? A decisão inicial foi um erro? Claro que não.
Monte Rushmore (Foto: Dean Franklin, Wikimedia Commons)
Ao tomar uma decisão, é necessário muito planejamento e pensar no futuro, mas também é preciso evitar que o medo sem sentido impeça qualquer ação. Vale lembrar uma frase do Theodore Roosevelt, um dos presidentes norte-americanos com o rosto esculpido no Monte Rushmore: “Em qualquer momento de decisão, a melhor coisa que você pode fazer é a coisa certa, a segunda melhor coisa que você pode fazer é a errada. E a pior coisa que você pode fazer é nada”. Não tomar qualquer decisão, seja por medo ou incerteza, também é um tipo de escolha.
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Rafael, fiquei em dúvida com esse orçamento, deu a volta ao mundo com 25 mil reais?
Sim, Pollyana. Mas isso foi em 2011/2012. Hoje está bem mais caro, até pela desvalorização do real.
Abraço.
Taí um blog maneiro pra meus favoritos! Muito bacanas seus post's. Um dia ainda viajo pelo mundo he he! Deixar tudo pra traz não é minha intenção, até porque minhas mais preciosas conquistas eu jamais deixaria pra traz: minha adorada esposa e meu herdeirinho que tá vindo aí! Abração!!!
Conquistas que você não deve deixar mesmo, Danilo! Essas são pra vida inteira! hehe
Obrigado pelos elogios ao blog.
Abraço.
Nossa! Grandes mistérios da humanidade.... eu vivo alguns desses dilemas (e ainda acrescentaria mais outros: fazer mestrado, estudar pra concursos públicos, montar pousada, voltar a vender artesanato, fazer outras tatoos....) hahahah!!!! Amo o blog! Bijs!!!!
Todos grandes mistérios mesmo, Mila. Já pensei seriamente em muitos desses que você citou.
Obrigado pelo elogio ao blog.
Bjus