Eu passei os meses que se seguiram ao meu retorno da volta ao mundo trabalhando em um escritório em São Paulo, mas a readaptação à rotina não foi tão fácil quanto eu esperava. Eu detestava o ar condicionado frio demais, as janelas que davam de cara para outros arranha-céus, o fato de eu ter que passar várias horas do meu dia lá dentro, mesmo quando não existia trabalho suficiente para preenchê-las, e a falta de energia e tempo para me dedicar a outros projetos depois do expediente.
Eu passava várias horas improdutivas pulando de um blog de viagens para ouro, descobrindo histórias de pessoas que viviam de viajar o mundo, levando seus trabalhos para a estrada. Foi nesse momento que eu decidi que queria isso para a minha vida. Não demorou tanto tempo para que eu entrasse em um voo para Madrid e passasse dois meses mochilando pela Europa e trabalhando pelo caminho. No entanto, depois de três anos nesse estilo de vida, você acaba descobrindo que nem tudo são flores. Veja algumas vantagens e desvantagens de trabalhar enquanto viaja.
Vá aonde quiser, na hora que quiser. Fuja dos invernos rigorosos ou aproveite as temporadas de neve, viaje em busca do verão, esteja nos principais festivais do mundo. Vá aonde sua vontade mandar. Com um pouco de planejamento, é possível ir a qualquer lugar enquanto trabalha. A partir do momento em que não precisamos mais estar em um lugar, as possibilidades são infinitas.
30 dias de férias é muito pouco para riscar todos os itens das nossas bucket lists. Com flexibilidade de tempo e espaço, você não precisa aguardar esse mês tão precioso para fazer as coisas que você quer fazer. Você pode trabalhar enquanto estuda idiomas em outro país, ou ligar seu computador de frente para aquela paisagem linda que você sempre sonhou em conhecer.
Mesmo os sonhos e projetos que não são relacionados a viagens tiram vantagens desse estilo de vida. Quando você é o dono do seu tempo, fica muito mais fácil se planejar para qualquer coisa.
Se viagens de férias podem ser um verdadeiro rombo no orçamento, viajar por longos períodos, então, nem se fala! Ao trabalhar da estrada, no entanto, os gastos com as viagens acabam se confundindo com nossos gastos diários. Meu custo de vida é o mesmo que o de muita gente que vive em capitais brasileiras, talvez até mais barato. Além disso, como continuamos recebendo nossos salários todo mês, dá para viajar sem ver a poupança esvaziar a cada dia.
Se você abrir a aba de destinos aqui do 360, vai perceber que os países que nós mais falamos sobre são Índia, Argentina e Portugal. Há um motivo para isso: esses são os lugares onde a gente viveu. Depois de um tempo levando o escritório na mochila, a gente percebe que o melhor é passar longos períodos nos lugares para que a gente tenha tempo de se adaptar e produzir mais. Essa é uma grande vantagem.
Ao estabelecer uma rotina em um país, você cria uma relação com o local. Vai passar a frequentar o mercado, conhecer pessoas que vivem ali, entender melhor a cultura e construir laços. Os lugares onde você viver vão passar a fazer parte de você, de alguma forma.
Eu sinto falta da época em que eu chegava em um destino e as minhas únicas preocupações eram o que teríamos que ver no dia. Hoje eu preciso me planejar muito melhor, estabelecer horas de passeio e de trabalho, dar um jeito de fazer o que precisa ser feito apesar da viagem. Às vezes, isso pode ser bem cansativo.
E esse danado do equilíbrio é difícil de encontrar. Eu já passei pelos dois extremos: o de ficar dia após dia presa dentro do quarto, sem vontade ou energia de passear, e o de não querer nada com a dureza porque a viagem estava legal demais. Com a prática, fica mais fácil de equilibrar a balança, mas é preciso se readaptar a cada novo destino e mudança de rotina.
Para muita gente, viagens são válvulas de escape. Ajudam a se desligar um pouco da vida, parar de se preocupar tanto com os problemas e voltar com as baterias recarregas. Desde que eu comecei a trabalhar da estrada, as viagens perderam essa função para mim. Agora, aonde quer que eu vá, eu levo todas as preocupações, problemas de trabalho e tarefas comigo.
Se você precisa cumprir um prazo e a internet do seu hotel dá problema, o que você faz? Ou sai correndo para o café mais próximo ou estoura o deadline. Muitas vezes, somos obrigados a lidar com conexões péssimas que inviabilizam o trabalho. E não vou nem começar a falar da dor nas costas depois de horas trabalhando sem uma cadeira e mesa apropriada.
Assim como o home office, trabalhar da estrada pode ser muito solitário. Não posso negar que sinto falta dos almoços com o pessoal do trabalho, dos happy hours e das fofocas na hora do café. Mesmo que você viaje acompanhado, é importante estarmos inseridos em um grupo social. Para contornar esse problema, eu procuro sempre me matricular em cursos e atividades diversas para suprir nossa necessidade diária de contato com gente.
E vocês, enxergam outra vantagem ou desvantagem desse estilo de vida?
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Oi Naty
Me enxerguei nesse post :D
No momento estou no Nepal e estou sofrendo com a falta de uma boa conexão.
Fora os cortes de luz diários que acontecem e o pior de tudo que nem tem pra onde fugir.
Isso ocorre em todos os lugares.
Acabei fugindo de Kathmandu, mas os cortes de luz e a internet estão piores em Pokhara hahahaha...
Mas assim vai indo, dores nas costas de trabalhar na cama, intervalos maiores no lago quando falta luz
Abraços
Flávio, hahah é aquela história né... o povo só vê as pingas que a gente toma, não vê os tombos que a gente leva... Boa viagem aí no Nepal e sorte com a internet... Quando eu estava na Índia também sofria com os cortes, mas eles eram sempre em horários fixos e por isso conseguia me programar...
Abraços
Olá Natália! Tenho uma pergunta que pode ser meio pessoal, mas sua unica fonte de renda é o Blog? Você conseguia uns freelances durante suas viagens?
Juliano, no início sim, tinha uns freelancers, mas há 3 anos estou só com o blog...
Abraços!
Adorei o post e quero deixar uma indicação para vocês! <3 O casal Mirela e Rômulo também viajam o mundo e trabalham na estrada, só que eles viajam de carro! Sugiro conhecer o blog deles, e quem sabe, ter entrevistas entre os dois lados! O canal/blog chama Travel and Share!
Ah, obrigada pela indicação Júlia, vou procurar o blog deles!
Abraços
Olá Natália! Bacana o artigo! Vim parar aqui pesquisando sobre desvantagens. Não cumprir o deadline pela infra que deixou de funcionar é tenso. Nesse caso resolveria como fiz por um tempinho em casa. Assinei um plano de modem 4G, sem fidelidade, coloquei o chip no celular e com um cabo usb fiz roteamento pro notebook. Quebrou uma árvore (e olha que o celular nem era 4G, foi no 3G mesmo..hahaha) em tempos de mudança, problema com internet pela localização da casa e escrita de monografia. Seria um plano B pra não ficar na dependência de uma conexão wifi de outros.
Felipe, essa é uma ótima solução para o Brasil. Também fiz isso por um tempo. O problema é que em alguns países não é tão fácil conseguir um plano assim (pode precisar de documento e tal) e em outros isso nem mesmo existe.
Abraços
Hola Nati!!! Ótimo seu texto!!!
Legal que você expõe o lado não tão glamuroso, e olha que já conversamos sobre isso, mas confesso que não conseguia ver com tanta clareza esse lado rsrs
? Abraço
Ei Thaís! Que legal que você passou por aqui! Obrigada por comentar!
Boa reflexão Naty. Ganhamos e perdemos nessa vida nomade.
Obrigada, Dan!
Oi, Natália!
Demais a tua franqueza nas desvantagens. Acho que tá faltando um pouco disso. Hoje em dia todo mundo tá vendendo uma imagem de que trabalhar viajando é a melhor coisa do mundo e esquecem de falar das desvantagens.
Eu acho incrível esse estilo de vida e pretendo testar assim que possível.
Teu post é fundamental pra alertar que nem tudo são flores. As dificuldades também existem e é preciso estar preparado.
Obrigado por compartilhar tua experiência! :)
Abraço!
Obrigada Henrique! Também acho que a gente precisa mostrar os dois lados da moeda.
Abraços!
Nem tudo são flores, eu sei. Mas é sempre bom ler as experiências e ter como pesar as vantagens e desvantagens.
Obrigado por compartilhar!
Nada, Max! Obrigada por passar aqui!
Tem que ter muita disciplina para embarcar em uma proposta como essa. Eu penso seriamente nisso todos os dias.
É verdade, Fabrício. Disciplina e coragem!
Abraços
Olá Natalia. Bem bacana o texto, bom saber que há os dois lados da história.Eu mal conheço o Brasil, mas já estou planejando a virada. Ano que vem creio que será um ano de mudança - apesar das milhares de dúvidas na minha mente, mesmo com todos os textos de vocês.
Mas, tenho uma pergunta.
Quanto tempo o blog de vocês demorou pra começar a render, financeiramente?
Porque penso em criar um blog também, como fonte de renda pra quando mudar tudo no ano que vem. Mas sequer tenho histórias de viagens anteriores. Vou ter que começar a viajar, pra daí começar a postar, pra tentar divulgar, arrecadar anúncios....Nessa altura a grana que eu economizei e levei pra estrada já acabou (no caso de eu não encontrar bicos e trabalhos temporários pelo caminho).
Olá Anna, do dia que nasceu até o dia que começou a pagar nossas contas foram mais ou menos dois anos e meio. É um trabalho de longo prazo, por isso, se quer criar um blog profissional, sugiro começar o quanto antes. Claro, existem outras formas (mais fáceis) de viajar enquanto trabalha, essa não é a única saída.
Abraços
Uau....é, não é fácil e nem simples mesmo. A gente lê as histórias e por mais que vocês contem as dificuldades, tudo parece meio magico. Mas não é né...tal como você relatou nesse post. Mas muito obrigada pela dica e por compartilhar a informação. Abraço.
Ei Anna, obrigada você por compartilhar. Eu sou contra quem vende esse estilo de vida como a única saída para a felicidade, porque pode causar muita frustração. É importante que as pessoas saibam que vão passar por perrengues e vão se sentir cansados e frustrados de vez em quando...
Abraços