Câmera pra viagem: como escolher a melhor

Você gosta de viajar e fotografar, sabe o que fazer com uma câmera na mão, mas passa longe de se considerar um fotógrafo. Mesmo assim, já se preocupa com o equipamento que levará com você: como escolher a melhor câmera pra viagem?

Cada caso é diferente e não há resposta certa. Neste texto, porém, vou falar um pouquinho sobre minhas escolhas até aqui, afinal estou exatamente no perfil acima.

Câmera pra viagem: defina o que você quer

Câmera (D)SLR

Essa sigla, usada por décadas quase como um sinônimo para câmeras profissionais, significa digital single lens reflex. Nome complexo e que indica algo realmente elaborado: um sistema de espelhos e um pentaprisma que direcionam a luz que entra pela lente da câmera para o visor na parte de trás do equipamento.

Para entender a importância desse sistema de espelhos, que torna a câmera maior, mais barulhenta e obviamente mais cara, é preciso falar sobre os problemas causados pela ausência dele, como ocorre nas câmeras compactas – essas que fotógrafos amadores e viajantes costumam carregar. Ou costumavam, antes da chegada dos smartphones.

A fotografia é formada pela luz que passa pela lente e atinge o sensor (ou o filme, nos equipamentos analógicos). Essa luz entra no momento em que você dá o clique, abrindo o obturador, e segue um caminho reto até o sensor/filme.

O problema é que o visor, que você usa antes de clicar, para enquadrar a foto e pensar a composição, obviamente não está na mesma posição, mas ao lado da lente da câmera. Isso produz uma distorção conhecida como erro de paralaxe, que é causado pelos ângulos diferentes de visão entre o que o fotógrafo observa no visor e o que de fato chega ao sensor.

Sabe quando você olha pelo visor e parece que toda a cena está devidamente enquadrada, mas ao tirar a foto percebe que o resultado foi um pouco diferente? Talvez com a cabeça de alguém cortada para fora da imagem, por exemplo. É disso que estamos falando. Os espelhos das DSLRs corrigem esse problema ao refletirem a mesma luz que vai para o sensor até o visor por onde o fotógrafo faz o enquadramento.

Com esse sistema, as DSLRs também são capazes de medir a luz que efetivamente passa pela lente, e não a que está no ambiente. Outra vantagem está na precisão do foco. Foi assim que as DSLRs se tornaram as preferidas de boa parte dos fotógrafos, ganhando terreno em relação às câmeras que não têm esse sistema de espelhos.

Vale dizer que a praticidade das câmeras sem os espelhos, mas com os mesmos recursos, sempre teve seus fãs, entre eles fotógrafos importantíssimos, como Cartier Bresson e Sebastião Salgado.

Mirrorless

O mundo andou, a tecnologia evoluiu e em 2009 chegaram as mirrorless, outra etapa do desenvolvimento das câmeras menores e mais práticas. Como o nome diz, uma mirrorless é uma câmera que não tem o tal sistema de espelhos. E isso traz algumas vantagens e, claro, desvantagens. Por um lado o equipamento fica mais leve, pode ser um pouco mais barato e chama menos atenção.

Não confunda com as chamadas câmeras compactas, que são bem mais baratas e trazem sensores bem parecidos com o que temos em qualquer smartphone. Equipamentos mirrorless de maior qualidade têm o mesmo sensor APS-C, equivalente a 23,4 x 15,6 mm, que está disponível em boa parte das DSLRs mais econômicas.

E as melhores mirrorless são até full frame, com sensor 35.9 × 24 mm. Em geral, um sensor maior significa mais qualidade de imagem.

Numa mirrorless também não há visor óptico – você faz o enquadramento pela tela LCD na traseira da câmera ou por um visor eletrônico, a forma de controlar o erro de paralaxe. Mas pode ser que as diferenças fiquem por aí.

As mirrorless também permitem a troca de lentes, tal como as DSLRs. O problema é que, por serem um sistema bem mais novo, a oferta de lentes disponíveis ainda é bem menor que para as DSLRs. Além disso, a câmera pode até ser pequena, mas a lente não necessariamente será. Isso pode produzir um efeito estranho, de carregar uma câmera levíssima, mas com a maior parte do peso na lente.

Vários fotógrafos têm optado por migrar da DSLR para a mirrorless e não falta quem garanta que as últimas são o futuro. No site Dicas de Fotografia há uma análise interessante de uma fotógrafa que optou por esse caminho. E no Techradar, em inglês, há uma análise com as 10 melhores câmeras mirrorless do mercado.

Como escolher uma câmera fotográfica

Eu tenho uma DSLR há cinco anos. É uma Canon 70D. A única coisa que realmente me incomoda nela – e que eventualmente poderia me levar para uma mirrorless – é o peso. E justamente porque fotografar e viajar são dois pontos importantes da minha rotina. Como eu tendo a viajar só com bagagem de mão, minha DSLR e suas lentes acabam ocupando uma parte grande dos 10 quilos disponibilizados de graça pelas companhias aéreas.

Por outro lado, não sei se me adaptaria facilmente ao visor/tela eletrônico das mirrorless. Nas poucas vezes que testei câmeras assim, também estranhei a empunhadura. Por ser bem mais leve, tive a impressão de que segurar o equipamento exigia mais atenção. Mas meu objetivo aqui é mostrar que você não precisa necessariamente do maior equipamento para tirar as melhores fotos.

Se optar por uma mirrorless, estude com cuidado as configurações dela e veja se elas se equiparam a de uma câmera DSLR de entrada, como a série t3i, t4i ou t5i (e por aí vai), da Canon.

Outro ponto importante é verificar se a fabricante tem lentes disponíveis para a câmera. Como as DSLRs já têm tradição, é improvável que você tenha dificuldade de comprar lentes compatíveis, mas já vi gente que optou por uma mirrorless e depois teve dificuldade para achar as lentes que precisava.

Por fim, duração de bateria e conexão wifi são outros pontos importantes. No primeiro caso parece que as DSLRs ainda são melhores. Já a wi-fi, disponível na minha Canon 70D e em vários modelos lançados nos últimos anos, é fundamental para baixar as fotos diretamente da câmera para o celular, facilitando o acesso às imagens durante a viagem. Para câmeras sem essa função, há um cartão de memória que insere a ferramenta.

Por fim, faça uma análise de preço, pensando no custo/benefício. A tendência é que as mirrorless fiquem mais baratas com o tempo.

E a GoPro?

A GoPro, marca que virou sinônimo de imagens em esportes de aventura ou aquáticos, se popularizou nos últimos anos. Comprei a minha só em 2017, uma GoPro Hero 4 Session. Ela não tem visor ou tela LCD, é à prova d’água (sem necessidade de caixa protetora), pequena e portátil. Também é fácil de usar, seja para fotos ou vídeo.

No Tecmundo há uma avaliação da câmera, mas deixo aqui meus 20 centavos: vale muito para levar em viagens, principalmente para cachoeiras, mergulho ou outras atividades menos, digamos sedentárias.

Mas não levo a câmera como minha única opção, já que ela deixa a desejar em outros momentos, como em situações de pouca luz. Nesses casos uso minha Canon 70d.

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Vou indicar um curso online de fotografia que é muito bom, o Caçadores de Imagens. São 60 aulas – quase 20 horas de conteúdo exclusivo e original.

Os professores, o Charles e a Lígia, são fotógrafos profissionais há mais de uma década e já comandaram uma grande escola de fotografia em Belo Horizonte, que na época era uma das maiores do Brasil. Eu estudei na escola deles, entre 2014 e 2015, e indico de olhos fechados. Aprendi muito.

Há três anos eles se mudaram para o Japão e passaram a dar aulas somente online. Mais de dois mil alunos já fizeram o curso Caçadores de Imagens, que tem sete módulos: introdução, desenvolvimento de olhar fotográfico, formação técnica, cores, composição, iluminação e photoshop para fotógrafos digitais.

O curso Caçadores de Imagens garante certificado e você terá um grupo exclusivo no Facebook para interagir com os professores e com outros alunos. Saiba mais aqui.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

  • Escolha difícil pra mim que sou fotógrafo de profissão.
    Me torno escravo da imagem e passo a viagem pensando em composições e personagens se levo meu equipamento.
    Pesado, com no mínimo três lentes, um flash, tripé/monopé, uma bolsa a mais só pra carregar tudo. Sem falar em computador, leitor de cartão, carregadores de bateria e outras coisinhas.
    Também tenho a consciência que me torno um alvo para bandidos, quando saco uma porção de coisas desse gênero.
    De outro lado, gosto de pensar uma viagem como uma pausa para me aventurar em outra forma sensorial de absorver a jornada: escrevendo. Ou desenhando, colecionando tíquetes, recibos de pagamentos e bilhetes de metrô, tudo colado num caderno legal. Aí uso o celular para capturar poucas imagens, + pra marcar os lugares em que estive pra melhorar o resgate da memória.
    Outro desafio é levar apenas uma câmera excelente e uma lente de estudo, nem grande angular nem tele, a legendária 50mm do Bresson. A fotografia fica menos mecânica, se torna mais pensada. E lentes 50mm de entrada são as mais baratas, melhor custo benefício.
    Enfim, o gostoso da viagem também está na escolha em como traduzi-la para quem fica.
    Excelente post, parabéns pelo debate levantado.

    • Ótimo depoimento, Saulo. Obrigado!

      Tem um tempinho que eu só viajo com uma 50mm. Tem horas que é um problema, mas acho que aprendi muito com essa experiência também.

      Abraço.

  • Tenho uma Canon EOS SL1(optei pelo peso)ela não tem Wi-Fi.Que cartão é esse que você fala no texto? Obrigada!

    • Oi Nark. Uma dica: minhas máquinas DSLR todas tem wi-fi integrado( e as Nikon tem snapbright que é superior em economia de bateria), mas eu acho os sistemas para celular pouco práticos. Prefiro retirar o cartão de memória da camera e passar direto para o celular(ou tablet) via cabo OTG+ um leitor de cartão de memória comum, se vc não tiver nenhum dos dois o investimento é mínimo, uns R$ 40. Além de ser mais prático, é mais rápido. Espero ajudar.

  • Desde que adquiri uma Sony RX100 nossas viagens foram registradas com bastante qualidade e praticidade. Porém, um dia ela nos deixou na mão no meio de uma viagem importante. Foi aí que o Smartphone quebrou o ganho. Um backup sempre é importante! =D

  • Oie! Se eu levo só bagagem de mão, os acessórios da GoPro podem passar sem problemas? (Pau de selfie) Obrigada!!

  • Nos viajamos geralmente com um Smartphone, super-zoom sony e uma d3200 faz parte da nossa bagagem.

    • Também levo meu smartphone, Antonio, que nunca deixa de ser útil.

      Abraço e obrigado pelo comentário.

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Publicado por
Rafael Sette Câmara

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