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Em busca do hambúrguer perfeito

Não é o Ibirapuera e nem a Avenida Paulista. Para mim, o ponto turístico mais importante de São Paulo atende por hambúrguer, muito prazer. E por sorte não é um só – em nossa maior metrópole, terra de pratos e ingredientes mil, há uma boa hamburgueria a cada esquina. Toda vez que desembarco por lá, em geral para estadias de cerca de uma semana, coloco duas delas no roteiro. E se o bolso ajudasse seriam três.

Dizer que não me canso é bobagem. A verdade é que faço uma busca obsessiva pelo melhor hambúrguer da cidade. É mais ou menos como o Marshall, de How I Met Your Mother, que passa a vida em busca do hambúrguer perfeito. A diferença é que ele tinha encontrado o vencedor, mas perdeu o endereço. Eu, por outro lado, não consigo apontar um campeão, apenas fazer listas com meus 15 hambúrgueres favoritos. Vai ver é prova que o predestinado ainda não chegou.

Veja também: 6 Hamburguerias de São Paulo que vale a pena conhecer

O problema dos sanduíches vegetarianos

Apesar dessa diferença, eu e o Marshall concordamos num ponto básico: é muito mais do que só um hambúrguer. “Isso é Deus, falando com a gente por meio da comida”, diria ele. Eu tenho certo receio de atribuir essa responsabilidade divina, mas, se o hambúrguer tiver os ingredientes certos, me submeto ao milagre. E, para mim, nada contribui mais para um hambúrguer dos deuses do que gorgonzola.

Onde tiver gorgonzola, estarei lá. Pode ser em massas, sanduíches, servida no palitinho, em tiras de frango ou no creme de abóbora. Pode ser no bacalhau, no misto-quente ou como sorvete. Pra mim, gorgonzola combina com tudo. O senhor de todos os queijos nasceu há mais de mil anos, em, adivinhe só, Gorgonzola, cidade de 20 mil habitantes que fica na região metropolitana de Milão. O queijo garante pontos para qualquer hambúrguer.

Tem quem diga que só não vale ter gorgonzola e bacon no mesmo prato, por serem dois ingredientes marcantes, mas eu não entendo como duas coisas tão incríveis não combinariam. Daí você já pode traçar meu tipo de hambúrguer favorito. Que não é grande, um Himalaia em forma de sanduíche e ingredientes de qualidade duvidosa, como costumamos ver por aí. O hambúrguer perfeito sabe a hora de acabar – quando já estamos bem satisfeitos e, ao mesmo, queremos mais, só por gula.

Ok, esse é um parmesão, mas é bom também. 

Se não tiver a opção com gorgonzola ou alguma variante da família dos queijos azuis, então vou para a família cheddar. Com picles, sempre – não entendo quem manda tirar o picles e perde o momento mágico em que a mordida alcança o produto em conserva mais incrível que existe. Quem imaginou que pepino poderia ser tão bom?

Se São Paulo é a capital brasileira dos hambúrgueres perfeitos, assumo, com certa tristeza, que raros são os hambúrgueres realmente bons em Belo Horizonte, onde eu moro. E olha que não há, nesse Brasil, templo gastronômico melhor que BH. Mas se a capital mineira conquista com seus tropeiros, frangos com quiabo, pão de queijo e até no fígado com jiló, pelas bandas de cá as hamburguerias são de duas opções: ou baratas, o típico hamburgão de trailer, que pelo menos entrega o que promete, ou caríssimas, mas que deixam a desejar. Até achei uma ou outra opção válidas esses dias, na região centro-sul, mas ainda não chegamos lá. Aceito indicações.

E já que estamos falando de mineirices, um sonho: provar um hambúrguer com jiló. Acho que seria um bom concorrente para gorgonzola, cheddar, bacon e, claro, picles de pepino. Mas aí até eu concordo que não dá para por tudo junto.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

  • E mas em São Paulo também tem os Hamburguers Veganos sim!Não vale torcer o nariz! A verdade que fui e provei na Faria Lima , os do Prime Dog são delícias ,tanto o do chef Flávio que imita o do Mac Donalds , como o Hambúrguer de Falafel , como o sanduba de Carne de Jaca (amei)! Gente, quem não curte, não sabe o que tá perdendo, viu?!

  • Tava tudo lindo até o penúltimo parágrafo. Jiló!? Really?

    Luíza já sabe meu favorito. Não vou falar pra não me bloquearem por aqui. ???

  • Rafael, um hamburguer com jiló e gorgonzola deve ficar sensacional! Tenho curiosidade também em comer com alguma coisa feira ora pro nóbis, só porque é tão característico e, pelo menos na minha família, só se coloca no frango.

    • Nossa, deve ser maravilhoso. Trouxe dois queijos do marajó pra casa, da minha última passagem. Na próxima faço questão de provar esse hambúrguer. :)

      Abraço, Cândida.

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Rafael Sette Câmara

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