Depois de um dia longo de caminhada sob um sol de rachar coco no verão de Paris, tudo o que o turista quer é tomar um banho, deitar-se e descansar para continuar os passeios no dia seguinte. Pelo menos era esse o meu desejo quando eu me deitei naquela noite.
Não fui despertada pelo meu celular ou pelos raios de sol, mas por um barulho ensurdecedor que me fez pular da cama. Por alguns segundos, o susto e a escuridão não me permitiram reconhecer onde eu estava. Minha mãe, na cama ao lado, teve que me segurar minha mão e chamar meu nome para eu me situar. O barulho era muito alto, mas, na confusão, me perguntei se era meu celular. O relógio marcava 2h40 da madrugada.
Acendi a luz e olhei pelo quarto para ver se alguma coisa ali dentro tinha ativado o alarme. Depois dessa breve inspeção, abri a porta. Quando o quarto vizinho fez a mesma coisa, me dei conta, finalmente, que se tratava do alarme de incêndio do hotel.
Tudo isso aconteceu em menos de dois minutos. Coloquei uma calça em cima do pijama e minha mãe trocou de blusa. Até pensei no computador e passaportes guardados no cofre, mas os deixei para trás. Quando saímos do quarto, as portas corta-incêndio tinham sido acionadas. Empurrei uma delas e fomos na direção da escada. Minha mãe ainda bateu na porta dos quartos do grupo de amigos dela para avisar que descessem.
Turistas de diversas nacionalidades, de cara amassada e assustados, se aglomeravam na rua. O barulho do alarme continuava, ninguém sabia o que tinha acontecido, mas o comportamento do recepcionista dava sinais de que não havia um incêndio, de fato: ele estava no telefone, entrava e saia de uma salinha, tentando, sem sucesso, parar com o barulho.
Passaram-se mais alguns minutos até que todos os amigos da minha mãe descessem – trouxeram mochila e estavam de roupa trocada. Um contraste com os outros hóspedes: tinha um pai só de cueca com o filho de uns três anos, na mesma situação, abraçado num ursinho de pelúcia. Duas mulheres que usavam robes, um de cetim, outro de toalha. Outra, dos Estados Unidos, revelava em seu pijama suas preferências políticas. A camiseta vermelha trazia a estampa de MAGA, sigla do slogan de Donald Trump: Make America Great Again.
Eu reparava em tudo isso, me perguntando se essas diferenças no momento de crise tinham a ver com o fato de que no Brasil não temos costume de fazer aqueles testes de alarme de incêndio como mostram os filmes dos Estados Unidos ou como presenciei algumas vezes na Europa. Foi só quando já estava de volta ao quarto que eu parei para ler aquele informativo de segurança que fica atrás da porta. Ele mostrava exatamente a rota que eu e minha mãe deveríamos ter seguido. Fizemos o contrário e ainda abrimos a porta corta fogo, que, no caso de um incêndio real, teria nos salvado.
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Plano de fuga do hotel, que não seguimos
Quando o barulho finalmente parou, pouco a pouco, os hóspedes começaram a subir as escadas de volta para os quartos. Decidi perguntar para o esbaforido recepcionista – que falava um inglês bastante capenga – o que tinha acontecido. Só consegui entender as palavras smoke, 408, no fire.
As outras informações foram sendo coletadas só no resto dos dias. Por exemplo, quando estávamos fazendo o check out, me lembrei de perguntar ao gerente o que tinha acontecido na noite do alarme falso. Segundo ele, que era a pessoa do outro lado na linha do telefone com o recepcionista, a verdade é que ninguém sabia exatamente. E que a confusão da fumaça do quarto poderia ter sido resolvida facilmente, mas algum hóspede, desesperado com as portas corta-fogo fechadas, quebrou um dos alarmes. E para parar esse aí levou quase 10 minutos…
Outra informação que tivemos foi dos colegas da minha mãe que estavam no 406 e viram, quando voltavam para o quarto, um funcionário do hotel falando com os ocupantes do epicentro da confusão. Diziam para eles que não era permitido fumar no quarto. O cheiro, segundo me contaram, era de maconha.
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hahaha. isso aconteceu com a gente em Lisboa em novembro de 2019. estávamos dormindo quando soou o alarme de incêndio. MInha irmã saiu de pijama e foi olhar e outros hóspedes estavam do lado de fora. Só que eu e minha mamis ficamos, plenas, deitadinhas kk. se fosse fogo, realmente, a gente teria se queimado kk.
O alarme soou em outra noite. Descobrimos que foi uma hóspede - a mesma por duas 2x - teria tomado banho muito quente e a fumaça ativou o alarme. Também falaram que ela estava fumando.
Não sabemos ao certo, mas foi um fato que marcou nossa viagem.
Realmente, a gente não é treinado para lidar com alarmes!
De agora em diante leio todas as instruções do 'informativo de segurança' para saídas de emergências.
A escuridão, a desorientação, o medo... são assustadores.
Sim! 1 minutos do tempo gasto lendo pode salvar a vida
Nossa! Fui personagem desse episódio e aconteceu exatamente da forma como vc relatou, Luíza. Eu na minha inexperiência como turista, perdi alguns minutos preciosos trocando de roupa, ligando sem sucesso para a recepção e procurando passaporte e celular. Meu medo era que fosse ataque terrorista... Graças a Deus, foi alarme falso... Ufa,que susto!!!
Pelo menos sobrevivemos sãs e salvas ne?