Chegar no povoado Marcelino é uma atração à parte na visita aos Lençóis Maranheses. Depois de uns 40 minutos navegando pelas águas do Rio Preguiça, no sentido oposto ao que geralmente os turistas fazem, você descobre um pedaço da região que ainda não foi muito divulgado.
Mas é nesse povoado, cheio de cultura, casinhas coloridas e muito talento, que nasceu um artesanato que tem conquistado os turistas que vão em busca de algo além das lagoas no meio do deserto. Na comunidade Marcelino vivem artesãs dedicadas, que usam da fibra do Buriti, uma árvore característica da região, para fazer bolsas, sandálias, forros de mesa e objetos de decoração que levam um pedaço do nordeste brasileiro para os quatro cantos do mundo.
Vamos conhecer um pouco mais o artesanato feito nos Lençóis Maranhenses?
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A gente conversou com a Dona Sônia, uma das criadoras e responsáveis pela Cooperativa dos Artesãos dos Lençóis Maranhenses, uma iniciativa de mulheres artesãs que moram nos povoados ao redor de Barreirinhas, a porta de entrada para os Grandes Lençóis Maranhenses.
Hoje, os habitantes do povoado, com a ajuda do Sebrae Maranhão, promovem Turismo de Base Comunitária. Além do artesanato, os moradores mostram aos turistas um pouco da vida na comunidade, o que acaba sendo a fonte de renda de várias famílias de lá.
“Tem 40 anos que eu moro aqui. Quando eu cheguei em Marcelino, a minha vida era trabalhando da agricultura. Depois eu juntei as mulheres, fiz um grupo para trabalharmos com artesanato. Depois, veio o SEBRAE para nos capacitar com oficinas e os cursos para nos organizarmos melhor no tingimento, no acabamento e modelação das bolsas que a gente poderia fazer pro mercado”, explica Sônia.
Depois de aprimorar a mão de obra, elas fizeram uma associação – aí não era mais um projeto somente do Povoado Marcelino. Com o tempo, formaram a Cooperativa das Artesãs dos Lençóis Maranhenses, com sede em Barreirinhas. A partir daí, o trabalho era em conjunto com outras comunidades da zona rural.
“As pessoas produzem nas comunidades e aí a gente leva pra Barreirinhas. Lá a gente coloca exposto, para ser vendido para os turistas e também receber as encomendas”. No povoado Marcelino, eles também recebem turistas e possuem uma lojinha. É possível ver de perto o processo de extração, tingimento, secagem e confecção das peças.
A atividade vem de muito tempo atrás, sendo uma tradição indígena. “Eu comecei a trabalhar com fibra do Buriti junto com a minha mãe, mas a gente estava fazendo só um tipo de produto, que era a bolsa mala de corpo. Aí, depois que vieram esses conhecimentos, a gente começou a trabalhar com outro tipo de trama. E foi passando de geração em geração”.
Veja algumas dicas para aproveitar os Lençóis Maranhenses:
“A gente tem uma pessoa dentro da comunidade capacitada para tirar o ‘olho’. Ele vai lá no brejo, aí ele tira o olho e traz para a gente aqui na casa do artesanato. A gente recebe o olho e tira a fibra”. É no olho, nome dado à folha mais nova do Buriti, onde está a fibra que ao final do processo vai virar a palha.
Vale ressaltar que esse processo é feito a cada três meses. O período é o necessário para que outra folha nasça e que seja possível manter a sustentabilidade do pé do Buriti.
“Nós temos uma maior preocupação com a nossa natureza, com os pés de buriti. Nós também fazemos o replantio dos buritizais para não perdermos o nosso trabalho, pois se não fizermos o replantio, daqui mais uns dias a gente não vai ter mais o buriti pra nos dar o nosso trabalho, o nosso artesanato”.
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Depois de colhida, cabe às mulheres do povoado retirar a fibra do buriti: é o começo do processo de tingimento.“Nós trabalhamos com produção natural, com as cores da natureza”, conta Sônia. Para tingir, elas usam urucum, açafrão e outros corantes naturais, tudo cultivado no terreiro.
Depois de tingido, são aproximadamente 5 horas com a palha no varal, esperando secar. Quando seca, vira o objeto de trabalho de mãos habilidosas, que transformam tudo aquilo em produto a ser vendido pro mundo inteiro – e conhecido como o “artesanato dos Lençóis Maranhenses”.
“Tem muitas pessoas que a vem aqui, aí eles divulgam a nossa história. Vão passando de um para o outro. Já recebemos muitas pessoas aqui que foram indicadas por outras pessoas e vieram nos conhecer”, diz Sônia. O resultado final de tanto trabalho, Sônia apresenta toda orgulhosa, nas imagens que ilustram este texto.
Se quiser visitar o povoado, algumas empresas de turismo fazem o trajeto. Você pode procurar a Caetés ou a Vale dos Lençóis. O tour sai de Barreirinhas e é feito por barco, navegando pelo Rio Preguiças. Para saber mais da Cooperativa, conheça a Artesol.
Gostou do trabalho das artesãs da comunidade Marcelino e quer saber mais sobre o artesanato nos Lençóis Maranhenses? Que tal então ficar de olho nos sites delas?
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Eu sou apaixonada por artesanato, essas peças retratam a história de uma população e são excelentes fontes de rendas para os moradores do lugar!
Acho artesanato tradicional a coisa mais incrível do mundo! Queria uma cesta dessas pra deixar de decoração no escritório
Este blog é maravilhoso. A matéria sobre os Lençóis Maranhense é imersão na cultura do nordeste, parabéns.
Descobri este site essa semana e já estou adorando os conteúdos, são ótimos!
Parabéns! 👏
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