Capitólio, MG: o que fazer, roteiro, preço e outras dicas

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Capitólio, MG, é um nome recente nos sonhos viajantes do Brasil. Mas esse destino turístico já é conhecido há décadas em Minas Gerais, só que de outras formas. É o Lago de Furnas ou, em seu apelido mais simpático, o Mar de Minas.

Estamos falando de um conjunto de cânions, cachoeiras e paisagens lindas que se formaram após a criação da Usina de Furnas, na década de 1950, quando Juscelino Kubitschek era o governador mineiro.

Este texto é um guia completo para você organizar sua viagem para Capitólio e arredores. E, antes de mais nada, é bom entender o tamanho do atrativo: um dos maiores lagos artificiais do mundo, o reservatório de Furnas ocupa o território de 34 municípios.

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Quanto custa viajar para Capitólio: preços detalhados

Saímos de Belo Horizonte numa quinta-feira pela manhã e começamos a viagem de volta no domingo, às 15h. Portanto, foram três diárias em hotéis, quatro diárias do carro e refeições e passeios para quatro dias. O gasto total foi de R$1507 para cada um. Nessa conta estão incluídos os seguintes valores, todos por pessoa, ou seja, já divididos por dois.

Dá tranquilamente para gastar bem menos. Para isso, basta economizar em algumas refeições ou procurar uma  hospedagem mais econômica. Também fica mais barato se a viagem for em grupo maior, dividindo por mais pessoas os valores de aluguel do veículo, pedágios e combustível, ou se você for de carro próprio. Como eu já disse, um dos passeios, o de 4×4, também é dispensável para quem vai de carro.

barco navega pelo Lago de Furnas ao pôr do sol

Por outro lado, os preços podem subir na alta temporada, principalmente os dos hotéis. Em todo caso, acho que dá para imaginar uma viagem econômica, sem grandes apertos, com R$1000 por pessoa.

Dica importante: Leve parte do dinheiro em espécie. Mesmo que pagar as contas com cartão não seja mais tão difícil, há lugares que não aceitam esses métodos. E sacar dinheiro na região ainda é tarefa complicada.

Hospedagem em Capitólio: hotéis, pousadas e aluguel de casas

A estrutura turística de Capitólio não é das melhores, é verdade, mas também passa longe de ser ruim como dizem por aí – muita coisa mudou e melhorou nos últimos anos. Em termos de hospedagem, a decisão mais importante é na localização, não hotel: ficar no centro ou mais afastado? Se for fora da cidade, vale ficar num condomínio fechado, tipo o Escarpas do Lago, ou nos hotéis perto da estrada e de onde saem os passeios, na altura da Ponte do Rio Turvo?

Cada endereço tem suas vantagens e mesmo Capitólio não é a única opção de cidade no Lago de Furnas, que é enorme. Em todo caso, acho que há algumas dicas básicas:

Com isso em mente:

Hotéis e pousadas em Capitólio, para todos os bolsos e gostos:

escarpas eco vilage pousada em capitolio

Escarpas Eco Vilage. Crédito: Divulgação Booking.com

Como chegar em Capitólio, MG

Distância de Capitólio para Belo Horizonte

Capitólio está a 280 km (4h) de Belo Horizonte. A viagem começa pela BR-262, a saída de BH sentido São Paulo, e passa por Contagem e Betim. Nesse ponto é preciso pegar a MG-050, passando por Mateus Leme, Itaúna, Divinópolis e Formiga.

O único trecho duplicado é na BR, perto de Belo Horizonte, mas as duas estradas estão em ótimo estado. A MG-050 ganha uma terceira faixa, para ultrapassagem, de tempos em tempos. Há quatro pedágios, no valor de R$ 6,20 para carros, na rodovia estadual.

Se vier direto do Aeroporto de Confins acrescente mais 40 km no roteiro.

Distância do Rio e de São Paulo para Capitólio

A partir de São Paulo, o motorista enfrenta 440 km (6h) e do Rio são 630 km (9h). Há pedágios na viagem a partir das duas capitais.

Capitólio MG: ir de carro ou ônibus?

É possível ir de ônibus, a questão é ver se compensa. De Belo Horizonte, quem opera o trecho é a Viação Gardênia, com passagens por R$ 94; de São Paulo é a União, com preços ainda mais salgados: R$ 145. Há agências de turismo com veículos fretados a partir dessas e de outras cidades do sudeste.

O problema é que os atrativos de Capitólio estão distantes entre si e afastados do centro da cidade, ao longo do Lago de Furnas. Até dá para conhecer a região sem carro, mas você vai gastar com tours para conseguir alcançar os lugares e ficará limitado aos roteiros e horários disponíveis. Some isso com o alto preço das passagens e acho que só vale ir de ônibus para quem viaja sozinho ou, óbvio, não pode dirigir.

Nos outros casos, ir de carro compensa mais, inclusive financeiramente. Eu aluguei um veículo em Belo Horizonte. Quatro diárias custaram, já com todos os seguros, R$ 390 (some o preço das passagens de ônibus para duas pessoas, ida e volta, e vai dar esse valor). Além disso, gastamos R$ 250 em combustível.

Cachoeira Lagoa Azul

Quando ir a Capitólio, MG: melhor época

O mais importante é evitar a época de chuvas, que atrapalham o passeio. Outra coisa que pode alterar a viagem é o frio. O inverno por ali não chega a ser rigoroso, mas pode fazer com que só os menos friorentos se arrisquem a entrar na água.

O período de seca vai de maio a agosto; as chuvas começam em outubro e seguem com força até março. É por isso que abril, outubro e (principalmente) maio e setembro, quando chove menos e não é inverno, costumam ser apontados como os melhores meses para uma viagem até Capitólio. 

Vai nas férias de julho? Esteja preparado para enfrentar o friozinho do inverno. Vai nas férias de verão? Convém não fazer viagens muito curtas, evitando assim que um dia de chuva atrapalhe completamente o roteiro. Nessa época, atenção e muito cuidado com trombas d’água. O período de chuvas tem também seus pontos positivos – o turista encontra cachoeiras mais bonitas, lago mais cheio e vegetação mais verde.

cânions de capitólio vistos de um barco

Quantos dias ficar em Capitólio, MG

Por conta da distância e do grande número de atrações, acho que o ideal é ter pelo menos três ou quatro dias inteiros. Até dá pra ver muita coisa num fim de semana, mas vai ser uma visita corrida e que vai deixar o melhor – relaxar sem pressa nas cachoeiras – de fora.

Mas ir com mais tempo tem seu lado negativo: Capitólio lota em feriadões. Por isso, o melhor é tirar uns dias de folga e emendar com o final de semana, mas longe dos feriados. Como isso nem sempre é possível, esteja preparado para enfrentar filas e encontrar lugares lutados caso vá num feriadão.

Tem mais do que três dias? Melhor ainda! Com cinco dias é possível dar um giro por praticamente todos os atrativos mais importantes; quem tem mais tempo consegue combinar o Lago de Furnas com a Serra da Canastra, que está ali pertinho.

Roteiro Capitólio: os principais atrativos

O Mar de Minas a partir da água

O programa mais procurado de Capitólio é, sem dúvidas, o passeio de barco. Há várias opções: é possível ir de catamarã, barco com mais passageiros e mais lento, ou de lancha, acompanhado por cerca de 10 passageiros – e também dá para agendar um tour privativo. A duração e o roteiro do passeio variam, podendo ocupar somente a manhã ou o dia inteiro, com algumas pausas para banho e uma de almoço.

Optamos pelo tour de lancha de sete horas, que custou R$ 160 por pessoa. Saímos às 10h, de Escarpas do Lago (há tours que saem de outros lugares e o principal ponto é nos arredores da Ponte do Rio Turvo). O roteiro começou na Lagoa Azul, onde há uma pequena queda d’água e um bar flutuante – essa é a primeira parada para banho. Em seguida fomos até o Vale dos Tucanos, a Cascatinha e chegamos, enfim, aos Cânions de Furnas, que são o ponto alto da região, seja por cima, dos mirantes, seja ali por baixo, de dentro d´água.

Nesse local é feita a segunda parada para banho, de longe a melhor. Se optar por um tour privativo, gaste a maior parte do seu tempo ali. Depois, seguimos para o almoço num restaurante de frente para o lago. E ainda houve tempo para mais uma parada num bar flutuante, com outra cachoeira compondo o visual.

O que fazer em Capitólio MG

As principais cachoeiras de Capitólio para visitar a partir da estrada

Pedreira Lagoa azul

Pedreira Lagoa Azul em dia de chuva

Mirantes e mais passeios

Se o passeio mais legal de Capitólio é de barco, nenhum ponto turístico é mais concorrido que o Mirante dos Cânions, de onde a cada fim de semana milhares de turistas garantem cliques para o Instagram. O Mirante fica na MG-050, perto da entrada de outras cachoeiras, e visitá-lo custa R$ 20 – dá pra pagar com cartão. Há estacionamento, lanchonetes improvisadas e alguma estrutura de apoio e segurança, mas tudo ainda é muito provisório.

Não se espante ao descobrir que a fila para alcançar o mirante pode ser gigantesca. Nesse caso, uma dica: dá pra evitar a maior fila simplesmente abrindo mão de ir exatamente ao local de onde todas as selfies (iguais) são tiradas. Fomos num domingo e encontramos cerca de 20 pessoas na nossa frente. Foi o suficiente para optarmos por fotos de outros pontos do mirante, todos sem fila. Fica tão bom quanto.

Mirante dos Cânions, com rio abaixo e barquinhos

Mirante dos Cânions

Também vale observar a Usina de Furnas, que quando foi projetada produzia 1/3 da energia consumida no Brasil, embora hoje não esteja entre as mais importantes do país. Há dois mirantes ali, um de cada lado da represa.

Quem se hospedar em Escarpas do Lago, um condomínio fechado em Capitólio, pode subir até o Restaurante Mirante de Escarpas, que não é o lugar mais gostoso para comer, mas tem a vista da foto abaixo. Nessa mesma linha há o Morro do Chapéu, ponto mais alto da região, com 1200 metros – eu não fui, mas vários tours de 4×4 levam até lá. Por fim, outra dica de passeio (que infelizmente não fiz) para ver o Lago de Furnas de alto é o balonismo. Saiba mais aqui.

Capitólio mesmo não tem muitos pontos turísticos. Há uma orla bonitinha e um centrinho com alguns casarões históricos e uma igreja. Vale ao menos conhecer rapidamente, mas esse não é o foco da viagem.

escarpas do lago, capitólio

Roteiro Capitólio e Serra da Canastra

Embora parte do lago de Furnas esteja dentro da área do Parque Nacional Serra da Canastra, para conhecer as belezas dessa área é preciso viajar até São Roque de Minas, que está a 90 km de Capitólio. Várias agências oferecem passeios de bate-volta para lá.

Eu não fiz e acho que o ideal, por conta da beleza da área, é passar algumas noites na região. Se não for possível, quem tem pelo menos cinco dias inteiros em Capitólio já pode pensar em fazer o bate-volta. Com menos tempo fica grande a correria e você não conhece direito nenhuma das regiões.

Organizando o roteiro de 3 ou 4 dias em Capitólio

Do ponto de vista da organização eu faria assim: no primeiro dia inteiro em Capitólio o passeio de barco mais longo; nos dias seguintes cachoeiras diversas e o mirante. Não acho que o passeio de 4×4 de dia inteiro compense para quem está de carro, já que o único local que o tour tradicional passa e que não é acessível em veículo comum é a Pedreira Lagoa Azul. Dá para ir até o Mirante dos Cânions de carro próprio e ali mesmo contratar um transfer de 4×4 apenas para a Pedreira, um tour que fica mais curto e barato (R$ 80, o 4×4 de dia inteiro sai por R$ 160).

Além disso, uma dica importante envolve como gastar as metades de dia. Se você chegar em Capitólio até o começo da tarde, escolha um atrativo ao longo do MG-050 é vá direto pra ele, antes mesmo de ir para o hotel. Isso é especialmente importante se seu hotel for na cidade ou perto dela, e portanto longe das atrações. Se você seguir direto para o hotel e tiver que voltar depois, vai sobrar pouco tempo para aproveitar esse primeiro dia. Eu iria para o Mirante dos Cânions. O ingresso ali garante não só a vista mais bonita de Capitólio, mas a visita numa cachoeira ao lado do Mirante, a Diquadinha.

Cachoeira de Capitólio

Cachoeira que fica ao lado do Mirante dos Cânions 

Na data da volta, faça check-out, separe suas coisas e vá curtir as cachoeiras até a hora do almoço. Depois é só pegar a estrada.

Então o roteiro ficaria assim:

Pedrinhas em cachoeira de água verde

Compras em Capitólio

Há três produtos que merecem lugar na bagagem: queijos diversos, em especial o da Serra da Canastra, doces típicos mineiros e artesanato. Para queijos e doces, uma parada tradicional entre viajantes é o Empório Queijos Califórnia, que fica na MG-050. Na mesma rodovia está o Chalé do Queijo, enquanto a Capitart, a Associação de Artesãos de Capitólio, fica bem na entrada da cidade.

mulher observa cachoeira a partir de barco

Dicas de restaurantes em Capitólio

Anote aí: o prato imperdível de Capitólio é tilápia recheada com queijo da Serra da Canastra. Comemos duas vezes, uma no Chico Pintado, restaurante localizado dentro do Condomínio Escarpas do Lago, e outra no Restaurante do Turvo, de frente para o local de onde saem muitos dos passeios de lancha. Os dois estavam maravilhosos. O do primeiro era melhor; o do segundo mais bem servido.

Se ficar em Escarpas, o Huds é o outro restaurante da região – a entrada no condomínio não é somente para moradores ou quem estiver hospedado lá. Por fim, em Capitólio mesmo há vários restaurantes, muitos deles frutos do boom turístico recente. Também há opções ao longo da MG-050, mas a maior parte desses estabelecimentos funciona apenas para almoço.

Paradas tradicionais durante o passeio de barco, os bares flutuantes têm fama ruim: cansei de ler que são lotados e caros. Confesso que não vi isso. Estavam cheios, mas nada que incomodasse. Em feriadões essa situação pode ser diferente. Os preços, se não são baratinhos, estão na mesma prateleira de qualquer beira de praia Brasil afora. Para mais dicas de restaurantes em Capitólio, veja aqui.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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2 comments

Muito bom o blog! Completo e cheio de detalhes, parabéns!

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BOA TARDE,.

ESTAREI INDO A FORTALEZA NO MES DE JANEIRO, PRECISAMENTE BECHE PARK, QUAL A SUA DICA PARA 7 DIAS EM FORTALEZA???

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