Provavelmente ninguém sabe que Gent, na Bélgica, foi uma das maiores cidades europeias na Idade Média, atrás apenas de Paris. Também conhecida como Gante, Ghent ou Gand, perdeu todo seu poderio. Hoje, fica no meio do caminho entre Bruxelas e Bruges, literalmente, estando a meia hora equidistante das duas cidades, mas também em relação ao que você encontra por lá. É que Gent ainda é uma cidade grande em termos belgas, com uma parte moderna – que tem mais a ver com Bruxelas – e também um centro histórico medieval muito bem conservado – o que lembra o clima de conto de fadas de Bruges.
Mas é melhor deixar as comparações de lado: Gent é uma cidade histórica, mas também muito jovem. Combina edifícios que são Patrimônio Histórico da Humanidade com um forte movimento cultural, arte de rua e uma vida universitária animada. O fato de ser menos conhecida que suas duas vizinhas faz com que tenha menos multidões de turistas disputando cada milímetro quadrado.
Neste texto, reunimos tudo o que você precisa saber para visitar a cidade: dicas do que fazer em Gent num roteiro de 1 dia (ou mais), informações sobre como chegar e como se locomover e também dicas de onde se hospedar e onde comer.
Vai para a Bélgica? Então leia também:
O que fazer em Bruxelas, roteiro de 2 ou 3 dias
Guia completo de viagem para Bruges
É possível fazer as 10 principais atrações de Gent listadas neste post em apenas uma manhã ou tarde. Foi o que eu fiz, dada minha limitação de tempo. Mas a verdade é que eu gostaria de ter ficado mais, pelo menos um dia inteiro ou dois, para conseguir explorar as diversas atrações e curiosidades da cidade que estão descritas aqui.
Além disso, a cidade tem uma iluminação especial à noite, feita por um designer famoso (chamado Roland Jéol) e só quem passa mais tempo por lá tem a chance de ver. Vai ficar para a próxima para mim, mas ta aí a dica para vocês!
Mais uma dica: em julho, durante 10 dias, acontecem as Festas de Gent, um evento anual com programação cultural extensa e gratuita. Clique aqui para mais informações
A forma mais fácil e rápida de chegar em Gent, se você estiver saindo de Bruxelas, é ir de trem. Os comboios partem a cada meia hora e não é necessário comprar com antecedência. Pelo contrário, com o bilhete você pode pegar o trem na hora que quiser, então vale já comprar ida e volta para quem faz bate-voltas.
O bilhete custa 9 euros (18 ida e volta), mas nos finais de semana, a partir de sexta à noite até domingo à noite, o valor cai para 10 euros ida e volta. Há também descontos durante toda a semana para menores de 26 e maiores de 65 anos. Basta descer na estação Gent Sint Peters. De ônibus, pela Flixbus, é possível apenas em alguns dias e horários (às 4h40 ou às 16h). A passagem custa a partir de 4,99.
Quem vem de Bruges paga €6,60 (€13,20 ida e volta) para o bilhete de trem, com a opção em promo dos finais de semana por €7,80.
A parte turística de Gent, ou seja, o seu centro histórico, é facilmente circulável a pé. Caminhar, passear de bicicleta ou patinete é a melhor forma de se locomover por lá. No entanto, o transporte público pode ser necessário para quem chega na Estação de Trem Gent Sint Pieters. Ela fica a cerca de 25 minutos a pé do centro. Não é uma distância longa, mas o caminho não é interessante e, sinceramente, acaba sendo uma perda de tempo. Por isso, minha sugestão é que você pegue um dos trams (números 1, 2 ou 4) até o centro. A viagem sai por €3.
Minha dica é que você pegue o tram 1 e desça na estação Korenmarkt, para seguir o roteiro sugerido ali embaixo.
É possível usar os canais de Gent como meio de transporte: com o chamado Watertram há seis paradas de embarque e desembarque ao longo dos canais, passando por boa parte dos pontos turísticos. É possível comprar o bilhete por €12,50 euros ou usar o barco incluído no Ghent City Card. Mais informações aqui.
Já os passeios de barco comuns custam €7,50.
A primeira parada do seu dia será a romântica Ponte de São Michel, basicamente o melhor lugar para tirar uma foto de Gent, porque não importa para qual lado você vire, há uma vista bonita, sejam canais, casinhas coloridas, igrejas e torres medievais. Do outro lado da ponte fica a Igreja de São Michel, que é uma construção do século 11.
Dica de onde comer: Não muito distante da ponte fica um restaurante bem típico e curioso de Gent, o Balls and Glory (link para localização no mapa), que tem diversas versões de almôndegas, de carne ou vegetarianas, recheadas ou não e com acompanhamentos diferentões.
A Korenmarkt é uma das principais praças de Gent, cheia de lojas e restaurantes, bastante movimentada. Boa parte dos prédios históricos ali foi convertida para alguma função de comércio. O principal exemplo é um enorme e elegante prédio dos correios, transformado em um shopping e hotel.
Na praça também fica a Igreja de São Nicolau, que tem como característica curiosa o fato da torre ficar bem no meio da construção, e não na entrada, como de costume. A posição da torre cria uma iluminação natural diferente dentro da igreja, que os belgas chamam de “a lanterna”.
Não deixe de observar, do outro lado da rua, as estátuas de 6 dançarinos no topo de um prédio do século 16, o Masons’ Guild Hall. Logo atrás da igreja também fica o Pavilhão da Cidade, uma enorme construção de madeira e vidro que tem uma função própria e até é meio estranho. Siga nessa direção para a próxima atração.
A enorme torre do Campanário de Gent, chamada por eles de Belfry, é uma das construções que é Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. A torre, concluída em 1442, servia não só como local de vigilância, mas também onde os moradores guardavam alguns tesouros da cidade. No topo, um dragão vigia a vista de Gent. É possível entrar, subir todas as escadarias (há um elevador até o primeiro andar, apenas) e admirar a paisagem. Custa 8 euros. Mais informações aqui.
Logo atrás do Campanário está a Catedral de São Bavão. Se eu tivesse que escolher apenas uma igreja para entrar em Gent, essa certamente seria a escolha. Essa é a paroquia mais antiga da cidade. Inicialmente um templo dedicado a São João Batista foi construído ali, no século 10. Como Gent tornou-se uma das cidades mais ricas e poderosas da Europa ao longo da Idade Média, entre os séculos 15 e 16, a catedral gótica de São Bavão foi construída em seu lugar.
As obras de arte da Catedral, cuja entrada é gratuita, são impressionantes: um altar barroco, com mármore vermelho, branco e preto, e dezenas de esculturas e capelas lindíssimas decoram o espaço. E, para completar esse espírito mais artístico, fica na igreja uma pintura muito famosa: “A adoração do cordeiro místico”, um conjunto de 18 painéis com cenas bíblicas. Para ver a obra dos irmãos Van Eyck, um dos primeiros quadros a óleo do mundo, é necessário pagar uma taxa de 4 euros. Mais informações.
O nome da praça Vrijdagmarkt vem do mercado que ocorre ali toda sexta-feira. No passado, essa praça era o lugar onde aconteciam as execuções públicas. Hoje, é um ponto de encontro, com cafés e restaurantes. No centro da praça está uma estátua de Jacob van Artevelde, que foi essencial para uma coalização dos belgas com a Inglaterra contra a França.
Nessa praça também fica o bar Dulle Griet, que tem uma carta com mais de 500 cervejas. Um clássico ali é pedir a “max”, que tem 1,2 litros, servido num copo em forma de bota. E detalhe: para pedir tal copo, é necessário deixar um dos seus sapatos como garantia de retorno!
Dica de onde comer: A poucos metros da praça está o Holy Food Market, um mercado de comidas que foi feito dentro de uma igreja “desconsagrada”. Ali você encontra barracas de comida do mundo todo!
O Patershol é um bairro histórico, que ainda mantém o traçado original, de quando era o endereço do comércio de couro em Gent. Hoje, o bairro é uma referência pela gastronomia e pelo design. Andando pelas ruelas você encontra diversos restaurantes. É fácil ficar perdido ali!
Para quem gosta de arte de rua, na Tempelhof 36 fica um enorme painel dos coelhos do ROA.
O Castelo dos Condes, chamado Gravensteen, é uma construção enorme e impressionante, bem no meio da cidade. O prédio que vemos hoje é do século 12, mas a fortaleza data da ocupação romana. São 24 torres e muralhas bem altas, de onde se tem uma vista incrível de Gent. A entrada no castelo custa 10 euros.
Dois bons lugares para tirar fotos do castelo são da rua St Widostraat e da ponte na Rekelingestraat
Em frente ao castelo fica uma praça onde funcionava o antigo mercado de peixes da cidade medieval e hoje está o centro de informações turísticas de Gent.
Os nomes estranhos Graslei e Korenlei correspondem a duas margens do rio Lis com muita história: é ali, naquelas casinhas coloridas, que desde o século 11 os barcos aportam para realizar o comércio da cidade. As fachadas que se refletem no rio e fazem a alegria dos fotógrafos eram, na Idade Média, recheados de guildas de comércio e alfândegas de diferentes produtos.
O melhor lugar para apreciar a vista das duas margens é a ponte Grasbrug.
Fora da região do centro histórico ficam os outros dois lugares em Gent que são Patrimônios da Humanidade: a Pequena Beguinage da Nossa Senhora ter Hoyen e a Grande Beguinage de Santa Elizabeth. Eram espaços onde viviam as beguinas, mulheres que adotavam uma vida religiosa e de caridade, sem entrar para nenhuma ordem religiosa. Há também dois mosteiros históricos: o de São Bavo e o Sint-Pietersabdij.
Talvez não caibam num roteiro de um dia, mas há museus interessantíssimos em Gent, que eu fiquei com muita vontade de visitar. O Museu de Design tem uma coleção enorme de diversos designers internacionais; O STAM é o museu de história da cidade, localizado num antigo mosteiro e com bastante conteúdo multimédia e interativo (inclusive a possibilidade de montar uma Gent de Lego); O SMAK e o MSK são museus de arte que ficam um em frente ao outro. O primeiro foca em arte contemporânea e o segundo em belas artes clássicas. Por fim, o MIAT é o museu sobre indústria e tecidos, que mostra um pouco desse universo muito importante para a história de Gent.
Se você só vai fazer um bate-volta, então leia as nossas dicas de onde ficar em Bruxelas. Mas se este post ajudou você a se convencer a ficar mais tempo em Gent, temos algumas dicas de hospedagem, todas bem localizadas e avaliadas, com opções para todos os bolsos:
Além das opções acima, você também pode conferir no mapa de Gent e escolher a acomodação que mais combina com o seu estilo. Dá uma olhada:
Poucas regiões do mundo combinam tanto com uma viagem de carro como a Toscana. Habitada…
Kashan foi uma das cidades que mais me surpreendeu no Irã. Pequena, charmosa e repleta…
Fussen é um bate-volta comum para quem visita Munique e uma parada estratégica para quem…
Se você gosta de história e curte cidades com muitas atrações de graça, você vai…
Alguns lugares que a gente visita parecem nem pertencer a esse planeta. Foi bem assim…
O que fazer em Hong Kong? A metrópole asiática é um daqueles umbigos do mundo…
Ver Comentários
Queria agradecer pelo seu roteiro, passei um dia em Gent e fiz tudo, valeu mesmo!
Post interessante! obrigado por compartilhar. Você tentou o Pauwel Kwak?
Oi Icho,
Eu já provei essa cerveja, não em Ghent, mas em Bruxelas.
Muito bom. Tudo o que vi quando lá estive, está descrito. Bravo
Falta só a culinária tipica: 3 pratos a realçar
1 mexilhões e fritas,
2 stofrey
3 waterzooi
Oi Carlos,
Conheço o prato de mexilhões e fritas, mas não consegui achar esses dois outros não.