Se você prestar atenção aos detalhes ao caminhar por Barcelona, vai reparar em flores e animais de ferro ou cerâmica decorando construções pelo caminho. Essas são as marcas de um movimento arquitetônico importante na cidade: o modernismo, que começou mais ou menos na época da Exposição Universal de 1888 e durou até 1930, também conhecido como a versão do Art Nouveau catalã.
O modernismo baseava-se na ideia de usar a natureza como inspiração arquitetônica, mas de uma forma funcional. Também era característica do modernismo catalão recuperar estéticas medievais. É uma visão mais artística do mundo, que foge um pouco das propostas de construções mais “práticas” que vieram com a revolução industrial.
Desse movimento, se destacaram três grandes nomes: Antoni Gaudí, Lluís Domènech i Montaner e Josep Puig i Cadafalch. Foram eles que construíram/reformaram muitas casas modernistas – além de outras obras grandiosas pela cidade. Apesar de Gaudí ser o nome mais famoso hoje em dia, a disputa entre os três era grande.
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No final do século 19 e início do século 20, a avenida conhecida como Passeio de Gracia (ou Passeig de Gràcia, em Catalão), que por muitos anos havia sido só um caminho meio abandonado que ligava a cidade murada medieval à Vila de Gràcia, passou por uma grande mudança. Um projeto de reurbanização estabeleceu que os antigos edifícios que ali existiam fossem reformados e substituídos por mansões, o lugar onde a rica burguesia da cidade queria viver. Foi inaugurada uma linha de bonde em 1902 e em 1904 o lugar recebeu a visita do rei Afonso XIII, que ficou maravilhado com a avenida.
No ano seguinte, postes e bancos com as formas modernistas passaram a compor a avenida. Os postes, feitos com ferro e decoração florida, tinham na base as curvas elegantes. Os bancos eram aquecidos por um sistema de fornalha.
Outra característica desse momento foi a criação, em 1899, do concurso anual de edifícios artísticos. O concurso premiava o melhor edifício construído na cidade. Gaudí foi o primeiro vencedor, com a Casa Calvet. Ao longo dos anos, entre os vencedores ficaram o Palacio de la Música Catalana (Domènech i Montaner) e a Fábrica Casaramona (Puig i Cadafalch).
No quarteirão do Passeig de Gràcia, entre a Carrer del Consell de Cent e a Carrer d’Aragó, ficam a Casa Lleó-Morera, no Passeig de Gràcia 35, desenhada por Lluís Domènech i Montaner; a Casa Amatller, no Passeig de Gràcia 41, do arquiteto Josep Puig i Cadafalch; e a Casa Batlló, no Passeig de Gràcia 43, de Antoni Gaudí.
Hoje, o quarteirão é um dos mais turísticos de Barcelona. No início do século 20, era conhecido como o quarteirão da discórdia, exatamente porque a burguesia – e os jornais da cidade, debatiam não só quem era o melhor arquiteto, mas também quem era capaz de fazer as construções mais fantásticas e até que ponto tantas loucuras eram uma coisa boa.
Em 1900, Josep Puig i Cadafalch reformou a Casa Amatller, encomendada por uma família da indústria de chocolate. Mais ou menos ao mesmo tempo, Lluís Domènech i Montaner fazia a remodelação da Casa Lleó Morera, que lhe rendeu o prêmio do Concurso anual de 1906. E ainda, entre 1904 e 1907, Antoni Gaudí concentrava seus esforços na Casa Batlló.
As famílias que encomendavam tais mansões geralmente viviam no primeiro piso. Os andares superiores eram alugados para outras famílias. O sótão era dedicado aos serviços dos criados, assim como o andar que ficava no nível da rua.
A briga entre os arquitetos mais populares da época era inflamada pela imprensa e envolvia também seus clientes ricos, que obviamente queriam ter a casa mais espetacular da avenida. Isso também impulsionou o movimento modernista em Barcelona para muito além do que durou no resto na Europa: por volta de 1905, já estava saindo de moda na França e na Bélgica.
Eu fiz esse passeio pelo bairro de Eixample junto com a Fabia, uma guia de turismo que escreve para o blog Estrangeira. O tour me levou pelas principais casas do “Quadrado de Ouro” da cidade.
Se você se interessa pelo tema, é possível contratar passeios relacionados com antecedência por aqui. Confira também a seleção de tours abaixo, que podem enriquecer sua viagem com história e arquitetura:
Começamos pelo quarteirão da discórdia, onde é possível analisar de perto os detalhes das três famosas casas. Da Casa Lleó-Morera só é possível ver a fachada.
Já a Casa Amatller permite entrar gratuitamente na parte do hall para chegar até a chocolateria que fica nos fundos. Não deixe de reparar nos detalhes das luminárias. Também dá para visitar a parte interna da casa, por 19 euros.
E, por fim, temos a Casa Batlló, que é uma das principais atrações turísticas da cidade – e eu recomendo comprar o ingresso com antecedência (vendas aqui). Contei nesse post aqui todos os detalhes sobre a construção e a visita.
Siga a Passeig de Gràcia por alguns quarteirões até a Casa Milà, mais conhecida como La Pedrera, outra obra de Gaudí, mas essa bem controversa. Acontece que a família que encomendou a casa, me contou a Fábia, simplesmente odiou o serviço. Ela mostrou notícias de jornais da época que dizem como a população também não achou a obra muito bonita. Gaudí teve que entrar na justiça para receber o pagamento pela casa.
A casa tem o apelido de pedreira exatamente por lembrar um grande bloco de granito, mas é só chegar perto e reparar nos detalhes para ver o cuidado de Gaudí com a obra, que lembra uma caverna e uma floresta.
Seguimos nosso caminho pela Avenida Diagonal, em direção à Sagrada Família, onde você encontra mais casas modernistas. Uma delas, La Casa Comala, foi feita pelo arquiteto Salvador Valeri i Pupurull, numa homenagem a Gaudí. Hoje é ocupada por escritório.
De forma totalmente clandestina – e encantadas pelas cores – entramos no saguão quando uma pessoa saía. As cores, luzes e formas lembraram um cenário do fundo do mar. As escadarias tiravam o fôlego. Até deu para tirar uma foto antes do segurança educadamente pedir para nos retirarmos.
Logo em frente fica o Palau Baró de Quadras, que Puig i Cadafalch fez para um barão, com uma fachada que lembra um palácio no norte da Europa. Algumas quadras a frente, Cadafalch também fez outro palácio, mas dessa vez para suas três irmãs. A Casa Terradas, também conhecida como “Casa de les Punxes”, ou seja, Casa das Pontas, ocupa três quarteirões, com telhados em cones pontudos, como de um castelo. É possível visitar o interior da Casa de les Punxes.
Há mais uma obra de Cadafalch no caminho desse tour, que hoje foi convertida num centro cultural da Fundação La Caixa: é o Palau Macaya. A entrada é gratuita. Fica no Passeig de Sant Joan, 108. O nosso roteiro terminou na Sagrada Familia, a igreja que Gaudí construiu por toda a sua vida e que não ficará pronta antes de 2026. Já contamos nesse post todos os detalhes do templo, uma obra sem igual no mundo.
Mas há muito mais obras de Gaudí, Cadafalch e Montaner pela cidade. Escrevemos um post específico sobre um roteiro pela Barcelona de Gaudí. E no site oficial do turismo de Barcelona você encontra um mapa com a rota modernista completa, que inclui as diversas casas construídas no período, além de prédios que são patrimônio da Humanidade segundo a UNESCO.
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Me senti lá, e curiosíssima para conhecer mais. Excelente texto! Obrigada.