Sair do avião, pegar as malas e correr para a locadora de veículos. Alugar um carro pode ser uma ótima ideia para as suas férias: pode facilitar seu deslocamento, fazer da viagem uma road trip incrível e ainda te ajudar a economizar, principalmente quando você viaja com outras pessoas e o valor do aluguel é divido entre os passageiros. Mas também pode ser um complicador, tornando a viagem mais cara e engessada. Neste texto, vou dar algumas dicas do que aprendi sobre como alugar carro no Brasil, para viagens diversas. Como você já percebeu, decidir se vale a pena ou não ir motorizado é o primeiro passo.
Eu dispenso o veículo quando estou em qualquer capital ou grande cidade brasileira, mesmo quando o transporte público não é dos mais eficientes. É que, a partir do momento em que você está motorizado, surgem várias responsabilidades e desafios: você terá que enfrentar o trânsito da cidade, achar lugar para estacionar (e muitas vezes pagar por isso) e não poderá beber.
A data da viagem também influencia na decisão. Em dias de semana o carro pode ser uma complicação maior, por conta da grande quantidade de veículos nas ruas. Em finais de semana isso melhora um pouco, já que o trânsito fica bem mais leve e em geral estacionar não é um problema tão grande. Mas, mesmo assim, eu pensaria bem antes de alugar um veículo se o plano for ficar apenas numa cidade grande. Na era dos aplicativos, pode ficar mais barato – e muito mais conveniente – usar e abusar de uber/cabify/99. Fora que turistar envolve caminhar bastante e usar o transporte público da cidade visitada sempre acrescenta à experiência local.
Alugar um veículo também pode não ser a melhor saída para roteiros que envolvam apenas dois destinos. Por exemplo, alguns dias em Natal e outros em Pipa, praia que está a 80 quilômetros da capital potiguar. Ou viagens que envolvam apenas Belo Horizonte e Ouro Preto, a 90 quilômetros da capital mineira, onde você também passará algumas noites. Pensa comigo: o carro é desnecessário enquanto você estiver nas capitais, no caso BH e Natal, se torna útil durante o deslocamento para o próximo destino, mas não ajuda muito – e pode até atrapalhar – quando você estiver em Ouro Preto e Pipa. E durante todo o tempo em que você estiver nessas cidades, usando o carro ou não, pagará pelas diárias do veículo. Nesses casos eu prefiro ir de ônibus.
Ouro Preto
Como tudo na vida, é claro que há nuances. Alugar um veículo pode valer a pena até mesmo para viagens curtas e de um destino só. Por exemplo, eu moro em Belo Horizonte e não tenho veículo próprio, mas vira e mexe alugo um carro quando decido ir para alguma cidade próxima no esquema bate-volta.
Aluguei um veículo para passar um dia em Inhotim, que fica em Brumadinho, a 60 quilômetros da capital mineira. E também para passar uma tarde em Macacos, a 25 km do centro de Belo Horizonte. Os dois destinos são acessíveis de transporte público e até via aplicativos de mobilidade, mas como eu não iria beber e estava acompanhado nessas viagens, avaliei que valia o custo/benefício. Foi só colocar no papel: o custo das passagens de ônibus entre BH e Inhotim, para duas pessoas, superava o valor da diária do carro. Aí a única diferença era a gasolina. E, numa boa, mesmo com a gasolina nas alturas valeu a pena pagar um pouco mais pela conveniência de ir e voltar na hora que fosse melhor para mim.
Também vale alugar um carro quando você está saindo de uma cidade grande e vai passar uns dias numa cidade onde o veículo é um facilitador. Note que o carro é inútil em Pipa, no Rio Grande do Norte, onde os passeios podem ser feitos a pé. E também não ajuda em Ouro Preto – nem mesmo para subir e descer ladeiras.
Por outro lado, estar de carro torna uma viagem para Gramado e Canela, no Rio Grande do Sul, bem mais simples e cheia de opções. É que as atrações desses destinos da Serra Gaúcha estão distantes umas das outras. Você até pode conhecer o centrinho de Gramado a pé, mas vai precisar se deslocar bastante para visitar a grande quantidade de museus, parques e espaços temáticos que estão espalhados pela região. Nesses casos, a dica é pesquisar para descobrir se o carro será útil na cidade que você pretende visitar. Se for, dispense o veículo enquanto estiver na cidade grande, mas alugue um quando for seguir viagem.
Lago Negro, em Gramado
A viagem em que o carro é mais útil é aquela que envolve mais de uma parada. Você chega no Recife e vai fazer um roteiro pelas praias do nordeste, subindo até Fortaleza antes de retornar. Você parte de Belo Horizonte para conhecer não apenas Ouro Preto, mas também Congonhas, Tiradentes, Catas Altas, Diamantina… Enfim, road trip para motorista nenhum reclamar. Nos textos linkados abaixo dei sugestões de roteiros de viagem pelo Brasil que até podem ser feitos de ônibus, mas que ficam muito melhores se você alugar um carro e for dirigindo.
Veja também: 7 roteiros pelas cidades históricas mineiras
5 roteiros de viagem pelo sul do Brasil
6 roteiros pelas praias do nordeste
Por fim, repito a dica dada antes: quanto mais pessoas estiverem viajando com você, mais vantajoso o carro se torna. Em geral é mais barato pagar diárias, seguro e combustível, dividindo esse valor por três, quatro ou cinco pessoas, do que pagar passagens de ônibus, ida e volta, para essas mesmas pessoas.
Sendo franco, em geral dá para alugar um veículo sem qualquer planejamento prévio. Ao chegar no aeroporto, basta ir até o balcão das locadoras e verificar qual está oferecendo o melhor preço. Mas o problema está exatamente aí: os valores não são fixos, mas determinados pela famosa lei oferta x demanda. Ou seja, se você for viajar em período de férias escolares ou mesmo em feriados, deixar para reservar o carro na hora da chegada pode sair caro.
Aconteceu comigo, num feriadão que passei em Goiás. Descemos do voo em Brasília e eu segui para o balcão das locadoras, para descobrir que muitas delas nem tinham mais carros disponíveis para aluguel naquele dia – e as que ainda tinham estavam dobrando o valor da diária. Depois disso eu aprendi e passei a reservar o carro antes, pela internet. Para isso, costumo usar o site da Rent Cars, que compara os preços oferecidos pelas principais empresas do mercado. Basta determinar as datas da sua viagem, escolher o modelo e fazer a reserva. Nesse texto aqui damos o passo a passo para você reservar seu carro pela internet e garantir o melhor custo/benefício.
No Brasil, em geral a reserva já inclui seguro, mas convém verificar isso nas letras miúdas. O seguro contra terceiros, por outro lado, raramente está incluído nesse valor. Basta pedir para adicionar mais esse custo no balcão da locadora – o valor exato depende do tipo do veículo e da própria locadora, mas em geral é cerca de R$ 10 por diária. Vale a pena.
As locadoras dividem os carros em categorias. Veículos 1.0, carros econômicos com ar-condicionado, grupo intermediário, SUV e executivo. O preço varia conforme o modelo escolhido. Antes de pegar o mais barato, pense se ele realmente atende suas necessidades. Por exemplo, os carros com diárias mais baixas costumam ter porta-malas menores. Isso funciona para você? Você prefere um carro manual ou automático? E o ar-condicionado, é necessário? Pense nessas questões antes de fazer a reserva.
Com a reserva em mãos (ou salva no celular), vá até a locadora onde você escolheu retirar seu veículo.
Foto: Shutterstock
Ter a reserva feita não garante que você irá alugar o veículo, mas apenas que o carro que você escolheu estará disponível na hora e pelo preço determinado. Mesmo que os valores subam por conta da procura, o seu permanecerá igual. Por outro lado, você precisa preencher determinados requisitos para que a locadora alugue, de fato, o veículo. Lógico que essas regras variam de empresa para a empresa, mas existem alguns pontos que costumam ser comuns.
* O motorista precisa ter mais de 21 anos.
* O motorista precisa ter Carteira Nacional de Habilitação definitiva, em plena validade e com mais de dois anos de emissão.
* Cartão de crédito no nome do motorista e com limite suficiente para passar o caução, um valor que a locadora estorna quando você devolver o carro intacto. Note que quase nenhuma locadora aceita cartão de crédito em nome de outra pessoa, mesmo que seja cônjuge. Cartões de débito também não são aceitos. Algumas empresas permitem que o valor do caução, que depende da duração do aluguel, seja dividido em dois cartões. Mas é melhor não contar com isso – já tentei numa empresa, que recusou, mas também já aluguei em outra em que usar dois cartões era uma opção.
* Leve ainda, por via das dúvidas, sua carteira de identidade. E não se esqueça do CPF. Se for sua primeira locação, é quase certo que a locadora fará uma análise de crédito. Você não precisa comprovar apenas que consegue pagar as diárias do veículo: é preciso mostrar que consegue arcar com os custos de eventuais problemas que causar no carro.
Sim. Jamais deixe a locadora sem contratar não só o seguro básico, mas também o contra terceiros. E lembre-se que, por melhor que seja o seguro contratado, ainda haverá uma franquia, assim como nos seguros de carros particulares. Verifique o valor, leia o contrato com atenção e saiba exatamente quais seriam as suas responsabilidades em caso de acidente ou furto. E preste atenção nas condutas que podem fazer o seguro perder a validade, como dirigir em estradas de terra, passar dentro de rios ou entregar o volante para um motorista que não esteja segurado.
A quilometragem controlada é mais barata, mas só vale para quem sabe exatamente quanto pretende rodar. O problema é que basta passar do limite para o barato começar a sair caro. Por isso, eu tendo a preferir o esquema de quilometragem livre. Você pega o veículo e roda quanto quiser pelo período da locação.
A vistoria é um dos momentos mais importantes da locação. É nela que você vai verificar as condições em que o carro está sendo entregue – e garantir que não te cobrem por algum problema que já existia. No Brasil, as melhores locadoras alugam veículos em bom estado, entregam os carros limpos e com tanque cheio. É muito comum que o motorista não participe da vistoria, que foi feita antes do veículo ser entregue.
Mesmo que isso ocorra, refaça, você mesmo, a checagem. O vistoriador deixa um papel, no interior do veículo, com as anotações que ele fez – ali ele indica como estavam as luzes, se havia algum arranhado na lataria, se o tanque estava cheio, etc. Com o papel em mãos, verifique rapidamente as anotações. Não se esqueça, por exemplo, de olhar se há estepe.
Se notar algum problema, fale com o vistoriador. Ou, caso já tenha deixado a loja, ligue para o número indicado pela empresa.
Pegando a estrada com carro alugado
Cuide do carro como se fosse seu. Sempre tranque o veículo ao estacioná-lo e guarde o documento com você. Parece óbvio, mas jamais passe o volante para um motorista sem CNH. E pode ter certeza que multas de trânsito chegarão até você, então é melhor respeitar as normas de direção. Em caso de problemas, ligue para o número indicado pela locadora e siga as recomendações.
As diárias costumam ter duração de 24 horas. Se você pegou o carro às 10h, a diária vence na mesma hora do dia seguinte. Muitas locadoras estipulam um prazo de tolerância, caso você passe da hora indicada. Estourar a tolerância significa pagar mais, por hora.
Você precisa devolver o carro nas mesmas condições em que ele lhe foi entregue. Se o tanque estava cheio, devolva assim; se te entregaram com meio tanque, encha até esse ponto. E abasteça no posto, por mais que a locadora ofereça um serviço para encher o tanque por você. É que há taxas e o custo é muito maior.
Não vale entregar o carro muito sujo, mas em geral as empresas entendem que você também não vai devolvê-lo limpinho. Leia sobre isso no seu contrato de locação. Mas, se a sujeira estiver maior que o razoável, com areia e comida no carro, por exemplo, convém passar num Lava Jato. É muito mais barato do que deixar a limpeza para a locadora.
Uma nova vistoria será feita na hora da devolução do veículo. Nela, o funcionário te perguntará se houve algum problema. Caso ele note alguma coisa (lataria amassada, por exemplo), ele falará sobre isso. Só assuma o problema se ele tiver, de fato, sido causado por você. Nesse caso você terá que assinar um termo reconhecendo o sinistro. O carro será encaminhado para uma oficina e a conta logo, logo chega para você, por e-mail.
Por contrato, a devolução precisa ser na mesma agência onde você alugou o carro. Algumas empresas permitem que você devolva o veículo em outra agência da mesma cidade, por um preço baixo. Por exemplo, já aluguei um carro no Aeroporto de Congonhas e devolvi numa agência da Avenida Faria Lima, ambas em São Paulo. A taxa foi de apenas R$ 15. Por outro lado, devolver o carro em cidades ou estados diferentes é impraticável. Fiz um orçamento para alugar um carro em São Paulo e devolver em Belo Horizonte. A diária era menos de R$ 100, a taxa de devolução em outro estado passada de R$ 700. Não dá.
*O 360meridianos faz parte do programa de afiliados da Rent Cars.
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Em abril, vamos fazer o trajeto:
Paris/Normandia/Bruxelas/Bruges/Amsterda. Como devemos alugar um carro, para 4 pessoas, em Paris, saindo para a Normandia, para devolver antes de entrar na Bélgica? Onde seria melhor a devolução? Podemos mudar de País? Os países da Comunidade Europeia cobram taxa de retorno?
Agradecemos sua atenção e ajuda
Lourdes Dias
Oi, Lourdes.
Todas as locadoras permitem devolver em outra cidade, mas quase sempre cobram por isso. O valor da taxa depende da locadora - você pode estimar na hora de fazer a reserva. Pelas regras da UE você pode ir de um país para outro. Vale ler com atenção as letras miúdas do contrato para ver se a locadora também permite isso, se é preciso contratar algum seguro adicional, etc.
Fizemos uma busca, para testar, pegando em Paris e devolvendo em Bruxelas e para 14 dias ficou 614 euros.
Depois leia esse texto aqui:
https://www.360meridianos.com/dica/aluguel-de-carro-na-europa-todas-as-dicas-de-viagem