É difícil escolher os melhores bares de Belo Horizonte. Afinal, a lista de concorrentes é extensa. Tanto que virou até lei: BH é a capital mundial dos botecos. Assinada em junho de 2009 pelo prefeito Márcio Lacerda, a Lei 9.714 declarou a cidade como o centro dos botecos do mundo e definiu que o terceiro sábado do mês de maio é o dia municipal deles. E essa lei não nasceu por acaso – o fundamento é estatístico: o número dos bares de BH soma 12 mil estabelecimentos. Como a cidade tem 2.4 milhões de habitantes, isso significa que há um bar para cada 200 belo-horizontinos.
O alto índice per capita de bares – o maior do Brasil – chamou atenção até do The New York Times, que em 2007 publicou uma matéria dizendo que BH é a cidade onde o mundo é um bar. Nascido em Beagá, é claro que eu concordo com a reportagem gringa. Para quem não é daqui, um convite: passe um fim de semana na cidade e conheça a tradição dos bares de BH. Para te ajudar na tarefa, fizemos uma lista com os segredos de alguns dos mais famosos botecos da capital mineira.
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Skank, Sepultura e Clube da Esquina têm um pé nesse bairro, tradicional reduto da boemia belo-horizontina. O nome vem da Igreja que fica no centro da Praça Duque de Caxias, o ponto mais famoso do Santa Tereza. O bairro fica pertinho do centro, mas é cheio de casas históricas. Pelo menos por enquanto, já que vira e mexe a especulação imobiliária coloca esse patrimônio de BH em risco.
No Santa Tereza, uma opção tradicional é o Bolão (Praça Duque de Caxias, 288), que faz parte da história da cidade há cinco décadas. As paredes desse bar receberam os músicos citados acima quando eles ainda não eram famosos. Dizem até que a música Saidera, do Skank, foi feita em homenagem ao lugar. O macarrão do Bolão é conhecido em toda BH e parada obrigatória quando bate aquela fome à noite.
Outro bar famoso do Santa Tereza é o Bar do Orlando (Rua Alvinópolis, 460), que completou 100 anos em 2019. Só que o centenário boteco abriu as portas como uma loja de artigos de pesca. É que naquela época ainda era possível pescar no Arrudas, rio que corta a cidade.
Com o fim dos peixes, chegaram as cervejas. E cerveja gelada! Para comer, a opção mais tradicional é o tropeiro que, posso confirmar, não tem igual. A loja é pequena e ainda preserva a cara de mercearia antiga.
Se você quer comer uma pizza enquanto toma uma gelada, a Parada do Cardoso (Rua Dores do Indaiá, 409) é outra opção tradicional. As pizzas dali estão entre as mais famosas da cidade.
E para quem não é de BH, um lembrete: apesar da história e dos frequentadores famosos, não se prenda aos bares que citamos aqui. Existem vários botecos interessantes nessa parte de BH, uns mais charmosos, outros com cara de botequim mesmo. Se passar por lá, aproveite para achar um com seu estilo.
Construído na década de 1950, o Maletta é um dos prédios mais conhecidos de BH. Ali tem de tudo: comércio, livrarias, sindicatos, bares, restaurantes e até um monte de apartamentos residenciais. O Maletta fica no centro da cidade, na esquina da rua da Bahia com a Avenida Augusto de Lima. Para mim, ir ao Maletta significa encontrar conhecidos sem a necessidade de marcar o bar. E isso já é assim há várias gerações de bebuns.
Durante a ditadura, o Maletta virou o ponto de encontro da esquerda. Intelectuais e artistas eram vistos ali aos montes, em especial na Cantina do Lucas, que começou a servir cervejas e petiscos em 1962. Pelas mesas do Lucas passaram gente como o cantor Milton Nascimento e o escritor Murilo Rubião, só para citar dois nomes. É por isso que o site do bar diz, sem medo de errar, que a Cantina do Lucas era “uma espécie de vulcão pujante de idéias”.
O Maletta passou por um período de decadência, mas nos últimos anos voltou a atrair multidões, gente de várias tribos. Além dos bares no primeiro andar, subindo a rampa você encontra alternativas mais jovens e descoladas.
Um dos meus favoritos, fica no segundo andar, no corredor que dá para a rua da Bahia, de frente para o Museu da Moda. Por isso, tem uma vista legal do centro da cidade. A cerveja é sempre gelada e tem um preço justo, e as porções são diversificadas e bem gostosas, especialmente a linguiça flambada na cachaça.
Mas voltemos aos bares. Se quiser cerveja barata nos arredores do Maletta, uma opção é procurar um dos bares da rua Guajajaras, ali pertinho. Inclusive, há alguns anos a Guajajaras bombava mais que o Maletta. Com a redescoberta do prédio, vários bares dessa rua tiveram que abaixar os preços da cerveja para competir pelos clientes. Bom pra gente.
Centro geográfico de BH, essa praça sofreu com o abandono durante décadas, a ponto de ser considerada um lugar perigoso.
Revitalizada em 2008, voltou para o mapa de botecos da cidade. Eu bebo nessa região de vez em quando e costumo defender os bares da esquina com a avenida Bias Fortes. Ali você não vai achar botecos com nada de muito diferente, só mesmo cerveja gelada e a vista da Praça. Pra mim isso já é o bastante.
Turistas de passagem pela capital mineira costumam gostar também do Top Bar (Rua Tamoios, 200), no centro, que fica no 24º de um prédio, é muito frequentado por casais e tem vista para a Serra do Curral. Assim como muitos bares de BH, esse funciona há quase cinco décadas.
Depois de anos fora da vida noturna belo-horizontina, o Zona Last reabriu as portas em 2022. Agora, o bar que foi um importante ponto de encontro alternativo da cidade, funciona debaixo do viaduto Santa Tereza, ali onde antes funcionava a Nelson Bordelo e o Baixo Centro Cultural. Mas a programação animada e a vibe de rolezão na rua ainda é a mesma.
Eu adoro o Mercado Central (Av. Augusto de Lima, 744) de Belo Horizonte e desconheço uma cidade brasileira que tenha um mercado tão legal assim. Passe lá numa tarde e você vai dar de cara com uma galera bebendo em pé, num dos vários bares que ficam perto das entradas. Mas quem faz questão de coisas menos importantes, tipo sentar-se à mesa, também vai achar um bar para chamar de seu no Mercado Central.
Sentando ou não, saiba que o Bar da Lora é um dos mais disputados do Mercado Central. No final de semana pode ser complicado achar lugar. Mas você quer um programa diferente mesmo? Encare, nem que por pouco tempo, um dos bares lotados onde todo mundo bebe em pé. É ambiente dos mais democráticos, afinal na cerveja, na cachaça e no bife acebolado todos se igualam um pouco mais.
Inaugurado em 1960, o Mercado Novo passou décadas meio esquecido na cidade. As lojas que hoje abrigam bares, restaurantes, lojas de artesanato e brechós, antes estavam vazias ou eram ocupadas por pequenas gráficas e outros comércios. Isso começou a mudar em 2018, com a inauguração da Distribuidora Goitacazes e a Cozinha Tupis, lojas da cervejaria Viela. Em seguida, outros empreendimentos começaram a pipocar e o lugar se tornou mais um ponto na vida boêmia de Belo Horizonte.
A ideia é chegar ali nos fins de semana e se juntar à multidão que ocupa os corredores, bebendo em pé ou escorada no parapeito. Há dezenas de bares espalhados por ali e vale a pena circular para não perder nada. Entre os recomendados, além da Viela, estão também as choperias o Odeon e Mureta, o Herbário Yvy, especializado em gins, a Copa Cozinha, para café ou lanche da tarde, a Lamparina Cachaçaria e a Tapera Charcutaria.
Se você está hospedado nessa parte da cidade, saiba que essa é uma das regiões com a maior concentração de bares de BH. E, embora seja uma região já manjada para quem é da cidade, é lógico que existem bares interessantes por lá.
Como bar é uma questão de gosto pessoal – não, nem todo boteco é igual – o desafio é achar um que tenha a sua cara. Se você não encontrar um deles na Savassi ou a maioria dos bares dessa região estiver fechada (pode acontecer nos feriados), a vantagem é que a Savassi está perto de muita coisa, incluindo o Centro, a Praça da Liberdade e vários bairros. E cada bairro de Beagá costuma ter seu centro de bares, normalmente uma praça, quem sabe uma avenida, enfim, uma lugar onde os botecos se concentram. Basta procurar.
O Stadt Jever (Av. do Contorno, 5771) é um dos meus favoritos na região, um pub alemão muito tradicional. Por falar em bar alemão, o Canapé (Rua Major Lopes, 470) não está exatamente na Savassi, mas é perto, e também costuma receber minhas visitas.
Praça da Liberdade e uma parte da Savassi (Foto: Marcus Desimoni, Wikimedia Commons)
Ali perto fica também a choperia Albanos (Rua Rio de Janeiro, 2076), sempre lotada.
Eterna menina dos meus olhos, é a balada de opção de muita gente em BH há mais de duas décadas. Aberta desde 1997, é uma casa de rock/inferninho para ouvir shows de bandas alternativas ou apresentações de DJs que tocarão algo entre soul, indie, 80’s, 90’s e pop, dentre outros estilos.
Além de ser ótimo para dançar, a bebida não ser super cara e não há distinção de gênero na cobrança da entrada. Abre de quarta a sábado, sendo que as quartas e quintas são dedicadas a apresentações de bandas, terminam mais cedo e a entrada custa 10 reais. Já nas sextas e sábados, a entrada custa 30 reais e as festas começam e terminam bem mais tarde (geralmente, começa a encher a partir de uma da madrugada). Site: aobra.com.br
Sei lá o motivo, mas um monte de sites de viagens, blogs e revistas dizem que a Savassi é O LUGAR para botecar em BH. Só que não existe isso. Belo Horizonte tem tantos bares que você pode encher a cara (com moderação) em qualquer canto da cidade. No eixo centro-sul, os bairros Sion, São Pedro, Santo Antônio, Anchieta e Cruzeiro têm um monte de opções. Os bairros Prado, Horto (onde fica o estádio Independência) e o Santa Efigênia também são cheios de botecos.
E pertinho da Savassi fica o Lourdes, um bairro cheio de bares e restaurantes. Se resolver beber por lá, procure a região da Praça Marília de Dirceu. Um dos bares mais famosos dessa área é o Tizé (Rua Curitiba, 2205), que cuida do happy hour de belo-horizontinos há 40 anos.
É um bar daqueles que concorrem ao festival Comida di Buteco, ou seja, sua especialidade são os petiscos inspirados na culinária mineira e feitos com ingredientes típicos daqui: couve, goiabada, mandioca, jiló e angu. O cardápio tem uma grande variedade de cervejas artesanais, como a Wäls – cuja fábrica é em BH e já ganhou vários prêmios dentro e fora do país -, como também de cachaças, inclusive de produção própria da casa. Site: agostobutiquim.com.br.
Em outra ponta da cidade, a Praça do bairro Coração Eucarístico costuma ficar sempre lotada, dada a proximidade de uma universidade, a PUC. É nessa área que fica o famoso bar do Caixote (Rua Nogueira da Gama, 189), citado naquela matéria do NY Times, onde as cadeiras são… caixotes de madeira.
Se é samba que você quer, esse é o lugar. O Quintal da Jabu (R. Itamaracá, 296) funciona dentro de uma casa grande e o agito acontece, bom, no quintal. Serve coquetéis, cerveja e porções mistas no esquema de fichas. Há uma pequena entrada de R$5 ou R$10 reais para cobrir o couvert da banda.
Outro bar que costuma agradar viajantes é o Freud (Avenida Nossa Senhora da Candelária, s/nº), que fica na cidade vizinha, Nova Lima e tem mesas em cima de árvores, redes e fogueiras.
Inclusive, se você tiver tempo de sobra, aproveite para conhecer também os botecos fora de BH. Macacos, uma vila simpática, tem bares aos montes e com certeza merece uma visita. A mesma lógica vale para outras cidades ao redor da capital, como Lavras Novas, essa aí da foto abaixo.
Por fim, saiba que este post não tem a pretensão de fazer uma lista definitiva ou dizer quais são os melhores bares da cidade. É impossível saber onde todos os 12 mil botecos de BH se escondem e mesmo um morador da cidade pode se surpreender com um bar que estava logo ali, funcionando há anos, mas era desconhecido para ele. Quem procura bons petiscos pode dar uma olhada na lista de vencedores do Festival Comida de Boteco, que tem bares de várias partes de Belo Horizonte.
Outro bar da Cervejaria Viela, foi eleito a melhor cervejaria da cidade pela Veja, em 2017. Funciona no esquema “pedido no balcão” e a decoração imita as antigas mercearias mineiras. A trilha sonora é em vinil e é composta de nomes da MPB, como Jorge Ben Jor e Luiz Melodia. Às quartas, tem apresentação de chorinho. Fica na Rua Juramento, 202.
Se você vem a turismo, alguns dos bairros mais recomendados para hospedagem são:
Tirando a Pampulha, todos os outros são bairros relativamente centrais. Todos contam com boa infraestrutura gastronômica e hoteleira e você terá fácil acesso a diversas atrações turísticas.
Recomendamos o Hotel Holiday Inn, de onde saem vans diárias para o Inhotim. Vivenzo Savassi e Ibis BH Savassi, são outras opções. O Hostel Savassi é a opção econômica/mochileira mais próxima.
Na Pampulha, o Bristol Pampulha Liel e vira e mexe recebe times de futebol.
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Um boteco que deixou saudade foi o CHORARE na rua da Bahia, embaixo do teatro AMI.
Local que só tocava a boa MPB, cerveja gelada, bons tira gostos e bons amigos.
Este lugar foi tão marcante que merece um livro de estórias e histórias...
Saudade Benjamim, Paulinho Chorar e, Marcinho e ....
Não conheci, Paulo. Deve ter sido um lugar cheio de histórias mesmo.
Abraço.
Faltou mencionar os bares da rua Alberto Cintra, no bairro Cidade Nova! Está muito bom por lá.
Eu tb vou dar minha contribuição para quem vier turistar na nossa BH:
Patorroco e Agosto Butiquim, ambos no bairro Prado. Peixe Frito, na rua Juiz de Fora, bairro Santo Agostinho. Pra quem curte cervejas especiais tem o Mello Pizzaria na rua do Ouro, bairro Serra.
Para quem, como eu, não é muito cervejeiro:
Na Av. Fleming nada como o velho e bom Filé, a caipilima é ótima! Um vinho branco geladinho num fim de tarde embaixo das jabuticabeiras no quintal do Paradiso (rua Leopoldina, bairro Sto Antônio) também tem o seu lugar! E a carta de drinks do Lanikai Tiki Bar (Rua Pium-í, bairro Sion) me dá água na boca só de lembrar!
E concordo que tanto Macacos quanto Lavras Novas definitivamente valem uma visita!
Esqueci de mencionar o Chopp da Fábrica na Av. do Contorno, parada obrigatória pós jogo do Galo no Indepa!
E acabei de perceber que eu tb não dei colher de chá pra Savassi, né? Bom, pra não dizer que eu não gosto de nada por lá, gosto do Redentor. Não pelo chope (que sim, é geladíssimo, marido adora!), vou pela deliciosa fornada de empadinhas!!!
Ótimas dicas, Marcela. Tinha me esquecido de alguns desses bares. E outros eu não conheço mesmo (ou conheço, mas não vou há tempos). Vou colocar na minha lista!
Abraço.
Excelente post. Nem sabia que vocês eram aqui de BH! Gosto muito do site.
Concordo com tudo e para contribuir, adiciono dois locais que eu frequento e gosto muito para tomar uma boa gelada: o bar do Careca perto da avenida Bernardo Vasconcelos no bairro Floramar. O Careca é muito gente boa, cerveja gelada e a comida maravilhosa.
Outro local que gosto muito é a região dos bares na rua Alberto Cintra no bairro Cidade Nova, em especial o Hiperfrios que é especializado em cerveja especial e tem chorinho toda Quinta e Domingo pela manhã no calcadão. Vale muito a pena uma visita.
Abraços!
Oi, Vinícios. Que bom que você gosta do 360! Pois é, somos de BH. =)
Obrigado pelas indicações de bares. Esses eu não conhecia. hehe
Abraço.
Curti demais esse post e, assim como você, também não curto os bares da Savassi. Acho tão estranho - e chato - ir lá pra beber!
Fala, Hugo. Que bom ver você aqui no blog! =)
Eu morro de raiva quando alguém marca um bar na Savassi. O pior é que isso não é raro, mesmo quando ninguém do grupo mora lá. Além de não gostar dos bares e achar tudo mais caro, ainda preciso voltar pra casa de táxi (e pago uma nota por isso).
Enfim, prefiro meus botecos da Zona Norte. hehehe
Abraço.
Nossa! Voltei no tempo com esse post! Saudades de BH! Fui tão feliz aí! Tantas conversas, tantas cervejas! Maletta, o macarrão do Bolão, os barzinhos perto da UFMG e da FAFICH! Bão dimaissss! :D
Passei na Fafich hoje, por coincidência. Muito raramente vou lá, mas quando vejo o prédio, bate uma saudade. =)
Realmente, se alguém quiser tomar uma cerveja gelada e comer boas porções, BH é uma ótima escolha. Enfim alguém que não goste da Savassi, rs. Já frequentei algumas vezes e a cada vez era o mesmo pensamento, "Não gosto deste lugar", mas há quem seja apaixonado. Mesmo porque sou muito mais beber num "copo sujo" em outros bairros da cidade. E sem dúvidas, o Mercado Central é o ponto alto na minha opinião, chegar lá era fácil, difícil era me tirar de lá de dentro, rs.
Abraços!
O Mercado Central é incrível. Deveria ficar aberto todos os dias, até de madrugada. hehehe
Abraço!