Baz Bus, a melhor forma de mochilar pela África do Sul

Da janela do Baz Bus, nós observávamos as montanhas de Cape Town, a última parada da viagem. O motorista, já acostumado com a beleza daquele trecho, acrescentou emoção ao momento ao colocar no rádio músicas típicas da cidade maravilhosa da África do Sul. Ninguém teve motivos para reclamar.

Isso tudo aconteceu em 2011, numa época em que o 360meridianos nem existia. A viagem para a África do Sul foi a minha primeira ao exterior. E, quando penso nisso, não tenho dúvidas: foi uma das melhores que já fiz. E muito disso se deve a uma descoberta mão na roda, em especial para mochileiros de primeira viagem como eu: o Baz Bus é sem dúvidas a melhor forma de se locomover pela África do Sul e é um meio de transporte totalmente pensado para atender as necessidades de quem quer sair pingando de cantinho em cantinho pelo país.

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Cape Town

Apesar de ser um país lindo, a África do Sul tem os problemas típicos de uma nação em desenvolvimento, aquele tipo de coisa que brasileiros conhecem tão bem. A infraestrutura não é das melhores e o sistema de transporte público pode ser um desafio. Foi dentro desse contexto que um ex-mochileiro, se é que isso existe, abriu o Baz Bus, em 1995.

A ideia é simples: um ônibus para mochileiros, mais ou menos como o Nôitibus Andante, aquele ônibus para bruxos de Harry Potter. Mas (infelizmente) sem os bruxos. Você compra um ticket, define seu ponto de partida e reserva seu lugar no veículo. A partir daí, o ônibus faz o percurso pelas principais cidades turísticas na África do Sul, com paradas em cada uma delas. Você desce onde quiser e pega o próximo veículo quando quiser, para seguir viagem. O ônibus deixa os viajantes já na porta do hostel ou hotel – são centenas de paradas possíveis ao longo do trajeto.

Cape Town

Embora seja necessário reservar seu lugar no veículo 72 horas antes, o serviço não deixa de ter uma certa flexibilidade – tem gente que desce antes do previsto, ao descobrir um lugar que não tinha entrado no roteiro, mas que parece interessante. E tem quem resolva continuar no ônibus e descer mais para frente, depois de uma conversa com outros viajantes.

Achei a ideia do Baz Bus tão interessante que fiquei pensando por que não há algo assim no Brasil (pelo menos não que eu conheça). Já imaginou uma linha de ônibus voltada para mochileiros, parando de hostel em hostel e cruzando o Brasil de Norte a Sul? Facilitaria a vida do viajante econômico e independente.

Mas voltemos ao Baz Buz: o serviço tem vantagens e desvantagens.

As vantagens do Baz Bus

Ponto de parada na porta do seu hostel/hotel – Você não chega na estação de trem/rodoviária e tem que descobrir como chegar ao hotel de transporte público. O ônibus já te deixa no local exato e o motorista tem o cuidado de te levar até lá, sem erros e em segurança.

Facilidade para conhecer outros viajantes – Esse serviço é focado no mochileiro. Por isso, o ônibus está sempre cheio de pessoas de todas as partes do globo. É uma chance de conhecer gente e uma ótima possibilidade para quem viaja sozinho.

Sem perrengue – Eu já mochilei inúmeras vezes por conta própria e sei as vantagens de fazer tudo de forma independente. Há algo de único em usar o sistema de transporte público local. Mas não dá para negar que viagens assim envolvem muitos, mas muitos perrengues. E o Baz Bus te livra disso.

Port Elizabeth (Foto: Ngrund, Wikimedia Commons)

As desvantagens do Baz Bus

Os percursos são limitados – Há os trechos Cape Town – Port Elizabeth (mais curto), Cape Town – Durban e Cape Town – Joanesburgo (o mais longo). Todos eles podem ser feitos nos dois sentidos e você pode escolher as paradas que você quiser ao longo do percurso. Por outro lado, boa parte do país não é coberta pelo Baz Bus. E nem todos os trechos tem saídas diárias, o que requer planejar os deslocamentos e hospedagem com cautela.

Não espere o maior conforto do mundo – O transporte é  feito em ônibus bons, mas simples. O foco é o viajante econômico. São veículos para até 19 passageiros, com TV e DVD e capacidade até para levar bicicletas – mas é necessário avisar que você pretende fazer isso.

Sem perrengue – Você teria uma experiência bem mais local se optasse por usar transporte público comum. No Baz Buz, você certamente conhecerá pessoas, mas serão outros estrangeiros. Não que isso seja um problema, mas é bom estar ciente.

Durban (Foto: Simisa, Wikimedia Commons)

Como funciona o Baz Bus

Você pode comprar o passe para um dos três trechos listados acima e fazer quantas paradas quiser ao longo foi caminho. depois, basta marcar a data em que você pegará o próximo ônibus e onde será a próxima parada.

Além do trecho, o preço varia de acordo com a duração do passe. Você pode comprar o passe para 7, 14 ou 21 dias. Também há uma versão sem prazo máximo, a Hop-On Hop-Of. Não há limite de tempo para você completar a viagem caso opte por esse passe. Se quiser, você pode parar nas 40 cidades por onde o Baz Bus passará.

Preços (Modalidade, Hop-On Hop-Of, sem data limite para acabar a viagem):

  • Cape Town – Port Elizabeth (o trecho mais curto) Somente ida: 2690 rands. Ida e volta: 3600 rands

  • Cape Town – Durban Somente ida: 5230 rands. Ida e volta: 7845 rands

  • Cape Town – Joanesburgo (o trecho mais longo) Somente ida: 6300 rands. Ida e volta: 9450 rands

Preços: (Modalidades com limite de tempo):

Você faz todo o percurso do ônibus, passando por 40 cidades e o equivalente ao trecho mais longo da modalidade anterior. Mas tem limite de tempo para completar a viagem: 7, 14 ou 21 dias. O passe de 7 dias custa 2900 rands, o de 14 dias custa 4700 rands e o de 21 dias custa 5800 rands.

Veja detalhes e saiba como comprar seu passe no site oficial. Também é possível fazer isso quando você chegar lá, em muitos hostels, hotéis ou no escritório do Bas Buz. Se você preferir suporte em português, pode fazer a reserva pelo Get Your Guide, plataforma líder no ramo do turismo. Basta escolher uma das modalidades abaixo. No site há diversas outras opções de passeios, ingressos e atividades para escolher.

 

Foto destacada: Joanesburgo, Dylan Harbour, Wikimédia Commons

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

  • Ola Rafael,
    O onibus só passa uma vez por dia em cada cidade? nao é possivel fazer o hop on hop off em varias cidadezinhas ao longo de um dia? nao acho que valha a pena passar 24 horas em cada uma das cidades da garden route..
    agora seu contato! Bjs

    • Oi, Marcela. Na época que eu fiz passava uma vez por dia só, mas pode ser que isso tenha mudado. O melhor é conferir no site da empresa. :)

  • Ola Rafael, tudo bem?
    sei que ja faz tempo este seu post, mas gostaria de saber se o Baz Bus roda 24hs, ou se existem horarios específicos?
    Desde já agradedeço,
    Abraços

  • Oi, Rafa! Será que você poderia informar o preço equivalente em reais, ou pelo menos em dólares, pra gente ter uma noção?

    • Oi Daniel,

      Eu recebi hoje um email com os valores deles atualizados e explicando tudo direitinho. Basta entrar no site e solicitar maiores informações que eles te responderão com todas as tarifas. Quanto aos precos em reais ou dólares, basta jogar no conversor do google mesmo.

  • Esse negócio do Baz Bus é muito legal. Tenho um professor irladês que me indicou isso e disse que é demais mesmo. Estarei na África do Sul em janeiro por 25 dias. Acho que vou aderir também. Só tenho uma dúvida: o preço do Baz Bus inclui apenas o transporte? Os hostels que ele para são caros? Fico imaginando de quanto teria que ser meu budget para 25 dias. Se você puder me dar uma ajuda nisso, serei eternamente grato!

  • Bem legal!! Ainda mais na África do Sul, onde o sistema de transporte está mais para Brasil do que para Europa... Já tinha ouvido falar de um ônibus desse tipo para mochileiros nas praias do Nordeste, mas faz tempo e nunca ouvi falar de ninguém que tenha usado e acho que já não existe mais... Mas acho que só parava no centrinho das cidades e não nos hostels - era nesse esquema hop on, hop off.

    • Um ônibus desses no nordeste seria incrível, Fernanda.

      Fiz esse mochilão pela África logo depois de um pelo nordeste. E fiquei pensando em como é difícil fazer isso no Brasil, principalmente para quem não fala português. Facilitaria a vida do estrangeiro.

      Abraço.

      • Acho que seria excelente no Brasil, mas seria muito difícil manter com os altos custos daqui e mantendo o negócio ativo em épocas de pouco movimento.

        • O Brasil está, aos poucos, entrando na onda mochileira, do viajante econômico. Quem sabe um dia a demanda não é maior.

          Abraço.

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Publicado por
Rafael Sette Câmara

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