O que fazer em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul? A resposta é simples: eu afrouxaria o cinto e prepararia espaço no estômago, sem peso na consciência pelo excesso de peso na balança. O melhor dessa viagem é comer bem.
Em Bento Gonçalves, não faltam restaurantes charmosos em casarões coloniais ou nos jardins de vinícolas centenárias. E ainda tem os vinhos, claro – são dezenas de vinícolas, algumas delas com cem anos de história para contar.
Embora o Vale do Vinhedos envolva também os municípios de Garibaldi – famoso pelos espumantes – e Monte Belo do Sul, neste texto falarei sobre Bento Gonçalves, capital turística do Vale e o onde está a maior parte das atrações.
Veja também: O que fazer no Vale dos Vinhedos: roteiro e onde ficar
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Não importa o quanto você goste desse tipo de passeio, é impossível visitar todos os vinhedos em poucos dias.
Eu misturaria tours por grandes vinícolas com passeios por empresas familiares. No primeiro grupo estão a Aurora, que fica no centro de Bento Gonçalves, a Casa Valduga e a Miolo. No segundo grupo estão a Dom Laurindo, a Larentis e a Torcello, mas a lista vai muito além dessas opções. Escolha a que combinar mais com você e curta a degustação.
Sobre esse assunto, não deixe de ler nosso guia de vinícolas no Vale dos Vinhedos.
Embora o foco deste texto seja Bento, quem está de carro chega em poucos minutos em Garibaldi, capital nacional dos espumantes. Eu estive lá durante uma manhã e achei a cidade simpática e com várias vinícolas no centro, a uma curta distância umas das outras.
Há passeios que levam até as vinícolas e resolvem a vida de quem está sem carro (ou sem motorista da rodada). O tour pelas vinícolas de Bento Gonçalves e Garibaldi dura oito outras, inclui transporte a partir do seu hotel e degustação de vinhos. Custa R$ 540. Detalhes e reservas aqui.
São dezenas de restaurantes em Bento Gonçalves, o que cria uma tarefa ingrata, já que você terá um número limitado de refeições por lá.
Eu testei quatro restaurantes e recomendo todos: Pizza entre Vinhos, Casa Vanni, Caldeira e Canta Maria. Para saber mais sobre esse assunto, não deixe de ler o texto onde comer em Bento Gonçalves.
Uma rota turística com 12 quilômetros e quase 50 lugares que merecem ser visitados. Depois dos vinhedos, os Caminhos de Pedra são a grande atração de Bento Gonçalves.
Imagine uma antiga estrada, chamada Linha Palmeiro, que durante décadas foi importante para o escoamento de mercadorias e circulação de pessoas. Mas, por conta da abertura de uma rodovia mais moderna e conectada com a capital, essa estrada caiu no esquecimento.
O que foi uma pena, já que ao longo da Linha Palmeiro se espalham várias casas coloniais, erguidas com pedra e madeira pelos imigrantes italianos que chegaram ali no final do século 19. Como eles não tinham dinheiro, usaram os materiais que a natureza da região oferecia de sobra.
Na década de 1990, a indústria turística redescobriu a rota e a antiga Linha Palmeiro entrou para o mapa turístico do Rio Grande do Sul, ganhando um nome cheio de pompa: Caminhos de Pedra.
Reserve um dia inteiro para conhecer a região, que recebe cerca de 350 mil turistas por ano. Coloque “Caminhos de Pedra” no GPS e comece a viagem – se você não estiver de carro, dá para contratar o transfer com agências de Bento, já que a área fica afastada da cidade, ou ir de bicicleta (prepare-se para pedalar bastante).
Uma boa alternativa para conhecer a região é fazer um tour guiado pelos Caminhos de Pedra. Esse passeio dura quatro horas, inclui ingressos de duas atrações e, o melhor, transporte, o que facilita a vida de quem está sem carro ou quer aproveitar para beber nas várias cantinas da região. Custa R$ 400 por pessoa. Reservas e detalhes aqui.
Outra opção é o tour da imigração italiana, que passa por várias atrações dos Caminhos de Pedra e inclui almoço típico. Dura oito horas, tem transporte e custa R$ 280. Reservas e detalhes aqui.
Agora, um breve resumo de alguns dos pontos turísticos dos Caminhos de Pedra:
O Parque Casa da Ovelha oferece experiências relacionadas à produção de lã e carne de ovelha, com demonstrações de ordenha e loja de produtos típicos.
Lá você pode dar mamadeira para alguns animais e acompanhar o pastoreio do rebanho, feito por cães da raça Border Collie, além de comprar queijos de ovelha. Foi uma de nossas paradas e recomendo.
Uma vinícola ao longo dos Caminhos de Pedra. É a típica parada para degustar vinhos e conhecer o processo de produção.
Como o nome indica, esse estabelecimento destaca a produção artesanal de massas, oferecendo produtos frescos e locais. Só a casa já vale a visita: tem paredes de madeira e o jeitão das residências coloniais. Pare lá nem que seja só para tirar uma foto.
Tem de tudo um pouco: tomates desidratados, molhos, extrato, geleia, sucos, pestos, cerveja, sorvete, chocolates e catchup. A Casa do Tomate também funciona numa residência linda, em estilo italiano. Ali também fica um restaurante.
Poucas coisas são mais gaúchas que o chimarrão. A Casa da Erva-Mate mergulha nessa tradição, com venda de artigos e produtos ligados à hora mais sagrada do Rio Grande do Sul. Por conta do jardim ao redor, essa é outra parada obrigatória para fotografias.
É uma vendinha no porão de uma antiga residência colonial. Por conta da localização, costuma ser a primeira parada de muita gente nessa rota.
Um casarão lindo, em estilo colonial e onde você pode conhecer e comprar peças confeccionadas em tear manual.
Cercada por araucárias, a Casa da Confecção é uma loja de roupas de fabricação própria. Ali você vai encontrar casacos, blusas, calças, gorros…
Os Caminhos de Pedra ainda contam com moinhos antigos, outras vinícolas, restaurantes (a Casa Vanni, que indiquei no tópico anterior, fica lá) e empórios. Para saber mais sobre isso, leia o texto Caminhos de Pedra: um passeio incrível na Serra Gaúcha.
O centro de Bento não tem a pompa de Gramado, Canela ou outras cidades da Rota Romântica, mas não deixa de ser interessante.
Num estado perito na arte de construir pórticos, o da entrada de Bento é uma pipa de vinho. Tive que parar lá – e olha que chovia no dia que cheguei na região.
Pórtico Pipa, na entrada de Bento Gonçalves
Dali, continue subindo a rua Silva Paes. À sua esquerda estará a Paróquia Matriz de Cristo Rei, que fica na Praça das Rosas, a principal da cidade.
À direita estará o Parque Epopeia Italiana, que conta a história da chegada dos imigrantes italianos ao Brasil e a colonização dessa parte da Serra Gaúcha. Falarei mais sobre essa atração no próximo tópico, já que essa é uma parada da Maria Fumaça.
A Cooperativa Aurora, que envolve mais de mil famílias da região e produz quase 40 milhões de litros de vinhos e sucos, fica no centro da cidade, na Rua Olavo Bilac, 500, e oferece tours guiados gratuitos.
Por fim, se você se hospedar no centro ou tiver tempo sobrando, vale dar uma passadinha na Praça Achyles Mincarone, onde os moradores fazem caminhada e tomam chimarrão.
Lá fica a Igreja São Bento, também em formato de pipa de vinho e decorada de forma a homenagear a região do Vale dos Vinhedos.
O Memorial do Imigrante também fica no centro da cidade, com um acervo que conta a história da imigração italiana em Bento Gonçalves.
Não deixe de incluir uma parada para compras na Queijaria Valbrenta, que fica numa casa simpática ao lado da Vinícola Vallontano, não muito longe da estação da Maria Fumaça. São várias opções de queijos, doces e embutidos, tudo produção artesanal.
Há um tour guiado com foco nas atrações do centro de Bento Gonçalves. O passeio dura quatro horas e custa R$ 150. É uma boa opção para conhecer a região e a história da imigração italiana. Detalhes e reservas aqui.
Também no centro, a 500 metros do pórtico, fica estação da Maria Fumaça, que faz a rota turística de 23 quilômetros entre Bento, Garibaldi e Carlos Barbosa. Ao longo do passeio há apresentações típicas – italianas e gaúchas -, degustação de vinhos e paisagens bonitas.
O ingresso da Maria Fumaça custa R$ 215 por pessoa, valor que inclui também a entrada no Parque Epopeia Italiana, que conta a história da chegada dos imigrantes italianos à região, destacando os desafios e as conquistas desse grupo para a formação da comunidade local.
Ali você pode vestir roupas típicas, provar produtos locais e também comer e beber, já que há vários restaurantes.
Reserve uma manhã ou uma tarde inteira para o passeio de Maria Fumaça (incluindo o parque). O passeio de Maria Fumaça em si leva uma hora e o retorno entre Carlos Barbosa e Bento é de ônibus (já incluso no ticket).
Quem quiser, pode apenas visitar o parque, já que a entrada dele é praticamente ao lado da estação da Maria Fumaça. A entrada custa R$ 50 e pode ser adquirida online.
É possível comprar combos. O ingresso do trem Maria Fumaça e o do parque temático Epopeia Italiana podem ser combinados com uma visita à Vinícola Garibaldi, com degustação. Esse passeio custa R$ 460. Detalhes e reservas aqui.
Também dá para combinar Maria Fumaça, Epopeia Italiana e a vindima de uma vinícola, que é a participação na colheita das uvas. Verifique a disponibilidade desse passeio, que é sazonal, aqui.
Quem prefere passeios mais radicais pode fazer rafting no Rio das Antas, que tem 13 quilômetros de corredeiras, ou trilhas, passeios de jipe, tirolesa e escalada no Vale das Antas. Agências de turismo locais oferecem vários pacotes para esse estilo de viajante.
Outra opção mais aventureira é o tour de quadriciclo pelo Vale dos Vinhedos. Você vai dirigir um desses veículos no meio das paisagens e vinhedos da Serra Gaúcha. Custa R$ 200 por pessoa. Detalhes aqui.
Tirando o óbvio problema de beber e dirigir, para o qual a única saída é ter um motorista da rodada, não tenho dúvidas que ir de carro é, de longe, a melhor opção.
Se você descer em Porto Alegre, alugue um carro ainda no aeroporto e siga viagem. Outra vantagem do veículo é que você pode unir com facilidade o Vale dos Vinhedos com Gramado e Canela, que estão a poucas horas de estrada dali.
Nesse texto aqui explicamos como garantir a diária do veículo com melhor custo/benefício.
Se for sem o carro, a solução é contratar passeios para as vinícolas que incluam transfer. Há vários deles citados ao longo desse texto – espere gastar entre R$ 350 e R$ 500 por pessoa.
Fique pelo menos duas noites para poder aproveitar não apenas Bento Gonçalves, mas as outras atrações da região. Se tiver mais tempo, não tenha medo de gastar por lá. Três dias é o tempo mínimo ideal.
Muita gente também conhece Bento Gonçalves e o Vale dos Vinhedos num bate-volta a partir de Gramado. Não é o ideal, mas dá para fazer. São 114 km, distância que pode ser percorrida em 2h30 de estrada.
Montar um roteiro de 3 dias por Bento Gonçalves é simples. Olha só:
Dia 1: Chegue em Bento e passe a manhã no Centro Histórico, visitando a Praça Via Del Vino e a Igreja Cristo Rei. À tarde, siga para a estação e faça o passeio de Maria Fumaça, com direito a conhecer o Parque Epopeia Italiana. À noite, jante em um dos muitos restaurantes italianos no centro de Bento Gonçalves.
Dia 2: Dedique esse dia aos Caminhos de Pedra e seus atrativos. Almoce numa das cantinas italianas na região. A janta também pode ser por lá.
Dia 3: É hora de conhecer vinícolas. Escolha três ou quatro e passe o dia entre degustações de vinhos.
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Estive recentemente no Vale dos Vinhedos e fiquei impressionado com a quantidade de lugares para visitar, entre vinícolas, restaurantes e recantos muito lindos.
É uma região lindíssima, Jair.
Abraço.
Boa noite!
Amei as dicas. Gostaria de tirar uma dúvida, irei fazer o passeio da Maria Fumaça, e gostaria de conhecer a Igreja de São Bento - Bento Gonçalves. Tem no roteiro? Qual a dica de vocês?
Obrigada.
Você vai ficar em Bento, Lucicleide?
A igreja fica relativamente perto da estação de trem. São 5 minutinhos de carro ou 20 a pé. Dá para passar lá por conta própria, nem que tenha que pegar um táxi.
Abraço.