O que fazer em Berat, Albânia: a cidade das mil janelas

Entre a vibração de Tirana e as praias no sul da Albânia estava Berat. Essa é daquelas cidades que é difícil achar quem não goste: pequenininha, charmosa e histórica. Tem o título de “A cidade das mil janelas” e, junto com a vizinha Gjirokastra, é Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. O motivo é simples: o centro histórico de Berat coloca a cidade na lista das mais antigas continuamente habitadas do mundo.

O resultado é um conjunto de casinhas fofas na encosta de montanhas, cortadas pelo rio Osumit, e uma fortaleza bizantina no topo. O governo albanês considera Berat uma cidade-museu. As tais mil janelas representam muito bem a tradição de residências nos Bálcãs durante o período de dominação otomano, cujas janelas, todas voltadas para o lado do rio, representam uma busca por mais luz do sol ao longo do dia. Em Berat, essas casas eram habitadas por mercadores e artesãos.

Leia também: O que fazer em Tirana, a capital da Albânia

São três os distritos históricos da cidade: Gorica, Mangalem e Kala. Basicamente, mais do qualquer ponto turístico, a atração de Berat é exatamente caminhar pela cidade-museu e apreciar as vielas, casas e vistas. Um dia de passeio é suficiente para ver tudo a pé, tranquilamente. Dá para ficar mais, se você gosta de passar mais tempo apreciando esse tipo de cidade fofinha e se quiser completar o passeio e ir até Gjirokastra.

O que fazer em Berat em um dia

O bairro de Mangalem, principal cartão-postal da cidade, fica abaixo do castelo e tradicionalmente é habitado pela população muçulmana. As casas tem dois andares, sendo o segundo o mais importante, com as belas janelas decoradas de madeira.

Já Gorica é o distrito que fica do outro lado do rio, habitado pela minoria cristã ortodoxa. Ali também existiu um castelo, do qual hoje só restam poucas ruínas. A ponte de Gorica é de pedra. Sua primeira versão, em madeira, foi construída em 1780. No séculos seguintes, foi sendo coberta de pedras para a preservação.

Por fim, Kala representa a área da fortaleza bizantina, do século 13, mas que é continuamente habitada desde o século 4 a.C. Para chegar no distrito de Kala e visitar a fortaleza e suas casinhas de pedra é necessário subir longos 1000 metros morro acima.

Se você, como eu, for no verão, aconselho a levar bastante água e esperar o final do dia, lá pras 18h, quando o calor abranda. Até porque, no fim das contas, vai dar para ver o pôr do sol lá de cima.

O início da subida! Para piorar, as pedras são escorregadias para caramba

Na parte nova de Berat, vale pena circular pelo Boulevard Republika, bem movimentado e com vários bares, restaurantes e cafés. Ali também fica uma praça com muitas árvores, tudo em frente ao rio e bastante agradável.

Existem dois museus na cidade, que ficam em Kala. Eu preferi não visitar. O “Onufri”, Museu Nacional de Ícones, trás uma coleção de desenhos em madeira que decoravam igrejas no período bizantino e fica dentro de uma igreja, a Catedral de Santa Maria. Já o Museu Etnográfico existe desde o século 18, mostra como era uma casa típica daquele período.

Também existem diversas igrejas ortodoxas e mesquitas em Berat, no centro histórico e dentro da área fortificada do castelo. Algumas delas estão abertas para visitação e outras não. A mais antiga é a Igreja de Santa Maria Vlaherna, do século 13, e ainda tem alguns afrescos originais. Em Gorica, ficam o Monastério do Santo Spiridon e a Igreja Ortodoxa de São Tomas, ambos do século 18 e abertos ao público gratuitamente. Essa última foi a única igreja que eu entrei, tem algumas pinturas e afrescos bem conservados, mas o local foi destruído durante o regime comunista.

Em Mangalem você encontra a Mesquita Bachelor, de 1827, cuja fachada é pintada com cenas da cidade. E a Igreja de São Michael, do século 13, que fica bem no topo de uma pedra, é linda, mas não fica aberta.

Onde ficar em Berat: dicas de hospedagem

Eu cheguei em Berat por volta das 10h da manhã, passei o dia, dormi lá e no dia seguinte segui para a região das praias na Albânia. Foi o suficiente para visitar a cidade e não foi nada corrido. Vale a pena dormir lá exatamente por isso: o transporte na Albânia é bastante confuso e a ideia de chegar e sair no mesmo dia é terrível. Além disso, vale a pena ficar uma noite ali se você for visitar Gjirokastra também.

Eu fiquei numa pousada bastante simpática, a Guesthouse Niko, na parte nova da cidade. Os donos albaneses mal falam uma palavra de inglês, mas são a simpatia em pessoa(s) e fazem um café da manhã muito farto. Aluguei um quarto duplo privado, com banheiro. Era simples, mas a casa é nova, o ar-condicionado era novo e bom (e muito necessário). Custou 20 euros.

Apesar de ter gostado da minha opção por conta da economia e praticidade, confesso que se voltasse a Berat ficaria hospedada em Mangalem ou Gorica. Acredito que é uma experiência bem mais interessante ficar ali, nos bairros históricos, em uma casa histórica. Tenha em mente, porém, que carros não circulam nas ruelas e você terá que subir com mala. Veja todas as opções de hospedagem nessa área

Aliás, a subida é o motivo pelo qual desaconselho completamente ficar na área do castelo. A não ser que você anime de pagar um táxi ou for muito fitness, vai ser um pesadelo ter que subir e descer aquele morro mais de uma vez.

Como chegar em Berat e como se locomover por lá?

A melhor forma de se locomover em Berat é a pé, até porque dentro dos bairros históricos é proibida a circulação de veículos. Porém, a rodoviária fica fora dessa área central da cidade. Para chegar ou sair de lá, há duas opções: você pode pegar um ônibus, que custa 30 lekes (€0,20) e em cerca de 30 minutos chega no centro. Ou pode ir de táxi, essa opção custará uns 400 lekes (€3,00).

Da rodoviária de Berat, chegam e partem várias vans com diversos destinos dentro da Albânia. Ou seja, é fácil ir para a capital Tirana ou para as praias da riviera Albanesa. Também existem algumas opções de ônibus internacionais para cidades da Macedônia, Grécia, Kosovo e Montenegro.

Dica de restaurante em Berat, Albânia

Seguinte, essa dica é mais um alerta: Berat decepciona no quesito comida. Pelo menos na minha experiência, a tarefa de sentar num lugar que parecia bonitinho revelou-se um pesadelo. As refeições que comi por lá eram claramente congeladas e esquentadas no micro-ondas. A dica, então, é lembrar de reservar um dos três restaurantes que tem boas avaliações no TripAdvisor.

Eu não sabia disso e na hora do almoço tentei ir ao Home-Made Food Lili, dizem que o melhor da cidade, com preços camaradas, mas eles já estavam com todas as mesas reservadas para o almoço e a janta! O mesmo aconteceu com Restaurant Mangalemi e o Antigoni. Enfim, se você não quiser ter decepções alimentares, convém tentar reservar.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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