12 lugares em Berlim sobre a história do nazismo e da Segunda Guerra

Berlim é uma cidade que tem história para todos os lados. Boa parte dos acontecimentos do século 20 tiveram relação com a Alemanha e, consequentemente, com a sua capital. Além de conseguir se reerguer diante de todos os terrores que passou, a cidade tem o cuidado de relembrar sua história em memoriais, museus e homenagens àqueles que sofreram com os conflitos que o país viveu. Para o turista que visita Berlim, isso é um prato cheio para passeios com informações históricas e culturais ricas. E, claro, quem vai para lá quer conhecer a Berlim da Segunda Guerra Mundial, aquela que era dominada pelos nazistas, capital do Terceiro Reich (em alemão, reich significa reino – apesar de que a República de Weimar e a Alemanha Nazista não eram monarquias).

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Organizamos neste post uma lista de pontos turísticos e memoriais de Berlim que relembram a terrível história do nazismo e da Segunda Guerra Mundial na cidade.

12 lugares em Berlim sobre a história do nazismo e da Segunda Guerra

  • Reichstag

Platz der Republik 1


O Reichstag é o Parlamento Alemão. Em fevereiro de 1933, depois de conseguir orquestrar sua subida ao poder como Chanceler da Alemanha, Adolf Hitler planejou um incêndio no Reichstag e colocou a culpa num holandês comunista. Isso foi a desculpa perfeita para inflamar o medo de uma revolução comunista na população e justificar a prisão de socialistas em todo o país, que foram enviados para Dachau. Em julho do mesmo ano, o partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães eliminou toda a oposição e tornou-se o partido único do país. Durante todo o regime nazista, o Reichstag se reuniu poucas vezes e não tinha nenhum poder.

O prédio foi muito danificado com o incêndio e, posteriormente, durante a guerra. Ele foi restaurado entre 1961 e 1971, mas com um desenho mais simples. O formato que o prédio tem hoje, com a cúpula de vidro que fica acima da sala do plenário, só ocorreu nos anos 1990. Saiba tudo sobre como é a visita ao Parlamento Alemão e como fazer a reserva obrigatória antes de ir. 

  • Memorial do Holocausto (Holocaust-Mahnmal)

Cora-Berliner-Straße 1

Esse memorial, também conhecido como Memorial aos Judeus Mortos da Europa, é uma grande obra de arte que ocupa um quarteirão inteiro, dedicada aos cerca de 6 milhões de judeus mortos pelo nazismo durante a Segunda Guerra. São 2.711 pilares de diferentes alturas que criam um labirinto de concreto de 19 mil metros quadrados, no centro da cidade. No subsolo há um centro de informações com homenagens aos nomes conhecidos das vítimas do Holocausto.
  • Stolpersteine

Stolpersteine, em português, significa mais ou menos “pedra de tropeço”. É um projeto do artista berlinense Gunter Demnig, que criou memoriais para vítimas conhecidas do nazismo: pedras cúbicas com uma chapa com inscrição sobre a vítima e como ela sofreu, fixada na calçada em frente a antiga moradia da pessoa. O projeto começou clandestinamente em Berlim, em 1995 (a ideia vem da cidade de Colônia, em 1993). No site oficial do projeto há um mapa com a localização de todas as pedras.

  • Bunker do Hitler (Führerbunker)

Esquina da Gertrud-Kolmar-Straße com In den Ministergärten

O bunker (complexo subterrâneo) onde Hitler passou suas últimas semanas e se suicidou não pode ser visitado. Ele foi completamente destruído pelos soviéticos, que temiam que ali se tornasse um lugar de peregrinação para homenagear o líder nazista. Além de destruir o local (na verdade, a demolição só ocorreu em 1988, com a queda do muro), eles também transformaram as redondezas com uma paisagem completamente ordinária. Se você passar por ali sem informação, jamais perceberia que cinco metros abaixo daquele estacionamento comum ficava o tal Bunker.

Hitler se mudou para lá em janeiro de 1945, quando a guerra entrava numa situação crítica para os alemães, com o avanço das tropas aliadas pelo território germânico. Em abril, ele teve um colapso nervoso, frustrado com seus próprios generais, e declarou que a guerra estava perdida.

Foi ali que Hitler se casou com Eva Braum, no dia 29 de abril de 1945, quando os soviéticos avançavam por Berlim. Em 30 de abril, ele atirou na própria cabeça. Já sua esposa tomou cianeto. Os corpos deles ficaram sob posse dos soviéticos e mudaram de lugar várias vezes, até serem cremados, em 1970.

  • Berlim Subterrânea (Berliner Unterwelten)

Brunnenstrasse 105

É possível visitar um abrigo antiaéreo que foi utilizado durante a Segunda Guerra Mundial e também fazer um tour por uma das torres construídas pelos Nazistas: uma das únicas que não foi destruída na cidade. A Berlner Unterwelten, ou seja, Berliner Unterwelten é uma associação que faz tours guiados em inglês, espanhol ou alemão por esses espaços subterrâneos de Berlim. Eu escrevi sobre o tour e o que aprendi sobre a vida num bunker nesse post aqui. Não é preciso reservar com antecedência, mas vale a pena chegar com uns 15 minutos de antecedência antes do horário do passeio que você escolher. O valor dos passeios é de €12 a €15.

  • Nova Sinagoga (Neue Synagoge)

Oranienburger Strasse 28-30

Inaugurada em 1866 para servir à comunidade judaica em Berlim, a Nova Sinagoga era uma construção linda. Esse era o maior edifício judeu na Alemanha, com mais de 3 mil lugares. Na noite do dia 9 de novembro de 1938, ocorreu um triste evento, conhecido como Noite dos Cristais: sob ordens de Hitler e Heydrich, foram organizados ataques a lojas de judeus e sinagogas, o que resultou na morte de 91 judeus, além da prisão de mais de 25 mil pessoas, que foram enviadas aos campos de concentração.

Na ação nazista, 7500 lojas e 267 sinagogas foram completamente destruídas. Uma delas foi a Nova Sinagoga. Mesmo com a destruição, o prédio continuou a ser utilizado até 1940, quando foi definitivamente confiscado pelos nazistas. Durante os bombardeios da Segunda Guerra, a Sinagoga foi ainda mais danificada e só foi reconstruída após a queda do muro. O prédio hoje funciona como museu.

  • Topografia dos Terrores (Topographie des Terrors)

Niederkirchnerstraße 8

No endereço onde fica a exposição Topografia dos Terrores funcionava o mais importante aparato de repressão nazista: o quartel general da Gestapo, a polícia secreta, e da SS (Schutzstaffel), o esquadrão paramilitar. Ambas as forças foram responsáveis pelos principais crimes nazistas. No prédio, além da parte administrativa, também ficavam celas.

O lugar foi bastante destruído durante os bombardeios de 1945 e hoje funciona como museu, com documentos e fotografias que explicam a ascensão nazista ao poder, assim como seus crimes. Confira os horários de funcionamento. Entrada gratuita.

  • Casa da Conferência de Wannsee (Haus der Wannsee-Konferenz)

Am Grossen Wannsee 56-58

No dia 20 de Janeiro de 1942, várias lideranças nazistas se reuniram no palacete de Wannsee para discutir a “solução final” para a questão judaica. O holocausto já ocorria nessa época, o objetivo da reunião era discutir como, de uma vez por todas, institucionalizar a expulsão dos judeus da vida do povo alemão.

Ele calcularam que existiam aproximadamente 11 milhões de judeus na Europa e queriam encontrar os melhores métodos para deportá-los para o leste europeu ou para exterminá-los. Muitos documentos dessa reunião foram encontrados intactos pelos aliados e acabaram sendo usados nos Julgamentos de Nuremberg.

Hoje, o palacete é aberto ao público como museu e memorial. A exposição aborda a perseguição aos judeus e traz documentos sobre a reunião nazista que estendeu o genocídio a quase todo o continente.

  • Memorial dos Livros Queimados

Bebelplatz 1

 

Na praça Bebelplatz, em frente à Universidade Humboldt, fica um memorial meio escondido. Se você olhar com cuidado para o chão dessa praça, vai identificar placas de vidro que permitem ver uma sala cheia de prateleiras vazias. Chamada “Biblioteca”, é uma obra de arte de um artista israelense chamado Micha Ullman.

Nessa biblioteca subterrânea poderiam ser guardados cerca de 20 mil livros, uma lembrança para a mesma quantidade de livros que foram queimados, na mesma praça, pelos nazistas, no dia 10 de maio de 1933. Tais obras, de autores como Freud, Marx e Rosa Luxemburg, eram contrárias à ideologia nazista.  Próxima às placas de vidro, encontra-se uma inscrição em bronze com a seguinte frase:  “Aquilo foi somente um prelúdio; onde se queimam livros, queimam-se no final também pessoas”, Heinrich Heine, 1820.

  • Nova Casa da Guarda (Neue Wache)

Unter den Linden, 4

Um prédio imponente, construído em 1818 para servir como casa da guarda da realeza. Esse é o Neue Wache, que já serviu como memorial para soldados que morreram durante a guerra contra Napoleão e como memorial para os mortos na Primeira Guerra Mundial.

Foi bastante destruído durante a Segunda Guerra e somente com a reunificação ganhou a função que tem hoje: Memorial Central da República Federal da Alemanha para as Vítimas da Guerra e da Tirania. O interior do prédio é todo vazio, com uma estátua no centro, chamada Mãe com seu filho morto, uma cópia ampliada da artista Käthe Kollwitz (imagem destacada do post). No teto, há um buraco bem acima da escultura, deixando a obra exposta a sol, frio, chuva e neve.

  • Prisão SA Papestrasse (SA Prison Papestrasse)

Werner-Voß-Damm, 54

A SA (Sturmabteilung) foi uma milícia paramilitar do governo nazista, da qual derivou a SS. A SA acabou sendo desmantelada pelo próprio Hitler por problemas com o líder da milícia. A antiga prisão da SA, no subsolo da Papestrasse, só foi descoberta em meados dos anos 1990. Esse é um dos únicos locais históricos do início do terror nazista onde ainda pode-se encontrar traços do ano de 1933.

O local, que originalmente era utilizado pelos serviços ferroviários da Prússia, foi transformado numa espécie de campo de concentração pela SA, onde eles prendiam, interrogavam e torturavam oponentes políticos, judeus e outros grupos perseguidos pelos nazistas. Atualmente, sabe-se o nome de aproximadamente 500 pessoas que foram presas em Papestrasse.

As celas ainda se encontram nas condições originais, com desenhos e datas escritas pelos prisioneiros nas paredes. Desde março de 2013 o local funciona como museu e memorial. Veja os horários de funcionamento. Entrada gratuita.

  • Sachsenhausen

 

Dedicamos um post inteiro à Sachsenhausen, o campo de concentração que fica nas adjacências de Berlim. Era ali que ficava o centro administrativo dos campos de concentração da Alemanha Nazista, além do centro de treinamento para os soldados nazistas antes de irem servir em outros campos. Sachsenhausen foi construído em 1936 e recebeu presos políticos, judeus, gays, ciganos e Testemunhas de Jeová. Cerca de 200 mil prisioneiros morreram ali.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • Boa noite,

    Sim, eu de novo! O Rafael ja me conhece um pouco (rs), mas juro que desta não tenho nenhuma critica...

    Estou indo a Alemanha pela primeira vez. Ha dois anos estive em AMS e senti muita dificuldade para entender o inglês falado por la, tentei como alternativa os passeios da Sandman em espanhol e a situação piorou... Resumindo, imagino que em Berlim a situação vai se repetir (dou gargalhadas imaginando ouvir inglês falado com a presença do forte sotaque alemão), então procuro dicas de walking tour em Português a um preço camarada. Os mais baratos que encontrei estavam na casa dos 75 euros/pessoa sem IVA!!

    Grato,

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Luiza Antunes

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