Talvez você não saiba, mas Bruges, na Bélgica, foi um dos primeiros destinos turísticos do mundo. Com um centro histórico medieval muito preservado, que é Patrimônio da Humanidade segundo a UNESCO, Bruges é uma cidade que fica na costa norte da Bélgica e que sobreviveu intacta a duas invasões alemãs durante as guerras mundiais. Desde o século 19, seus encantos atraem visitantes estrangeiros. Neste texto, vocês encontram um guia completo de Bruges: um roteiro do que fazer na cidade em um dia ou mais, dicas de como chegar, onde comprar suvenires, onde ficar e muito mais.
Hoje, a cidade, que é cortada por canais, vive principalmente do turismo. Durante o dia, suas ruelas ficam abarrotadas de gente, encantadas com as casinhas coloridas que formam seu cartão-postal. Isso talvez seja o motivo para que algumas pessoas sejam críticas com Bruges: tamanho fluxo de turistas dá à cidade um quê de “parque temático”, como se tudo fosse feito só para os visitantes.
Mas saiba que, apesar do bom estado de conservação, você está visitando um local que desde o século 12 foi uma importante rota de comércio na Europa, que movia não só mercadorias como tecidos e especiarias, mas também tornou-se uma potência financeira, com direito até a uma sucursal do Banco dos Médicis (aquela família de Florença). Todo esse poderio começou a declinar por volta de 1500, quando o canal natural que ligava a cidade ao mar começou a passar por um processo de assoreamento. Outras cidades belgas tomaram o lugar de Bruges no comércio, e foi essa falta de sucesso econômico que acabou garantindo que o centro medieval ficasse intacto.
Curiosamente, uma das perguntas que você mais encontra envolvendo quem vai para Bélgica é a decisão do que visitar: Bruges ou Bruxelas? Bruges ou Ghent? Todas? Quantos dias ficar em cada uma?
Veja bem, Bruxelas é uma cidade enorme e com diversas atrações. Já Bruges e Ghent são menores. Bruges é a menor das três, que tem mais cara de conto de fadas. São diversos canais e casinhas coloridas e muitos turistas circulando pelas ruelas e pontes no centro histórico. Tem quem ame e quem não curta muito.
Um dia em Bruges é o suficiente para você ver toda a cidade. Mas passar uma noite lá garante que você sinta como é ter a cidade “só para você”, pois quando o dia vai chegando ao fim, a maioria dos turistas vai embora. E ainda garante que você veja as praças iluminadas, depois do pôr do sol.
Então, a decisão depende do seu estilo de viagem. Para mim, o ideal é no mínimo dois dias inteiros em Bruxelas, um dia em Bruges e um dia em Ghent. Mas talvez para você faça mais sentido ficar só um dia em Bruxelas e ver o geralzão da cidade e ficar dois dias em Bruges. Ou, ainda, se você preferir uma cidade fofinha menor, mas menos turística, optar por dois dias em Ghent, um em Bruges e um em Bruxelas. Qualquer que seja sua escolha, muitos chocolates, batatas-fritas, cervejas e waffles estarão no seu caminho.
A lista de atrações acima foi pensada na ordem de visita, para quem chega de ônibus ou trem e vai caminhar em direção ao centro. Da estação de trem até o Parque Minnewater é uma curta caminhada, que te leva por bosques, pontes e uma antiga Torre da Pólvora.
Na saída do parque, você vai passar pela área chamada Sashuis, excelente para tirar fotos, onde cisnes descansam tranquilamente.
Dali, entre para visitar o Monastério das Beguinas (Begijnhof). Esse local, desde 1240 recebia mulheres beatas, que desejavam viver uma vida monástica, mas sem realizar votos religiosos. As casinhas brancas que circundam o jardim deixaram de ser ocupadas pelas beguinas mais ou menos na época da revolução francesa. E desde 1927 o local é um convento da ordem Beneditina. Dessa forma, para visitar o lindo jardim é necessário fazer silêncio.
A próxima parada fica na fofa praça Walplein: a cervejaria De Halve Maan. A cerveja existe desde 1564 e a fábrica pertence à mesma família desde o século 19. Eles produzem três marcas de cerveja: a Brugse Zot, a Straffe Hendrik e a Blanche de Bruges. É possível visitar a fábrica por 12 euros: os tours, que duram 45 minutos e incluem degustação, acontecem diariamente, às 11h e às 16h, em inglês, holandês e francês. No sábado há um tour extra às 17h.
É um pulo até a Igreja de Nossa Senhora (Onze Lieve Vrouw Brugge). O templo gótico é do século 13 e tem uma torre de 115,6 metros, que é a segunda maior torre de tijolos do mundo. Dentro da igreja, no altar, fica uma escultura da Madonna com uma Criança, de Michelangelo e que provavelmente foi esculpida para a catedral de Siena, mas foi comprada por dois mercadores de Bruges em 1514. Essa é a única estátua do artista fora da Itália. Uma curiosidade é que a estátua foi por duas vezes roubada por estrangeiros, durante as ocupações da Revolução Francesa e da Alemanha Nazista, sendo recuperada depois. A entrada na igreja custa seis euros.
Independente da sua decisão de entrar ou não na igreja, dê a volta pelos fundos do templo. Ali, um beco te leva a uma vista incrível dos canais, as casinhas medievais e a ponte Bonifacius. Não se engane pela aparência antiga: essa ponte de pedra é uma das mais novas de Bruges, do século 20. Você só vai conseguir tirar uma boa foto dessa ponte se chegar muito cedo ou bem mais tarde. Fora isso, será um fluxo enorme de turistas.
Seguindo pela ponte você chega na entrada do Museu Groeninge, que possui uma vasta coleção de trabalhos flamengos que vão do século 18 até obras de arte moderna. A entrada custa 12 euros.
A próxima parada é o coração de Bruges, a praça Markt. A primeira coisa que você vai reparar é a Belfry, a enorme torre, de 83 metros de altura. O edifício era usado para que os navios descarregassem suas mercadorias e a praça era o local onde funcionava o mercado, desde 985 – daí o nome. Atualmente, o mercado acontece todas as quartas-feiras: ou seja, esse é um bom dia para planejar sua ida a Bruges.
É possível subir os 366 degraus até o topo da torre, onde também fica o carillon, uma espécie de instrumento musical com 47 sinos, além de uma vista bonita da cidade e arredores. A entrada custa 10 euros.
Também é na praça Markt que ficam aquelas casinhas coloridas que são o cartão-postal de Bruges, e as carruagens que fazem passeios pela cidade.
Basta caminhar poucos metros para chegar em outra praça, a Burg. Essa é uma das partes mais antigas da cidade e foi ali que o conde de Flandres escolheu para construir seu castelo, no século 9. Não há mais resquícios dessa construção, mas a praça continuou sendo o centro político e religioso de Bruges. É que ali está o impressionante prédio da prefeitura, uma construção gótica de 1376. Ao lado, fica o edifício onde funcionava a antiga corte de justiça. Entre os prédios está uma passagem que leva ao velho mercado de peixe de Bruges.
Do outro lado da praça, um pequeno prédio pode passar despercebido. Trata-se da Basílica do Sangue Sagrado. Na parte inferior, uma igreja bem antiga, austera, toda em pedra. Subindo as escadas, você chega numa igreja de madeira, toda pintada de forma colorida. Ali fica uma relíquia que Bruges conquistou durante as Cruzadas: um vidrinho guarda um pedaço de pano que dizem conter o sangue de Jesus, limpado do corpo de Cristo por José de Arimateia. A entrada na igreja é gratuita. A relíquia fica exposta ao público apenas entre 11h30 e 12h e 14h e 16h.
Depois de ver tudo isso, você pode optar por fazer um passeio de barco ou caminhar na beira dos canais. Para quem quer fazer o passeio, há diversas empresas que fazem o tour, que leva cerca de 45 minutos pelas vias d’água e custa 10 euros.
Para quem curte uma caminhada pitoresca, a beira do canal Groenerei é particularmente charmosa.
Há trens que partem a cada meia hora de Bruxelas em direção à Bruges – 100 km separam as cidades. A viagem leva uma hora e custa – na tarifa normal – €14,10 (ou €28,20, ida e volta). Nos finais de semana, há uma tarifa especial com 50% de desconto. Assim, o bilhete fica por €15,10 ida e volta (não tem promoção só para um trecho). Pessoas com menos de 26 anos ou com mais de 65 também pagam bem mais barato, em qualquer dia da semana.
Outra opção econômica é ir de ônibus. A Flixbus faz o trecho entre Bruges e Bruxelas. A viagem leva 1h30, mais ou menos, e custa a partir de €4,99. Os horários variam de acordo com o dia da semana. Também é possível ir com a Blablacar, o aplicativo de carona, por a partir de seis euros o trecho
No site da Omio é possível comparar as três opções e decidir a melhor para você. Saiba como.
Ainda, há a opção de alugar um carro e circular por diversas cidades belgas. O valor do aluguel varia de acordo com a temporada e a antecedência que você fizer a reserva. Você pode checar nossas dicas de como alugar carro na Europa mais barato. Lembre-se de que não vale a pena circular pelo centro histórico de Bruges de carro e será necessário deixar o veículo na parte de fora, onde há estacionamentos apropriados para isso.
Bruges é uma cidade relativamente pequena. A dica é ficar no centro histórico, ou ao menos no entorno dele. Afinal, é ali que você vai conseguir aproveitar o clima de conto de fadas que a cidade tem para oferecer. Segue abaixo uma lista de excelentes acomodações, que escolhemos a dedo, do mais econômico ao mais luxuoso, para todos os perfis de viajantes:
Você também pode conferir as diversas opções de hospedagem em Bruges diretamente no mapa:
Não faltam em Bruges lojinhas que vendem chocolates, cervejas belgas e suvenires de todos os tipos. Os links indicados levam para a localização das lojas no Google Maps.
Para quem quer comprar uma boa cerveja belga, além da fábrica da De Halve Maan, também visitamos algumas lojas com centenas de garrafas. A The Bottle Shop é uma excelente opção tanto pela qualidade, quanto pelos preços. A 2be Beerwall também é uma boa alternativa para compras, porque vende diversos presentinhos e suvenires, além das garrafas, e conta com um bar bastante animado, com vista para o canal.
Há dois endereços muito bem avaliados em Bruges pra comprar chocolate: a loja Olivier’s Chocolate Shop & Bar e a Jean de Bruges (que também vende cerveja de chocolate e outros tipos de suvenires). Além disso, as marcas belgas mais famosas e elegantes têm lojas em Bruges, todas no entorno na Praça Mark. Procure por Neuhaus, Godiva, Pierre Marcollini ou Leonidas.
Por fim, ao lado da Igreja do Sangue Sagrado (foto acima) fica um centro comercial com boas opções de cervejas e chocolates. Chama-se Ter Steeghere: o local tem três andares e conta com lojinhas, cafés e restaurantes.
A última dica do tópico anterior é a primeira de onde comer em Bruges. Boa parte do grupo que estava viajando comigo almoçou no Ter Steeghere – e voltamos falando maravilhas da lasanha e da pizza de lá. O menu, com sopa, custou 12 euros, o que é um preço muito bom para a Bélgica.
Eu e meu namorado preferimos comer uma coisa mais tradicional belga, ou seja, batata frita. Mas como não encontramos nenhuma barraquinha aberta no domingo, fomos comer no The Potato Bar e foi uma experiência muito boa.
Com um ambiente bastante agradável, eles vendem diferentes opções de porções de batata frita, que dá para combinar entre tamanho e acompanhamentos dos mais simples aos mais elaborados. A casa também serve hambúrgueres e saladas.
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