Cachoeira Santa Bárbara, joia da Chapada dos Veadeiros

Vale cada metro caminhado e cada quilômetro que você dirigir para chegar até lá. A Cachoeira Santa Bárbara é aquele tipo de lugar que faz a Chapada dos Veadeiros famosa – já foi apontada diversas vezes como a cachoeira mais bonita do Brasil.

E com razão. Imagine uma queda d’água de 30 metros, cercada de mata nativa e que forma uma piscina natural de cor surreal: meio verde, meio esmeralda, meio cor de fotografia saturada no Photoshop. A Cachoeira Santa Bárbara impressiona por várias razões, mas a cor da água, principalmente na época da seca, que vai de maio a outubro, é o diferencial.

Veja também: Chapada dos Veadeiros, em Goiás: como ir, o que fazer e outras dicas

Onde ficar na Chapada dos Veadeiros, em Goiás

Catarata dos Couros: beleza na Chapada dos Veadeiros

Vale da Lua, cartão-postal da Chapada dos Veadeiros

Mas vamos por partes, né? Antes de mais nada, é preciso aprender a chegar lá. Santa Bárbara, para muitos a maior das atrações da Chapada dos Veadeiros, fica num povoado de Cavalcante, cidade de nove mil habitantes a 345 km de Brasília. Por isso, não cometa o erro de se hospedar apenas em Alto Paraíso de Goiás: o ideal é dividir as bases, ficando alguns dias nessa cidade e outros em Cavalcante.

Se isso não for possível, saia cedo do hotel, pois Cavalcante está a cerca de 90 km de Alto Paraíso de Goiás. Ao chegar na cidade, procure o Centro de Atendimento ao Turista, que fica na praça principal de Cavalcante, e contrate um guia para te levar até a Santa Bárbara. E note que vocês precisarão ir de carro, ou no seu ou combinando com outros grupos de turistas, o que não é garantido que ocorra. Do centro de Cavalcante até o começo da trilha que vai para a cachoeira são outros 20 km. Recomendo a leitura do texto em que explicamos como alugar um carro com o melhor custo/benefício. O veículo é um facilitador também para quase todos os outros atrativos da Chapada.

A Cachoeira de Santa Bárbara fica dentro da área de proteção do Quilombo Kalunga, onde vivem descendentes de um dos maiores quilombos do Centro-Oeste. Habitada há 200 anos, atualmente a área tem cerca de dois mil moradores – a maioria deles vive na comunidade quilombola de Engenho II, onde está a entrada da trilha para a Cachoeira Santa Bárbara.

Ao chegar lá, há um posto de atendimento ao turista, onde é preciso pagar a taxa de entrada na cachoeira, que é de R$ 10 por pessoa. Além disso, não é possível visitar Santa Bárbara sem guia. Você pode contratar o serviço no Engenho II, caso não tenha feito isso em Cavalcante. Espere gastar cerca de R$ 20 por pessoa, para quem viaja em grupos de pelo menos cinco pessoas, ou mais, caso viaje sozinho ou em casal.

Por ser uma área de preservação, a quantidade de pessoas na Cachoeira Santa Bárbara é controlada. Mais um motivo para se hospedar em Cavalcante e sair cedo para a área do Quilombo. O tempo de permanência na cachoeira também é limitado e raramente passa de 1h30. Mas voltemos ao passeio, né?

Assinamos um documento no centro de controle, pagamos as taxas e seguimos viagem. Não se esqueça de pedir ao guia para parar em algum restaurante da comunidade e encomendar o almoço – aí já fica tudo pronto para a hora que vocês voltarem e não será preciso esperar. Alguns moradores da comunidade quilombola transformaram suas cozinhas em restaurantes para os turistas, uma forma de comer bem, matar a fome e deixar o dinheiro circulando por ali.

Restaurante domiciliar no Quilombo Kalunga

Do Engenho II até a Santa Bárbara são cerca de seis quilômetros. É possível percorrer uma parte da distância de carro, passando por dentro de ribeirões e colocando o veículo para nadar, mas em algum momento você terá que largar as quatro rodas e seguir a pé. No nosso caso, optamos por fazer isso quase no começo da trilha. Se quiser economizar na caminhada, uma solução é pagar um transfer de pau-de-arara – carro normal não passa ali. Custa cerca de R$ 10 e te deixa a cerca de um quilômetro da cachoeira. Nós fomos a pé mesmo. Se você gosta desse tipo de passeio, recomendo que faça o mesmo.

Trilha vencida e barulho de cachoeira por perto. A primeira que encontramos já dava mostras da beleza do lugar: era a Santa Barbarinha. A queda é pequena, mas, depois de uma caminhada longa no sol, já valia a viagem.

Santa Barbarinha

Passamos alguns minutos ali, mas, como o tempo é limitado, logo seguimos para a cachoeira principal, que está cinco minutos acima. E é mesmo lindona, ó:

Depois do mergulho, fizemos o caminho de volta. A taxa de entrada e o valor pago ao guia incluem visitar outro lugar fantástico, a Cachoeira da Capivara. Para isso, voltamos para o Engenho II, passamos na frente do restaurante onde iríamos almoçar e achamos a entrada da cachoeira. A trilha é curta, coisa de um quilômetro, e você dá de cara com esse lugar aqui:

Mas a melhor parte está morro abaixo. Atravesse a água e desça pela trilha de pedras para encontrar a Cachoeira da Capivara, que pode não ter a cor surreal da Santa Bárbara, mas ganha pontos na quantidade de quedas d’água.

Cachoeira da Capivara

Voltamos para o carro e fomos, enfim, almoçar. A tarde já acabava quando entramos no melhor restaurante quilombola do pedaço. O preço é fixo – R$ 25 – e você pode comer quanto quiser.

Na volta para Cavalcante, pare por alguns minutos no Mirante da Nova Aurora e aproveite para curtir o visual da Chapada dos Veadeiros.

Cachoeira da Capivara

Cachoeira Santa Bárbara: dicas práticas

Leve dinheiro em espécie e vá com o tanque de combustível cheio, principalmente se você pretende fazer um bate-volta de Alto Paraíso. Não se esqueça do protetor solar, repelente, muita água e algumas comidinhas, já que o almoço costuma ser tarde. Caso fique mais dias em Cavalcante, aproveite para conhecer outras cachoeiras da região. Nesse link aqui você encontra uma lista com as mais importantes – dizem que são mais de cem.

A época das chuvas vai de novembro a abril. Nesse período, as estradas ficam mais complicadas e ocorrem as trombas d’água, o que exige mais atenção. A cor da água também pode mudar.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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