Cânion do Xingó: como chegar, quando ir e outras dicas

Uma canoa segue tranquilamente por águas esverdeadas. Cercados por paredões de pedra, estávamos na Gruta do Talhado, o ponto alto do passeio pelo Cânion do Xingó, que fica na divisa entre Sergipe e Alagoas. Protegidos pela gruta, nem percebíamos que lá fora uma multidão de turistas começava a desembarcar no pequeno píer montado ali perto.

Eu sonhava em visitar o Cânion do Xingó há anos, desde o momento em que vi pela primeira vez fotos desse atrativo, formado na década de 90, após o alagamento dessa área da bacia do rio São Francisco para a criação de uma usina hidrelétrica.

A viagem já ocorreu duas vezes, mas na primeira delas foi com um inconveniente: choveu bem mais que o esperado para o período.

Quando ir ao Cânion do Xingó

A temporada seca no Cânion do Xingó começa em agosto e vai até fevereiro, com destaque para outubro, que é o mês em que chove menos (ou quase nada).

As chuvas começam timidamente em março, mas aumentam em intensidade em maio, junho e julho. Nós estivemos lá no final de abril e choveu bastante. Mas, segundo vários guias, isso foi atípico, afinal o Xingó está no meio do sertão e a precipitação, mesmo nos meses mais molhados, não é grande.

Para você ter uma ideia, em maio, o mês mais chuvoso no Xingó, chove 3,5 vezes menos que no mês mais molhado de São Paulo. E quando voltamos no começo de outubro, o tempo estava ótimo.

Pegou uma chuvarada atípica? Em caso de tempo ruim os passeios continuam, apenas com o inconveniente de fazê-los debaixo d’água. Caso vá na temporada de chuva, consultar a previsão do tempo dias antes da viagem já deve ajudar no seu planejamento.

Além disso, lembre-se que em feriados a região lota. Nesses casos reserve seu hotel com antecedência e prepare-se para conviver com muitos turistas durante os passeios.

Como chegar ao Cânion do Xingó

O aeroporto mais próximo fica em Paulo Afonso, na Bahia, que está a cerca de 80 km do Cânion do Xingó. Apenas a Azul voa para lá. Por outro lado, a maioria dos turistas chega via Aracaju, que está a 215 quilômetros de distância – esse foi o caminho que eu fiz nas duas vezes.

É possível ir de Aracaju para Canindé de São Francisco, cidade sergipana que fica às margens do São Francisco, e de onde partem os catamarãs que fazem o passeio pelos cânions. Quem opera o trecho é a Rota Transportes e as passagens custam R$ 70 cada perna.

Na primeira vez preferi alugar um carro no aeroporto de Aracaju, já que as diárias, com os seguros, saíram por cerca de R$ 150, o que já compensa para quem viaja com mais uma pessoa. Foi uma ótima escolha.

Na segunda vez, como era uma viagem em grupo, fomos com a TopTur, uma agência de turismo que cobra R$288 no passeio saindo de Aracaju, por pessoa. O valor corresponde ao traslado mais o ingresso do tour de catamarã até os cânions.

Caso prefir ir de carro, a grande vantagem que um veículo ajuda muito no deslocamento na região, afinal os cânions não são os únicos atrativos, os passeios saem de lugares variados e o transporte público local não é eficiente.

Se resolver alugar um carro, nesse texto aqui explicamos como conseguir reservar um veículo com o melhor custo/benefício.

Partindo de Aracaju, siga pelas rodovias SE-230 e BR-235. Espere gastar pelo menos três horas no trajeto, mas pode demorar um pouco mais. Tome cuidado com a presença de animais na pista, principalmente perto de Candindé. Também é possível ir a partir de Maceió, mas nesse caso a distância é de 285 km e pelo menos quatro horas de estrada.

Chegando lá, dá pra comprar o passeio de catamarã diretamente no local. Se embarcar pelo lado sergipano, o ponto é no Restaurante Karrancas, localizado na Beira Rio em Canindé de São Francisco.

Onde ficar no Cânion do Xingó

O rio São Francisco, onde está o Cânion do Xingó, marca a divisa entre Sergipe e Alagoas. De um lado fica Canindé de São Francisco, cidade que tem uma prainha famosa, vista para a usina e de onde partem os catamarãs.

Do lado alagoano, cruzando a ponte e seguindo por cerca de 20 quilômetros, está Piranhas, cidade histórica repleta de casinhas coloridas, mirantes e também às margens do São Francisco.

Se Canindé atrai pela proximidade com o principal embarque para o passeio nos cânios, em Piranhas você ganha um atrativo a mais, pois além de uma vida noturna mais agitada e ótimos restaurantes, o local é um destino turístico por si só.

Canindé de São Francisco

Se for ficar em Piranhas, indico algumas que vi de perto e que estão no centrinho da cidade. A Pousada Maria Bonita tem quartos simples, mas é perto de tudo e tem vista para o rio.

Também por ali está a Pousada O Imperador, uma das mais bem avaliadas da cidade, segundo os comentários do Booking. Outra com vista para o Velho Chico é a Pousada Lampião Rio.

Da segunda vez que estivemos na região, ficamos do outro lado do rio, em Canindé do Xingó, no Xingó Parque Hotel & Resort – único resort da região.

Veja também: Onde ficar no Cânion do Xingó

Praias do nordeste: seis roteiros para você viajar

Piranhas

Quanto tempo ficar no Cânion do Xingó

Muita gente faz esse passeio no esquema bate/volta a partir de Aracaju. Para isso é preciso sair cedo da capital sergipana, às 6h30, para conseguir chegar a tempo dos passeios de barco, que saem entre 10h e 11h.

Pra quem sai de Maceió, o horário é ainda mais cedo, às 4h30. Além disso, o pouco tempo não permite conhecer outros atrativos da região, como a Rota do Cangaço (foi ali que Lampião morreu), o Vale dos Mestres, a cidade de Piranhas ou mesmo fazer uma visita guiada pela Usina do Xingó.

Por isso, não recomendo o bate-volta. É melhor dormir pelo menos uma noite em Piranhas – quem ficar duas vai ver tudo com mais calma ainda, no tempo ideal.

Por outro lado, se você não tiver mesmo mais que um dia, várias agências oferecem o passeio de bate-volta a partir de Aracaju, o que custa entre R$ 150 e R$ 200, mais as refeições. Algumas empresas também oferecem o bate-volta a partir de Maceió, o que torna o dia ainda mais longo.

Cânion do Xingó: principais passeios

O passeio tradicional é de Catamarã, barcos enormes que partem de Canindé de São Francisco, do Restaurante Karrancas. Quase todas as agências de turismo fazem o passeio a partir desse ponto e cobram em torno de R$135, com duração de três horas (uma hora para chegar no cânions, uma hora de banho no Rio São Francisco e uma hora para voltar).

Os passeios têm saídas diárias às 11h30 (podendo haver mais, a depender da época do ano). Crianças de 0 a 4 anos têm entrada gratuita e as de 5 a 9 anos pagam metade.

Na primeira vez que fomos aos cânions, nos disseram para fazermos um tour privativo. Então, fomos até a Prainha da Dulce, em Olho d’água do Casado, cidade alagoana que está ao lado de Piranhas.

De lá saem lanchas e barcos menores que fazem um passeio interessante, passando pelos cânions e pela Gruta do Talhado, mas também pelo Vale dos Mestres, que não entra no roteiro das grandes embarcações.

Depois há uma pausa para almoço num restaurante beira-rio. O passeio de lancha, num grupo de cinco pessoas, custou R$ 120 cada, valor pouco diferente do cobrado pelos grande catamarãs. Valeu o investimento.

Gruta do Talhado

Outro passeio concorrido sai de Piranhas. É a Rota do Cangaço, um tour de barco pelo leito não alagado do Rio São Francisco e que termina no local onde Lampião e seu bando morreram, após uma trilha pela caatinga.

Por fim, eu não fiz, mas é possível conhecer a Gruta do Talhado e o Vale dos Mestres por terra, em trilhas que visitam ainda locais com pinturas rupestres.

Você já esteve no Cânion do Xingó? Deixe suas dicas nos comentários.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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