Cânion do Sumidero: uma maravilha natural no sul do México

O Cânion do Sumidero é uma impressionante fenda na terra por entre a qual serpenteia o caudaloso rio Grijalva. Com paredões estreitos que chegam a alcançar os 1000 metros, o lugar é o segundo sítio mais visitado no estado de Chiapas, uma região no sul do México com natureza exuberante e na qual a cultura maia ainda está viva. Só perde para as ruínas arqueológicas em meio à floresta tropical de Palenque.

A melhor forma de conhecer o Cânion do Sumidero é através de um passeio de barco de cerca de duas horas que sai da cidade de Chiapa de Corzo ou do Embarcadero de Cahuaré até a represa da hidroelétrica de Chicoasén – uma das mais importantes do país – e de volta ao ponto de partida. E é dali, de dentro de uma embarcação em meio as enormes formações rochosas e rica vida silvestre, que você entende o alvoroço em torno do lugar. A cada curva do rio, um novo cartão-postal se revela bem diante da gente.

O cânion fica dentro de um Parque Nacional criado em 1980 para proteger a natureza da região. Por isso, durante o passeio, você vai se deparar com inúmeras espécies de aves, tartarugas e crocodilos, algumas delas em risco de extinção, como a tartaruga fluvial centro-americana e o crocodilo americano. Os guias que acompanham os grupos nos barcos são treinados para encontrar e falar sobre esses animais, bem como sobre a vegetação nativa e curiosas formações rochosas pelo caminho – algumas que lembram rostos humanos ou animais.

O interior do parque guarda surpresas. Há pequenas praias fluviais aqui e ali, grutas a serem exploradas, nascentes, corredeiras, cachoeiras e pequenas quedas d’água que brotam do alto dos desfiladeiros. Uma das cavernas mais interessantes é a dos Colores, batizada assim por causa dos minerais encontrados em suas paredes, que a pintam de diferentes tons de rosa. Ali dentro fica uma estátua da Virgem de Guadalupe. Entre 8 e 12 de dezembro, quando se comemora a festa da santa, peregrinos costumam chegar à caverna de barco para prestar seu respeito à principal protetora dos mexicanos. Flores e velas são deixadas ali como oferenda dos fieis durante todo o ano. Outro lugar interessante é a Cueva del Silencio, dentro da qual não há nenhum eco ou ruido.

Após o período chuvoso, que vai de maio a outubro, é comum ver lixo acumulado nas margens do rio. São dejetos que viajam pela água desde a cidade de Tuxtla, capital do estado, e outros municípios pelos quais passa o Grijalva. O parque conta com equipamentos e pessoal dedicados a limpar a área durante todo o ano, mas o trabalho é muito e o lixo não para de chegar.

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Os mirantes do Parque Nacional do Cânion do Sumidero

Uma forma de descobrir o Cânion de uma nova perspectiva é fazendo isso de terra firme. O Parque Nacional do Cânion do Sumidero conta com cinco mirantes conectados por uma estrada que permitem ver a fenda por cima e o rio passando lá embaixo. Não que uma substitua a outra: a ideia é fazer os dois passeios.

Para chegar aos mirantes você pode contratar um tour com agência ou dirigir desde Tuxtla até a entrada do parque. Dali é só seguir estrada acima e ficar atento às placas que indicam onde estacionar. O primeiro mirante se chama “La Ceiba” e está a 23 km de Tuxtla. Os demais se chamam “La Coyota”, “Roblar”, “El Tepehuaje” e “Los Chiapa”. O último conta com um serviço de restaurante e um pequeno mercado de artesanato local. É também o que oferece a melhor vista, já que está em um ponto mais alto e permite uma maior amplitude no panorama. A entrada para o Parque Nacional custa $30 pesos.

Como chegar ao Cânion do Sumidero por conta própria

Quem vai por conta própria deve dirigir até o município de Chiapa del Corzo ou pegar um dos colectivos (ônibus públicos) que saem de Tuxtla em direção à praça central do povoado. Também tem como ir de ônibus a Chiapa saindo de San Cristóbal de las Casas, mas o ônibus vai te deixar na estrada próximo à entrada da cidade e você terá que caminhar até o centro. Não é uma caminhada muito longa, podem ficar tranquilos.

Dá para contratar o passeio de barco ali mesmo na praça central, com algum dos vendedores que ficam esperando a chegada dos turistas. Há diversos pontos de embarque ao longo do rio Grijalva, que estão a 35 km do centro de Chiapa, mas o valor dos passeios é meio padronizado: $190 pesos (R$40), com a entrada no Parque Nacional incluída.

Passeios com agências ao Cânion do Sumidero

Se você fez como a maioria das pessoas e escolheu San Cristóbal de las Casas como sua base para explorar o estado de Chiapas, fica fácil visitar o Cânion do Sumidero. Diversas agências na cidade oferecem o passeio ao parque, com transporte de ida e volta ao centro de San Cris. Há duas modalidades de tour: uma que inclui o passeio de barco pelo Cânion do Sumidero e o acesso aos mirantes do Parque Nacional, para ver os paredões desde cima, e outra que inclui o mesmo passeio de barco, mas deixa de fora os mirantes e inclui uma visita a Chiapa del Corzo. Ambos custam em torno de $300 pesos (R$60). Eu escolhi a primeira opção. Se você tem tempo, pode deixar para visitar Chiapa del Corzo em outro dia, mas, para chegar aos mirantes, só com carro ou agência.  Algumas operadoras também oferecem o passeio do Cânion combinado com a visita ao povoado indígena de San Juan Chamula.

Também há passeios saindo de Tuxtla, mas, apesar do Parque Nacional estar localizado ali, ainda é melhor contratar o tour saindo de San Cristóbal de las Casas já que, estranhamente, as agências de Tuxtla cobram mais caro pelo serviço e a cidade em si não tem nada de muito interessante para justificar passar a noite ali.

Quando visitar o Cânion do Sumidero e outras dicas

Se você vai sozinho, o melhor é ir logo pela manhã, quando o sol ainda não está muito forte. Você terá que esperar que chegue gente suficiente para que o barco se encha, mas é provável que essa espera não demore mais que meia hora. As embarcações costumam levar 20 pessoas, mas também há barcos menores, com 10 lugares, que oferecem o serviço.

Durante a estação chuvosa, que vai de maio a outubro, leve capa de chuva e uma jaqueta. Não se esqueça de passar filtro solar, já que você ficará exposto durante todo o passeio. Uma garrafinha de água é sempre recomendável, mas há vendedores ambulantes no rio uma vez que você chegar à represa.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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Natália Becattini

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