Catedral de Brasília: história e curiosidades

“A Catedral de Brasília, quem olha e não conhece pensa que é muito complicado de fazer. Foi muito simples. Nós construímos as colunas no chão, pré-fabricadas, e suspendemos. Está pronta a Catedral!”. Assim, com a simplicidade típica de um gênio, Oscar Niemeyer explicou como foi a construção de uma de suas obras mais bonitas.

Primeiro monumento a ser iniciado na futura capital federal, a Catedral Metropolitana de Brasília teve sua pedra fundamental lançada em 1958. A estrutura estava pronta dois anos depois e logo se tornou um dos principais cartões-postais da cidade, deixando os queixos de turistas de todo o mundo repetidamente no chão. O meu entre eles.

Veja também: O que fazer em Brasília: roteiro de um final de semana

Onde ficar em Brasília: dicas de hotéis

Visita guiada ao Congresso Nacional, em Brasília

A Catedral foi nossa primeira parada assim que chegamos ao Eixo Monumental. Com a Esplanada dos Ministérios e o Congresso Nacional compondo o visual, estacionamos em frente ao templo. A forma da estrutura chama atenção de cara, embora até hoje gere polêmica. Há quem diga que se trata de uma coroa de espinhos, tipo aquela que Cristo foi obrigado a usar enquanto era torturado. A versão mais comum, porém, diz que as 16 colunas lembram os dedos das mãos entrelaçados durante uma oração.

Talvez sejam as duas coisas. O próprio arquiteto explicou a obra, destacando que a composição tem ritmo de ascensão para o infinito, ou seja, para o céu. “Para a Catedral de Brasília, procuramos encontrar uma solução compacta, que se apresentasse externamente – de qualquer ângulo – com a mesma pureza. Daí a forma circular adotada, que além de garantir essa característica, oferece à estrutura uma disposição geométrica, racional e construtiva”, explicou ele, num depoimento disponível no site da Fundação Niemeyer. Tudo está cercado por um espelho d’água de 40 centímetros de profundidade e do qual as colunas parecem nascer.

E a igreja mesmo está três metros abaixo do nível do solo – tudo que você vê pelo lado de fora é, digamos, a casca da estrutura. Mas, antes de cruzarmos o túnel que leva ao céu, pausa para falar das quatro esculturas de Alfredo Ceschiatti que parecem guiar os fiéis à entrada do templo. Com três metros, essas esculturas representam os autores dos três evangelhos, os livros da Bíblia que contam a história de Jesus Cristo: Mateus, Marcos, Lucas e João.

Do lado direito de quem entra na Catedral está a Torre do Campanário, que tem 20 metros de altura e quatro sinos prontos para dar badaladas no Novo Mundo: doados pelo governo da Espanha, os sinos da Catedral de Brasília têm nomes de caravelas. São Santa Maria, Pinta, Nina e Pilarica. As três primeiras eram os nomes da frota que levou Colombo para a América; já Pilarica é uma homenagem à Nossa Senhora do Pilar. Os sinos tocam todos os dias, às 6h, 12h e 18h. E ao lado do complexo, em forma de ovo, está o Batistério, onde são realizados os batismos.

Vigiados pelo olhar dos evangelistas, entramos no túnel que leva à nave da igreja. Ali também não falta simbolismo, como explicou o arquiteto. “A entrada em rampa leva, deliberadamente, os fiéis a percorrer um espaço de sombra antes de se atingir a nave, o que acentua pelo contraste os efeitos de luz procurados”. A entrada no templo, de fato, parece ser a entrada do céu. Culpa dos vitrais em vários tons de azul, verde e branco da artista Marianne Peretti. Culpa dos três anjos, também obras de Alfredo Ceschiatti, que pairam no ar, suspensos por cabos de aço.

Os vitrais coloridos são mais novos que a Catedral, que foi projetada com vitrais brancos ou transparentes. A mudança foi planejada junto com o escritório de Niemeyer e, numa boa, caiu muito bem – o efeito é impressionante. Dentro da nave há também obras de Di Cavalcanti, pinturas de Athos Bulcão e uma réplica da escultura Pietà, de Michelangelo. Além disso, há confessionários, o altar e outras obras de arte, mas no geral a estrutura é limpa. A Catedral foi projetada para receber até quatro mil pessoas ao mesmo tempo.

Uma sugestão: combine a visita com outros monumentos do Plano Piloto, que estarão ali pertinho de você. Da Catedral eu segui para o Itamaraty e em seguida para o Congresso Nacional.

Catedral de Brasília: horário de funcionamento

A catedral abre para visitação às segunda-feira, de 08h às 16hs30; terça e sexta, de 10:30h às 18h; e quarta, quinta, sábado e domingo, das 8h às 18h. A entrada é de graça. Verifique o horário de missas e outras informações no site oficial.

Dica extra: Brasília – com ou sem carro?

Eu já estive na cidade com e sem carro. E não tenho a menor dúvida em dizer que o veículo ajuda e muito, principalmente se você estiver viajando em finais de semana e feriados, quando o trânsito é tranquilo e é fácil estacionar. Se estiver viajando sozinho pode não compensar – aí use e abuse do transporte público e de uber/cabify/táxi. Por outro lado, quem viaja em grupo pode fazer as contas e descobrir que alugar um carro compensa. Se for o caso, leia nosso texto sobre como garantir o melhor custo/benefício na reserva.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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