Saída de um conto de fadas: um roteiro por Chester, na Inglaterra

“Uau, sério que Chester é essa fofura toda? Fizemos baldeação nessa estação de trem, mas não saímos para ver a cidade!”, foi o que nos disse a leitora @denisekn_ e também o que eu pensei quando caminhava encantada pelas ruas de Chester, na Inglaterra: como nunca ouvi falar desse lugar antes?

A verdade é que Chester, que fica bem próxima de Liverpool, na fronteira com o País de Gales, é sim uma cidade bastante conhecida, mas entre os ingleses. Já chegou até a figurar em listas de “as mais bonitas da Europa”. Não faltam motivos: o órgão de turismo oficial afirma que o Eastgate Watch é o relógio mais fotografado do Reino Unido, depois do Big Ben. A cidade também tem as muralhas medievais mais bem preservadas da Inglaterra, com um circuito quase completo, de três km, ao redor do centro histórico; e o maior anfiteatro romano do país, cujas ruínas têm mais de 2 mil anos. Mas são os prédios em preto e branco do período vitoriano, estilo enxaimel, que fazem a cidade parecer saída de um conto de fadas – e que fizeram com que Chester ganhasse meu coração.

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Como o centro histórico é relativamente pequeno, é possível fazer tudo a pé. Visitar Chester em apenas um dia, no esquema bate-volta, é perfeitamente possível: saindo de Liverpool, leva 40 minutos de metrô. De Manchester é uma hora de trem, numa rota cênica. E de Londres o trajeto leva duas horas.

O que fazer em Chester, Inglaterra

Um pouco de história

Chester foi fundada pelo Imperador Romano Vespasiano, em 79 d.C, como uma fortificação conhecida como Deva. A lógica dos quatro portões da cidade murada segue o plano inicial das construções romanas e ainda é possível encontrar, no subsolo de Chester, parte desse passado.

Depois, como o resto da Inglaterra, foi tomada pelos povos saxões e mais tarde pelos normandos, que reforçaram as construções romanas e ainda fizeram igrejas e o castelo. Já os prédios de madeira no centro, o parque da cidade e outras pontes e edifícios foram construídos no final do século 19, a mando do Duque de Westminster, que era dono de boa parte das terras de Chester.

Roteiro de um dia em Chester

Chegando na estação de trem, sugiro que você pegue um mapa da cidade distribuído gratuitamente ou faça o download dos mapas disponibilizado pelo Visit Chester. São 700 metros a pé pela City Road, saindo da Estação, até a Foregate St., onde começa o passeio. O caminho é bonito, passando por casas mais modernas, algumas construções de tijolinho e um canal do Rio Dee.

Uma vez na Foregate St., você já vai estar no entorno dos tais predinhos em preto e branco. A maioria deles funciona como lojas. Como fui na época do natal, estava tudo cheio de gente. Na mesma rua está o Eastgate Watch. Esse portão marca a principal entrada para a cidade murada. O elegante relógio no topo foi inaugurado em 1899, para comemorar o jubileu de diamante da rainha Vitória. Nesse mesmo lugar estava, há 2 mil anos, um enorme portão fortificado romano.

Siga pela rua e depois vire à direita na St Werburgh St. em direção à Catedral de Chester. O prédio é enorme e data de 1093, apesar de ter sido renovado ao longo dos séculos. A entrada é gratuita e doações são aceitas, inclusive em forma de Lego: você contribui com um pound e pode colocar uma pecinha para construir a catedral de brinquedo.

Depois de visitar a catedral, é só atravessar a rua para chegar à praça da prefeitura e ao prédio do Town Hall, de 1869. Também é possível entrar gratuitamente. Ali é onde, todos os anos, ocorre a feira de natal. Nos arredores estão o mercado municipal e também a StoryHouse, que é um centro cultural.

Siga pela adorável Northgate St. até a Chester Cross, uma cruz histórica, do período medieval, que fica no cruzamento de três ruas: Watergate Street, Eastgate Street e Bridge Street. Para mim, a principal atração ali é a confluência da fofura de todas as construções. Esse também um bom lugar para observar os famosos Chester Rows, que são as passagens de madeira nas lojas das principais ruas da cidade, construídos dessa forma desde o período medieval.

Desça pela Bridge St., onde há várias opções de restaurantes e cafés. Para quem quer comida boa, barata e muito gostosa, eu almocei no The York Roast Co, que serve diferentes tipos de carne assada em forma de torta, sanduíche ou acompanhada de batatas e legumes.

Continue descendo a rua até você chegar nas muralhas à beira do Rio Dee. Ali fica a antiga ponte do rio, que rende belas fotos. Agora é a hora de seguir pelas muralhas. É possível subir por uma escadinha na lateral do portão. Siga pela direita, em direção ao Castelo de Chester. Hoje o castelo é uma mistura entre construções antigas e novas. Eu não cheguei a entrar, mas lá dentro funciona o museu militar.

Leia também: 5 castelos para conhecer no País de Gales

Dê a volta completa nas muralhas de Chester e tenha a câmera em mãos. Você vai passar pela pista de corrida de cavalos, que está ali desde o século 16, e vários outros pontos fotografáveis, como os portões e as torres. Eventualmente, a caminhada pelas muralhas cruzará com a catedral e passará pelo alto do Eastgate. Continue seguindo e só desça das muralhas quando chegar ao Newgate.

Antes de descer, aproveite a vista panorâmica no antigo Anfiteatro Romano. A primeira parada, porém, são os Jardins Romanos, que, como o nome diz, são jardins onde também ficam ruínas romanas achadas em escavações na cidade. De lá até o Anfiteatro são poucos metros. Não espere encontrar nada como o coliseu. Na verdade, pouco restou da construção em si, mas dá para ver o espaço de todos os ângulos e tentar imaginar como era.

Ao lado do anfiteatro ficam as ruínas da igreja de St. John e o Grosvenor Park. Eu só dei uma olhada e segui com o passeio, mas, se você estiver com tempo sobrando, é um lugar bonito.

De lá, siga para a beira do rio. Entre as pontes Queens Park e Old Dree tem uma espécie de calçadão bastante agradável, com uma vista bonita. Em dias de tempo bom, é possível fazer um passeio de barco por ali. E esse também é um ótimo lugar para descansar um pouco e voltar para estação de trem.

Outras ideias de coisas para fazer em Chester fora do centro

O Chester Zoo é um dos principais zoológicos da Europa e tem um programa bem interessante de conservação e proteção de animais selvagens, incluindo o trabalho pela reintrodução de espécies em extinção na natureza. O zoológico fica fora do centro e é preciso pegar o ônibus número 1 (saindo da estação de ônibus) ou o X8 (saindo da estação de trem). Ambos também chegam e partem de Liverpool.

Outra atração fora do centro de Chester é o Outlet Chester Oaks, que é o maior do Reino Unido e tem preços muito bons. Para chegar lá, é só pegar os mesmos ônibus 1 e X8 (que também têm paradas em Liverpool).

Onde ficar em Chester: dicas de hospedagem

Se você se encantar com Chester e quiser ficar lá mais tempo para relaxar ou visitar o zoológico e o outlet com calma, a dica é ficar no centro histórico.

Por ali, o hotel mais famoso é o histórico The Chester Grosvenor, um cinco estrelas bem na Eastgate St. com diárias a partir de £170. Outro prédio histórico, muito bem localizado na Northgate St, mas com um preço mais em conta é o quatro estrelas The Coach House Inn, com diária para o quarto duplo por £90.

Quem quer opções mais econômicas e confortáveis, pode tentar o The Pied Bull, um hotel e restaurante que produz sua própria cerveja artesanal. A nota dos hóspedes é 8,7 (Fabuloso) e as diárias ficam a partir de 60 libras.

O único hostel da cidade é o The Bunkroom, que tem avaliação de 8,6 (Fabuloso) e fica perto da Estação de Trem. É fora do centro histórico, mas a uma curta distância a pé, e também bastante conveniente para quem quer facilidade de locomoção pela cidade e arredores. Eles têm opções de dormitórios e quartos privativos.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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Luiza Antunes

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