-“Nós queremos comprar uma passagem de volta ao mundo”. O funcionário da agência de viagens não soube o que dizer. Ele até sabia da existência da tal passagem, também chamada de RTW (round the world), mas não conhecia as regras. “Mas tudo bem”, ele disse. “Vou descobrir e entro em contato com vocês esta semana, sem falta”. Ele nunca mais nos procurou.
Duas coisas sobre o assunto: (1) não é preciso ser rico para fazer uma viagem de volta ao mundo. É possível comprar um ticket RTW com cerca de U$ 4 mil. Sim, cerca de U$ 4 mil e você poderá viajar por até um ano e conhecer 5 continentes.
É lógico que ainda há os custos de alimentação, hospedagem, passeios turísticos, entre outros, mas as passagens custam só isso. Não é barato, mas também não é impagável. Prova disso é que, dois meses depois da conversa com aquele vendedor, três jornalistas (ou seja, três pessoas sem grana) deixaram o Brasil para fazer uma viagem assim.
E (2) essa viagem dos sonhos pode até ser perfeitamente realizável, mas pouca gente, pouca gente mesmo, sabe como funciona. Incluindo a maioria dos agentes de viagem e profissionais do setor.
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Conseguimos comprar nossas passagens em outra agência. Por lá as pessoas também não entendiam o funcionamento, mas pelo menos tentaram descobrir. E foi assim que nos juntamos ao time do navegador português Fernão de Magalhães e do personagem Phileas Fogg e demos uma volta completa na Terra, comprovando que nosso planeta é mesmo redondo. Quer fazer o mesmo? Então prepare-se para aprender como funciona a passagem de volta ao mundo.
As alianças de companhias aéreas. São três: Star Alliance, Oneworld e SkyTeam. A ideia de uma passagem RTW é que você compre todos os trechos com uma determinada empresa e faça a viagem completa usando não só os voos dela, mas também os das parceiras.
Nós compramos a passagem com a Ibéria, mas voamos também com British Airways e Cathay Pacific, entre outras. Só procuramos uma agência de viagens para facilitar o pagamento, já que não tínhamos um cartão de crédito com limite suficiente para pagar a passagem.
Veneza, Itália
A Star Alliance é a maior aliança de companhias aéreas do mundo, com 28 membros e mais de 20 mil voos diários. Fazem parte desta aliança empresas como Lufthansa, Singapore Airlines, South African Airways, TAP, Turkish Airlines…
A segunda maior aliança é a Skyteam, que tem 19 membros e voa para 187 países. Air France, Alitalia, Aerolineas Argentinas, Delta Air Lines e KLM são algumas das empresas que fazem parte do grupo.
Já a Oneworld é a menor dessas alianças aéreas, embora tenha alguns nomes de peso: American Airlines, British Airways, Cathay Pacific, LAN e Qantas estão na Oneworld. A TAM, que durante anos foi da Star Alliance, agora também é parte da Oneworld. Atualmente 12 empresas fazem parte da Oneworld, que alcança cerca de 150 países. Foi a aliança que escolhemos para fazer a viagem de volta ao mundo.
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Nova Zelândia
O funcionamento varia de acordo com a aliança escolhida, mas existem algumas regras comuns.
1- É preciso dar a volta completa no planeta, voando sempre no mesmo sentido (ocidente ou oriente). Ou seja, se você sair do Brasil cruzando o oceano Atlântico, sentido Europa ou África, vai ter que voltar pelo Pacífico.
2 – A viagem termina e começa no mesmo país.
3 – O prazo mínimo permitido pelas companhias aéreas para rodar o globo é de 10 dias. O máximo é um ano, ambos contados a partir da data de embarque no primeiro voo. O número mínimo de trechos é 3, o máximo é 15 ou 16, dependendo de qual aliança aérea o passageiro escolher.
4 – É possível fazer trechos por superfície e pegar o próximo voo em um aeroporto diferente do que você desembarcou. Nós fizemos o trecho entre Nova Délhi, na Índia, e Katmandu, no Nepal, por fora da passagem de volta ao mundo. Mas atenção: isso também entra na contagem, diminuindo a quantidade de voos que você ainda pode pegar. A mesma coisa acontece quando o voo tem conexão.
5 – O mundo é dividido em zonas (algumas alianças chamam de continentes, mas não são iguais aos continentes geográficos). Há um número limite de voos numa mesma zona e também não é permitido voltar à uma zona depois de sair dela. Você não pode pegar um voo para fora da Ásia e depois voltar, por exemplo.
6 – O preço da passagem é calculado de acordo com o número de milhas que você percorrer, o número de zonas por onde você passar e a classe escolhida para viajar. Como eu disse antes, o preço não é impagável: nós pagamos cerca de U$ 4 mil, incluindo as taxas, e estivemos em 4 continentes: América, Europa, Ásia e Oceania. Muito mais barato do que comprar cada trecho separadamente.
7 – Você pode alterar as datas dos voos sem pagar taxa, desde que dentro da antecedência determinada nas regras da aliança. No entanto, para alterar o roteiro, é preciso pagar.
8 – A empresa que emitir sua primeira passagem será responsável por qualquer alteração que você queira fazer. Se você voar o primeiro trecho com uma empresa de menor porte, esta empresa que fará qualquer alteração de passagem, mesmo quando você estiver do outro lado do mundo. Nós começamos a viagem com a Ibéria e depois não conseguimos alterar datas de voos, quando estávamos na Tailândia. Ligamos para a Ibéria no Brasil, na Espanha e nada… Por isso, um conselho: escolha muito bem a empresa que vai emitir sua passagem de volta ao mundo. E veja também nosso post “Ticket de volta ao Mundo: vale a pena comprar?”
Confira as regras detalhadas nos sites de cada uma das alianças aéreas. Oneworld e StarAlliance e SkyTeam têm planejadores de viagem online. Basta entrar no site para começar a viajar. E se esse assunto realmente interessa a você, não deixe de ler tudo que já publicamos. São dezenas de artigos sobre nossa viagem de volta ao mundo. Você acha tudo clicando aqui.
*Imagem destacada: 7_70 (CC BY 2.0)
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Ainda não comprei uma mas já simulei no site da Star Alliance algumas vezes ;-) Um dia...!
Logo logo você dá uma volta ao mundo também, Luciana. =) O mais importante é acreditar que é possível, o que pelo visto você já faz. Pouca gente sabe que uma viagem dessas é alcançável. Abraço e obrigado pelo comentário!