* Por Matheus Sovernigo, blogueiro do Rediscovering the World e viajante super econômico.
Como um legítimo viajante que anseia pelo desconhecido, em meados de 2015 realizei o último de uma série de mochilões pela Europa antes de publicar o Manual do viajante mão-de-vaca.
A fim de ampliar os horizontes até a longínqua Terra do Gelo para conhecer pessoalmente as inúmeras belezas naturais relatadas por quem as visita, eu e meu amigo Paulo Faria voamos até lá saindo de Oslo pela companhia de baixo custo Norwegian, ao custo de 55 euros o trecho por pessoa.
O gelado e remoto país é conhecido por ser um dos mais caros em todo o mundo. Ainda que esse fato seja verdade, sempre há a possibilidade do valor ser reduzido administrando coisas básicas.
Durante essa viagem percebi que há formas de tornar sua visita mais que econômica, gastando menos de 40 reais por dia. Basta seguir algumas dicas.
Assim que conseguir um bilhete aéreo razoável e pousar no aeroporto internacional de Keflavik, para se livrar dos táxis e ônibus de turismo e poder circular ao redor do país quase sem gastar, você tem basicamente duas opções. Mesmo o transporte público não é razoável para a maioria das situações.
A solução número um é pedir carona. A Islândia é segura o bastante para que você possa aceitar carona de estranhos que passam regularmente na rodovia circular que percorre grande parte do país, conhecida como Ring Road. No entanto, o tráfego pode não ser suficiente durante estações menos quentes ou em locais menos visitados e fora do circuito turístico entre o Sudeste e o Oeste, então é possível que você tenha que esperar um bocado até que alguma boa alma te ajude.
Tenha em mente que você provavelmente terá que caminhar grandes distâncias em estradas de chão e trilhas, então recomendo que vá com tênis e trajes adequados e que não leve mala alguma, exceto a mochila.
A outra escolha é usar uma bicicleta. Se planeja ficar ao menos cinco dias, é mais em conta pagar a taxa de bagagem extra e levar a própria bicicleta consigo no avião do que alugar por lá. Isso dito, Islândia é um país incrível para se conhecer com tranquilidade pedalando. Apenas tenha a certeza de ter pneus apropriados para as rotas não asfaltadas que levam a algumas das atrações, além de marchas suficientes para as subidas inevitáveis e roupas à prova do tempo para o clima imprevisível.
Depois de longos dias explorando paisagens estonteantes, tudo o que se precisa é de um abrigo decente. Nas cidades, para compartilhar um quarto em um albergue e ter uma cama de verdade para você é preciso pagar acima de 50 reais.
No resto do país, você pode levar uma barraca e pagar a razoável taxa do camping para usar as suas facilidades, como água, energia elétrica e internet. Já se estiver em casal, ou até com filhos, e for permanecer na ilha por algumas semanas, vale mais a pena dividir o Camping Card, que dá direito ao uso ilimitado da maioria dos campings do país por 28 dias.
Também é viável dormir em meio à natureza. O acampamento selvagem é permitido fora das unidades de conservação, desde que não haja alguma placa proibindo. Se você decidir acampar e precisar de um banho quente, informe-se onde ficam as fontes termais gratuitas existentes. E não se esqueça de trazer um carregador solar portátil, para não ter que tomar chás superfaturados nos estabelecimentos em troca de tomadas.
Você ainda pode contar com a receptividade islandesa nas plataformas Couchsurfing ou Warmshowers (para ciclistas), a fim de ter um teto garantido em algumas das várias casas disponíveis nas cidades, sem precisar pagar nada por isso. No entanto, é uma boa ideia dar um pequeno presente como forma de agradecimento pela hospitalidade.
Essa é a melhor parte.
Razão número 1: quase todo o país é livre de taxas para visitação, exceto pela Lagoa Azul e outras poucas atrações.
Razão número 2: quase todo Islândia é excepcionalmente bela. Vulcões, geleiras, montanhas, cavernas, cachoeiras, derramamentos de lava, auroras boreais, gêiseres, praias negras, tundras, mamíferos marinhos, bandos de aves… há incontáveis vistas impressionantes de origem geológica e biológica sem custo algum para se admirar. Mesmo as cidades, que cobrem uma porção pequena do território, são limpas e bem ajeitadas.
Enquanto atravessa o país você terá que estocar alguma comida, já que as poucas frutas campestres não serão suficientes nem para o apetite de uma criança e os restaurantes e cafés esvaziarão o dinheiro do seu bolso na menor das refeições.
Ao chegar às cidades, dirija-se para alguma das redes de supermercado de baixo custo. A principal é a Bónus, cujo símbolo é um cofre de porco doidão. Há diversas lojas ao redor de Reykjavik e do sudoeste, além de uma em Egilsstaðir (leste), outra em Akureyri (norte) e uma última em Ísafjörðurem (noroeste).
Prepare sanduíches, leve algumas frutas, pegue o suficiente de comida processada e leve um pouco do típico iogurte não pasteurizado islandês (skyr), assim você terá o bastante para um dia de alimentação por menos de 40 reais. Esse pode ser seu único custo diário, já que a água é potável o suficiente para se tomar direto de torneiras ou de suas fontes naturais. Se ainda assim estiver inseguro, basta trazer um filtro portátil que tudo ficará bem.
O álcool também é caro, então o melhor que você pode fazer é comprá-lo nas lojas livres de impostos do aeroporto durante o desembarque, se achar realmente necessário.
Depois do que foi dito, não há razão para não ir até lá e conhecer esse país incrível, que de longe excedeu minhas expectativas. Tendo tempo suficiente, sendo um aventureiro ou não se importando muito com a comodidade, essa é sua chance de aproveitar mais por menos. Então saia de zona de conforto e tenha uma boa viagem.
Para mais dicas como essas, não deixe dar uma passada em meu blog Rediscovering the World.
*Fotos: Matheus Sovernigo e Paulo Faria
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ô meu deus! brigadão por esse post.
normalmente vejo outros com "viaje gastando pouco", mas mesmo assim são caros. Esse faz meu estilo low low low cost mulambo! haha
Valeu!
Encantada!
Que post massa! Eu já coloquei a Islândia na minha bucket list há um tempo, um dos motivos de adiar a viagem sempre foi o custo, mto bom saber das possibilidades econômicas! Obrigada pelas dicas!
Disponha! E boa parte dessas dicas podem ser replicadas em outros destinos que em teoria são caros ;)