Concha Y Toro: visita à famosa vinícola de Santiago

Eu não consigo diferenciar um vinho de outro e não tenho a menor ideia de qual petisco fica melhor com um Cabernet Sauvignon. Mais: eu não sei ao certo o que é um Cabernet Sauvignon.  E acho um absurdo falar que qualquer alimento é capaz de cortar o efeito de uma bebida – a única coisa que faz isso é parar de beber. Ou seja: quando o assunto é vinho eu sou uma negação aos olhos até de aprendiz de enólogo. Exatamente por isso que eu não pude deixar de fazer um tour por uma das vinícolas que ficam nos arredores de Santiago. Afinal, posso até não entender do assunto, mas sei muito bem que esse é um dos mais populares passeios turísticos da capital do Chile.

Escolhemos a Concha Y Toro, a maior vinícola do Chile, que exporta o produto para mais de 100 países. Concha Y Toro fica a pouco mais de uma hora do centro de Santiago, o que torna possível fazer o tour pela vinícola durante uma manhã ou tarde.

Existem dois tipos de visita. O tour básico, chamado de “tradicional” pela empresa, custa R$ 34 e dura aproximadamente uma hora. O segundo tipo é o tour “Marques de Casa Concha Tour” que inclui tudo o que está no básico e mais uma degustação de outros vinhos e alguns queijos. Essa opção custa R$ 72. Os tours são conduzidos em inglês ou espanhol, mas é necessário agendar a visita e escolher o idioma preferido com pelo menos 24 horas de antecedência. Nós fizemos isso por meio da recepção de nosso hostel, mas também dá para reservar aqui.

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Como é a visita às vinícolas

A visita começou pelos jardins da vinícola. O guia, falando em inglês, nos contou a história da Concha Y Toro, que foi fundada em 1883 por um sujeito chamado Don Melchor de Concha y Toro. Caminhamos pelo jardim que fica em frente à antiga mansão do Don Melchor, um casarão que hoje abriga a administração da vinícola.

De lá, nosso guia nos levou até vinhas que produzem diferentes tipos de uvas. Teoricamente, nesse momento seria possível conhecer 26 tipos diferentes de uva, entender a utilidade de cada uma delas e até provar uma ou outra. No entanto, por causa da época do ano em que estávamos – era o mês de julho – tudo o que vimos foi o que está na foto abaixo: videiras sem uma uvinha sequer.

Depois disso, tivemos a primeira degustação de vinho e seguimos para as bodegas. Após uma explicação sobre a produção e o armazenamento dos vinhos, o guia nos conduziu à bodega do Casillero Del Diablo. Segundo a lenda, depois de perceber que parte do seu vinho estava sendo roubada, Don Melchor espalhou entre os funcionários o boato de que um diabo vivia ali. Assim ele assustou os ladrões encerrou a série de furtos. Essa parte do tour inclui a exibição de um vídeo. Uma espécie de sala de cinema foi criada no interior da bodega, e uma animação que conta a lenda projetada nas paredes do local.

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O guia nos levou para a segunda degustação de vinhos. Todos os participantes ganharam uma taça com a marca Concha Y Toro.  Foi o fim do tour tradicional, e quem optou por ele foi conduzido para a loja da vinícola. Já quem escolheu o tour Marques de Casa Concha Tour foi até uma outra sala, onde um sommelier falou um pouco sobre quatro vinhos e alguns queijos, explicando quais deles combinavam melhor entre si.

Veja também: Onde ficar em Santiago

Como chegar em Concha y Toro

A opção mais cômoda (e cara) é comprar um pacote com uma agência de turismo local, que faz o transporte entre hotel e vinícola. O preço é alto: espere gastar em torno de R$ 120 pelo serviço, incluindo a entrada na vínicola. Francamente, não acho que compense, já que ir por conta própria pode significar uma economia de quase 100%.

É possível ir tranquilamente à vinícola Concha Y Toro utilizando o transporte público de Santiago. Essa foi nossa opção. Pegamos a linha azul do metrô e seguimos até a estação Las Mercedes. De lá, mais 10 minutos de táxi e estávamos na vinícola (a corrida custou cerca de R$ 10). Também é possível fazer esse trecho final de ônibus. As linhas 73, 80 e 81 param pertinho da vinícola.

Outra opção é alugar um carro e ir dirigindo. Foi o que fez o Diego. Ele conta como foi a experiência (e até dá um mapa de auxílio aos motoristas) no blog Meus Roteiros de Viagem. No site da vinícola também  há informações detalhadas sobre o assunto.

Estou com minha família. Posso levar crianças à vinícola?

Pode. Menores de 18 anos não pagam entrada e podem acompanhar todo o tour, mas é óbvio que não poderão experimentar os vinhos.

É legal ou é pegadinha para turista?

É legal, principalmente se você nunca visitou uma vinícola antes ou gosta muito de vinhos. Mas confesso que eu esperava mais. É que esse foi o segundo passeio do tipo que eu fiz – o primeiro foi em vinícolas que ficam nos arredores da Cidade do Cabo. E na África do Sul o tour foi mais completo e barato.

Há outras vinícolas em Santiago?

Sim. Também é possível fazer degustação de vinhos chilenos nas vinícolas Cousiño Macul e Undurraga. Nós não fomos, mas você acha informações neste post do Viaje na Viagem.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

  • Ótimas dicas Rafael! Em agosto estarei por lá e dentre os planos conhecer a vinícola é um deles. Como você, não entendo nada de vinho, mas acredito ser um passeio interessante.

  • Olá, Rafael! Em julho/2016 estarei viajando para Santiago. A época não é muito atrativa para uma visita a Vinícola Concha e Toro. Mesmo assim vale a pena conhecer? Que outras sugestões você me daria?

  • Olá Rafael... gostei muito do post.

    Estou indo agora no feriado.

    Como são poucos dias pensei em fazer valle e a Vinicula conche y toro e outro dia Valparaíso e vila del mare.

    É possível?

    Em Santiago alguma dica em específico para conhecer?

    • Você fala o Valle Nevado? Se for, acho complicado. São umas duas horas de subida e a estrada é cheia de curvas. Demanda um dia inteiro. :)

      Sobre Viña e Valparaíso, sim, dá pra fazer no mesmo dia. São quase a mesma cidade.

      O Cerro San Cristobal tem uma vista legal de Santiago. A noite do Pátio Bella Vista é bem animada. E vale visitar a Casa do Neruda também. Se você curte museus, o de arte Pré-Colombiana e o da Memória, sobre a ditadura, também merecem uma visita.

      Abraço.

  • Oi Rafael,

    Também fiz esse passeio mas em Janeiro/2012. O cenário era bem diferente e consegui ver muitas uvas de diferentes tipos. Também fui de transporte público e achei super prático.
    Eu gostei do passeio mas não tenho muitas experiências de passeios em vinícolas. Fico aguardando seu post sobre a vinícola da África do Sul.

    Abraços,
    Lillian.

    • Oi Lilian!
      O passeio é legal sim, mas a época do ano em que a gente esteve lá não foi a melhor. Tenho certeza que tudo fica mais bonito quando as parreiras estão lotadas de cachos.
      Mesmo assim ainda acho que é um passeio que vale a pena.

      Mais pra frente a gente vai postar o relato da viagem à África do Sul.

      Abraço e obrigado pelo comentário.

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Publicado por
Rafael Sette Câmara

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