Meu primeiro mochilão não foi de mochila. Foi de mala de rodinhas, arrastada aonde quer que eu ia. Mas todo o espírito aventureiro e a busca por economia estavam ali. Aos 20 anos, eu tinha passado três meses trabalhando feito doida num McDonalds, nos Estados Unidos, e fazendo todas as horas extras possíveis para juntar dinheiro para essa viagem. Eu não teria nenhum dólar além dos que eu conseguisse com esse trabalho, então todo o planejamento da viagem foi pensado em torno de contenção de gastos.
O visto que eu tirei, o J1, permite que você trabalhe por três meses e tenha um mês de férias, o que eles chamam de grace period. Tem gente que consegue juntar muita grana e até prefere sair dos Estados Unidos e aproveitar uma temporada na Europa com o dinheiro ganho. Já eu achei melhor conhecer o país onde eu estava morando e deixar para ver outros continentes em outras oportunidades. Além disso, quando eu fui, em 2008, tinha acabado de estourar a crise e não estava fácil de arrumar um segundo emprego, como acontecia nos anos anteriores.
Atenção: Não é uma boa ideia viajar para os Estados Unidos sem um seguro de saúde internacional, já que os custos hospitalares lá são altíssimos. Leia aqui como achar um seguro com bom custo/benefício (e com desconto!)
Antes de começar a viagem, deixamos uma das malas na casa da nossa chefe do McDonalds, em Concord, capital de New Hampshire. Sim, eu tinha duas malas de cerca de 25 kg cada. Só eu sei o quanto eu sofria carregando aquelas tralhas. O problema é que além dessa ter sido a minha primeira grande viagem internacional, eu também vivia num frio de menos 30 graus em Lincoln – era muito casaco e bota. Ainda assim, aprendi à duras penas que diminuir a mala é um dos segredos do sucesso de qualquer viagem – mas admito que só aprendi mesmo essa arte durante minha viagem de volta ao mundo, anos depois. Fazer malas ou mochilões pequenos e úteis é, de fato, uma arte.
Enfrentando a nevasca em Lincoln, NH
O roteiro do meu mochilão pelos Estados Unidos incluía Boston (e uma day trip para Salem), Nova York, Washington DC, Los Angeles e Las Vegas. De lá tivemos que voltar em Concord para buscar as malas e ir para Boston novamente para pegar o voo de volta para o Brasil. À principio, queríamos ter incluído San Francisco no roteiro, mas faltava tempo e dinheiro.
Decidimos fazer os trechos curtos de ônibus, ou seja, de Boston a NY, de lá para DC e também de LA para Vegas. A empresa rodoviária escolhida foi a Greyhound, que é a maior e mais famosa que tem por lá. Mas confesso que não é a mais barata. Tem outras companhias menores (e menos seguras e confiáveis) que fazem os trajetos. Mas como compramos algumas das passagens pela internet, preferimos usar a empresa mais famosa – nessa época eu era junior na coragem de entrar em ônibus capengas. As passagens de ônibus nos Estados Unidos são bem baratas, custam cerca de 30 dólares o trecho. Porém, hoje em dia aconselho a ficar de olho nos voos das empresas aéras Low Cost, inclusive nos trajetos curtos. Dependendo da época e da promoção, pode sair mais barato.
Viajamos de DC para Vegas de Virgin Airways, que na época havia acabado de ser lançada no mercado. O voo foi bem barato e sensacional, com um sistema de entretenimento de bordo individual super completo e lanchinho. A volta para Boston foi feita de Jet Blue, do dono da Azul. O voo também foi ótimo, com os mesmos benefícios do voo de ida. Ambos, alias, muito melhores do que meu voo internacional da American Airlines.
Alimentação é algo que pode ser muito barato nos Estados Unidos, se você não se apegar a detalhes como nutrição e calorias. Acontece que os fast-foods lá tem uma coisa linda chamada “Dólar Menu”. Ou seja, uma refeição “completa” custa de 3 a 5 dólares. Quem fica mal de comer batata, sanduiche e refrigerante todos os dias, pode trocar a batata por salada e o refri por suco, por exemplo. Aliás, uma coisa que eu aprendi trabalhando no McDonalds é que se você for do nível roots de economia pode substituir seu refrigerante por tap water (água da torneira) e não pagar nada por isso. Não cheguei a esse nível, mas fica a dica.
Além disso, lá tem inúmeras variedades de cadeias de fast food. Tem as conhecidas internacionalmente e as que só existem lá, então dá para explorar uma rede a cada refeição. Também dá para aproveitar as inúmeras opções de comida tamanho família de supermercados do tipo “Family Dollar” que vendem grandes pacotes de comida por um dólar.
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Dentro da montanha-russa mais legal de todas: a dos Simpsons, no Universal Studios, LA
Sem dúvida, é o item mais caro da viagem. Nos EUA eu só fiquei em hostels. Como tinha feito aquela carteirinha de sócia da Hosteling International (HI), me hospedei nos estabelecimentos que tinham essa bandeira, porque assim eu conseguia um desconto de cerca de 15% na hospedagem. A média de preços nos Estados Unidos é 30 dólares (pode subir nas grandes cidades ou na alta temporada). Todos os hostels onde eu fiquei tinham café da manhã, então a gente aproveitava para comer bastante e guardar uma fruta para o lanchinho. O hostel de Nova York nos deu cupons de desconto para uma peça na Broadway e organizou uma ida mais barata a uma boate enorme que eu não me lembro mais o nome. Curti muito todos eles e recomendo a HI nos Estados Unidos.
Para economizar ainda mais, considere participar de um programa de Work Exchange, aquele tipo de experiência que você trabalha algumas horas por dia em troca de hospedagem. Embora a maior parte das pessoas logo pense em “trabalhar em hostel”, há inúmeros tipos de oportunidades para os mais diversos gostos: fazendas orgânicas, ONGs, acampamentos de surf, ensino de idiomas e mais.
Além de baratear a viagem, essa também pode ser uma experiência única, quase um intercâmbio de baixo custo, que vai te proporcionar uma maior integração com a comunidade local e outros viajantes como você. Aqui no blog somos parceiros da World Packers e nossos leitores tem 10 dólares de desconto na membresia (que custa 49 dólares). Basta aplicar o cupom 360MERIDIANOS. Saiba mais por aqui.
Eu decepcionei muito minha mãe e irmãs quando não voltei com uma mala abarrotada de compras. Ainda assim, trouxe presentes bons para todos, comprados em um desses outlets enormes que têm por lá. Quando fui, criei uma regra pessoal de não comprar nada que ultrapassasse o valor de 30 dólares e deu muito certo. Os Estados Unidos são de fato o país do consumismo e as coisas lá eram muito baratas para os nossos padrões. Porém, esse não era meu foco de mochileira sem mochila. Além de um presente para cada membro da família, eu comprei um computador e um MP3 player que foram um pechincha e não estouraram meu orçamento – claro, pesquisei muito e comprei na loja mais barata.
Passeio guiado dentro do Capitólio, em Washington, DC
As entradas dos lugares e passeios tem um preço médio comum. Tem muitos museus grandes que são gratuítos e só pedem uma doação não compulsória de entrada (apesar disso não ser publicizado). Fora isso, tem muitos passeios grátis, como andar a pé por trilhas históricas nas cidades, os monumentos, parques e praças ou o passeio grátis da Staten Island, para ver a Estátua da Liberdade.
Enfim, acredito que com uma média de 60 a 70 dólares por dia é possível fazer um mochilão econômico nos Estados Unidos. Eu recomendo muito e pretendo voltar lá em breve.
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Oi! Obrigada pelas info, mt úteis.
Estou planejando uma viagem pra lá, ficar 1 mês. Meu roteiro inclui Miami > NY > Chicago > São Francisco > LA > Miami pra voltar pro BR. Eu pesquisei até agora só passagens aéreas, mas vi que vc falou que trechos curtos posso economizar indo de ônibus (até agora só tinha visto passagens aéreas). Tem algum site confiavel pra comprar passagens rodoviarias? Qual dos trechos vc indicaria fazer de onibus?
Obrigada!
Oi Gabriela,
Pelo que você falou do seu roteiro, o único trecho possível de fazer de ônibus seria São Francisco para Los Angeles. Os outros trechos são muito distantes um dos outros, acho que ir por terra você perderia tempo demais.
Sobre sites para pesquisar, recomendo nas empresas Flixbus, Greyhound, Megabus
Boa tarde! Vocês podiam falar sobre preço das comidas nos Estados Unidos e quais são os locais mais em conta para alimentação! Adorei o Site! Bejus
Oi Giulia,
Os lugares mais em conta são as redes de fastfood. Dá para conseguir comida por 1 dólar nos McDonalds e Burguer Kings da vida.
Olá achei incrível sua história. Gostaria de ficar uns 25 dias Estados Unidos para conhecer e aproveitar para trabalhar como devo proceder será que consigo?
Oi Silvana,
Você precisa planejar o roteiro, tirar o visto e comprar as passagens! Pode seguir as dicas que tem nesse post, e também todas as dicas que temos para os EUA: https://www.360meridianos.com/atlas/estados-unidos
como você fez para passar na imigração? Você tinha tudo comprado com antecedência.
Oi Thays,
Quando eu fui, estava fazendo um intercâmbio. Mas hoje, para passar como turista, é bom já ter pelo menos todos os hotéis reservados e um roteiro de viagem mais ou menos pronto.
Oi, bom dia. Estava por aqui navegando e achei o máximo sua história de mochileira sem mochila !
Quando vc viajou a primeira vez, fala muito inglês?!
Tenho muita vontade de ir, tentar fazer uma especialização ou algo assim.. se tiver alguma dica sobre isso, eu iria adorar !
Obrigada, e boas novas viagens ??
Oi Natália,
Sim, eu já falava inglês bem quando fui e acabei ficando mais fluente durante o intercâmbio.
Infelizmente não tenho nenhuma dica sobre estudar lá, mas temos um post geral sobre bolsas de estudos no exterior: https://www.360meridianos.com/2014/04/conseguir-bolsa-de-estudos-no-exterior.html
Oi Luiza, tudo bom??
To planejando passar um tempo nos EUA, trabalhando e conhecendo lugares. Primeiramente, qual tipo de visto vc acha melhor eu tirar? Vi que vc mencionou o J1 (nao conhecia), mas eu pesquisei sobre o H que é de trabalhador temporário. Sabe me dizer qual é o melhor nesse caso?
E na hora da imigração, nao teria o dinheiro inteiro pra todos os meses que passarei la, pois vou levar oq tenho e pretendo conseguir mais la. Acha que isso será um problema?
E vc acha que eu já devo partir do Brasil com tudo reservado? Eu digo os hostels em todos os lugares que passarei e as passagens de onibus/aviao pra cada um deles?
Desculpa, sao muitas perguntas!! hahaha
E eu to querendo ir sozinha, acha loucura?? Queria ir pra praticar meu inglês também e quero me entregar sabe? Depender da língua mesmo. Mas nao sei se é uma boa ideia ir sozinha.
Obrigada desde já !!!
Oi Juliana,
Esse tipo de visto assim não é fácil de conseguir. Os Estados Unidos não costumam facilitar a vida de quem quer ir lá trabalhar, ainda mais se você não tem emprego ainda.
A primeira coisa que você tem que pesquisar é sobre quais as condições para você tirar esse visto. Eu não sei dizer! O J1, por exemplo, só é dado para quem participa do programa Work and Travel.
Sobre as reservas: sim, ter tudo reservado e organizado facilita sua passagem pela imigração. Se você não tiver o dinheiro todo para o período que estará lá, corre o risco de ser mandada de volta.
Oi Luiza!
Você sabe se para trabalhar voluntariamente, pelo workaway ou woof por exemplo, é necessário o visto de trabalho ou eu posso fazer isso com o de turista mesmo?
Obrigada por responder os comentarios!
E seu blog ta sendo um otimo suporte pra mim!
Um beijo!
Ola Luiza
Estou afim de fazer um mochilao pela California ..
sabe me informar quanto é de gasto mais o menos ?
é obrigado ter a hospedagem já garantida antes da ida para ou EUA ?
Oi Pedro,
As coisas já estão um pouco mais caras do que quando eu fui. Mas pelo que pesquisei por aqui, um mochilão econômico ficaria em torno de uns 60 ou 70 dólares por dia (incluíndo quarto coletivo, transporte, refeições baratas e atraçõs, exceto disney ou universal studios).
Olá Luiza,como voce fez com as passagens?Ja comprou a de ida e volta ou comprou a de volta dps,quanto tempo voxe ficou por la e quanto gastou com o aviao,só o pra ir voltar msm.
Grata
Oi Lais,
Eu já fui com a de ida e volta compradas (sai beeem mais barato).
E depois me organizei para voltar a cidade de partida no final do mochilão.
O que você pode fazer, se já souber para onde quer mochilar, é comprar uma passagem multi-destinos: https://www.360meridianos.com/2014/04/como-comprar-passagens-aereas-para-multiplos-destinos.html
Luiza,
Gostaria de tirar algumas dúvidas. Estou indo de mochilão para os EUA, minha ideia é ficar 60 dias viajando pelo pais e treinando o inglês. Irei entrar pro Miami, onde as passagens de avião estão mais baratas. Minha dúvida é, o que falar na hora da imigração? Devo informar que desejo ficar 60 dias? Como é o processo da imigração? Eles podem me dar, por exemplo, 6 meses para ficar lá viajando?
Oi Henrique,
Como turista você tem direito de ficar 6 meses viajando pelos EUA. Mas na imigração, é bom apresentar o seu roteiro de viagem mais ou menos certo, com trajetos, reservas e principalmente a grana para o período.