Durbar Square de Katmandu, praça incrível do Nepal

Se qualquer praça de uma cidadezinha do Brasil costuma ter muita história para contar, a Durbar Square de Katmandu, no Nepal, poderia escrever livros e livros só com os causos de quem passou por lá no último milênio. Sim, eu disse milênio: a praça mais famosa do país está lá há 1000 anos, embora tenha passado por diversas reformas e restaurações ao longo dos séculos. Mesmo assim, partes da Durbar Square permanecem exatamente iguais há pelos menos 500 anos.

Nós estivemos lá em 2012, durante os 10 dias que passamos no Nepal. E garantimos: vale mesmo a visita. Antes de mais nada, vamos entender o que é essa tal de Durbar Square?

Eu e a Naty em Katmandu

As praças reais do Nepal

Durante séculos, o Nepal foi um conjunto de pequenos reinos independentes. Perto de cada Palácio Real, os reis ordenavam a construção de uma grande praça, a Durbar Square. Essas áreas eram repletas de estátuas, fontes, jardins e, claro, templos. Muitos templos, dedicados a deuses e deusas locais. A Durbar Square de Katmandu, por exemplo, tem até hoje uma estátua de Hanuman, o deus hindu que tem forma de macaco, o que garante o outro nome oficial da praça: Hanuman Dhoka Durbar Square.

O Vale de Katmandu – espécie de região metropolitana da cidade e área mais populosa do país – conta com três Durbar Squares, todas elas declaradas Patrimônios Mundiais pela Unesco. As outras duas são a de Patan, a mais simples das três, e a de Bhaktapur, de longe a mais bonita e mais bem conservada.  A de Katmandu tem a vantagem de ser a mais acessível, já que fica no centro histórico de Katmandu e pertinho das principais áreas turísticas e hotéis da cidade.

Leia também: Bhaktapur, uma vila que parou no tempo

Bhaktapur foi capital do Nepal durante bastante tempo, até que Katmandu tomou esse posto, no século 16. Com o passar dos anos (e das conquistas), o reino foi unificado, e em 1768 o nome Nepal passou a designar toda área comandada pelos reis de Katmandu. O Nepal foi uma monarquia até 2008, quando o poder real foi abolido e a República foi declarada. Desde então, as antigas construções reais passaram a exercer apenas um papel: atrações turísticas.

As atrações da Durbar Square de Katmandu

O principal templo da Durbar Square de Katmandu é o Kasthamandap, palavra que significa algo como “teto de madeira”, referência ao material usado nesse templo de três andares. Segundo a lenda, todo o prédio foi erguido com a madeira de uma única árvore. Mais tarde uma variação do nome desse templo acabou por batizar toda a cidade: assim nasceu Katmandu, cidade dos templos de madeira.

 Leia também: Conheça Katmandu, capital do Nepal

Ao passar pela Praça preste atenção também nas horas de aparição da Kumari, a deusa criança da tradição hindu. Cada Praça Real – e mesmo as cidades pequenas do Nepal – conta com uma Kumari, mas a da Durbar Square de Katmandu é a mais importante delas. É normal que grandes grupos de turistas e nepaleses se aglomerem no pátio em frente ao Palácio da Deusa, o Kumari Bahal.

Nós não vimos a aparição dela, mas, pelo que pesquisei na internet, a criança aparece ao público todos os dias, durante alguns minutos. No entanto, para presenciar a cena é necessário pagar uma taxa aos guardas da deusa criança. 

Janela do Palácio da Kumari

Como dito no começo do texto, na área da praça fica o Hanuman Dhoka Palace, o antigo Palácio Real do Nepal, que foi moradia para os governantes do país entre os séculos 16 e 19, quando a família real se mudou para outro prédio. Em reforma há alguns anos, muitas das partes do Palácio estão fechadas ao público, enquanto alguns templos só podem ser visitados por hindus. Além dos templos e áreas públicas, o Palácio conta com alguns museus sobre a história do Nepal.  

Festividade da Praça de Katmandu (Ilustração de 1850, Oldfield Collection, Domínio Público)

Dicas adicionais

Estrangeiros precisam pagar para cruzar todas as Praças Reais do Nepal. Sim, apenas para cruzar uma área pública e aberta, e não para entrar em museus ao redor, que também já cobram taxas. A medida (polêmica, principalmente entre mochileiros) foi tomada para levantar recursos para a revitalização dessas áreas. A taxa varia de acordo com a praça, mas normalmente fica entre 7 e 12 USD.

E não ache que dá para entrar na praça sem ser notado, já que há fiscais espalhados pela região e prontos para cobrar a grana de cada turista estrangeiro. Se você não quiser pagar a taxa cada vez que for passar pela praça (caso, por exemplo, de quem se hospeda num hotel nessas regiões), uma saída é ir ao Tourist Office para conseguir um passe para todo o seu período de viagem. Para isso, leve seu passaporte e uma foto 3×4. Mais informações aqui.

Leia também: Onde ficar em Katmandu

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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  • Vindo do Thamel dá para passar sem pagar. Basta pegar a última entradinha a esquerda que é um corredor coberto e já sairia na praça. Uma pena esse terremoto, lugar fantástico reduzido a pó.

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Rafael Sette Câmara

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