Fervedouros e cachoeiras no Jalapão

Uma pequena cachoeira e um laguinho com água cor de esmeralda. Essa foi a primeira imagem que tive do Jalapão, ao pesquisar sobre o Parque Estadual do Tocantins na internet. Meses depois, já durante a minha viagem para lá, conheci de perto aquele lugar: era a Cachoeira da Formiga, no município de Mateiros, que fica a 310 quilômetros de Palmas.

Além de ter serras lindas, dunas, lagos, rios e estradas de terra que parecem seguir para o infinito, a listinha de atrações do Jalapão conta também com várias cachoeiras e fervedouros, que são pequenos lagos onde é impossível afundar. Ao contrário do que o nome indica, a água nos fervedouros não é quente.

Visitei o Fervedouro do Soninho e a Cachoeira da Formiga no mesmo dia, o terceiro da expedição da Korubo no Jalapão. Para chegar até lá, deixamos cedo o acampamento, passamos pela Serra do Espírito Santo, cartão-postal jalaponês que tínhamos visitado no dia anterior, e entramos em Mateiros, município que concentra a maior quantidade de atrações do parque.

Veja também: Jalapão, Tocantins, o Brasil que você ainda precisa conhecer

Como planejar uma viagem para o Parque estadual do Jalapão

Como é a viagem pelo Jalapão com a Korubo

As belezas da Serra do Espírito Santo, no Jalapão

Cachoeira da Formiga

Fervedouros do Jalapão e a ressurgência da água

A primeira parada foi no Fervedouro do Soninho. E, devo confessar, não fui conquistado de cara: “passamos mais de duas horas na estrada por isso?”, pensei. A viagem só teve sentido quando as primeiras pessoas do grupo entraram na água e começaram a surgir os gritos de espanto. Os fervedouros são nascentes de rios subterrâneos. Por conta disso, ocorre um fenômeno diferentão, a ressurgência da água. É isso que torna impossível afundar nos fervedouros do Jalapão, não importa o seu peso ou força de vontade para mergulhar.

Fervedouro do Soninho

Existem dezenas de fervedouros no Jalapão, muitos deles localizados dentro de propriedades particulares. O Fervedouro do Soninho, por exemplo, é de uso exclusivo da Korubo, que mantém ao lado uma área onde é servido o almoço dos grupos que passam o dia por ali.

Outros fervedouros na mesma região são o da Glorinha e o do Ceiça, ambos em propriedades particulares. Por isso, há horário de funcionamento, normalmente entre 6h e 18h, e há uma taxa de entrada, de R$ 10. Alguns fervedouros são muito pequenos – como o da Glorinha – por isso há um limite de pessoas ao mesmo tempo no local. São permitidos até seis banhistas por vez e um tempo máximo de permanência, que fica entre 20 e 30 minutos, é determinado pelos proprietários.

Outro fervedouro famoso é o do Alecrim, que fica em São Félix do Tocantins, uma região do parque eu não visitei e que guarda também a Praia do Alecrim, que fica a 500 metros do fervedouro, a Serra da Catedral e o Monumento Natural Canyons e Corredeiras do Rio Sono. O site oficial do turismo do Tocantins tem informações sobre essa parte do Jalapão.

Cachoeira da Formiga

Passamos cerca de duas horas no fervedouro e seguimos para a Cachoeira da Formiga, que fica na mesma região. E também está numa área particular, por isso há cobrança de entrada (R$ 20, o valor já está incluído para quem viaja pela Korubo). É possível acampar na área.

A cachoeira foi batizada assim por conta do rio de mesmo nome, que forma uma pequena queda d’água. O lago formado também não é grande, mas o que impressiona – e leva tanta gente até lá – é a cor da água. Para completar, a Cachoeira da Formiga ainda está completamente cercada pela mata nativa.

Caso esteja por conta própria, o caminho para chegar aos fervedouros e à Cachoeira da Formiga é quase o mesmo: vá pela BR-225 e siga sentido São Félix, por cerca de 40 km.

Cachoeira da Velha

Já a Cachoeira da Velha é enorme, a ponto de ser chamada pelos moradores locais de miniatura das Cataratas do Iguaçu. A comparação é exagerada, mas ajuda a passar o ponto. Com 15 metros de queda livre e quase 100 de largura, a Cachoeira da Velha é a maior do Jalapão. Segundo a lenda, uma velha viveu muitos anos por ali, o que acabou dando o nome da cachoeira.

Estive na Cachoeira da Velha no meu último dia no Jalapão – A Korubo para lá durante a viagem de volta para Palmas. A estrutura surpreende, até por ser um lugar isolado. Passarelas e um mirante levam os turistas para perto das quedas, que têm boa vazão mesmo na época de seca. Por motivos óbvios, não é permitido nadar na Cachoeira da Velha, mas basta descer alguns metros, Rio Novo abaixo, para encontrar uma pequena praia.

Caso você vá a partir de Palmas, é preciso seguir pelas rodovias TO-50 e TO-255, até Ponte Alta do Tocantins, mesmo caminho que você faz para chegar ao Parque Estadual do Jalapão. A entrada custa R$ 20.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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