Guia para se hospedar no lugar mais barato possível

Todo mundo tem um talento. O nosso, aqui do 360meridianos, é encontrar a hospedagem mais barata possível em cada cidade que a gente visita. Foi assim em Hong Kong, quando nos disseram que seria impossível gastar pouco por lá, e nós superamos todas as expectativas pagando USD 11.60 por dia e por pessoa.

Também aconteceu em Veneza, cidade que estava nos dando arrepios por causa dos preços, mas no fim das contas conseguimos nos manter no orçamento nos hospedando em um camping, como já contamos aqui.

Em Cingapura, não só escolhemos a hospedagem mais barata, como também descobrimos um dos melhores hostels da nossa vida, que oferecia Nutella liberada o dia inteiro. Mesmo quando as chances não são as melhores, a gente dá um jeito. Em Auckland, cidade cara em um país caro, ficamos em um péssimo hostel, mas acreditamos que era realmente o lugar mais barato no centro da maior cidade da Nova Zelândia.

O nosso recorde de barateza não apenas dentro de uma cidade, mas quiçá no mundo, foi pagar R$ 1,50 (R$0,50 cada) pelo quarto triplo em Manali, uma cidade no norte da Índia. Mas isso só aconteceu por conta do nosso azar. Resolvemos seguir as dicas de uns amigos que tinham ido pra lá no verão e acabamos no alto da montanha, rodeados de neve e sem ter onde ficar porque a cidade inteira fechava no inverno.

Acho que o dono de uma pousada fechada se apiedou da gente e nos deixou ficar lá por uma quantia simbólica, já que nem água o lugar tinha, pois a mesma já havia virado gelo nos encanamentos. Aliás, a Índia inteira foi uma ótima escola para essa nossa habilidade. Foi lá que desenvolvemos algumas das técnicas que vamos passar para vocês agora.

Quando vale a pena?

Olha, para ser bem sincera, nem sempre vale a pena buscar o lugar mais barato possível. Em algumas cidades, como Madrid, a gente nunca se preocupou com isso porque a hospedagem e o custo de vida lá já são bem baratos e é possível encontrar boas opções sem precisar pesquisar muito.

Quando a cidade é cara – e por cara, entenda: tem grandes chances de fazer você extrapolar seu orçamento – aí a coisa muda de figura. Foi o caso, por exemplo, de Veneza, Genebra e Auckland. A gente tinha duas opções: ou tirava essas cidades do roteiro, ou dava um jeito de fazer uma viagem bem econômica. E como a hospedagem é o maior gasto em uma viagem, depois das passagens aéreas, é essencial ficar de olho nele para não entrar no vermelho.

Se você está em uma viagem curtinha, provavelmente vai ter um orçamento adequado para o seu destino. Já pessoas em mochilões, viagens longas e volta ao mundo podem ter que apertar o bolso dependendo do lugar, como foi o nosso caso.

Leia também: Veneza barata: é possível

Dica 1: Não desista fácil

Mesmo que todo mundo diga que tal lugar é caro, que é impossível ficar lá por menos de $$$, não desista facilmente. Você não sabe qual o padrão de viagem dessa pessoa e o nível de conforto que ela exige pode ser diferente do seu. Ou ela pode não ter feito muita pesquisa antes de bater o martelo. Se a gente tivesse dado ouvidos pro que falaram de Hong Kong, teríamos gastado pelo menos o dobro do que gastamos. Quanto mais você persistir, mais chances você tem de encontrar uma hospedagem que caiba no seu orçamento.

Leia também: Onde ficar em Hong Kong

Dica 2: De um jeito ou de outro, abra mão

Nem sempre lugar mais barato é sinônimo de um lugar porcaria, mas em alguns casos é preciso sim abrir mão de certos confortos em prol da economia. A questão aqui é: em que você está disposto a ceder? A resposta pode ser tanto nas mordomias quanto nos baixos custos. Não existe escolha certa, mas sim aquela que é mais importante para você naquela viagem.

Eu mesma nem sempre escolho os lugares mais baratos. Vai depender muito da viagem, dos meus objetivos e do meu bolso. Já desdenhei hotéis baratinho para escolher uns mais bacanas, mas também já fiz o contrário. Enfim, a grande questão aqui é que não se pode ter tudo e que você tem aquilo que você paga. Se você precisa de ficar no lugar mais barato, não vá reclamar da falta de luxos.

Dica 3: Utilize mais de um buscador

Pronto para começar a pesquisa? Procure em mais de um buscador de hotel. A gente usa muito e recomenda o Booking.com, mas na hora de pesquisar, dê uma olhada em outros também, porque pode ser que aquele hotel pechincha só esteja em um site ou que um buscador esteja com promoções exclusivas.

Dica 4: Não utilize nenhum buscador

Se nenhuma opção for satisfatória, faça uma busca direta no Google para ver o que você encontra. Em Bali, na Indonésia, estávamos com esse problema, pois tínhamos certeza que a ilha tinha opções muito mais baratas que as mostradas nos buscadores. Foi só desbravando os confins da internet que descobrimos o Thomas Homestay, um B&B muito frequentado por surfistas e que tinha precinhos compatíveis com a fama barateira do lugar. Mas nós não ficamos lá porque não tinha wi-fi (naquela época).

Ao invés disso, usamos outra técnica que tem funcionado muito com a gente: reservamos um hotel mais caro para os primeiros dias e aproveitamos para pesquisar as opções quando já estávamos lá. Foi assim que encontramos uma pousada que nem tinha sido inaugurada ainda e que, por isso, nos deixou ficar lá pagando cerca de R$ 7 por pessoa. Detalhe: o lugar tinha piscina, internet e os quartos eram pequenos chalés. Hoje, o Sátria já foi inaugurado e subiu bastante seus preços, mas se você tiver interesse nessa hospedagem, clique aqui.

Em toda viagem na Índia, nós também usamos esse macete de procurar hotel direto nas ruas da cidade, mas lá nem nos preocupávamos em reservar um para os primeiros dias. Descíamos do trem, abríamos o mapa do Lonely Planet e encontrávamos a região com maior concentração hoteleira.

Perambulávamos pelas ruas do lugar até encontrarmos a melhor opção pra gente. Eu acho que essa técnica funciona muito bem em países nos quais a barganha faz parte da cultura, pois você vai ter um poder de negociação que não teria pela internet. No entanto, não recomendo ir sem hotel para cidades muito grandes ou com baixo interesse turístico.

Dica 5: Busque hospedagens alternativas

Quando os recursos são poucos, é preciso exercitar nossa criatividade, pensar fora da caixa. Se a gente tivesse sido resistente à ideia de ficar em um camping em Veneza, nunca teríamos encontrado o Camping Rialto, com diárias a 12.90 euros por pessoa. É que, ao contrário do que o nome sugere, o lugar não é bem um camping mas sim uma área aberta com chalés de diversos tamanhos. Também é possível acampar de fato por lá, mas a logística de levar a barraca só para um destino não era atrativa para nós.

Enfim, vale a pena analisar todas as suas opções de coração aberto antes de decidir que uma coisa não é pra você. Isso vale não apenas para o tipo de hospedagem, mas também para a localização do hotel.

Dica 6: Pese os prós e os contras

Diversos gastos vêm embutidos no valor da hospedagem. Se o lugar oferece café da manhã e fica a uma distância curta dos pontos turísticos, você pode acabar gastando menos que ficando em um hotel mal localizado e tomando café na padaria. O único jeito de encontrar o resultado da equação é colocando tudo na ponta do lápis para ver o que compensa mais.

Voltando ao exemplo de Veneza, o nosso camping ficava fora da cidade, mas o ônibus passava bem na porta e era um trajeto curto, o que compensava os preços exorbitantes para acordar com vista para os canais. Em outras ocasiões, a melhor escolha foi ficar no centro, mesmo que o hotel fosse mais caro. Isso varia de caso pra caso e, claro, de bolso pra bolso. Só com pesquisa e calculadora para saber o que vale mais a pena pra você.

Dica 7: E quando nada dá certo?

Infelizmente, em alguns casos mesmo o lugar mais barato de uma cidade ainda vai ser caro pra você. Foi o nosso caso quando desembarcamos em Munique em pleno Oktoberfest ou quando inventamos uma viagem para a Malásia que não estava no planejamento inicial da volta ao mundo e, por isso mesmo, não tínhamos dinheiro para ela. Nos dois casos, acabamos recorrendo ao couchsurfing, que, além de te ajudar a economizar alguns trocados, ainda é uma baita experiência legal.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • Ótimas dicas! Faz tempo que não visito o blog.. (lembro que eu entrava todos os dias no trabalho antes de começar meu intercâmbio).
    Estou indo pra Barcelona pela primeira vez na semana que vem e não sabia que hospedagem era barata na Espanha! Quando vi hostels com diária de 5, 6, 8 euros.. achei que estava lendo errado!
    Reservei um quarto duplo com ótima localização, pra 2 pessoas, por apenas 19 euros o quarto! Enquanto que pra Londres, quando fui o preço médio era 25 euros por pessoa nos quartos com 12, 16 camas...

    • Ei Bethania, se você achou Barcelona barata, experimenta ir a Madrid!

      Que bom que você voltou a nos visitar! =)

      Abraços

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Natália Becattini

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