Como o house sitting pode te ajudar a dar a volta ao mundo

*Texto de Carlos e Larissa, do blog Vida Cigana

Saímos do Brasil com três meses de hospedagem garantidos, em duas cidades diferentes da Nova Zelândia. Noventa dias! Nunca havíamos ficado tanto tempo fora do país. Pagar hospedagem por um período tão longo sempre foi algo fora de cogitação diante da nossa realidade financeira, mas desta vez não foi necessário que um centavo sequer tivesse saído dos nossos bolsos.

Viajar por tanto tempo foi possível porque durante nosso processo de planejamento descobrimos que em diversos países do mundo é normal que se façam acordos de “house sitting”, um estilo gratuito de acomodação que nos permitiria ter casas inteiras, de graça, a nossa disposição, em praticamente todos os destinos que constavam no nosso roteiro.

O que é house sitting?

House sitting é um acordo proposto por pessoas que desejam sair de férias, mas que para isso precisam que alguém tome conta de suas casas e, na maioria dos casos, de seus bichos de estimação pelo período que estiverem viajando. Para embarcarem tranquilos e economizarem uma grana em taxas de canis, eles permitem que viajantes que queiram passar um tempo na cidade onde moram utilizem suas casas como hospedagem, sem cobrar nada por isso. É exigido em troca apenas que os novos moradores se comprometam a manter o dia a dia do lugar da mesma forma que ocorreria caso eles estivessem presentes.

Para um brasileiro, ou qualquer sul-americano, ouvir isso soa muito esquisito. Afinal, como podem largar a própria casa (com todos os seus pertences dentro dela) nas mãos de estranhos? Mas em diversos países, em especial nos de colonização britânica, fazer um acordo de house sitting é algo corriqueiro e já faz tempo que está presente na cultura local.

Anos atrás, os acordos eram negociados apenas entre o círculo de amigos de cada família que precisasse dos serviços de um house sitter, mas com o surgimento da internet tudo tomou uma proporção maior. Muito maior.

A tal economia colaborativa

A internet alavancou o surgimento de várias plataformas baseadas em troca e compartilhamento de serviços que não exigem o envolvimento de dinheiro no processo. Em uma viagem você pode, por exemplo, aproveitar um sofá que alguém disponibilizou no Couchsurfing para passar umas noites, descolar uma carona em uma rota compartilhada por alguém no Blablacar ou, como estamos fazendo há oito meses, conseguir uma casa inteira (e muitas vezes usar o carro da família também) em uma das muitas plataformas de house sitting disponíveis pela rede.

Nesses sites, cada proprietário divulga o período para o qual precisa de um house sitter, posta umas fotos da casa e dos animais, caso existam, e faz uma breve descrição de como é a rotina local. A partir destas informações os interessados se candidatam e, entre as propostas recebidas, os proprietários escolhem as que acham mais adequadas e resolvem tudo em uma ou duas conversas por Skype.

A única barreira inicial para os que queiram iniciar neste universo talvez seja o fato de todos estes sites cobrarem um valor, de até US$100 por ano, para que os viajantes utilizem todas as suas funcionalidades. Alguns inclusive impedem que você se candidate caso não seja membro.

Mas faça as contas: em quantos dias de viagem você costuma gastar este valor com hotéis ou albergues? Provavelmente durante o primeiro acordo de house sitting que você conseguir, ao zerar os custos de hospedagem, já irá recuperar este dinheiro e com sobras.

Embarque para uma volta ao mundo sem pagar hospedagem

Conseguindo emendar um acordo de house sitting após outro em cidades e países diferentes, é possível embarcar para uma volta ao mundo sem se preocupar com os gastos com hospedagem, um dos mais pesados em uma viagem.

Por ser uma atividade de origem britânica, é bem fácil conseguir acordos de house sitting no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Fora do mundo onde se fala inglês, dá pra encontrar muitas ofertas na França, Espanha, Itália, Alemanha e praticamente toda a Europa Ocidental.

Em outros lugares os anúncios são mais restritos, mas não inexistentes. Na América Latina, acordos do tipo são muito populares na Costa Rica e dá pra encontrar alguns até mesmo em ilhas do Caribe. Já no mundo oriental, com uma cultura mais resguardada, é necessário um pouco mais de sorte, mas sempre surge alguma oferta em locais com grande presença de imigrantes, como Dubai, Abu Dhabi, Kuala Lumpur, Bangkok, Cingapura e Hong Kong.

Estamos há meses percorrendo a Nova Zelândia, onde vamos totalizar dez casas diferentes nas mais distintas regiões do país, mas já temos planos e casas agendadas em outros países ao menos pelos próximos cinco meses. Entramos nessa vida e não queremos mais sair.

Se o seu sonho, como o nosso, é viajar e dar a volta ao mundo, eu não perderia mais tempo.

Quer acompanhar nossa viagem mais de perto e ver como é possível viajar por house sitting? Leia nosso blog, o Vida Cigana, e siga nossa página no Facebook.

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