Existe uma Grécia desconhecida dos viajantes brasileiros. Venho batendo nessa tecla desde 2015, quando desembarquei no país pela primeira vez e resolvi conhecer a parte continental e deixar as ilhas para outra ocasião. No meu retorno, em 2018, quis o destino – e as passagens baratas – que eu mais uma vez fosse explorar uma parte das ilhas gregas onde brasileiros são coisa rara: a ilha de Cós (também conhecida como Kos)
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Parte do conjunto de ilhas do Dodecaneso, Cós fica perto da costa da Turquia e é a segunda maior ilha desse arquipélago. Enquanto a maior é mais famosa é Rhodes, Cós e as ilhas adjacentes são destinos de férias populares entre alemães e ingleses.
Praia de Agios Stephanos, em Kéfalos
Cós, além de praias lindas banhadas pelo mar Egeu, também tem história. Foi ali que nasceu o pai da medicina, Hipócrates, há quase 3 mil anos. E tem referências e culturas que se misturam: grega, romana, otomana, bizantina e italiana. Neste post, faço um guia de viagem completo da Ilha de Cós, na Grécia: conto como chegar, quantos dias ficar, quanto custa, quais as melhores praias, o que fazer, onde ficar e como se locomover.
O Aeroporto Internacional Hippocrates recebe voos de outros cantos Grécia e de diversas cidades da Europa. Como muitos desses voos são de cias aéreas low costs, como Ryanair, Germanwings e Tui, a Ilha de Cós é um destino de verão muito acessível aos europeus do Norte.
Outro jeito de chegar em Cós é de barco. Principalmente nos meses do verão, há ferrys diárias vindas de outras ilhas gregas, como Rhodes, Nysiros e Kalinmos. Além disso, também é de barco que se faz o trajeto entre Cós e Bodrum, na Turquia.
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Eu acredito que três ou quatro noites em Cós sejam suficientes para conhecer o principal da ilha e fazer um passeio de barco pelas baías nos arredores. Para conseguir aproveitar todas as atividades, porém, é preciso um carro.
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Centro de Kos Town
Eu gastei, em pleno Agosto – mês da alta temporada – cerca de 50 euros por dia, incluindo acomodação numa pousada simples, refeições em restaurantes e passeios. Não consegui alugar veículo (explico melhor na parte de como se locomover), mas acabei gastando bastante com ônibus. Uma média de 50 a 60 euros para viajantes econômicos com conforto é bem justa.
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Como é uma ilha relativamente grande, rola a dúvida de onde ficar em relação às vilas espalhadas. Se você quiser facilidade de transporte, não for alugar carro e/ou preferir ficar no local com mais estrutura, escolha um hotel em Kos Town. Todos os ônibus saem ou chegam de lá. Algumas sugestões interessantes são o Hotel Sonia, que é uma espécie de pousada familiar, com localização excelente, nota 8,5 e diárias a partir de 50 euros. Ou o 4 estrelas Blue Lagoon City Hotel, com nota 9,2 e a 6 minutos da praia. Diárias a partir de 130 euros.
Kardamena é outra vila com boa estrutura e muitas opções de hospedagem. Foi lá que eu fiquei, numa pousada muito simples, chamada Fania Apartments. Para quem busca um pouco mais de conforto, encontrei boas opções como: Philippos Studios & Apartments e o Rio Hotel.
Praia em Kardamena
As praias do norte da ilha, Tigaki, Marmari e Mastichari, são boas para quem busca ficar em resort. Por exemplo, por ali ficam opções 5 estrelas como o Neptune Hotel-Resort, Convention Centre & Spa e o Astir Odysseus Kos Resort and Spa, com diárias a partir de 150 euros.
E por fim, Kefalos, que fica no lado extremo da ilha, é uma antiga vila de pescadores e conta com as praias mais bonitas de Kós. Logo, escolha ficar ali se você gosta de natureza, mas saiba que alugar um veículo para explorar o resto da ilha será imperativo. Eu passei uma noite lá, antes de ir embora, no excelente – mas sem luxos – Hotel Antonis. Veja todas as opções de acomodação em Kefalos.
Foto: Tom Jastram/Shutterstock.com
Foto: RAndrei/Shutterstock.com
Marmari. Foto: George Papapostolou/Shutterstock.com
A cidade de Kos Town, capital da ilha de Cós, é onde concentram-se boa parte das atrações não-praianas da ilha. Por ali, você pode começar o passeio na Praça Eleftherias, ou Praça da Liberdade. Um giro pela praça e você verá um trecho do antigo muro da cidade, datado de 366 a.C., uma mesquita do século 18 – cujo minarete caiu no terremoto de 2017 e outros edifícios do período da ocupação italiana durante a Segunda Guerra.
Ali também está o Archaeological Museum of Kos, que recentemente foi reaberto ao público e tem uma extensa coleção de esculturas.
Por perto, a poucos metros de caminhada, você encontra algumas atrações importantes, como a Antiga Agora, com as ruínas da praça grega que existiu em 366 a.C. Seguindo por esse mesmo caminho você chega na Árvore de Hipócrates, o grego conhecido como pai da medicina e que supostamente ensinava seus alunos nesse local.
E logo em frente à arvore fica a ponte para o Castelo de Nerantzia. Infelizmente, a construção está fechada desde o terremoto em 2017. O castelo foi construído no final do século 14, por cavaleiros cruzados que também fizeram o castelo de Bodrum, na Turquia.
Foto: straga/Shutterstock.com
Ainda em Kos Town e a uma curta distância estão outras áreas arqueológicas, incluindo antigas termas, estádio e construções adjacentes. Ainda, um antigo teatro romano, o Odeon, do primeiro século, que foi restaurado recentemente. É importante ter em mente que boa parte dessas atrações fecha na segunda-feira.
Foto: gkordus/ Shutterstock.com
Como disse antes, Hipócrates é considerado pai da medicina por conta dos tratamentos baseados em ciência que ele praticava na Grécia Clássica, nos séculos 5 e 4 antes de Cristo.
Foto: Esin Deniz/ Shutterstock
O Asclepeion era o santuário em Cós dedicado ao deus da cura, Asclépio ou Esculápio, e foi nesse lugar que Hipócrates tornou-se um médico e professor talentoso. E também foi ali que ele escreveu o Juramento de Hipócrates, um código de ética da medicina que até hoje os estudantes fazem ao se formar. É possível visitar as ruínas desse templo e “hospital” histórico.
Antimachia é uma vila no interior da ilha de Cós que ainda conserva casas tradicionais. Ali fica o Moinho de Vento de Antimachia, o único desses ainda em operação na ilha, desde o século 18.
Também é nessa região que fica a Fortaleza de Antimachia, outro castelo construído pelos cavaleiros cruzados e cujas ruínas ainda podem ser visitadas. A fortaleza fica isolada no meio da ilha, o que garante belas vistas panorâmicas dali.
O pôr do Sol em Zia, outra vila antiga bem no meio da ilha de Cós, é a parte mais famosa das atrações na ilha. Como fica num ponto alto, Zia garante ver o sol se pôr no mar entre duas ilhas próximas.
Foto: Esin Deniz – Shutterstock
Também é a partir de Zia uma das trilhas mais famosas da ilha. Você segue dali até o alto do Monte Dikaios. O trecho leva cerca de 1h30 para ser completado, passa por ruínas e igrejas, além da vista incrível do mar Egeu.
A produção de vinho é outra característica comum da ilha de Cós. É possível visitar duas das vinícolas familiares e premiadas da ilha, que oferecem tours e degustação. São elas: Triantafyllopoulos e Hatziemmanouil, e ambas ficam no norte da ilha, próximo à Tigaki – é possível ir de ônibus ou de carro.
Apesar de não ser possível circular toda a ilha de bicicleta, existem algumas ciclovias em Cós. Por exemplo, há um trecho de 13 km entre as praias de Psalidi e Faros, passando pela cidade de Kos Town.
Pra quem tem um domínio mais profissional, há trilhas de mountain bike pelas montanhas da ilha.
Comércio em Kardamena
Em Cós existem produções tradicionais de vários produtos: mel, azeite, tomate e vinho. Além disso, várias lembranças de viagem também são produzidas a partir desses produtos, como peças de artesanato e uso doméstico com madeira de oliveira, sabonetes e produtos de beleza feitos de azeite ou mel. Os melhores lugares para comprar isso são no centro histórico de Kos Town e no centrinho de Kardamena. Nas duas cidades existem lojinhas de produtores locais recheadas com esse tipo de produtos.
Eu não cheguei a fazer – e me arrependi – um passeio de barco pelas baías e ilhotas nos arredores de Cós. É que, descobri mais tarde, esse é o melhor jeito de ter acesso às praias mais bonitas e águas de cores mais eletrizantes. Eu não fiz o passeio, mas um amigo que fizemos na ilha recomendou muitíssimo o passeio que ele fez, com comida e bebidas incluídas, não muito grande ou cheio de gente. O nome da empresa é Eva Boat Kos.
Outra opção de passeio é um bate-volta até Nisyros, a ilha que é um vulcão. Eu tenho uma amiga grega que é dessa ilha. Os barcos partem de Kos Town ou Kardamena de manhã e voltam à tarde. Eu recomendaria passar pelo menos uma noite em Nisyros, se você tiver tempo. Dá para comprar o passeio numa agência ou negociar diretamente com os barcos atracados no porto.
Ainda, é comum um bate-volta até Bodrum, na Turquia (foto acima). Já escrevi um guia de viagem completo sobre o lugar. Eu não fiz bate-volta, fiquei quatro noites em Bodrum.
Outra ilha que combina com Kos é Rodhes, a maior do Dodecaneso. De Kos Town partem ferrys diárias para lá. Tilos, Simi, Kalymnos, Leros, Patmos, Samos e Pserimos são outras ilhas nos arredores possíveis de visitar.
No aeroporto, o ônibus que circula pela ilha costuma sincronizar seus horários com as chegadas e partidas dos voos. Isso porém só dá certinho se você vai se hospedar em Kós Town. Eu fiquei em Kardamena, cheguei na ilha às 12h e teria que esperar até 13h30 para o ônibus sair, logo, acabei apelando para os táxis.
Esses mesmos ônibus circulam pela ilha com horários e trajetos variados, tendo o aeroporto e Kos Town geralmente como pontos de partida ou o final. Para conferir todos os trajetos e horários, veja o site da Ktel.
Kos Town
O valor da viagem de táxi é tabelado e varia com as distâncias a serem percorridas. Por exemplo, do aeroporto para Kardamena custa 15 euros. Já do aeroporto para Kos Town são 30 euros. E do aeroporto para Kefalos espere pagar 45 euros.
Existem diversas agências locais de aluguel de carro, moto, quadriciclo e buggy em Cós. As diárias variam de acordo com a quantidade de dias do aluguel, mas chegamos a ver opções a partir de 10 euros o dia, com seguro incluído.
Existe um problema, porém: eu e meu namorado não conseguimos alugar nada sem a Carteira de Motorista Internacional. Foi a primeira vez que esse tipo de problema aconteceu comigo na Europa e não adiantou eu argumentar com eles sobre leis e a convenção de Viena, mesmo meu namorado tendo cidadania italiana. Saiba mais sobre aluguel de carro na Europa.
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Obrigada pelo carinho Bianca. Fico feliz em ajudar