Com um sorriso no rosto e um chapéu para se proteger do sol, o homem que se declarava presidente da ilha recebeu os visitantes. E ele não era o representante maior de uma ilha qualquer, mas uma artificial, feita de junco e que flutua nas águas do Lago Titicaca, a 3800 metros de altitude. Embora descenda de um dos povos mais antigos da América do Sul, os Uros, o homem tem um nome de origem germânica: Guilhermo.
Éramos um grupo pequeno, de sete pessoas, e chegamos ali após navegarmos por cerca de 15 minutos a partir de Puno, no Peru. Após dar boas-vindas e convidar nosso grupo para se sentar em círculo, Guilhermo começou a explicar um pouco do modo de vida dos Uros, que vivem nessa região dos Andes há séculos. Eles já estavam ali, flutuando tranquilamente, quando os incas se tornaram poderosos. E continuaram a flutuar quando os espanhóis chegaram.
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Não faltam versões para explicar por que os uros resolveram deixar a terra firme e construir ilhas flutuantes com juncos e raízes. E a mais aceita diz que foi uma estratégia de defesa – se o inimigo chegasse bastava flutuar com a ilha inteira para longe dali. Por outro lado, uma ilha não ancorada poderia ser um problema e não era raro que o morador dormisse numa vizinhança e acordasse na outra. Ou, garantem alguns, até em outro país, afinal o Lago Titicaca é dividido entre o Peru e a Bolívia. “O problema era não ter passaporte para voltar”, brincou Guilhermo.
Descobertos pelo turismo há cerca de duas décadas, os Uros resolveram flutuar suas ilhas umas perto das outras, criando assim um bairro a apenas sete quilômetros de Puno. Além de viveram da pesca, hoje é o turismo e a venda de artesanato que movimentam a economia dos cerca de 1500 habitantes das Ilhas Flutuantes de Uros.
Guilhermo
O número de ilhas é motivo de controvérsia, mas as estatísticas mais confiáveis falam em algo entre 20 e 30. Na do Guillhermo vivem cerca de 20 pessoas, de 5 famílias diferentes. Os moradores se dividem nas funções domésticas, que vão de cuidar das casas – que sim, também são feitas de junco – até pescar e atender os turistas. “Cada casa fica pronta em três ou quatro dias, mas os telhados precisam ser trocados a cada três meses”, explicou o Guillhermo. E as ilhas não são eternas. Mesmo com manutenção frequente, elas duram entre 30 e 50 anos.
Durante séculos, a comunicação entre as ilhas era na base do grito. Em caso de emergência, bastava correr para a torre, hoje convertida em mirante para visitantes, e gritar até ser ouvido pelos moradores da ilha mais próxima. Na década de 90 chegaram as placas de energia solar. Com elas vieram os confortos da vida moderna, como televisão, rádio e, claro, celulares.
Confortos que não vão muito além disso. Após o fim da explicação, Guilhermo separou nosso grupo para visitar as casas da ilha. É tudo simples, com um colchão no chão, alguns eletrodomésticos antigos e paredes de junco. Os visitantes são estimulados a comprar artesanato local e uma das ilhas flutuantes conta até com um bar e lanchonete – é possível carimbar seu passaporte lá, com a marca das Ilhas de Uros, por um custo simbólico.
Há quem diga que esse passeio é a típica pegadinha para turista. Discordo – e mesmo sabendo que cresce o número de uros que optam por viver em terra firme, principalmente os mais novos. Numa boa, eu faria a mesma coisa, afinal não deve ser fácil viver isolado numa ilha flutuante. Segundo o guia que nos acompanhou na visita, a tendência é que essa seja última geração dos Uros a morar assim.
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Diversas agências, como a Condor Travel, oferecem tours para as ilhas. Não é preciso contratar com antecedência. Você pode perguntar por isso até mesmo no seu hotel, assim que chegar em Puno. Outra opção (a mais barata) é seguir para o porto da cidade e de lá negociar e pegar um dos barcos que levam até as ilhas, num passeio de cerca de 2 horas.
O tour pelas Ilhas de Uros também pode ser combinado com o que vai para Taquile, uma ilha (natural) a cerca de 3h de Puno, custa em torno de 30 dólares e dura o dia inteiro.
Dica extra: é possível passar a noite na Ilha Flutuante. E muita gente faz isso, tanto é que o Uros Aruma Uro é uma das pousadas mais procuradas de Puno, com avaliação muito boa no Booking. Outra opção, também bem avaliada, é o Titikala Uros. Os dois funcionam no esquema quartos privativos (de junco) e banheiro compartilhado. Uma chance de acordar no meio do Titicaca, numa ilha flutuante, e conhecer um pouco mais da cultura e vida dos Uros. Eu não me hospedei ali, mas parece ser uma experiência interessante.
*O 360meridianos viajou ao Peru a convite do Submarino Viagens e da PromPerú.
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Olá Rafael.
Tudo bem?
Estou planejando um mochilão por Atacama-Uyuni-Machu Pichu para ano que vem. Tenho tido muitas dúvidas.
Neste passeio pelas ilhas Uro dá para fazer em algumas horas, oubleva o dia todo? Li um blog em que a visita à ilha era uma parada de viagem entre Puno e Cusco. Vou fazer este trajeto também.
Olá,
POr favor, qual o valor para o passeio Puno - Ilha de Uros? Não encontro em lugar nenhum. Não vou conseguir ir a Taquile, somente Uros.
Obrigada
Ola! Fiz em 23/12/2016. 10 soles por pessoa (11 reais), saíndo do porto. Não contrate agência.