Toda vez que conto a alguém sobre meu intercâmbio em Malta, o comentário que eu mais escuto é: “Que legal. Em que país isso fica mesmo?”, Mesmo sabendo o quanto isso irritaria meus anfitriões malteses, que desde 1964 são uma nação independente, não julgo os desavisados geográficos.
Afinal, devo confessar que antes de começar a pesquisar destinos para estudar inglês no exterior, no final de 2015, eu pouco havia ouvido falar sobre essa ex-colônia britânica, localizada no meio do mar Mediterrâneo, ao sul da Itália e acima da Tunísia.
Até pouco tempo, Malta estava longe de ser o destino mais popular entre os intercambistas brasileiros, porém o custo de vida relativamente baixo, aliado a paisagens incríveis e o clima ensolarado da ilha, tem feito essa realidade começar a mudar. E aí chegamos na segunda pergunta que mais escuto: Por que escolher Malta como seu destino de intercâmbio?
Saiba mais sobre Malta: Roteiros em Malta de 3, 5 ou 7 dias
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Com todos esses motivos, a ilha rapidamente ganhou minha preferência e eu bati o martelo.
Com a decisão tomada, era hora de organizar a minha partida. Marinheira de primeira viagem, meu maior medo era o visto, mas o processo foi todo bem tranquilo. Por se tratar da Área Schengen, brasileiros podem permanecer por até 90 dias em Malta sem pedir o visto previamente. Você só precisa da documentação básica para entrada como turista na Europa.
Como não existem voos diretos para Malta, preferi comprar uma passagem do Brasil até a Itália e de lá outro voo até a ilha. Com isso, economizei quase metade do custo da passagem. Se você quiser fazer isso, é bom ficar de olho apenas nos custos de bagagem. Eu levei apenas uma mala de 20 kg, além da minha bagagem de mão.
Eu pretendia ficar seis meses por lá, então seria necessário o visto de estudante, que só pode ser requerido quando você já está em Malta. Fui com a passagem comprada com volta para seis meses depois, que era o que eu precisava para o visto de estudante.
Como eu tinha a carta de matrícula da escola, fui contando que a imigração italiana não encrencaria. O certo seria comprar a passagem para o retorno em 90 dias e depois trocar, mas isso custa muito dinheiro e nunca ouvi falar de alguém que tenha tido problema.
A autora do post nos Dingli Cliffs durante o intercâmbio em Malta
Uma vez em Malta, você deve apresentar uma lista de documentos no Departamento de Cidadania, que fica na capital, Valletta. Aqui cabe uma dica: procure fazer a solicitação o quanto antes, uma vez que a liberação da sua carteirinha pode demorar mais de um mês, dependendo da demanda.
Não é necessário agendar horário, mas é recomendável chegar cedo, pois eles têm um número limitado de atendimentos por dia. Apesar da fila, não costuma demorar muito se você estiver com todos os documentos da lista abaixo.
Vale lembrar que todos os documentos do visto de Malta devem estar em inglês. Assim que você entra com o processo, já recebe um comprovante de sua legalidade no país. Entretanto, se seus 90 dias iniciais já tiverem passado e seu visto oficial não estiver pronto, você não pode viajar para nenhum outro país da Europa. Por isso, não deixe para última hora.
Term of Responsibility
I, (nome completo), (nacionalidade), (profissão), Passport No XXXX, Identity Card XXXXX, declare I will bear all living costs inherent to the stay of (seu nome), my (possível relação familiar), (sua nacionalidade), Passport No XXXX, in Malta, during the length of the (nome do curso) at (nome da escola).
Date:
Local:
Assinatura com firma reconhecida em cartório
Algumas das minhas roomates na rua da minha casa
Eu não contratei nenhum pacote de agência de intercâmbio em Malta. Pesquisei as escolas na internet e fechei diretamente com uma delas, a Linguatime, que infelizmente foi uma das vítimas da pandemia e fechou as portas. Mas escolhi estudar lá por ser uma escola menor, com um método de ensino com o qual me identifiquei e um preço justo. Caso você queira fazer o mesmo, aqui vão alguns conselhos:
Vai por mim, se você estiver cercado por pessoas que falam sua língua, dificilmente vai se esforçar para falar inglês. Por mais focado que você esteja, melhor evitar a tentação da zona de conforto do idioma natal. Existem escolas maltesas com forte inserção em nosso mercado e que chegam a ter cerca 50% de estudantes brasileiros.
Eu preferi evitar e busquei uma instituição com um mix de nacionalidades mais diversificado. Além de me forçar a falar mais inglês, isso me permitiu conviver com alunos de lugares e culturas muito diferentes, o que acabou sendo a parte mais enriquecedora da minha experiência de intercâmbio em Malta.
Turistando com alguns colegas em Valletta. O mix de nacionalidades foi algo que pesou na escolha da escola.
Algo que ajuda muito é conversar com alguém que estudou na escola em que você está interessado e que possa te passar impressões mais reais que a da publicidade.
Antes de ir, eu pude bater um papo com uma intercambista que havia acabado de voltar de Malta e que estudou na mesma escola que eu. O depoimento dela foi ótimo para me ajudar a decidir. Se você não conhece ninguém, procure na página da escola no Facebook. Em geral, as pessoas gostam de falar sobre a experiência e podem te dar dicas de ouro. Cheque também as instituições às quais a escola está vinculada e que a certificam.
Existem escolas de todos os preços. Avalie se vale a pena pagar pela mais cara de todas só porque ela inclui praias particulares, festas tops e passeios de barcos-ostentação. Isso não é determinante para o seu aprendizado e esse dinheiro pode ser investido em coisas mais legais, como viagens para países vizinhos.
Essa é uma dúvida comum, afinal o inglês não é a única língua falada na ilha. Andando pelas ruas você vai ouvir o maltês, que também é idioma oficial ali e se originou de uma mistura entre o árabe, dialetos da Sicília, na Itália, e um pouco do inglês.
Além disso, estima-se que dois terços das pessoas são capazes de entender o italiano, que era falado no país até 1934. Mas fique tranquilo que essa torre de babel, embora interessante, não vai atrapalhar o seu aprendizado.
Todo mundo na área urbana fala inglês e essa é a língua com a qual você vai se comunicar com as pessoas. Eles utilizam o inglês britânico e é comum a presença de professores ingleses nas escolas. Eu falei mais sobre isso e outras curiosidades no post Inglês em Malta: a experiência de um intercâmbio na ilha.
Minha primeira turma na escola de inglês em Malta. Entrei no nível pré-intermediário.
Os cursos podem variar com o objetivo. O padrão é o de inglês geral de 15 horas semanais, que foi o que eu fiz. Custou 2185 euros por 23 semanas de curso. Existem ainda opções focadas em inglês para negócios, conversação, aulas particulares e preparação para exames.
Eu sugiro que você contrate um curso geral e ao chegar na escola, de acordo com sua evolução, avalie se quer complementá-lo com alguma aula específica. Dessa forma, você escolhe de forma mais assertiva, focando no que é realmente necessário.
Em geral, as escolas enviam um teste online para avaliar previamente seu nível de inglês e quando você chega lá passa por uma entrevista para confirmar sua turma. Tudo isso é ajustável e você pode pedir para ser reavaliado se achar que as aulas estão muito fáceis ou difíceis demais.
Na escola em que eu estava, éramos avaliados semanalmente pelos professores e contávamos com uma coordenadora pedagógica que acompanhava nossa evolução e nos ajudava com estratégias para os estudos.
Malta não é um país caro, mas em tempos euro em alta, é importante colocar tudo na ponta do lápis. O primeiro ponto ao qual você deve se atentar é a alta temporada. Por se tratar de uma ilha muito turística, durante o verão, além de estar muito mais cheia de gente, tudo é mais caro por lá. Tudo mesmo, até a passagem de ônibus coletivo.
Como em todo lugar, o valor da moradia depende do endereço. Eu fiquei em Sliema, que é onde estão muitas das escolas de inglês. Trata-se de um bairro de classe média alta, em uma orla muito turística. Nessa região, o aluguel de um quarto já com as contas fica entre 300 e 400 euros.
Eu fechei o pacote no apartamento compartilhado da escola e foi uma experiência divertidíssima. Morei com gente do mundo inteiro, em um prédio em que todas as pessoas eram meus amigos ou conhecidos. Preferi contratar o período todo de uma vez para facilitar a documentação do visto, mas é possível viajar só com o primeiro mês reservado e procurar uma república por lá, o que normalmente fica mais barato.
Com supermercado e alimentação, eu gastava, em média, 25 euros por semana. Uma vantagem era que fazia tudo a pé. A ilha é pequena e muito segura, então, até para a balada eu ia e voltava caminhando.
Os bares e casas noturnas são outros pontos positivos para o bolso. A maior parte deles fica concentrada em Paceville, o bairro boêmio do país, e você não paga para entrar. A quem interessar, uma cerveja nesses lugares custa cerca de três euros e uma tábua de doses entre 10 e 12.
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O visto de residência como estudante em Malta não permite que a pessoa trabalhe legalmente no país. Caso você tenha esse propósito, precisará entrar com um processo diferente na imigração e para isso já precisa ter conseguido um emprego. Esse não era meu foco e me mantive por lá com minhas economias.
Meu planejamento inicial era ficar um semestre, mas consegui um estágio de verão na escola em que estudava e estendi a estadia para 11 meses. Vale ficar de olho nessas oportunidades, pois é uma prática comum nas instituições de ensino. Eu dava suporte à organização e divulgação dos eventos e atividades de lazer promovidas pela escola e na produção de conteúdo para o site. Além da experiência de trabalho, recebi aulas extras e acomodação por conta da escola.
Se você gostaria de aprender inglês em Malta, mas esbarra questão financeira, não precisa desanimar! Nós sabemos que o euro está caro e que isso pode ser um impeditivo para muita gente. Mas, embora as escolas para estrangeiros sejam, sim, meio caras, há formas alternativas de praticar o inglês fora do Brasil.
Muita gente tem participado dos programas de Work Exchange justamente com essa finalidade! Além de ser uma forma de viajar economizando muito na hospedagem, eles também acabaram se tornando uma ótima opção para quem também quer aprender ou melhorar o conhecimento em uma língua por serem baratos e flexíveis.
Em Malta, há oportunidades para trabalhar em um hostel em troca de hospedagem e aproveitar os momentos de trabalho e as interações com os clientes para dar um gás no seu inglês; para trabalhar em uma fazenda de mel e geléias orgânicas; como professor de idiomas; fazendo pequenos reparos ou como social media, fotógrafo ou video maker, além de várias outras!
Os programas se adaptam a viagens de qualquer duração, não tem limite de idade e a diversidade de destinos é muito grande. No Worldpackers, parceiro do blog, a membresia custa U$ 49 por pessoa ou U$ 59 para um casal ou dupla de amigos, e você pode participar de quantos programas quiser durante um ano.
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No valor, está incluído um seguro que te ajuda a achar outra atividade caso você encontre condições diferentes da combinada ao chegar. E o site é brasileiro, logo, você tem suporte 24 horas em português.
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Ver Comentários
Olá! Busquei vc no Insta mas não encontrei. Quero fazer um curso em Malta e gostaria de uma dica de escola para +50 com o melhor custo benefício possível. Tem alguma?
Olá Sulmara, gostei muito do teu depoimento, tenho 63 anos e fiquei entusiasmada em fazer um intercambio em Malta em 2021. Entrei no endereço da escola que indicaste e gsotaria de saber se eles aceitam nas turmas pessoas da minha idade. Obrigada
Incrível ! Tudo o que eu precisava saber. Muito obrigada
Qual valor total pelo período que vc ficou?
Boa tarde, estou pesquisando intercâmbio em Malta para +30 e não encontrei sua escola. Você poderia me sugerir outra?
Seu texto é ótimo e esclarecedor, procuro um curso nesse mesmo critério de custo&benefício, com o mínimo possível de brasileiros.
Gostaria de indicação também para acomodação individual por um preço razoável.
Grata.
Oie, tenho as mesmas dúvidas do Cláudio e Camila.
Estou cotando nas agências de intercâmbio em SP, para eu e meu namorado irmos no início do ano que vem. Alguma sugestão da melhor agência?
Minha maior preocupação é conseguir me comunicar com quase zero de inglês... Será que em 3 meses conseguimos evoluir bem?!
Amei as dicas! Vou ficar três meses em Malta e sei muito pouco inglês, tenho medo de não me entenderem hahaha será que consigo me virar com o google tradutor?
olá.. .bom gostei muito das suas colocações neste post... mas fiquei c uma dúvida... vc teve alguma experiência com algum aluno que iniciou do zero os estudos em inglês? se sim... qual o nível conseguiram chegar? e quanto tempo acredita ser necessário para chegar em um nível intermediário? grata
Parabens , gostei muito , pretendo ir de 7 setembro a 30de novembro . Posso tentar trabalho por 90 dias ?? nao precisa de visto se ficar somente 90 dias ne ? Em 3 mesesda para aprender muita coisa , so tenho o basico do ingles. Sera facil conseguir quarto para casal adulto??? se for possivel responder por email .. obrigado
Olá, obrigado pelo relato, muito informativo e interessante. Apenas uma dúvida sobre o visto de trabalho, eles aceitam que inicie o processo já dentro do país? Normalmente todos os países europeus demandam que iniciemos o processo no Brasil, na embaixada antes de entrar no país.