“Aquela área é a geral. Lá, cinco mil torcedores passam o jogo inteiro pulando. Sabem o que fica debaixo da geral?”, perguntou o guia, durante a visita guiada ao estádio La Bombonera, em Buenos Aires. Com um sorriso no rosto, ele mesmo respondeu: “O vestiário do time visitante. Eles têm que se preparar para o jogo enquanto o teto acima deles é pisoteado por 5 mil pessoas, um barulho tremendo”.
Não sou o tipo de turista que coloca estádios de futebol no roteiro de viagem, mas em Buenos Aires a situação é diferente. Além do La Bombonera ser uma das grandes atrações da cidade, futebol por aqui é religião. E no panteão portenho nenhum time é tão importante quanto o Boca Juniors, dono do La Bombonera. São 17 milhões de torcedores, seis Libertadores e três Mundiais. Pouco? Para completar, o Boca tem ainda um torcedor fanático: ninguém menos que Diego Maradona, dono eterno de um dos camarotes do La Bombonera.
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A camisa do maior time da Argentina é conhecida em todo mundo. E com um detalhe: o azul e o amarelo foram escolhidos por acaso, quando os fundadores do Boca determinaram que as cores do time seriam iguais às da bandeira do próximo navio estrangeiro que desembarcasse em Buenos Aires. “Ainda bem que foi um navio da Suécia. Já imaginou se fosse de outro país? Nossas cores poderiam ser vermelho e branco, igual a um certo time pequeno de Buenos Aires”, brincou o guia, em alusão ao River Plate, grande rival do Boca.
La Bombonera fica no La Boca, um bairro próximo ao porto e que serviu de base para muitos imigrantes que se mudaram para a Argentina – e que também deu nome ao time. Próximo ao centro, o La Boca costuma entrar no roteiro do turista por conta de outra atração, o famoso Caminito. Mesmo que você não goste tanto de futebol assim, se for ao Caminito, passe pelo menos em frente do estádio, que fica pertinho. Tá em dúvida se vale a pena baixar lá no Boca? Leia nosso post completo sobre a visita ao caminito.
Loja no La Boca, bairro onde está o estádio
Se optar por entrar, escolha a visita guiada pelo museu e pelo estádio, que custa 470 pesos (33 reais). Compensa muito mais do que os 310 pesos investidos só na visita ao museu e na visão panorâmica do campo. A diferença? As histórias contadas pelo guia, que dão uma dimensão clara da importância que o Boca tem na vida dos argentinos. E, claro, as alfinetadas ao rival. “Dizem que o grande jogo do futebol argentino é Boca e River. Para nós é só um jogo entre um time de primeira divisão e outro de segunda”, zombou o guia.
A visita começa com uma rápida passagem pelo Museu do estádio. Ali estão expostos troféus, recortes de jornais, fotos, partes de uniformes e outros objetos que lembram conquistas importantes do Boca. Quando chegamos, o tour estava prestes a sair, então só demos uma olhada rápida no museu e seguimos o guia. Se isso acontecer com você, não se preocupe, depois de passar pelas arquibancadas e vestiários, a visita guiada termina dentro do museu.
Museu do Boca
Ao chegar nas arquibancadas, o guia conta um pouco da história do Boca Juniors. Como quase todo mundo sabe, o apelido do estádio, que oficialmente se chama Alberto Jacinto Armando, é uma referência ao formato da construção, que lembra uma caixa de bombons. Como a área para a construção do campo era pequena, o arquiteto optou por fazer o estádio crescer para cima, criando o formato curioso. La Bombonera parece pequeno, mas é capaz de receber até 50 mil torcedores.
Tudo é pensado para tornar a vida dos rivais mais complicada. Além de terem que se preparar para o jogo no vestiário que fica debaixo da geral, o túnel de saída dos jogadores adversários é perto de onde fica La Doce, a maior torcida organizada do Boca. “Já o vestiário do Boca fica abaixo das cadeiras, onde os avôs e as avós se sentam. Ou seja, nossos jogadores têm toda a tranquilidade e silêncio para se preparar para o jogo”, conta o guia.
O 12 marca o local da organizada, o chão azul é a geral, que fica acima do vestiário dos visitantes
E não para por aí. A área dedicada à torcida adversária também é cuidadosamente planejada. Fica no terceiro anel superior, a única parte do estádio onde bate sol depois da 18h. É um local que recebe ventos fortes, vindos do Rio da Prata. Se você é um torcedor visitante em La Bombonera, das duas uma: prepare-se para fritar no sol ou agasalhe-se para não morrer de frio. “Se eles quiserem, podem se converter ao Boca e ficar nas melhores partes do estádio. Nós aceitamos todos”, disse o guia.
Você vai gastar uma boa grana, já que o time nem vende os ingressos, afinal são mais sócios-torcedores do que lugares disponíveis em La Bombonera. Mas se você fizer questão de assistir ao Boca durante sua viagem a Buenos Aires, pode contratar uma das muitas empresas especializadas e que revendem ingressos de sócios. Os preços começam em 900 pesos (180 reais).
Vestiário do time visitante
No meu tour o guia falou em portunhol fluente, idioma amplamente compreendido pelos visitantes, que eram argentinos (a maioria torcedores do Boca que moram em outras partes do país, mas também alguns de times rivais) e brasileiros.
Não há metrô até essa parte da cidade, mas vários ônibus ligam o centro ao La Boca, entre eles o 70, 39 e 10. Também é possível ir caminhado – eu mesmo fiz isso – mas você vai andar por pelo menos 30 minutos, partindo da região da Avenida 9 de julho e passando por San Telmo.
Veja também: Como se locomover em Buenos Aires
A melhor forma de chegar lá, no entanto, é de táxi. A corrida do centro ou de Puerto Madero não sai por mais do que 10 reais. Pode ser uma saída melhor, já que algumas áreas do bairro não são seguras – eu conheci turistas que foram assaltados lá ao entrarem sem querer numa rua fora do eixo turístico.
Se resolver voltar de táxi, saiba que os motoristas dos veículos parados em frente ao estádio costumam se recusar a ligar o taxímetro – um deles tentou nos cobrar duas vezes o valor real de uma corrida. Se isso acontecer com você, basta ir até a próxima esquina e esperar um táxi. Como a quantidade de turistas por ali é grande, o movimento de veículos também é. Consulte mais informações no site oficial do estádio.
Contratar um seguro de viagem é essencial, ainda que seja para países tão próximos quanto a Argentina e o Uruguai. Por mais que seja perto de casa, o melhor é viajar protegido para não sofrer com os imprevistos.
A boa notícia é que é possível contratar um bom seguro de viagem gastando cerca de 10 reais por dia. Para isso, recomendamos utilizar um buscador como o do Seguros Promo, que compara as principais seguradoras e garante que você encontre o melhor custo-benefício, de acordo com suas necessidade.
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Os principais bairros para se hospedar em Buenos Aires são:
Os dois primeiros são para quem quer economizar, ficar perto de tudo e não se incomoda com bagunça. Já Recoleta e Palermo tem hospedagens mais caras, mas são bairros mais nobres e bonitos. Você pode saber mais sobre as regiões no nosso post Onde ficar em Buenos Aires.
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Ver Comentários
É possível comprar ingressos para a visita guiada online? Ou só na hora? Quais os horários das visitas?
É sim. Ó:
https://shop.bocajuniors.com.ar/catalogo/3162/museo
Ola amigo, vc sabe me dizer se tem como fazer a visita tour no estadio do boca o dia em que tiver jogo na la bombonera??
obrigado
OI, Victor.
Em dias de jogos o horário da visita é alterado, para não atrapalhar as partidas. Dá uma olhada no site oficial do Boca para ver o horário do dia que você pretende passar por lá.
Abraço.
Boa tarde, Rafael!
Duas perguntas:
1) Essa visita guiada pode ser feita entre quais horários?
2 Sabe indicar alguma empresa especializada que revenda ingresso de sócio?
Abraço.
Oi, Diego. Não sei se dá tempo ainda, mas veja esses dois links:
https://www.tangol.com/por/futbolargentino.aspx
https://aliembuenosaires.com.br/comprar-ingressos-para-os-jogos-do-boca-e-river/
Abraço.
Ola Rafael, estou indo semana que vem a Buenos Aires e quer fazer uma visita a La bobonera e ao museu. queria saber quanto tempo leva para fazer essa visita?
Abraço
Em torno de uma hora, Fábio Roque.
Olá, vou para BA em janeiro e quero conhecer o estádio. É seguro eu ir com a camisa do meu time (atlético mineiro)?
Oi, Maristela. Imagino que sim (o risco maior do bairro é entrar nas ruas erradas, por isso preste atenção no fluxo de turistas).
Só não sei se há alguma regra do próprio estádio impedindo a entrada de gente com outras camisas de futebol.
De qualquer forma, o guia é muito simpático, pergunta os times de todos os visitantes e brinca com todo mundo.
Abraço.
Sou de Belém do Pará, torcedora do Payssandú, único time do norte a participar de uma Libertadores. Jogamos contra o Boca na Bombonera, e advinha? Ganhaaaaaamos!!!!!!!!
https://globoesporte.globo.com/pa/noticia/2013/04/paysandu-completa-10-anos-da-vitoria-contra-o-boca-em-la-bombonera.html
Oi, Candida.
Lembro muito desse jogo! Foi incrível!
Abraço.
Gente, que máximo!!!!
Fiz esse passeio e fiquei impressionada com o barulho e ter a noção de como isso vira um caldeirão nos dias de jogo!
O guia era fantástico e fez mts brincadeiras com o Corinthians (que estava em alta em 2012).
Foi mt agradável!
Beijos
Durante um jogo deve ser sensacional, Isabel.
Abraço!
Valeu o link maroto, galera!
Sempre um prazer indicar blogs legais, Túlio.
Abraço.