Como qualquer lugar com forte identidade e dezenas de particularidades, Lyon tem um vocabulário próprio. Bouchons e Traboules, por exemplo, são palavrinhas usadas para designar coisas típicas dali. Eu nunca tinha me deparado com essas duas palavras francesas até abrir pela primeira vez meu guia de viagens no capítulo sobre Lyon. Não é para menos. Até mesmo um francês de outra região pode se confundir com o significado delas (Duvida? No post que eu escrevi para o The Green Geekette, durante o Big Blog Exchange, uma leitora veio me contar que nunca tinha ouvido falar nisso antes).
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Mas afinal, o que essas duas palavras querem dizer? Bouchons são pequenos bistrôs muito comuns pelas ruas de Lyon, uma prova de que você não precisa gastar rios de dinheiro para comer bem na França. Apesar da fama gastronômica do país – só os restaurantes de Lyon somam 13 estrelas no guia Michelin e a cidade é considerada a capital mundial da gastronomia -, os bouchons dispensam toda a pompa e servem comida simples, típica e com gosto de casa. No cardápio, muita carne de porco, patês e muita gordura. Definitivamente, não é o melhor lugar para quem está de regime. O ambiente aconchegante atrai muitos franceses não apenas pelas refeições baratas, mas também para bater papo com os amigos e até, quem sabe, jogarem uma partida de damas. A maior parte desses estabelecimentos são negócios de família e liderados por mulheres.
A tradição surgiu no século 19, mais ou menos como uma dessas tavernas onde viajantes paravam para matar a fome e descansar antes de seguir viagem. Como não é tão comum no exterior que os estabelecimentos permitam que os clientes apenas encham a cara sem comer nada – esses gringos têm muito o que aprender – os bistrôs chefiados pelo pessoal mais gente boa tinham rolhas de vinho penduradas na porta para avisar aos bêbados que eles eram bem-vindos.
No resto da França, bouchon significa apenas rolha, daí o nome desse tipo de restaurante. Essas rolhas ainda estão dispostas em pelo menos um dos bouchons do século 21: Au Petit Bouchon (8 Rue Garet), e, no bouchon que eu visitei, eles não se importaram que eu pedisse apenas uma cerveja no primeiro dia. Achei o pessoal tão simpático que voltei para almoçar no dia seguinte. Para ter certeza de que o restaurante escolhido é dos autênticos, basta procurar pelo selo que diz, no bom e velho francês, “Authentiques bouchons lyonnais“.
Escondidos atrás de portas entre as regiões de Vieux Lyon e Croix Rousse, os traboules são passagens secretas escuras que ligam uma rua à outra. A maior parte delas foi construída no século 19 por tecelões, que queriam uma maneira segura de transportar seda durante o período de chuvas. No entanto, alguns deles datam da época da ocupação romana na região. Quem achou essas passagens muito úteis foram os membros da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial, afinal, é muito difícil que alguém que não conheça as ruas de Lyon saiba onde todas aquelas passagem vão levar.
Eu já sabia da existência dos traboules quando cheguei em Lyon, mas confesso que tive que andar um bocado procurando por eles até encontrar. É que, como qualquer passagem secreta, eles estão…. escondidos! Ficam atrás de portas que se parecem muito com a porta da casa de alguém. Encontrá-los foi um trabalho de dedução e observação intenso, e, da primeira vez que eu tomei coragem e abri uma das portas, fiquei morrendo de medo de me deparar com uma dona francesa pronta para chamar a polícia. Me custou um pouco de tempo até eu entender que, num gesto muito gentil de quem cuida do turismo da cidade, os traboules estão quase sempre sinalizados com plaquinhas assim:
Ao todo, existem em Lyon 315 passagens que fazem a conexão entre 230 ruas. Combinadas, chegam a somar 50 km de labirinto.
A viagem à França foi patrocinada pela Hosteling International como prêmio pelo concurso Big Blog Exchange.
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Adorei a dica !!
Gostei muito do blog, Parabens! tb tenho um blog de viagem! visitem: eimaetovivo.com.br/
Olá Isabela! Obrigada pela visita e pelo comentário! Volte sempre!
Abraços!