Os mercados e o comércio fazem parte da vida dos indígenas de Otavalo, no Equador, há séculos. Empreendedores por natureza, os nativos dessa região localizada a 100 km ao norte de Quito são orgulhosos de seu povo e cultura e, graças a uma grande habilidade comercial desenvolvida ao longo das gerações, hoje são eles que abastecem boa parte do país com seu artesanato. Uma conquista que se deve a uma forte rede comunitária formada à parte do poder político central e que os coloca entre as populações indígenas mais prósperas de toda a América Latina.
Hoje, o Mercado de Artesanato de Otavalo está entre os mais famosos mercados indígenas da América do Sul. Mas não se engane, a verdadeira riqueza local está em sua gente. Com suas calças e camisas brancas, poncho e um chapéu de feltro preto, a roupa tradicional dali, os Otavalenhos são sorridentes e muito conscientes de sua história e tradições, que buscam difundir no país e em outras partes do mundo. Desde tempos anteriores à conquista Inca, preservam um grande talento para a produção têxtil, música, negócios (que, antigamente se davam pelo trueque, ou intercâmbio de mercadorias) e para o artesanato.
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Os 600 postos físicos que fazem do Mercado de Artesanato de Otavalo um dos maiores mercados indígenas do mundo estão abertos em qualquer dia da semana na Plaza de los Ponchos, principal ponto de referência da cidade. No entanto, é no sábado que os corredores estreitos entre as barracas se enchem de visitantes e as ruas adjacentes são ocupadas por mais vendedores, que chegam de outras partes da Serra.
Os labirintos coloridos exibem todo tipo de artesanato, principalmente os de material têxtil, especialidade local: cobertores com estampas típicas da região, roupas, bolsas, capas de almofadas e ponchos. Há também artesanato em madeira, como objetos de decoração e instrumentos musicais, e corredores apenas com ingredientes e comidas típicas.
O mercado abre cedo, às 6h da manhã, e fecha no fim da tarde. Além da grande diversidade de produtos, o lugar também é um dos melhores para comprar artesanato andino por preços bem convidativos. Como tudo é produzido em Otavalo e arredores, ele costuma ser mais barato que outros mercados no país. E ainda dá para tentar uma pechincha, já que essa é uma prática comum ali.
Todos os sábados, muito cedo pela manhã, outro mercado indígena resiste ao tempo e preserva as tradições locais. O Mercado de Animais de Otavalo é um ponto de encontro para fazendeiros e camponeses legais comprarem e venderem seus rebanhos e criações. Ali é possível testemunhar a verdadeira arte de negociação otavalenha e a atividade mercantil que molda os costumes daquele povo. Não se assuste se você for um dos poucos forasteiros por ali. O mercado de animais, ao contrário do de artesanato, não tem foco no turismo e é apenas uma manifestação das tradições dos indígenas otavalenhos, de século atrás de século.
Quem tiver interesse antropológico nessa atividade pode se programar para chegar em Otavalo na tarde de sexta. No sábado, por volta das 7h da manhã, pegue um táxi no centro da cidade e peça para ser deixado no mercado de animais. Depois, vá para o mercado de artesanato para aproveitar seu dia e, quem sabe, almoçar por ali mesmo. O morro detrás do mercado de animais é um bom lugar para fotos panorâmicas da região.
Embora Otavalo seja mais conhecida por seus mercados e muita gente opte por fazer um bate-volta a partir de Quito, há outros pontos de interesse se você quiser ficar mais. Fora da cidade fica o El Lechero (localização), uma árvore que é conhecida na região por suas propriedades mágicas e de cura. Dá para chegar lá de táxi (cerca de $4) ou caminhando. Há setas indicando o caminho e o lugar também é um bom ponto de piquenique.
Toda terça e quinta, os otavalenhos dão mais uma demonstração de sua rica cultura na Calle de las Almas, ladeira que leva até o cemitério local (localização). Ali eles compartilham refeições e ofertam flores ao som de músicas folclóricas para honrar os entes queridos que já partiram.
Peguche é um distrito próximo a Otavalo do qual sai uma pequena trilha que leva a uma cachoeira de mesmo nome, com 18 metros de altura. O lugar é considerado sagrado e é um sítio cerimonial para os habitantes locais por séculos. É em Peguche também que estão a maior parte dos ateliês de arte têxtil da região. Se você quiser aprender um pouco mais sobre como é o processo de produção artesanal, a loja El Gran Condor faz demonstrações desde a separação do fio de algodão até a pintura e confecção das peças.
Além do comércio e do artesanato, a música é um importante aspecto cultural de Otavalo. O grupo Ñanda Mañachi busca resgatar e difundir a música e os instrumentos tradicionais otavalenhos. Assistir a uma apresentação deles é uma das melhores experiências que se pode ter na cidade. Eles também mantém um ateliê de instrumentos musicais típicos em Peguche (localização).
Os ônibus para Otavalo saem do Terminal Norte de Quito várias vezes por dia e custam $2,70. Há várias empresas que fazem o trajeto e o preço não muda entre elas, mas, na hora de comprar, pergunte se o ônibus deixa no terminal de Otavalo, para não correr o risco de pegar algum que pare na estrada. A viagem dura cerca de duas horas.
A boa notícia é que, seguindo a tendência do resto do país, os preços das hospedagens em Otavalo são bastante baixos. É possível reservar um quarto individual em hostel, com café da manhã incluindo, por cerca de $10. Procure hotéis que fiquem próximos à Plaza de los Ponchos, tanto pela proximidade do mercado quanto dos principais restaurantes. Os hostels La Rosa de Otavalo e El Andariego têm excelente qualificação entre os hóspedes.
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Bom dia, Natália Becattini,
Foi uma boa surpresa que descobri sua página, quando eu buscava informações sobre a feira (o mercado) de Otavalo, no Equador. Eu e minha mulher estamos com viagem marcada para passar alguns dias em Quito. Depois do congresso, ficaremos uns dias em Cuenca, visitando um ex-colega da UFRJ, que voltou para assumir os negócios do pai. Que negócios? O cultivo e a comercialização da paja toquillo, (palha toquilho) para confecção do famoso chapéu Panamá.
Que incrível, Ivan! Espero que se encante com o Equador! Volta depois pra contar da viagem :)
Abraços!