Mercado Municipal de Aracaju: como é a visita e o que comer por lá

Sentado numa mesa no terraço do Mercado Municipal de Aracaju e com vista para o Rio Sergipe, eu almoçava num restaurante típico – e barato. Só aquilo já valeu a visita ao centro e antiga zona portuária da capital sergipana. Mas teve mais.

Não sei você, mas acho que mercados públicos são algumas das grandes atrações de capitais mundo afora. BH, minha terra natal, tem o Mercado Central, enquanto Belém tem o fantástico Ver-o-Peso.

Mercado Municipal de Aracaju

Desde minha viagem pelo Sergipe passei a acrescentar o Mercado de Aracaju na listinha dos grandes brasileiros, aqueles que merecem uma visita, custe o que custar. Como o passeio é de graça, a parte boa é que o custo é somente o de trocar um dia de praia por um dia perambulando por feiras diversas.

Veja também: Onde ficar em Aracaju: dicas de hotéis, pousadas e praias

Praia do saco: passeio pelo litoral sul de Sergipe

Mercado Antônio Franco

Não estamos falando de apenas um mercado, mas de três, todos na mesma área. O primeiro é o Antônio Franco, criado em 1926 e certamente o mais interessante. Ali você vai encontrar lojas de artesanato de tudo que é tipo.

É no terraço deste prédio que ficam os restaurantes. Há opções em cada uma das quatro pontas, mas o melhor é o Caçarola, que funciona no esquema de comida a quilo ou de pedidos do cardápio.

Fomos no buffet a quilo mesmo e não nos arrependemos: comida incrível por preço justíssimo. O é almoço com vista do Rio Sergipe, da área portuária e do próprio mercado, com o icônico Relógio Central do vizinho Thales Ferraz. E por falar nele…

Mercado Thales Ferraz

Saia pela lateral do Mercado Antônio Franco, pela Passarela das Flores, que, como o nome diz, é um corredor que funciona como floricultura.

Do outro lado dele estará o Mercado Thales Ferraz, construído em 1948, com objetivo de auxiliar no mercado principal. Nele você achará alguns produtos típicos da mesa sergipana, como queijos, cachaças, mel, doces e tapiocas. Uma ou outra barraquinha de artesanato também pode ser encontrada por ali.

Mercado Albano Franco

O próximo mercado do complexo é o Albano Franco, o mais novinho e menos turístico. Ali são vendidas frutas, verduras, peixes, enfim, é uma feira de hortifrutigranjeiros frequentada pelos moradores de Aracaju.

Entre o Thales Ferraz e o Albano Franco está uma praça, a Hilton Lopes. É ali que ocorrem alguns dos eventos mais tradicionais da cidade, como o Forró Caju, uma das maiores festas juninas do país e que dura duas semanas.

Mercado Municipal de Aracaju: a reforma

Se hoje visitar a Praça dos Mercados é um passeio recomendadíssimo, não era assim no final da década de 90, quando a região estava tomada por barracas em condições insalubres.

Com o crescimento da cidade, os mercados não davam mais conta da quantidade de feirantes, que tomaram as ruas. Na época o apelido do local era outro, que dá ideia de como era a situação por ali: Feira de Lona.

Como os mercados ficavam no antigo porto de Aracaju, a muvuca e o movimento de pessoas acabaram criando outro tipo de negócio, também lucrativo. Boates e cabarés começaram a surgir na região, que ganhou o apelido de Vaticano. “Era uma ironia do povo com relação à santidade do que acontecia naquele local durante as noites”, conta o historiador Luiz Antônio Barreto.

A prostituição foi reprimida nos anos seguintes, mas o espaço continuava em péssimo estado. A reforma começou em 1998, comandada pela arquiteta Ana Libório. Barracas foram removidas, prédios antigos foram demolidos e a área foi revitalizada. Por dois anos, os feirantes ficaram sem ponto e só voltaram a trabalhar por ali no ano 2000.

Por falar neles, os feirantes são parte fundamental dos mercados de Aracaju. Tanto é que o Museu da Gente Sergipana tem uma sala dedicada somente a eles.

No Mercado Municipal de Aracaju há feirantes com um currículo de décadas no mesmo local, pessoas que são parte da cultura e do patrimônio da cidade.

Se quiser conhecer essa história, leia o Mercado de Aracaju, um site com reportagens sobre o Mercado, todas produzidas por alunos do Curso de Comunicação Social da Universidade Tiradentes.

Como chegar ao Mercado de Aracaju e roteiro

O Mercado fica na Rua José do Prado Franco, sem número, no centro da cidade. Funciona de segunda a sábado, das 8h às 17h; e domingo, das 8h às 11h30. Uma corrida de uber a partir da Orla do Atalaia dá cerca de R$ 30.

O ideal é combinar a visita do Mercado, de preferência na hora do almoço, com uma tarde no Museu da Gente Sergipana, que fica ali pertinho.

Depois você ainda pode ir caminhando até a Praça Fausto Cardoso, onde fica o Palácio Museu Olímpio Campos, antiga sede do Governo do Sergipe e hoje um museu, além de outros órgãos públicos.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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