Basta dar um mergulho em Fernando de Noronha para perceber que as maravilhas desta outra ilha não devem em nada para o que você vê na superfície. Tartarugas de todos os tamanhos – algumas gigantes -, golfinhos, peixes das mais variadas cores e tipos e até tubarões nadam ao seu redor.
E você não precisa temê-los, afinal ataques de tubarão por ali são raríssimos, dizem os guias. Eles lembram que o ecossistema da ilha é equilibrado. Já ocorreram acidentes. Em abril de 2019, houve o caso do surfista que trombou com um tubarão que pegava a mesma onda que ele, mas em busca de peixes para o jantar. E também já ocorreram reações, como os casos de dois turistas que, por terem tentado tocar ou encurralar os bichos, receberam dentadas em retribuição. Portanto, respeite as regras. Sempre.
Snorkeling x mergulho em Fernando de Noronha
Mergulhar em Fernando de Noronha é a melhor forma de conhecer a outra metade da ilha: a metade debaixo d’água. Mas a parte boa é que nem precisa ser de cilindro. É possível ver todo esse mundo submarino apenas com snorkeling, principalmente em setembro e outubro, quando a visibilidade abaixo d’água chega a inacreditáveis 60 metros!
Mas, antes de falarmos do snorkeling, bora sonhar com o verdadeiro mergulho em Fernando de Noronha? Sim, de cilindro, muitos metros abaixo d’água. Noronha é o lugar ideal para você mergulhar assim pela primeira vez. Eu fiz meu “batismo” lá. E a experiência passou longe de ser cara.
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Mergulho de cilindro em Fernando de Noronha
Se você também estiver contando moedinhas, eis a dica mais preciosa que me deram em Noronha: diversas agências vendem o mergulho de batismo na ilha, a maioria delas a partir dos próprios hotéis ou em lojas na Vila dos Remédios. O mergulho comprado nesse lugares não vai deixar de ser incrível, mas será mais caro. Quando fiz minhas pesquisas, os preços começavam em R$ 500.
Mas há uma opção bem mais barata. Vá à Praia do Porto de Noronha. Assim que chegar lá, vá para a areia. Duas empresas oferecem o mergulho de batismo nessa praia. O preço? R$ 300, isso em valores atualizados, de 2019.
Por esse preço você mergulha acompanhado de um instrutor (só você e ele), durante uma hora. Além disso, você pode optar por comprar as fotos feitas por um fotógrafo de mergulho que tem equipamento e instrução para isso. Essa opção custa mais R$ 150.
Eu nem agendei nada. Acordei e fui andando da Vila dos Remédios até o Porto (coisa de 10 minutos de caminhada). Ao chegar na praia, procurei a tenda vermelha, que tinha sido recomendada por uma guia local. É a empresa Mar de Noronha. Marquei meu batismo para o mesmo dia, uma hora depois de chegar lá.
Importante: por conta da variação da pressão, você não pode mergulhar no dia que pegará seu voo de volta. Pense nisso na hora de programar seu roteiro.
Antes de entrar no mar, os interessados participam de uma espécie de palestra em que o instrutor mostra como usar o equipamento e diz o que fazer caso ocorram alguns probleminhas debaixo d’água (por exemplo, caso entre água na máscara ou a pressão no ouvido seja forte).
Depois disso, é hora de encarnar o mergulhador que há em você. Assim que você estiver pronto e vestido para o mergulho, o instrutor te leva até a praia e passa novamente todas as orientações na prática.
Tudo acontece naturalmente – uma hora você está aprendendo a respirar na beira do mar, com água na altura do joelho. Minutos depois você está submerso e se encontra com uma tartaruga. Ou melhor, com várias.
O mergulhador que me acompanhou foi o Bodão, que tem anos de experiência. Além de me deixar tranquilo, ele passou todo o mergulho em Fernando de Noronha me mostrando onde estavam as tartarugas e peixes. Foi tão intenso que eu demorei um bom tempo para perceber que um fotógrafo, o Cosme Johnny, também nos acompanhava e registrava todos os momentos.
Existem vários pontos de mergulho de cilindro em Noronha. A Praia do Porto é uma boa opção por conta da quantidade de vida marinha e de um naufrágio que há por ali, do navio grego Eleani Stathatos, que levava equipamentos ferroviários e carvão para a Argentina, mas encalhou no porto em 1929. O naufrágio completo ocorreu em 1946, como relatado no site Naufrágios do Brasil.
Ver de perto os restos de um navio naufragado que tinha 160 metros de comprimento (e hoje está repleto de peixes de todos os tipos) é uma experiência fantástica.
Depois de uma hora, o mergulho acaba de forma natural. Tão natural como começou. Eu deixei a praia com a certeza de que tinha vivido uma das melhores experiências da minha vida – e doido para repetir a dose.
Snorkeling em Fernando de Noronha
Não quer ou não pode mergulhar de cilindro? Sem problema. É possível entrar em contato com a vida marinha sem nem ter que deixar a superfície. Basta fazer snorkeling – aquele tipo de mergulho em que você usa uma máscara e um tubo para mergulhar em águas rasas. Na minha segunda passagem pela ilha, em 2019, só fiz snorkeling. E vi uma infinidade de tartarugas, arraias, tubarões, peixes diversos – e tive até a sorte de ver, meio distantes, alguns golfinhos.
O snorkeling é a atividade número 1 de Noronha. Você pode alugar o equipamento, que inclui máscara, snorkel, colete salva-vidas (ajuda a boiar e facilita sua vida) e nadadeiras por R$ 30 por dia. Esse é o preço padrão da ilha, oferecido em várias lojas. Costuma ter desconto para quem aluga por um período maior e muitas vezes a empresa se oferece para buscar o equipamento na sua pousada, após o pôr do sol.
Há vários pontos de snorkeling em Noronha e os dois passeios principais oferecidos pelas agências, o Ilha Tour (R$ 200) e o Passeio de Barco (R$ 175), têm o mergulho em águas rasas incluído na programação. Em 2019, fiz os dois passeios com a Fdinoronha (Efê de Noronha, atendimento por WhatsApp no 81 99523-0646), empresa de três irmãos, que são da ilha.
No Ilha Tour, um deles acompanhou nosso grupo em três mergulhos, nos ajudando a ver tartarugas, arraias e vários peixes. O melhor: as fotos, tiradas pelo guia com uma câmera Gopro, já estão incluídas no pacote. Eles também oferecem passeios de barco, que têm pausa para snorkeling na Praia do Sancho. Quem adquire os dois passeios de uma vez consegue um desconto: fica por R$ 330.
Os pontos mais comuns de snorkeling em Noronha são:
- Praia do Sueste. É uma praia com muitas algas e repleta de tartarugas e peixes variados. O mergulho só é permitido com colete e nadadeira. Para ver os animais, você terá que se afastar bastante da areia. Além disso, o colete protege a vida marinha, já que evita que o mergulhador pise nos corais. Você pode mergulhar por conta própria ou pode contratar um guia (R$ 50 por pessoa) que te leva até os pontos onde há mais tartarugas e outros animais. Recomendo que você faça isso – vários guias credenciados oferecem o serviço na passarela que dá acesso à praia. Para acessá-la é preciso estar com a carteira de ingresso do Parque Nacional Marinho. A linha de ônibus que circula na ilha para no Sueste (R$ 5, viagens a cada meia hora). O horário de funcionamento da Praia do Sueste (9h às 16h) é controlado pelo ICMBio, para não concorrer com a hora de alimentação dos tubarões.
- Praia do Sancho. Parada do passeio de barco e do Ilha Tour, a Praia do Sancho é uma das mais bonitas do Brasil. Fiz snorkeling ali várias vezes e vi muitos peixes. Está com tempo de sobra em Noronha? Pegue seu snorkeling, vá para a Praia do Sancho e curta o visual. Fique atento com os horários de subida e descida para a praia, já que a passagem é estreita e controlada pelo ICMBio. Também é preciso levar sua carteirinha do parque.
Praia do Sancho
- Praia do Atalaia. Um local protegido e com número máximo de visitantes por dia. Para ir até lá, agende sua visita no ICMBio assim que chegar em Noronha. Você fará uma trilha até a praia. Lá, é possível mergulhar em piscinas rasas e cheias de peixinhos. A boia é obrigatória e nadadeira e uso de protetor solar não são permitidos, tudo para preservar o local. A visita tem duração pré-determinada. E sim, vale a pena.
Veja também:
• As sete melhores praias de Fernando de Noronha
• Guia completo para organizar sua viagem para Fernando de Noronha
• Quando ir a Fernando de Noronha?
Praia do Atalaia
Dicas importantes:
- A visibilidade da água varia ao longo do ano. E o melhor mês para observar a vida marinha, como eu já disse, é setembro. Em dezembro e janeiro as águas ficam agitadas e pode ser complicado fazer alguns desses passeios. É quando entra o swell, ondas gigantes e intercontinentais.
- Regra é regra e deve ser obedecida, até mesmo para preservar o paraíso. Portanto, não mergulhe em locais proibidos, use os equipamentos exigidos e não toque ou persiga animais. Lembrando que desobedecer regras ambientais dá multa. E das pesadas. Por isso, vale sempre perguntar se o mergulho em determinado local é permitido. Alegar que você não sabia de uma regra não é justificativa para evitar problemas (e multas).
- Alugue, por pelo menos um dia, uma câmera capaz de tirar fotos debaixo d’água. Isso se você não tiver a sua, o que é melhor ainda. Várias lojas oferecem o serviço por cerca de R$ 100 a R$ 120 por dia, já com cartão de memória.
Mergulho a reboque
O nome oficial é Plana Sub, mas você pode chamá-lo de mergulho a reboque. É possível ter a experiência durante o passeio de barco ou contratá-la separadamente (na Fdinoronha custa R$ 150). Você pega seu snorkel, segura numa prancha e é puxado pelo barco enquanto observa a vida marinha.
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Olá Rafael, próxima vez que você for em Noronha, super indico que mergulhe com o instrutor @douggmonteiro, na operadora de mergulho Sea Paradise.
Eles também fotografam, sem contar que você vai ser atendido pelo apresentador do programa Naufrágios, do Canal Off. Abraços
@simonebalbo_
Obrigado, Simone. Mergulharei mais uma vez em Noronha, com certeza.
Abraço.
To aqui lendo os posts, relembrando os meus dias em Noronha e é claro sentindo uma baita saudade (e vontade de voltar).
Eu tbm fiz o mergulho de batismo (mesmo não sabendo nadar e morrendo de medo) e foi uma das melhores coisas que já fiz. Mas diferente do que você fez, o meu foi em um dos pontos de mergulho do mar de dentro, afastado do porto e, nesse só não vi tartarugas, mas vi alguns pequenos tubarões, e na volta do catamarã pro porto ainda tivemos a companhia de golfinhos.
Sobre o snorkel no sueste, não sei se você viu, mas parece que agora o guia é obrigatório, depois do acidente do turista que foi mordido por um tubarão. Aí fica uma dica, se forem duas pessoas com o mesmo guia, sai mais barato. Eu e minha amiga pagamos 40, cada uma.
Já a trilha do Atalaia, o uso obrigatório é de colete, não de boia, e na trilha curta – que não precisa de guia, você só vai até a
piscina do Atalaia, e só pode ficar lá meia hora. Tem uma pessoa fiscalizando o tempo todo. Já a trilha longa só pode ser feita com guia e passa por várias piscinas naturais. O número máximo de visitantes por dia é 100.
Deve ter sido incrível seu mergulho também, Edna. Morro de saudades. Se voltar lá, mergulharei de novo. 🙂
Abraço e obrigado pelo comentário.
Rafael, adorei as fotos e o relato.
Como você faz o tratamento? Algum plug in especial para retirar o excesso de azul ou você trata no manual?
Abraço.
Oi, Diogo. Obrigado. Eu uso Photoshop mesmo, manualmente, vamos dizer assim. 🙂
Abraço.