Mina da Passagem, em Mariana: visita, valor e história

Deu um frio na barriga quando vi os trilhos que me levariam para metros abaixo do solo em uma descida íngreme. O disparo da adrenalina foi, no entanto, desnecessário. O trajeto dos carrinhos de ferro da Mina da Passagem é lento e seguro. Localizada no meio do caminho entre Ouro Preto e Mariana, essa é uma das maiores minas de ouro abertas para visitação no mundo, e também a mais interessante que eu já visitei.

Para acessar a Mina da Passagem, só mesmo fazendo como os trabalhadores faziam no passado: é preciso embarcar em um carrinho de mais de 200 anos e percorrer os mais de 300 metros até o local de desembarque.

Nessa hora, não seja medroso. Se tiver a oportunidade, sente-se no primeiro carrinho para fazer as melhores fotos e vídeos da descida. Lá dentro, cerca de 120 metros abaixo do nível do solo, nos deparamos com um labirinto de galerias, túneis e paredões que foram esculpidos pelos mineradores ao longo de séculos de exploração.

A história da Mina da Passagem, em Mariana

“Dizem que os escravos entravam na mina trazendo um passarinho e trabalhavam até que ele morresse por falta de ar. Só então podiam sair, demorasse horas ou dias”, contou nossa guia. “Muita gente morreu aqui dentro devido a desabamentos e condições precárias de trabalho”.

Tanto sofrimento deu origem a lendas de fantasmas que assolam as galerias. Em uma delas, uma imagem de Santa Bárbara, a protetora dos mineradores, ainda abençoa o local e recebe oferendas dos visitantes.

As paredes brilham douradas, mas não se engane, são cobertas de pirita, o ouro dos tolos. Ainda há ouro de verdade no local, mas em quantidades muito pequenas, que não justificam mais a exploração do metal.

Por isso, os atuais detentores dos direitos da Mina da Passagem resolveram apostar na atividade turística. Ao que parece, foi uma boa ideia: cerca de 300 pessoas passam por ali todos os dias.

As visitas duram cerca de meia hora e abrangem 11 quilômetros quadrados – os demais espaços estão fechados por razões de segurança. Todos os grupos são acompanhados por um guia, já incluso no preço do ingresso.

Eles nos contam a história e as curiosidades da Mina, que começou a ser explorada em 1719 e só foi desativada em 1985 e rendeu mais de 35 toneladas de ouro durante o período.

Do lado de fora da mina, há um pequeno museu com peças utilizadas na mineração no século 18 e uma loja de artesanato. Se a fome bater, o local também conta com um restaurante que serve comida mineira.

Mergulho na Mina da Passagem, em Mariana

Quando estava em funcionamento, a Mina precisava de bombas de drenagem funcionando 24 horas por dia para impedir que os lençóis freáticos inundassem as galerias mais profundas. Com o fim da atividade mineradora, a água ocupou boa parte do local e formou belos lagos subterrâneos de água cristalina.

Os aventureiros podem praticar o mergulho em caverna no local, mas, por ser considerado um esporte de alto risco, é preciso técnica e equipamentos adequados, além do acompanhamento de um guia autorizado.

Visita à Mina da Passagem: valores e serviço

De uns anos pra cá o valor do ingresso subiu. Muito. A ponto de ser importante dizer: por mais legal que seja o passeio, já achamos que não compensa no custo/benefício. Hoje, a entrada custa inacreditáveis R$ 120. Sim, por um passeio de 30 minutos.

www.minasdapassagem.com.br

  • Funcionamento: Segundas e terças de 9h às 17 horas, e quartas a domingos de 9h às 17:30 horas.
  • Preço: R$ 120 – Leve dinheiro, porque mesmo com esse valor eles não aceitam cartões
  • Contato: (31) 3557-5000 / (31) 3557-5001

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • Pelo site, são R$ 200 reais para adulto, pagos somente em dinheiro.... um assalto na minha opinião... mais caro que a Torre Eiffel

  • A visita é muito bacana. Muitas coisas interessantes para ver. Somente gostarei de alertar para os riscos de se sentar na primeira fila do carrinho no caminho da subida (vindo da mina para a superfície). Acontece que não existe barreira de proteção na primeira cadeira e, a queda de alguém para a frente certamente causará um seríssimo ou fatal acidente. O carrinho passará por cima de quem cair. Uma soluça simples é impedirem que o primeiro banco seja utilizado na subida. Não há, além disso, nenhuma comunicação entre o carrinho e o maquinista, que fica na superfície. Se o carrinho descarrilar, o cabo continuará puxando-o mesmo assim. Passeios como esse são muito bonitos, mas a segurança deve estar em primeiro lugar. Não é o caso da visita à Mina da Passagem. Outros senões são o altíssimo preço cobrado do ingresso e o fato do pagamento só poder ser feito em dinheiro.

  • Olá!
    Por favor, no comentário de levar toalha para a descida da mina, precisa estar de traje de banho por baixo da roupa, ou basta a toalha para o caso de se molhar?
    Outra coisa: irei à Mina da Passagem na volta de Mariana para Ouro Preto. Depois que sair da mina, pego ônibus no caminho pra voltar a Ouro Preto ou tenho que retornar a Mariana?
    Obrigada!

    • Ana Claudia, a pessoa sugeriu a toalha pq alguns guias deixam entrar, mas não são todos. Na verdade, é até proibido. Se você tiver a intenção de entrar caso tenha a oportunidade, melhor levar roupa de banho, sim.

      Abraços

  • Oii Natália, você sabe me falar se preciso comprar a passagem do ônibus, que vai até a Mina saindo de Ouro Preto, antecipadamente? Se sim, onde posso comprar?
    Muito Obrigada, e parabéns pelo Blog :)

  • Uma dica: embora haja uma plaquinha dizendo ser proibido entrar na água, os guias costumam permitir (recomendável levar uma toalha). A temperatura da água fica sempre em 20 ou 21 graus. Mergulhadores não-certificados em caverna podem fazer um batismo guiado, basta entrar em contato com a operadora do local (www.divegold.com.br), e depois até dar início ao curso de mergulho em cavernas (a Mina é o principal local de treinamento e formação de mergulhadores nessa modalidade no Brasil). Lá embaixo é ainda mais incrível do que na parte seca.

    • Rodrigo, os ônibos que vão de Ouro Preto para Mariana param lá, é bem fácil de chegar, basta perguntar ao motorista.

  • Oi Natália! Muito legal a sua descrição, já visitei a mina também e gostei muito. Já ouvi gente dizendo que existe outra antiga mina em Ouro Preto que é aberta para visitação, você sabe se isso é verdade?
    Abraços!

    • Ei Rodrigo, que eu saiba tem a Mina de Chico Rei, que é dentro da cidade mesmo, a entrada fica dentro de uma casa. Fui há muitos anos, por isso não me lembro dos detalhes para te falar...

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Publicado por
Natália Becattini

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