Os antigos zapotecas que habitavam Oaxaca batizaram aquele povoado de Lyobaa, “casa de tumbas”. Em náhuatl, a língua dos astecas, era conhecido como Mictlán, “lugar dos mortos”. Localizado a cerca de 60 km da capital do estado, o pequeno município de San Pablo Villa de Mitla ainda preserva resquícios daqueles tempos, não apenas nas tradições e nas conversas dos moradores que muitas vezes ocorrem em língua zapoteca. Ali ainda está de pé um dos principais sítios cerimoniais pré-hispânicos desse povo que um dia foi um império próspero.
Acredita-se que, com o declínio de Monte Albán como centro político e religioso da cultura zapoteca, Mitla passou a ocupar esse lugar de prestígio, chegando a ter 10.500 habitantes em seu auge – que durou até a chegada dos espanhóis-, e funcionava como um centro religioso e militar para muitas das comunidades assentadas no vale de Oaxaca e na Sierra Madre. Hoje, é possível ter um vislumbre desse tempo ao visitar os monumentos que restaram, que são, em sua maioria, prédios que tinham funções administrativas.
Entre eles, se destaca o Grupo da Igreja, chamado assim por causa de um templo católico, o San Pablo Apóstol, construído sobre as ruínas de um templo zapoteca dedicado ao deus Corzana. O grupo de ruínas das Colunas, uma câmara ampla com colunas monolíticas que eram usadas para sustentar o teto, é outro que está bastante preservado. Uma delas é conhecida como “Coluna da Vida”. Dizem que quem a abraça consegue descobrir quanto tempo ainda resta em sua vida. Eu não posso comprovar a lenda, pois prefiro que meu futuro seja um mistério.
Mas as ruínas de Mitla se distinguem dos outros sítios arqueológicos pelas cores e mosaicos. O verde-seco da paisagem contrasta com o vermelho-terra que adorna os edifícios que resistiram ao tempo. Na parte norte do parque, os complexos desenhos talhados em pedra são exclusivos desse sítio arqueológico e marcam os lugares onde foram encontradas uma grande quantidade de tumbas de membros das classes mais poderosas da sociedade zapoteca, como reis e sacerdotes. Algumas câmaras estão ligadas por pequenos corredores estreitos, baixos e escuros.
Além das ruínas que estão protegidas pelos limites do parque arqueológico, o povoado de San Pablo Villa de Mitla está cheio delas e algumas inclusive se misturam às casas dos residentes, que chegam até mesmo a usá-las como material de construção. Recentemente o Governo mexicano vem trabalhando na identificação e preservação desse espaço histórico.
Funcionamento e preço: O sítio arqueológico de Mitla abre todos os dias, das 7h às 17h. A entrada custa 65 pesos por pessoa.
Como chegar a partir de Oaxaca: É preciso pegar um ônibus que passa na Avenida 175, que fica fora da parte histórica de Oaxaca, mas perto o suficiente dela para ir a pé. Há diversos pontos nessa avenida, mas uma opção é pegá-los no cruzamento com a Calle Bustamante. Os ônibus vêm com uma placa na frente dizendo “Mitla” e custam 20 pesos. O trajeto dura menos de uma hora.
Dica esperta: Não deixe de passear pelo mercado de artesanato típico que ocorre diariamente do lado de fora do parque e, quem sabe, levar para casa alguma peça com o bonito bordado de flores que é característico do estado de Oaxaca. Quando estive lá, comprei uma bolsa que fez sucesso no retorno à casa.
Se quiser almoçar em Mitla, na rua principal há diversos restaurantes locais que servem pratos típicos da região, como o mole e o pozole.
Combinando Mitla e Hierve el Água no mesmo dia: Se você só tem tempo de visitar um sítio arqueológico durante a sua estadia em Oaxaca, Monte Albán é sem dúvidas muito mais interessante. Porém, a visita a Mitla casa muito bem com o passeio a Hierve el Água e é muito fácil fazer os dois no mesmo dia. Isso porque, para chegar até as cascatas petrificadas saindo de Oaxaca, é preciso pegar um ônibus que para bem na entrada do povoado de Mitla e, dali, pegar uma das caminhonetes que sobem a serra. Então, o que muita gente faz ao descer do ônibus é entrar em Mitla e seguir a pé pela avenida principal por uns 15 minutos até a entrada do parque (é tudo muito bem sinalizado e qualquer pessoa na rua consegue te dizer onde fica). Faça a visita e volte pelo mesmo caminho para pegar a caminhonete para Hierve el Água.
Se você resolver fazer isso, sugiro sair cedo de Oaxaca para visitar Mitla ainda pela manhã e assim aproveitar melhor o tempo dos dois passeios, já que as últimas caminhonetes descem de Hierve el Água às 17h30 e você pode ter que esperar um tempinho para subir para lá, pois eles exigem um grupo de pelo menos cinco pessoas para sair. A menos, claro, que você queira pagar pelos lugares faltantes (são 50 pesos por pessoa, ou R$ 10, para subir na hora que você quiser).
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