Morar na Argentina pode ser o sonho de muita gente. O país vizinho oferece a chance de recomeçar em uma terra nova, aprender outra língua e outra cultura ou correr atrás de oportunidades sem estar tão longe de casa assim.
A maior parte dos brasileiros que vai morar na Argentina vai atrás do excelente ensino das universidades gratuitas do país. Mas há também muita oportunidade para profissionais de todas as áreas. Depois de viver no país em duas temporadas distintas, resolvemos reunir aqui todas as dicas para quem também quer realizar esse sonho de morar na Argentina.
Nesse post você vai ler:
Graças a um acordo do Mercosul, não é difícil conseguir morar na argentina legalmente. Todo brasileiro tem direito de solicitar residência no país, basta seguir alguns procedimentos burocráticos que, como sempre, são um pouco chatinhos.
Para isso, precisará entrar com um trâmite no site da Dirección Nacional de Migraciones, através da página RadEx. Você precisará preencher um formulário com seus dados e anexar a documentação exigida para o seu trâmite:
1.- Passaporte brasileiro ou carteira de identidade
2.- Certidão de Nascimento e Casamento
3.- Certificado de antecedentes penais argentinos emitido pela polícia local
4.- Certificado de antecedência penal nos países nos quais você morou por pelo menos um ano nos últimos três anos
5.- Declaração jurada de antecedentes penais em outros país (será feito dentro sistema)
6.- Carimbo de ingresso na argentina
7.- Certidão de residência em seu nome
Para qualquer dúvida, entre em contato com algum consulado argentino no Brasil.
Em seguida, você deverá pagar a taxa, cujo valor varia muito por causa da inflação, mas atualmente é de 3000 pesos (R$ 220) para membros do Mercosul.
Com tudo isso feito, em alguns dias você deverá receber um parecer por email. Caso tenha faltado algum documento ou seu caso precise de outros documentos comprobatórios, você poderá anexá-los outra vez. Se estiver tudo certo, o email vai informar o horário e a delegación (escritório) no qual você deverá comparecer para terminar os trâmites.
Por isso, é essencial que você já esteja na Argentina quando iniciar o processo. Você pode entrar com o visto de turista, que dá direito a uma permanência de 90 dias, tempo suficiente para dar entrada no processo.
Assim que receber a sua autorização de residência, você deverá solicitar a sua DNI, ou documento de identidade argentino, junto à polícia local.
Seguindo os procedimentos acima, você já estará apto a trabalhar na argentina. Lembrando que, durante o período em que você estiver como turista, não será permitido trabalhar legalmente.
Melhores cidades para morar na Argentina
Com cerca de 15 milhões de habitantes, a região metropolitana de Buenos Aires concentra quase 40% da população da Argentina. Esse é, sem dúvidas, o grande centro cultura, econômico e social do país e o destino mais procurado por estrangeiros que pretendem morar na Argentina.
A cidade tem um localização privilegiada no país, próximo à costa e na região central. Há uma infinidade de voos diários de e para o Brasil, o que deixa uma visita a casa a apenas umas 4 horas de distância.
Mesmo quem não gosta de cidades grandes vai encontrar lugar em Buenos Aires, basta sair da capital federal e buscar seu cantinho na região metropolitana da cidade, como San Isidro, Olivos e Vicente López.
Uma metrópole diversa, bonita e cheia de opções culturais e de lazer, a capital argentina é uma das capitais latino-americanas com melhor qualidade de vida. Mas, será que vale a pena morar em Buenos Aires?
Comparada às capitais brasileiras, Buenos Aires têm suas vantagens. A primeira é a segurança pública. Embora sofra com problemas urbanos típicos da América Latina, a cidade ainda pode ser considerada relativamente segura. Furtos dentro de transporte públicos e aglomerações são muito comuns – não conheço ninguém que nunca teve o celular surrupiado por lá -, mas assaltos a mão armada ou roubos violentos são mais raros.
Caminhar pela cidade é muito agradável. Buenos Aires é repleta de parques e áreas arborizadas e ruas planas, o que torna a locomoção à pé ou de bicicleta uma das minhas opções favoritas. Mas, se não quiser, a cidade conta com um serviço de metrô bastante abrangente e linhas de ônibus por toda a cidade.
Por outro lado, devido à instabilidade econômica que não tem fim, esse já não é um destino tão barato. Ainda mais se você pretende trabalhar na cidade e receber em pesos. A inflação faz com que o poder de compra da população se deteriore rapidamente. Por outro lado, levar moeda estrangeira para lá – sejam reais ou dólares – te garante a vantagem do câmbio e uma queda considerável no custo de vida em Buenos Aires.
Leia também:
Qual moeda levar para a Argentina?
Como funciona o câmbio Paralelo em Buenos Aires
Como organizar uma viagem para a Argentina
Quem gosta da atmosfera das grandes cidades vai se encantar por Buenos Aires. A cidade respira cultura e tem dezenas de teatros, apresentações musicais, cinemas e outras opções culturais toda semana, muitas delas gratuitas. O lugar também não deixa a desejar no quesito vida noturna. Bares e baladas estão sempre cheios e a festa costuma ir até o amanhecer. Veja aqui como ficar por dentro da agenda cultural de Buenos Aires.
A 695 quilômetros de Buenos Aires, Córdoba é uma cidade universitária de 1,39 milhões de habitantes. Bonita, charmosa e animada, Córdoba é a segunda maior cidade da Argentina e boa parte dessa população é formada por jovens estudantes, o que garante a ela uma atmosfera leve e animada.
A Universidade Nacional de Córdoba é a mais antigas e uma das mais prestigiadas do país e atrai muitos jovens estrangeiros para um semestre de intercâmbio ou para estudar espanhol.
Além dos bares e das festas óbvias, a cidade também tem uma programação cultural variada e um custo de vida bem inferior ao da capital federal.
Outra cidade muito procurada por brasileiros que querem morar na Argentina, Rosário fica na província de Santa Fé e tem 1,3 milhões de habitantes. Está mais próxima de Buenos Aires que Córdoba: fica a 300 quilômetros, o que facilita os eventuais deslocamentos para a capital.
Atrai muitos estudantes brasileiros, em especial os de medicina, para as universidades, e tem o custo de vida muito inferior ao de Buenos Aires. O lado ruim é a violência: Rosário é considerada a cidade mais violenta do país.
Com 1,15 milhões de habitantes e cercada de uma natureza belíssima, Mendoza é um lugar para quem procura tranquilidade sem abrir mão de algumas comodidades das cidades. O lugar tem grande apelo turístico por fazer parte da rota dos vinhos argentinos e estar próximo ao Aconcagua, uma das montanhas mais altas do mundo.
A 1000 quilômetros de distância de Buenos Aires e a 400 de Santiago, Mendoza fica próxima à fronteira com o Chile.
Salta é rica em história e cultura andina, o que a diferencia de outras das grandes cidades do país. Com tradições e gastronomia herdadas da mistura dos povos originários com os colonizadores europeus, o lugar é muito famoso por ter as melhores empanadas do país.
Com 1,33 milhões de habitantes, Salta é a maior cidade do norte da Argentina e fica a 1460 quilômetros da capital. É também um importante destino turístico do país, porta de entrada para quem se aventura a explorar a região mais ao norte.
A 400 quilômetros de Buenos Aires, Mar del Plata é um importante centro comercial e destino turístico do país. Seu porto é responsável por receber a maior parte dos produtos que chegam à Argentina. Tem cerca de um milhão dos habitantes, mas essa população aumenta bastante no verão, quando os porteños deixam o calor escaldante de Buenos Aires para se refrescar no principal balneário do país.
Um dos principais destinos turísticos da Argentina, Bariloche atrai muitos brasileiros nas férias. Alguns gostam tanto que acabam ficando por lá. Além de amantes da neve, da Patagônia e do frio, a cidade também é convidativa para pessoas interessadas em trabalhar na área de pesquisa e tecnologia.
Bariloche é um polo regional de desenvolvimento científico e abriga importante instituições argentinas do ramo.
Como capital, o custo de vida em Buenos Aires é consideravelmente maior que em boa parte do país. Na minha temporada lá, eu gastava entre R$2500 e R$ 3000 para cobrir meus custos fixos de moradia, alimentação e lazer. Esse valor pode oscilar para mais ou para menos dependendo da cotação do peso e do seu estilo de vida.
Leia também: Quanto custa viajar para a Argentina
Custo de vida médio em Buenos Aires:
Conforme apontado acima, é possível encontrar apartamentos dentro da Cidade Autônoma de Buenos Aires por a partir de R$1000 a R$2000. A esse valor, é preciso acrescentar as contas, que costumam dar cerca de R$ 400.
Um apartamento pequeno, mobiliado e com os gastos incluídos pode custar cerca de R$2500.
Se resolvemos sair da região central e explorar a área metropolitana da cidade, esse valor cai para cerca de R$800. O preço do aluguel também é bastante inferior em outras cidades da Argentina, como Córdoba e Mendoza.
Leia também: Onde ficar em Buenos Aires: Guia de bairros
Outra opção muito comum, principalmente entre quem vai estudar em Buenos Aires, é morar em um residência estudantil. Há uma infinidade delas na cidade, algumas que funcionam de forma parecida com um hostel – e, inclusive, recebem turistas, mas a maior parte das pessoas é residente -, outras que têm quartos individuais ou duplos para os moradores.
Nem todas elas exigem que os hóspedes estejam matriculados em algum curso, o que pode ser uma boa opção de residência temporária para quem chega lá para trabalhar também. Eu vivi por seis meses em um desses lugares e foi ótimo para formar meu círculo social na cidade, o que certamente me ajudou a me adaptar. O lugar era o Belgrano Hostel.
Em geral, agências que assessoram a ida de estudantes para lá já têm suas residências conveniadas. Quem vai morar na Argentina por contra própria terá que fazer uma busca para encontrar a melhor. Há centenas de opções no Google.
É possível começar a busca por seu apartamento no Brasil, mas é um pouco mais complicado por você não poder visitar o lugar e conversar com os proprietários pessoalmente. Essa pesquisa, no entanto, pode te ajudar a ter uma noção dos preços e condições de aluguel.
Uma vez na Argentina, é mais fácil procurar um cantinho para você. Vale a pena alugar um lugar provisório para um mês ou dois da sua chegada. Pode ser um apartamento para temporada (aqui tem algumas boas opções), um hostel (boas opções aqui também) ou mesmo um hotel (veja alguns aqui). Você vai gastar mais do que gastaria em um apartamento comum, mas será preciso ter um lugar pra ficar com tranquilidade enquanto você procura.
Quando já estiver alojado, comece a visitar imobiliárias (a Olá Argentina presta serviço para brasileiros) e apartamentos. Há duas modalidades de aluguel na Argentina: o temporário, para estrangeiros e estudantes, e o de longo prazo, com contratos de dois anos.
O aluguel temporário é a melhor opção para quem vem de fora. São contratos de até seis meses, com possibilidade de renovação, e a burocracia é bem mais simples. Os requisitos para aluguel temporário são:
O aluguel de longo prazo é mais complicado. Para isso, é preciso:
Por isso, talvez você precise também fazer um contrato temporário antes de ter condições de fechar um aluguel de longo prazo.
A Argentina tem um serviço de saúde pública universal e gratuito, distribuído por todo o território nacional, no estilo do SUS. Quem preferir, pode recorrer a consultas privadas, pagando o valor integral ou assinar um plano de Medicina Prepaga, ou plano de saúde.
Uma boa ideia é contratar um seguro de viagem para o primeiro mês ou para no máximo três meses, que é o tempo que você pode permanecer no país com o status de turista. O seguro pode te ajudar em qualquer imprevisto ou inconveniente de saúde e, além disso, cobre gastos com imprevistos de viagem, como cancelamentos e perda de bagagem.
É uma maneira de estar protegido durante o período inicial da sua entrada no país, enquanto você se ambientaliza e entende quais são as opções de planos de saúde e como funciona o serviço público. Há opções que custam menos de R$10 por dia. Veja aqui algumas dicas para contratar um bom seguro e com cupom de desconto.
O salário mínimo na Argentina é de $16.875 pesos, o equivalente a USD272. A taxa de desemprego por lá é de cerca de 10%, muito próxima à do Brasil em 2020 – e, nós sabemos, é uma taxa alta.
Apesar disso, há muitos brasileiros que vão ao país e conseguem se inserir muito bem no mercado de trabalho, pois a Argentina é a sede dos escritórios latino-americanos de inúmeras multi-nacionais. Sendo o Brasil um mercado estratégico na região e o único com um idioma diferente, muitas empresas procuram profissionais com português fluente para fazer o meio de campo entre os dois países. E ter domínio da nossa cultura pode ser um diferencial ainda maior.
Para conseguir um bom emprego na Argentina, no entanto, é preciso se preparar:
Por garantia, é recomendável começar sua busca antes de ir morar na Argentina.
Devido às facilidades de acesso ao ensino superior, muitos brasileiros vão morar na Argentina para concluir seus estudos universitários. Não há vestibular e é possível ingressar em uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
Ao contrário do método de ingresso brasileiro, as universidades argentinas optam pelo método de nivelamento em vez de selecionar os alunos. Isso quer dizer que todos os inscritos têm a chance de cursar um curso superior. Ao ingressarem, os estudantes precisam assistir a um curso introdutório com duração entre 3 e 8 meses que visa nivelar algumas habilidades básicas, como cálculo e história.
Para passar para o segundo ciclo, o aluno precisa aprovar em todas as disciplinas do ciclo introdutório. E não pense que é mamata! Muitos estudantes afirmam que essa é a a etapa mais difícil de toda a graduação e a taxa de desistência acaba sendo bem alta.
Inúmeras agências fazem o serviço de assessoria na busca e inscrição nos processos seletivos das universidades, obtenção da DNI argentina e de moradia na cidade escolhida. Também é possível fazer todo o processo por conta própria, o que fica bem mais barato. A desvantagem é que você terá que que lidar sozinho com todas as etapas do processo. Com pesquisa e organização, no entanto, é possível.
Em primeiro lugar, fique de olho nas datas de inscrição das universidades que você deseja estudar. Se for exigido que a matrícula seja feita presencialmente, você precisa se programar para estar na Argentina na época. Faça uma lista com todos os documentos exigidos e já leva tudo pronto para a admissão.
Quando estiver matriculado e alojado, comece o processo residência, permanente ou temporária, no país.
Sim. A universidade de Buenos Aires (UBA), além de pública e gratuita, é considerada a melhor universidade da Argentina. Ocupa o 209º lugar no ranking das melhores universidades do mundo e a 3º melhor universidade da América do Sul.
Existem diversas escolas voltadas para ensinar espanhol para estrangeiros em Buenos Aires. Há opções para diversos perfis, de adolescentes a pessoas mais velhas, de turmas só para brasileiros para escolas internacionais.
Seja para quem vai se mudar de vez para a cidade ou para quem só quer passar um temporada estudando um novo idioma, essa é uma excelente oportunidade para aprender uma nova língua da forma mais eficiente possível: se inserindo na cultura na qual ela é falada. Eu estudei por seis meses na cidade e posso dizer que saí de lá com o nível B1 ou B2 de espanhol (intermediário para avançado).
Entre as escolas de espanhol para estrangeiros mais procuradas, estão a Expanish e a CasaSpanish. São escolas típicas de ensino de idioma para intercambistas: preços em dólar e carga horária alta, mas com a vantagem de terem estudantes do mundo inteiro para socializar, promoverem festas e eventos e já terem moradias conveniadas.
Por outra lado, uma opção menos descolada – e bem mais barata -, mas com enorme qualidade de ensino é o Laboratório de Idiomas da UBA que, além de ofertar cursos de diversas línguas estrangeiras, também tem cursos de espanhol como segunda língua. Há, inclusive, uma modalidade só para brasileiros. Aqui eu explico direitinho como estudar no Laboratorio de Idiomas da UBA
Poucas regiões do mundo combinam tanto com uma viagem de carro como a Toscana. Habitada…
Kashan foi uma das cidades que mais me surpreendeu no Irã. Pequena, charmosa e repleta…
Fussen é um bate-volta comum para quem visita Munique e uma parada estratégica para quem…
Se você gosta de história e curte cidades com muitas atrações de graça, você vai…
Alguns lugares que a gente visita parecem nem pertencer a esse planeta. Foi bem assim…
O que fazer em Hong Kong? A metrópole asiática é um daqueles umbigos do mundo…
Ver Comentários
Parabens, moça. Nunca vi um texto tao explicativo sobre o tema. Magnifico.
Parabens pela sua paixao e percepcao em esclarecer as duvidas mais recorrentes.
Obrigado.
Muito obrigada, Kyle! Fico feliz que o texto tenha te ajudado! Obrigada por comentar!
Eu adorei! Parabéns
Bastante esclarecedor, parabéns.
Obrigada! :)
Olá Natalia!
Ótimo texto, parabéns. Só uma ressalva. O valor do salário mínimo está bastante desatualizado. Desde outubro de 19 o sueldo mínimo oficial na Argentina é $16.875 pesos ou U$ 267, no paralelo.
Olá Andrea! Obrigada, foi corrigir! :)