Quando o assunto é vista, tem muita metrópole por aí com inveja de Natal. É que o melhor mirante para a capital do Rio Grande do Norte não está em algum prédio altíssimo, mas nem por isso deixa de ser um arranha-céu. É do alto das Dunas de Genipabu, que ficam numa cidade chamada Extremoz e a apenas 25 quilômetros de Natal, que a capital potiguar mostra sua beleza máxima. Passeio tradicional, de dia quase inteiro. E que é feito de buggy, com ou sem emoção. Mas não é só isso: não falta o que fazer em Natal para além do mar de areia.
Segunda menor capital do Brasil, Natal está espremida entre dois municípios que podem até não ter fama nacional, mas que têm atrativos bem conhecidos. Se ao norte da capital potiguar está Extremoz, com suas famosas dunas, ao sul está Parnamirim, cidade que também tem seus atrativos, incluindo praias, piscinas naturais, uma base espacial e o maior cajueiro do mundo.
A principal Avenida de Natal, pelo menos do ponto de vista turístico, é a Via Costeira, que tem 10 quilômetros e liga a Praia de Ponta Negra às praias da Areia Preta, do Meio e dos Artistas, entre outras. No meio delas está o Parque Estadual das Dunas, uma das maiores áreas verdes urbanas do país.
Isso tudo é para dizer o seguinte: em geral, turistas ficam na Praia de Ponta Negra, que é a mais bonita da cidade e que se desenvolveu a partir dos anos 1980. Eu fiquei ali, no Pizzato Praia Hotel, que está a um quarteirão da areia. Para turistar, o caminho é ao norte, seguindo a Via Costeira, onde estão as dunas, o centro histórico e outras praias; ou ao sul, sentido Parnamirim e Pipa.
Veja também:Onde ficar em Natal, Rio Grande do Norte
Como é o passeio de buggy em Natal
Parrachos de Maracajaú, piscinas naturais no litoral potiguar
A praia mais importante de Natal começou a nascer para o turismo por causa de uma grande guerra, a Segunda. Foi na época que os Estados Unidos instalaram uma base aérea no local, de onde partiam os aviões que lutariam na África e no Mediterrâneo. A presença norte-americana foi o primeiro passo para o desenvolvimento econômico da região de Ponta Negra, que na época era apenas uma vila de pescadores afastada do centro de Natal.
A criação da Via Costeira, nos anos 1980, foi o passo seguinte. Mas a urbanização definitiva veio somente no século 21, quando o atual calçadão foi construído e os terrenos baldios começaram a dar lugar a hotéis, restaurantes, bares e pousadas. Não é à toa que os turistas gostam de ficar em Ponta Negra. A praia é bonitona, com destaque para o Morro do Careca, uma duna de mais de 100 metros que fica no final da faixa de areia.
Praia de Ponta Negra
Há bares e quiosques na orla, assim como cadeiras e espreguiçadeiras disponíveis na areia. Caso queira aproveitar o mar e o banho de sol, chegue na maré baixa, porque na alta o mar avança e alcança as pedras de contenção. Essa é uma área segura, mas convém evitar a escadaria no Morro do Careca, mesmo sendo um ponto turístico – há relatos de assaltos a turistas nesse local, que é mais vazio.
Além de Ponta Negra, outras praias merecem uma visita. Uma delas é a da Redinha, que fica logo depois da ponte. Outras interessantes estão próximas ao centro de Natal, a região que era a mais turística da cidade antes da urbanização de Ponta Negra. São as Praias do Meio, dos Artistas e da Areia Preta. Seguindo nessa direção você encontrará ainda a Praia do Forte, que tem esse nome por conta do Forte dos Reis Magos, construção que marca o nascimento de Natal, em 1598.
Esse é o principal passeio da cidade. Diferente do que ocorre em outras capitais do nordeste, em Natal você já deixa seu hotel de buggy. Embora existam também tours pelo litoral sul, o mais tradicional segue a Via Costeira, passa pela Ponte Newton Navarro e entra no litoral norte.
A primeira parada é no Aquário Natal, o maior do nordeste. O ingresso não está incluído no passeio e a parada é opcional – nosso grupo preferiu seguir em frente. Em seguida está a Praia da Redinha, que citei acima e tem uma das vistas mais bonitas da cidade, com direito a ponte, mar e prédios compondo o cenário. Não dá tempo durante o passeio de buggy, mas pode ser uma boa voltar ali por conta própria para conhecer o Mercado da Redinha, onde o prato principal é ginga (um peixe) com tapioca.
Praia da Redinha
Passou a Redinha? Então você saiu de Natal e entrou em Extremoz. É agora que o mundo vira areia, com destaque para o Mirante da Lagoa de Genipabu. A Praia de mesmo nome vem em seguida, outro cartão-postal conhecidíssimo do estado. Depois, o buggy atravessa o rio Ceará-Mirim e segue para a hora do banho, seja de mar ou de água doce, nas lagoas de Pitangui e Jacumã. Esquibunda, tirolesa e outras atividades mais aventureiras são opcionais.
O passeio começa por volta de 8h e vai até o meio da tarde. Espere gastar R$ 170 – eu fui com a Natal Praias, que é especializada em passeios na capital potiguar e também oferece outros programas pela cidade, de city tours aos parrachos de Maracajaú.
Natal vista a partir das dunas
De Alagoas a Noronha, as piscinas naturais são o cartão de visitas do nordeste. E no Rio Grande do Norte elas atendem por parrachos, palavra portuguesa que significa algo como “de baixa estatura” ou “raso”, uma indicação de que se tratam de áreas rasas em meio a corais, no alto mar, com grande presença de vida marinha.
Os parrachos mais conhecidos do Rio Grande do Norte ficam em Maracajaú, uma praia que está a 60 quilômetros de Natal. Em geral, o passeio sai cedo da capital potiguar, porque é preciso chegar aos parrachos bem antes da maré baixa. É por isso que, no nordeste, visitar piscinas naturais envolve estudar a tábua das marés e até as fases da lua. Diversas empresas oferecem o tour, como a Natal Praias.
Parrachos de Maracajaú (Foto de divulgação)
Depois do banho nas piscinas naturais e do snorkeling, o dia termina na Praia de Maracajaú e no Parque Aquático Ma-Noa, que tem toboáguas, piscinas diversas e boa infraestrutura. Você estará de volta ao hotel no meio da tarde, com tempo para aproveitar o resto do dia em Ponta Negra.
Além de Maracajaú, outros parrachos dessa região são o de Perobas, também no litoral norte, e o de Pirangui, no litoral sul e praticamente em frente ao Cajueiro.
Um cajueiro que vale por 70. Registrado no Guinness Book como o maior do mundo, o Cajueiro de Pirangi ocupa uma área de 8500 metros quadrados e produz quase três toneladas de caju por ano. A árvore teria sido plantada no fim do século 19, alcançado esse tamanho por conta de uma anomalia que faz com que os galhos, que tocam o chão por conta do peso, criem novas raízes.
O cajueiro é tão grande que virou atração turística, com mirante para ver a imensidão verde de seus galhos e tudo mais. A entrada custa R$ 8. É possível chegar lá de transporte público, saindo de Ponta Negra, e mesmo a corrida de Uber não fica muito cara. Mas a forma mais simples de chegar ao Cajueiro é num passeio, também oferecido por agências, que leva ao local e para outros atrativos do litoral sul.
Eu não fui por falta de tempo, mas o blog Dicas e Roteiros de Viagem conta como é aqui. A primeira parada é antes do cajueiro, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, base da Força Área Brasileira e onde ocorrem lançamentos de foguetes. Depois, o passeio segue para o Mirante dos Golfinhos, para a Lagoa de Arituba e até outras praias, dependendo do que for combinado na hora da compra do tour, como as de Pirangui (que também tem parrachos), Cotovelo e Camurupim.
A grande atração histórica de Natal é o Forte dos Reis Magos, que começou a ser erguido em 6 de janeiro de 1598 – daí o nome da fortificação, por conta do Dia de Reis. Foi usado na proteção da cidade por séculos e viveu episódios importantes, como a invasão neerlandesa. O forte funciona diariamente, das 8h às 16h.
Forte dos Reis Magos (Foto: Dante Laurini Jr, Wikimedia Commons)
De lá, um roteiro possível é seguir até o Iate Clube, de onde partem catamarãs que fazem passeios pelo Rio Potengi, com saídas às 16h, de terça a domingo. Mais informações aqui.
Pode valer a pena fazer um city tour pelo centro histórico de Natal, passando Teatro Alberto Maranhão, pela Catedral Metropolitana, pelo prédio do Centro de Turismo e por praças, igrejas e outros casarões. O Senac costuma oferecer caminhadas guiadas e gratuitas pelo centro histórico, em alguns sábados. Verifique no site oficial se haverá alguma durante a sua estadia. Caso não exista, agências de turismo também têm o serviço, embora pago. E sempre dá para ir por conta própria, né?
Há quem diga que Natal oferece 300 dias de sol no ano. Se o número pode ser exagerado, não há dúvidas de que o clima ajuda a vida de quem só quer uma praia para chamar de sua. De setembro a janeiro chove pouco, já em agosto e em fevereiro até pode chover, mas em geral não num nível que atrapalhe a viagem. A época molhada mesmo começa em março e vai até julho, com destaque para junho e julho, que têm os maiores índices de precipitação.
Dois dias são suficientes para conhecer a capital potiguar, mas mais tempo é recomendado para fazer os passeios que levam para os arredores, seja no litoral norte ou no litoral sul. Pipa, uma das praias mais bonitas do Brasil, está a apenas 90 km de Natal, mas o ideal é não visitá-la no esquema bate-volta. É que Pipa merece ser curtida com calma, por uma ou dois noites e com a chance de ver (várias vezes) como a praia muda completamente de acordo com a maré.
Praia de Genipabu
Para Natal não, principalmente se você fizer os passeios para os litorais norte e sul com agências. Caso queira fazer por conta própria, aí o veículo pode ser útil. O carro também facilita a vida no deslocamento até Pipa, embora seja desnecessário lá.
Por outro lado, não faltam empresas de transfer para esse trajeto. Ou seja, acho que alugar um carro só compensa para quem viaja em grupo ou está no meio de um roteiro maior, incluindo outras atrações do Rio Grande do Norte e até em outros estados. Se resolver alugar um veículo, nesse texto nós explicamos como fazer isso garantindo o melhor custo/benefício.
Tem apenas quatro dias? Não é o ideal, mas dá para aproveitar bastante. Reserve um dia para fazer o passeio de buggy pelo litoral norte, que certamente é o ponto alto da viagem pela capital. O outro depende de você: alguns vão preferir conhecer os parrachos, mas quem já fez esse tipo de passeio pode optar por gastar tempo no centro histórico, no Forte dos Reis Magos ou mesmo nas praias do litoral sul. Aproveite as horas após os passeios – que em geral terminam por volta das 15h – para ficar na praia de Ponta Negra. Os dois dias seguintes combinam muito bem com Pipa.
Praia de Pipa
Com sete dias é possível fazer tudo com muito mais calma. Reserve um dia para o passeio pelo litoral norte, outro para o litoral sul, incluindo aí o Cajueiro, e um terceiro para os Parrachos de Maracajaú. O quarto dia na capital potiguar pode ser para conhecer outras praias além de Ponta Negra, o Forte ou simplesmente relaxar na beira do mar. Depois, vá de mala de cuia para Pipa e fique lá pelos três dias restantes.
Apesar da pequena distância (189 km), eu não incluí João Pessoa no meu roteiro. Até existem viagens de bate-volta para a capital da Paraíba a partir de Natal, mas, francamente, acho que só vale a pena caso você tenha tempo para ficar pelo menos dois ou três dias. Sobre esse assunto, não deixe de ler o texto em que explico como montar um roteiro de viagem pelas praias do nordeste.
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Estou montando um roteiro de 8 dias para Natal, Pipa e Galinhos ( 1 dia e 1 noite em Galinhos, 5 dias em Natal e 2 dias em Pipa ). O que vc acha ?
Estive com minha família entre 18 Dez 2017 e 25 Dez 2017. Fizemos 6 dias de passeios com os Guias Deivid (84 8171-0227) e Márcio (84 8768-0002)
Foi tudo maravilhoso, tínhamos 2 crianças mas não deixamos de conhecer nada. Os guias nos indicavam locais de acordo com o que queríamos e nos mostravam fotos dos lugares e com isso montamos um roteiro perfeito. Super recomendo.
Obrigado pelo relato, Herdy.
Abraço.
Valeu pelas dicas, será muito útil em Fevereiro quando pretendo ficar 9 noites em Natal!!!
Fico feliz, Marcelo.
Abraço.
Galinhos! Não deixe de conhecer Galinhos! E belíssima!
Já li mesmo sobre Galinhos, Flávia. Ficou pra próxima!
Abraço.
Obrigada pela indicação do post do Dicas e Roteiros de Viagens, Rafael! Seu post ficou muito bom. ;-)
Sempre um prazer, Carol.
Abraço e obrigado.