Albi, uma cidadezinha no sudoeste da França a uma hora de Toulouse – o típico bate-volta perfeito – vai te surpreender. Listada como Patrimônio Mundial da Humanidade, com um centro histórico todo construído em tijolinhos vermelhos, essa vila guarda como joia rara a magnífica Catedral de Santa Cecília, a maior construção de tijolos do mundo e o palácio fortificado onde está o museu do pintor Toulouse Lautrec.
Albi começou a crescer graças a uma ponte. No início da Idade Média, além de cercarem a cidade com muralhas, construíram uma ponte sobre o Rio Tarn – A Pont Vieux (ou Ponte Velha). Graças ao comércio e ao fato de que cobravam pedágio das mercadorias e dos viajantes que queriam cruzar a ponte, Albi cresceu.
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Dois séculos depois vieram as cruzadas – as estranhas cruzadas de cristãos contra cristãos que você já deve ter ouvido falar se conhece um pouco da história de Toulouse ou de Carcassone. É que, em 1208, o Papa e o Rei da França se uniram contra os cátaros, um movimento cristão que pregava o desapego e foi considerado perigoso para a Igreja Católica. Essa região do sudoeste da França tinha disseminado bastante o catarismo e foi a que mais sofreu com a repressão. Além ver várias pessoas serem queimadas na fogueira, eles perderam a independência e foram anexados à coroa francesa.
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Carcassone, uma fortaleza medieval no sul da França
Depois dessa guerra, Albi tornou-se uma cidade episcopal, onde o bispo e inquisidor Bernand de Castanet governou, no final do século 13, e ordenou a construção do Palácio do Bispo (Palais de la Berbie) e a Catedral de Santa Cecília. Ao longo dos anos, a cidade voltou a prosperar graças ao comércio da tintura azul chamada pastel. Albi acabou sendo construída no entorno da catedral, numa área que hoje cobre 63 hectares de casas históricas de tijolos vermelhos.
É impossível chegar aos pés da Catedral de Albi, uma basílica medieval em homenagem à Santa Cecília, e não ficar impressionado com o tamanho do prédio. Essa igreja, em estilo gótico, tem o exterior sério e defensivo. É considerada o maior edifício de tijolos do mundo. A construção da catedral levou 200 anos, tendo início logo depois da cruzada contra os cátaros, para mostrar o poder da Igreja Católica.
Mas impressionante mesmo é quando você abre as enormes portas de madeira e entra na basílica. Nesse momento, te desafio a não ficar de queixo caído. São 18.500 m2 de afrescos e decorações, que misturam cores e desenhos geométricos, além de uma parede inteira retratando o céu, o inferno e o purgatório: essa é a representação mais antiga do juízo final, datada do século 15.
O painel fica logo abaixo do órgão, que é do século 18. Há concertos gratuitos todas as quartas e domingos à tarde, mas só durante os meses de verão.
Enquanto a visita à catedral é gratuita, é necessário pagar para entrar na área do coro da igreja, que é decorado com 200 estátuas. Essa taxa também inclui a visita à Sala do Tesouro, que guarda objetos históricos dos séculos 14 a 19. Um dos principais “tesouros” ali é o Mappa Mundi de 1300 anos.
O Palácio do Bispo, ou Palais de la Berbie, é mais antigo que o palácio dos papas de Avignon e um dos castelos mais antigos da França. Também foi construído graças às ordens do Bispo Bernand de Castanet, que usava seu poder de inquisidor para julgar como hereges seus opositores e assim conseguir mais terras e poder.
O Palácio fica colado na Catedral, juntos formando a fortificada cidade episcopal. À beira do Rio Tarn, também tem esses ares militares para demonstrar o poder da Igreja contra o conselho da cidade.
Hoje, dentro do palácio funciona o Museu Toulouse-Lautrec. O pintor impressionista nasceu em Toulouse e o museu guarda algumas de suas principais obras, que foram doadas pela família do artista. Lautrec é famoso por suas pinturas da boêmia parisiense, retratando os cabarés, o bairro de Montmartre e a vida das pessoas da noite. A entrada custa 10 euros.
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É gratuita, porém, a visita aos Jardins do Palácio. Basta seguir por uma pequena ruela desde a entrada do museu. O lugar era a sala de armas e foi transformado num jardim clássico, com vista panorâmica para o Rio Tarn e a Ponte Velha.
A Ponte Velha de Albi continua sendo usada quase um milênio depois de ter sido construída, em pedra, em 1040. Tem oito arcos e 151 metros de comprimento. No século 16, a ponte era ladeada por pequenas casas de madeira onde onze famílias de artesãos e mercadores viviam. Com uma grande enchente, em 1766, as casas foram destruídas e a ponte tomou o aspecto que tem hoje.
Além de dar uma passeada pela ponte, recomendamos que você se perca pelas ruelas do centro da cidade. Aqui não há uma indicação de lugar específico: fique de olho nas praças, nas casas de tijolo e enxaimel e nos becos medievais – se perca com gosto.
Para quem alugou um carro, Albi fica a 50 minutos de Toulouse e 1h30 de Carcassone. É preciso parar fora do centro, num estacionamento ou na rua (de qualquer forma, tem que pagar o parquímetro) e seguir andando.
De trem, há diversas opções saindo de Toulouse (também leva 50 minutos) e um trem diário que parte de Paris. Você consegue conferir todos os horários e preços aqui.
Por fim, dá para ir de ônibus (mas é mais demorado e mais caro que o trem) ou pegar um Blablacar.
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Olá, obrigado pelas informações diretas e bem escritas.
Albi é linda mesmo, assim como Toulouse!
Ótima reportagem. Estou por 15 dias em Albi e pude comprovar cada informação dada pela Luiza. Vale muito a pena conhecer Albi.