Moreré: a praia mais famosa da Ilha de Boipeba
Ah, Boipeba! Talvez eu tenha demorado tanto a escrever este post pra evitar a saudade. Hoje mesmo, bati o martelo: foi a melhor praia que já visitei no Brasil. Já até pensei em me mudar pra lá, confesso. Afinal, há tanto o que fazer em Boipeba que é difícil se cansar e enjoar da ilha.
E quem se cansaria de um paraíso como aquele? Mas para não ficar só no lero-lero, preparei esse guia completo de Boipeba com tudo o que você pode fazer por lá. São informações que eu reuni durante uma estadia de 20 dias na ilha, que eu facilmente teria prorrogado para 60.
Se você não tiver tanto tempo, com uma semana já dá para aproveitar bem e ficar com o gostinho de quero mais.
Aproveite nosso guia e, quando voltar, me conte: você também se apaixonou por Boipeba?
Boipeba é como a gente se refere, em geral, à Velha Boipeba, um povoado de aproximadamente 2.000 habitantes que é o maior e mais importante da Ilha de Boipeba. Por isso, cuidado para não fazer confusão: na ilha existem também outros povoados e vilas, como a de Moreré, outra queridinha dos turistas em busca de sossego e praias como só a Bahia sabe fazer. Os outros dois povoados importantes ali são Monte Alegre e Cova da Onça.
A Ilha de Boipeba fica coladinha na ilha de Tinharé, que é onde fica outra vizinha famosa, a badalada Morro de São Paulo. Ambas as ilhas pertencem a Cairu, no sul da Bahia, um município-arquipélago formado por 26 ilhas. Conseguiu entender?
A melhor época para visitar a Ilha de Boipeba é entre os meses de setembro e dezembro, quando a gente já começa a sentir o climinha de verão baiano, mas os preços ainda não subiram tanto em função da alta temporada. A alta, aliás, começa ali, no recesso de fim de ano e vai até o Carnaval.
Se você quiser economizar mais, é melhor evitar essa época. No entanto, preciso dizer que eu passei 20 dias lá em janeiro de 2022 e não achei que a lotação da ilha foi um problema. É claro, isso pode ter sido um reflexo da pandemia.
O período de chuvas vai de abril a julho. Nessa época, o tempo tende a ficar mais nublado, mas as chuvas costumam se restringir a um momento do dia, o que não inviabiliza a viagem. A temperatura no inverno raramente baixa dos 20°C e, no verão, as máximas ficam por volta dos 30°C.
O trajeto para Boipeba pode assustar muita gente, mas, embora envolva vários tipos de transporte diferentes, não chega a ser nenhum bicho de sete cabeças.
Em geral, as pessoas que visitam Boipeba partem de Salvador, Morro de São Paulo ou vêm de alguma praia no sul da Bahia, como Ilhéus, Itacaré, Maraú e Barra Grande. Para isso, é preciso passar por Valença. Aqui vou ensinar como chegar na Ilha de Boipeba em cada um desses casos.
Em todas as opções, o local de desembarque é o porto da Velha Boipeba, mas se você for ficar em Moreré, precisará pegar uma lancha que para na vila.
Atenção: Não há transporte noturno até a Ilha de Boipeba. Por isso, fique atento ao horário da última lancha, que costuma ser as 18 horas. Se você precisar passar uma noite em Salvador antes de seguir viagem, confira alguns hotéis próximos ao aeroporto da cidade.
A Ilha de Boipeba está a 300 quilômetros de Salvador, que é onde fica o aeroporto mais próximo. Por isso, muita gente chega por lá.
Um dos jeitos mais comuns, saindo de Salvador, é ir até o Terminal Marítimo de São Joaquim, de onde saem ferries para Bom Despacho, na Ilha de Itaparica. Fica R$ 5,10 durante a semana ou R$ 6,70 nos fins de semana e feriado. A viagem dura cerca de uma hora e há saídas a cada hora.
Ali mesmo no Terminal de Bom Despacho, você consegue pegar um ônibus da Viação Cidade Sol para Valença, que está a duas horas dali. Você consegue ver os horários de partida no site oficial de companhia. Se preferir poupar tempo, é possível fazer esse trajeto de táxi, porém vai ficar mais caro, entre R$ 160 e R$ 200.
Chegando em Valença, a viagem segue de barco, como eu explico aqui embaixo.
Da rodoviária de Valença, você terá que pegar um táxi até o Cais de Valença ou até o Cais da Graciosa, de onde partem as lanchas para a Ilha de Boipeba. Se o seu ônibus não tiver Valença como destino final, dá para conversar com o motorista para ver se ele pode parar perto do Cais da Graciosa, de onde a viagem é mais curta e você ainda economiza nessa corrida.
A viagem de lancha até a Ilha de Boipeba custa R$ 50, saindo do Cais de Valença ou do Graciosa, e dura entre uma hora de 40 minutos, respectivamente.
Se você estiver saindo de outras cidades do sul da Bahia, como Ilhéus, Itacaré, Maraú e Barra Grande, basta pegar um ônibus até Valença da rodoviária local e de lá seguir o trajeto indicado acima.
Outra forma de acessar o arquipélago é pegando um catamarã do Terminal Marítimo de Salvador. O trajeto é operado por diversas empresas e vai direto para Morro de São Paulo. O preço é de cerca de R$ 120, dura 2h30 e você pode comprar direto no terminal ou com antecedência, pela internet (tem uma opção de transfer aqui). Só que, se o tempo tiver ruim e não der para ir via mar aberto, a empresa vai te transferir para o serviço acima, que é mais barato, sem direito a reembolso.
De Morro, você tem duas formas de chegar em Boipeba. Mas eu só recomendo essa opção se você pretende passar uns dias em Morro, porque o trajeto de lá para Boipeba é feito de 4×4 (incluindo uma pequena travessia de barco). Os veículos saem da Segunda Praia e custam R$ 150, o que acaba ficando um pouco caro se você quiser ir direto de Salvador, só passando por Morro. Você pode contratar essa parte em uma das agências ali no centrinho de Morro de São Paulo.
Outra opção é contratar um bate-volta de Morro para Boipeba e ficar por lá mesmo no fim do dia. Dá pra fazer isso aqui.
Leia também: O que fazer em Morro de São Paulo: guia completo da ilha!
Seja qual for seu ponto de partida, diversas agências de viagem espalhadas pelo litoral da Bahia fazem transfer privado para Boipeba. Se você sair de Salvador, por exemplo, eles te pegam no hotel ou aeroporto, te levam para o terminal de ferry, te pegam de novo na saída, levam carro ou van para Valença e de lá eles te colocam dentro das lanchas e te orientam durante todo o trajeto.
Fica um pouco mais caro, mas pode valer a pena se você não quer ter que pensar muito ou está inseguro sobre trocar de transporte tantas vezes. Eu fiz isso na volta, de Boipeba para o aeroporto de Salvador, porque estava com receio de perder o horário do voo. Paguei R$ 250 pelo trajeto.
Na época, fiz a conta de que indo por conta, incluindo Uber por aeroporto, sairia uns R$ 180.
Caminhadas pela natureza, praias lindíssimas, água morna e cristalina, povo acolhedor, vilazinhas simpáticas, esportes aquáticos… não falta o que fazer em Boipeba e não é à toa que esse é um destino que, quem conhece, sempre quer voltar. Veja agora alguns dos passeios mais legais para fazer na ilha.
É a praia mais próxima à Velha Boipeba e a que conta com mais infraestrutura de bares, restaurantes e hospedagem. Fica bem no encontro do Rio do Inferno com o mar. A maior parte das barracas e também dos turistas fica ali no comecinho, quando a água ainda é mais doce.
Se você andar mais pra frente e passar os restaurantes, chegará em uma parte mais deserta, onde há só algumas pousadas com vista para o mar. Ali é o lugar se você procura mais sossego e a sensação de estar sozinho na praia, mas há pouca sombra (cuidado, a Bahia tem um sol pra cada cabeça).
Caminhando até o final, tem a entrada para a trilha e o mirante da Mangabeiras (uma pousada bem famosa dali. Dá uma olhada nela!), ao final dessa trilha curtinha, você chega às praias de Tassimirim e, depois, Cueira.
Bem mais vazias que a Boca da Barra, essas praias são a própria descrição do paraíso: faixa larga de areia branca e fininha, aquele marzão azul e cristalino, coqueirais que se estendem a perder de vista, inclinados em direção à água proporcionando sombra aos banhistas, algumas poucas barracas rústicas, de madeira, espalhadas aqui e ali e, ocasionalmente, um jeguinho simpático atravessa a areia.
Eles são utilizados como transporte de cargas leves (como água) pelos moradores locais, uma vez que automóveis são proibidos na ilha.
Tassimirim é mais vazia e é frequentada por quem gosta de fazer snorkel. Na maré baixa, pequenas piscinas naturais se formam próximas à areia. Já Cueira é uma das praias mais visitadas de Boipeba, mais nem se sente isso devido a sua extensão.
Em geral, as pessoas se concentram no cantinho da praia, onde ficam os bares e restaurantes. O mais famoso dele é o Bar do Guido. Passado esse ponto, você tem a praia inteira praticamente só para você.
Chegando na outra pontinha da Cueira, você pode atravessar um rio (melhor passar por dentro do mar, mas só se maré estiver baixa) e depois seguir pelo meio de umas fazendas, tendo o mar como referencial. Quando o encontrar de novo, você estará em Moreré.
Enfim, chegamos! Moreré é praia mais famosa da Ilha de Boipeba e uma das mais desejadas do Brasil. Afinal, não bastasse ser bonita, ainda tinha que ser simpática?
Mais isolada que Velha Boipeba e, óbvio, Morro de São Paulo, o vilarejo que se estende ao redor da praia ainda conseguiu preservar o clima autêntico e pacato de uma vila de pescadores, o que atrai muitos viajantes em busca de uma atmosfera mais roots.
O trajeto de Velha Boipeba até Moreré é de cerca de 5 km, se você for pela praia, sem parar, deve ter demorar entre 1h30 e 2h para chegar. Mas lembre-se: só é possível fazê-la com a maré baixa, por causa da hora que você atravessa o rio no finalzinho de Cueira. Caso contrário, pegue um barco “lotação”, um quadriciclo ou um trator para te levar até lá.
Na praia, a maior parte da infraestrutura turística está logo na entrada. Há também pousadas, cafés e restaurantes nas ruas da vila. Essa foi uma das minhas praias favoritas não por ser a mais bonita, mas pelo clima meio hippie e tranquilo do lugar.
Como muita gente resolve ficar em Moreré, em vez de Velha Boipeba, separei algumas pousadas ali que valem a pena dar uma olhada:
Vizinha a Moreré, Bainema é considerada por alguns a mais bonita da ilha e, certamente, uma das mais desertas. Por causa da distância de Velha Boipeba, muita gente vai embora sem colocar os pés em Bainema. O mar calminho e de águas claras permite a formação de piscinas naturais na maré baixa.
Antes do turismo, parte da renda da ilha de Boipeba era gerada no mangue, através da pesca de siris, caranguejos, guaiamus, aratus, ostras e lambretas. Ainda hoje, os moradores preservam um enorme conhecimento sobre esse ecossistema e fazem questão de ensinar aos visitantes a importância de sua preservação.
Eu visitei o mangue como parte do passeio de volta à ilha (conto mais ali embaixo), mas não são todos os guias que param ali. No entanto, existem outros tipos de tours que levam até lá. O mais popular deles é o passeio de caiaque ou canoa pelos manguezais, oferecidos por diversas agências locais.
Ah! E dizem que a lama ali rejuvenesce e faz bem para a pele. Não custa tentar!
Além de praias lindíssimas, Boipeba também tem muita história e cultura próprias. E você pode conhecer um pouco disso com uma caminhada cultural que conta histórias dos moradores e inclui um café da manhã local, visita à Casa de Farinha, Fábrica de Chocolate artesanal e pelo rio da Piã.
O passeio é oferecido pela Diaspora Black, empresa que promove experiências de afroturismo em diversos lugares do Brasil e custa R$ 100.
Esse é o passeio mais tradicional de Boipeba e de cara eu já recomendo que você o faça. O passeio de volta à Ilha de Boipeba vale a pena porque:
Praia Ponta dos Castelhanos: uma das paradas do passeio Volta à Ilha de Boipeba
A volta pela ilha de Boipeba completa dura cerca de 8h, então você precisa reservar um dia inteiro só para o passeio. É muito fácil contratá-lo lá na ilha, já que muitos guias passam oferecendo o passeio aos turistas nos restaurantes na noite anterior à saída. Além disso, todas as agências locais vendem o Volta à Ilha.
Pode haver alguma diferença entre as paradas dos passeios oferecidos por diferentes agências e guias; ou de acordo com a maré e a época do ano que você vai. Mas, em geral, eles vão incluir o seguinte roteiro:
O valor do passeio varia: custa cerca de R$ 150 na baixa e R$ 200 na alta. Tenha em mente que os preços subiram depois da pandemia.
Eu fiz o passeio com o Iran Tur, um dos guias mais famosos da ilha. Ele inclui uma parada no mangue, antes de Castelhanos. Como cresceu pegando caranguejo com o pai, tem bastante conhecimento sobre o ecossistema do mangue, a pesca e histórias para contar. O contato dele é o (75) 9819-9623.
Como você já deve ter percebido, há dois lugares onde as pessoas costumam ficar na Ilha de Boipeba:
Há algumas pousadas nas demais praias, que podem ser uma alternativa caso você queira mesmo um pouco de isolamento, mas tenha em mente que também há menos infraestrutura nesses locais. Já dei algumas dicas de pousadas em Moreré ali em cima.
Veja agora algumas recomendações de hospedagem em Velha Boipeba:
Camarão no Coco no Restaurante Sonize, em Boipeba
A maior parte dos restaurantes de Velha Boipeba fica na beira da praia ou na pracinha central. Ali, todas as noites, há uma feirinha de rua com pasteis, sanduíches e outras bobeirinhas assim que são uma boa alternativa para quem quer economizar. Abaixo, algumas dicas de lugares onde comer em Boipeba:
Boipeba é bem tranquila quando comparada a outras praias da Bahia (oi, Itacaré, estou falando com você!). Mas isso não quer dizer que não tem vida noturna por ali: embora no centro de Velha Boipeba a noite morra cedo, a festa continua em outras partes da ilha.
O único problema é descobrir onde.
Quando estava lá, duas vezes segui os moradores locais e acabei em festas incríveis: uma em um hostel em Bainema e outra em um sítio em Monte Alegre.
Ah, tem também um bar em Velha Boipeba chamado Pagoda que costuma receber alguns eventos. Por isso, a dica é, se você quiser estender até mais tarde, pergunte aos moradores onde vai ser o rolê e confie.
Boipeba tem a fama de ser carinha e isso não é totalmente mentira: além de ser turística, é uma ilha relativamente isolada, o que sem dúvidas contribui para o aumento dos preços ali.
Para te ajudar a se planejar, segue um breve orçamento de viagem para Boipeba:
Total gasto por dia em uma viagem a Boipeba: cerca de R$ 450 por pessoa, ficando em pousada simples, mas comendo em restaurantes.
Lembrando que os valores aqui são apenas uma estimativa e podem variar de acordo com a época do ano e suas escolhas de viagem.
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