O que fazer em Cracóvia: roteiro de 2, 3 ou 4 dias

Cracóvia deixou de ser a capital da Polônia muitos e muitos anos atrás, no século 16, mas nunca perdeu o posto de polo cultural e cidade mais cool do país. Povoada por mais de 10.000 estudantes que frequentam suas antigas universidades, intelectuais, artistas e boêmios, é em Cracóvia que a vida na Polônia acontece. Ao contrário de Varsóvia, que foi completamente destruída, Cracóvia escapou quase ilesa dos bombardeios da Segunda Guerra e, por isso, ainda tem o privilégio de possuir um dos centros históricos mais antigos e bem preservados da Europa. As ruelas da Cidade Velha misturam história, arte, lendas e tradições que ajudam revelar um pouco da alma polonesa sem tanto peso e as muitas cicatrizes que marcam Varsóvia. Veja agora alguns roteiros com o que fazer em Cracóvia em dois, três ou quatro dias.

O que fazer em Cracóvia com dois dias: Cidade Velha

Quem vai passar rapidinho por Cracóvia pode usar o tempo para aproveitar o que a cidade tem de melhor. Perambular pelas ruas e becos da Cidade Velha e descobrir a história e a cultura da cidade está, sem dúvidas, no topo da lista de atrações de Cracóvia. Você pode começar com uma visita ao Castelo de Wawel (site oficial) e arredores. A construção é o mais importante marco do passado nobre da cidade, com seus apartamentos luxuosos e amplo jardim que só podem ser visitados em tour guiado e com horário marcado. Quem quiser entrar deve chegar com um pouco de antecedência para conseguir um lugar nono horário desejado. Os tours para estrangeiros são em inglês e custam 20 zl. Há também outro tour pelas dependências do castelo, mas focado nos Salões do Estado, e custa 15 zl. No mesmo esquema de ter horário para entrar, então leve isso em consideração na hora de organizar o seu dia.

O castelo está em uma região chamada Colina de Warwel, que engloba todo o complexo entre suas torres e muralhas de conto de fadas. Além da moradia real, a área também conta com outras construções independentes que serviam à nobreza, como a Catedral (10 zl.), onde estão enterrados 39 dos 45 reais que a Polônia já teve, alguns heróis nacionais e poetas.

Para almoçar, a pedida é seguir dali para a Praça do Marcado, que abriga diversas barraquinhas de comida e artesanato típico e, se você tiver sorte como eu, apresentações de danças tradicionais da Polônia. Essa pode ser a sua chance de provar os famosos Pierogis, um pastel cozido recheado de carne moída, batata, queijo ou chucrute, e a Zapiekanka, que é tipo uma pizza em formado de pão com recheios diversos (pode ser bem picante, cuidado), além de vários outros pratos do país, sempre acompanhados de muita batata e sopas.

De barriga cheia, é hora de dar uma olhada nos prédios centenários que contornam a praça, entre elas a bela Basílica de Santa María, o Mercado e a Torre da antiga prefeitura. As ruas ao redor da praça também concentram construções históricas, bares e restaurantes.

Não muito longe dali está o Kazimierz, o antigo bairro judeu. No passado, um lugar pobre e negligenciado, hoje abriga centenas de bares, galerias de arte, lojas de presentes e decoração. Esse é o bairro mais boêmio e charmoso de Cracóvia. Dá para passar uma tarde ali, perdido pelos becos ou sentado em um café relaxante. Quem gostar de história, pode fazer também um Free Walking Tour pelo bairro e conhecer mais sobre a trajetória judia na Polônia (já contamos desse tour em outro post).

Falando em Free Walking Tour, passe pela a Praça do Mercado no fim da tarde para pegar o passeio Cracóvia Macabra, que conta as lendas, histórias bizarras e serial killers que passaram por aquelas ruas durante tantos séculos de história. E não se esqueça de passar no Bairro Judeu depois para terminar o dia com uma cerveja e descobrir a vibrante vida noturna de Cracóvia. Quem quiser muito visitar Auschwitz, pode preferir fazer o que der em um dia e ir ao campo no dia seguinte, mas o melhor mesmo é explorar a parte histórica com calma, porque é ali que Cracóvia esconde o que tem de melhor.

O que fazer em Cracóvia com três dias: Visita a Auschwitz

Inaugurado em maio de 1940 e imortalizado em filmes como a Lista de Schindler, A Vida é Bela e O Pianista, o campo de concentração de Auschwitz fica há 70 km de Cracóvia e pode ser visitado em um bate-volta desde a cidade. Também conhecido como Auschwitz-Birkenau por causa de um segundo campo anexo que foi construído para abrigar câmaras de gás, foi o primeiro a fazer parte da “solução final” nazista, ou, em outras palavras, a exterminação sistemática de judeus com o objetivo de eliminá-los da Europa.

A forma mais fácil de chegar lá é contratando uma empresa que faz o traslado e o tour guiado, saindo de Cracóvia. Eles te pegam na porta do hotel e te deixam lá no final do dia, por volta das 17h (entre 120 e 200 zl, vendidos em qualquer hotel ou agência de Cracóvia). Mas dá para fazer o trajeto sozinho, de trem, e se unir a um dos grupos guiados oferecidos pelo próprio campo (60 zl) ou ir sem guia mesmo. A gente conta com detalhes como é a visita no post sobre completo.

O que fazer em Cracóvia com quatro dias: Museus

O último dia é para gastar com história e cultura. Então, porque não começar com uma visita à antiga Fábrica de Schindler? O lugar onde um empresário, antes associado aos nazistas, arriscou sua fortuna e a própria vida ao ajudar a salvar 1750 prisioneiros que foram empregados em suas fábricas como operários. Hoje, o local pouco lembra uma fábrica de panelas. No lugar, hoje funciona um museu com a exposição permanente Cracóvia sob a ocupação nazista entre 1939 e 1945 (21 zl.), com mostra reconstruções, imagens, áudio e vídeos (em inglês) da época. Mais informações sobre a visita no post completo.

Outro museu interessante que retrata a ocupação nazista na Polônia é o Pharmacy Under de Eagle. Ele funciona dentro de uma antiga farmácia que foi restaurada de acordo com a arquitetura e decoração da época e conta a história do gueto judeu durante a guerra (10 zl. / Plac Bohaterów Getta, 18). Quem prefere um pouco de arte pode visitar o Museu Czartoryski (site oficial) e o National Museum (site oficial). O primeiro possui em se acervo a famosa obra de Leonardo da Vinci, A Dama com o Arminho.

O que fazer em Cracóvia: outras atrações

Minas de Sal

As minas de sal de Wieliczka ficam a 13 km do centro de Cracóvia. É dali que o sal utilizado no país foi retirado durante séculos. Quando a fonte secou, o lugar se transformou em uma atração turística. Ali há uma Catedral toda feita de sal e consagrada ao patronos dos mineradores poloneses. Além, é claro, de quase 300 km de túneis que podem ser percorridos. Quem tem alergias respiratórias vai gostar do passeio: dizem que a qualidade do ar ali é uma benção aos nossos pulmões.

Nowa Huta

40.000 operários foram alojados nessa vizinhança durante o período comunista. A arquitetura soviética do bairro é um contraste imenso com a área medieval da cidade. A região foi pensada para ser uma cidade ideal, com avenidas largas, parques e espaços para a vida comunitária. Como muitas outras cidades perfeitas, o projeto, no entanto, nunca foi terminado e os trabalhadores acabaram vivendo em condições precárias. Há um free walking tour que conta a história do bairro. Entre as maiores atrações está a Ark of the Lord, uma igreja que de bonita não tem nada, mas tem uma curiosidade interessante: foi o Papa João Paulo II quem colocou a primeira pedra de sua construção.

Onde ficar em Cracóvia

Procurando hotéis para sua estadia? Temos um post bem completinho sobre os melhores bairros e regiões para ficar em Cracóvia.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones e no Youtube. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • Obrigada por informacoes muito ultis deixadas aqui.
    espero que vc viaje o mundo todo.
    Paz e saude para as proximas viagens

  • Boa tarde Natália. Valeu pelas dicas. Estou indo para Cracóvia em setembro e gostaria de saber sua opinião se dá pra fazer com calma uma manhã em Auschwitz e uma tarde nas minas de sal ou se seria melhor deixar um dia só para o campo de concentração. Obrigado. Sucessos.

    • Olá Cristóvão! Acho meio corrido sim, principalmente porque a viagem de ida e volta é um pouco comprida, mas se você estiver muito apertado, dá pra fazer. Considere alugar um carro para otimizar o tempo.

      Abraços!

  • OI Natalia, tudo bem?
    Como ir as Minas de Sal a partit do centro? Ou a partir da fabric de Schindler?
    Obrigada. Cecilia

    • Olá Cecília,

      Tem ônibus 304 que para ao lado da Galeria Krakowska e trens que partem da estação central.

      Abraços

  • Oi Natalia! Adorei o seu site.
    Terei 5 dias de ferias em novembro.
    Na sua opiniao, vc acha melhor ficar 4 dias em Cracovia (desconsiderando um dia por causa do horario do aviao), ou 3 dias em Cracovia e 1 dia em Varsovia?
    brigadao!

    • Acho que vale a pena ir a Varsóvia por um dia, já que você já vai estar ali. É uma cidade mais "séria"que Varsóvia, mas tem muita importância histórica.

      Abraços

  • Muito legal suas dicas, gostaria de visitar Auschwitz com guia em português,será que é fácil contratar esse serviço?

  • Olá!
    Planejo uma viagem por ano para a Europa com marido e dois casais de amigos. Fizemos escandinávia neste ano, e a de 2018 já está planejada. Para 2019 estava decidida pela linda Croacia e arredores, contudo, depois q vi este seu post mudei de ideia, pois me encantei por Cracóvia. Parabéns pelo seu trabalho, relato e fotos. Virei fã.

  • Sensacional!
    Estou ficando louca com este blog! Cheguei aqui pelo Google querendo saber mais sobre a Bulgária e.. olha onde vim parar!
    Ficou mais difícil fazer meu roteiro pelo leste europeu porque agora quero conhecer tudo! (Estou partindo por 22 dias em outubro/17 com uma amiga)
    Parabéns galera, admirada com estilo de vida e a escrita gostosa de vocês!
    Continuem assim!
    Beeeijos

    • Amanda, se você estará por lá, Cracóvia vale muito a pena. É uma cidade muito viva....

      Abraços

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Natália Becattini

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